Desde que comecei a fazer terapia, inevitavelmente, chega o momento em que por mais que eu não queira, tenha que encarar os traumas sofridos na infância, e posso dizer que isso não é uma tarefa das mais fáceis.
Trazer o passado à tona, é reviver o que passei, é ter que explicar para alguém todo o sofrimento que escondi durante muitos, muitos anos.
A verdade é que a minha ferida interna nunca foi tratada. Eu sempre “deixei pra lá”, fui viver a minha vida, fingia que nada tinha acontecido, porque achava que um dia, eu iria esquecer ou até mesmo dar menos valor ao meu passado.
E apesar da minha infância ter sido roubada, considero que levei muito bem a vida, sendo bem sucedida na vida profissional e na vida pessoal.
Mas a pandemia apareceu para mostrar que tinha chegado a hora de enfrentar meus próprios monstros.
Foi fazendo terapia que eu percebi que esconder um problema embaixo do tapete, não funcionou tão bem como esperava. Eu precisei trazer meus traumas para a superfície, validar as experiências traumatizantes que eu tive com a minha irmã, para somente depois iniciar a cura, para depois finalmente, cicatrizar.
Eu tenho muita dificuldade até hoje de lembrar as coisas da minha infância. A impressão que eu tenho é que foi uma autodefesa do cérebro, para não ter que lembrar as memórias da infância e adolescência. Só que ao fazer isso, eu acabei esquecendo também as memórias boas.
Eu ficava bastante constrangida toda vez que minhas filhas me pediam para contar algo da minha infância, pois eu não conseguia lembrar, era como se eu tivesse passado uma borracha em todos os acontecimentos da infância. Meu marido, que sempre soube dos meus traumas, dava um jeito de entrar com as suas histórias divertidas para desviar a atenção delas.
Sei que ainda vai demorar uns bons anos para cicatrizar, mas ao validar meus sentimentos, as boas lembranças da infância que eu tinha esquecido completamente, também estão começando a voltar aos poucos, e pra mim, isso sim, é uma grande conquista.
Foi assim que eu lembrei do quanto gostava de ter um livro físico. Eu amava me enfiar em sebos e passar horas folheando as páginas dos mais diversos temas. E é uma pena eu ter percebido há pouco tempo, porque há alguns anos, me desfiz da maioria dos livros que eu tinha. Mas tudo bem, agora eu sei que livro em papel é algo que sempre fará parte da minha vida e estou recomprando alguns dos livros que eu mais gostei, principalmente os primeiros livros que li. Foi aos 13 anos que um senhor que trabalhava no sebo me ensinou a saborear a leitura, apresentando autores renomados como Jose Saramago, Gabriel Garcia Marquez, Virginia Woolf, George Orwell, Franz Kafka, Edgar Allan Poe, Marcel Proust, Ernest Hemingway, Daniel Defoe, Guimarães Rosa, Patrick Suskind, entre muitos outros.
Outra coisa são as músicas tranquilas. Gosto de música clássica, mas mais do que música clássica, gosto de sons tranquilos de piano e violino.
Também lembrei o quanto gostava de itens de papelaria, desde papel de carta, caderno, caneta, lápis, post-it, coisas fofinhas, cores pastéis. A vantagem é que hoje sou adulta e tenho dinheiro para comprar essas coisas, e muitas lojas do exterior já fazem entregas no Brasil. Só alegria! Minha escrivaninha em casa, mais parece uma mesa de adolescente, minhas gavetas estão cheias de cadernos novos, é como se eu tivesse em casa uma mini-papelaria. Aqui, definitivamente não reina o minimalismo.
Também sempre gostei de ficar descalça, andar pela grama, andar pela areia, sentir a sola do pé encostada no chão. Não é à toa que em casa, meu pé tem apelido de pé cascudo, ou pé de dragão, afinal, consigo aguentar altas temperaturas da areia quando estou na praia, assim como ando pelo pedregulho sem sentir grandes dores.
Sempre gostei de barulho de chuva, e também dos sons das ondas do mar.
Gosto de caixas e latas para guardar os “meus pequenos tesouros”. Desde pedrinhas de um local que eu tenha gostado muito, uma folha bonita que encontrava na rua, o convite de casamento de uma amiga querida, a fita de um presente especial que eu ganhei.
Desde pequena, eu sempre precisei de momentos de silêncio para me equilibrar. E essa necessidade permanece até hoje, o que chamamos atualmente de solitude.
“Solitude é um isolamento voluntário. Essa expressão foi muito usada pelo pensador Paul Tillich, que associou tal palavra à glória e felicidade de estar sozinho. Ele defendia que é apenas quando estamos sós que conseguimos entrar em contato com nosso mundo interno, colocar os pensamentos em ordem e observar o significado das nossas emoções.” Fonte
Não são só essas lembranças, mas há inúmeras que aos poucos têm voltado, como um cogumelo que nasceu entre os tacos úmidos do meu quarto, quando ainda morava na casa da minha mãe, e eu, secretamente, dava água todos os dias molhando ainda mais aqueles tacos úmidos, até minha mãe descobrir, claro, e acabar com a minha alegria.
Todas as lembranças só estão sendo possíveis ser resgatadas graças a ajuda de uma boa terapeuta. Vê que uma dificuldade (no meu caso, depressão e crise de ansiedade) pode ser benéfica se soubermos tirar o melhor daquela experiência, seja boa ou ruim.
Mais do que nunca, tenho mimado a mim mesma. Tenho olhado para mim com outros olhos, com respeito, com cuidado, com compaixão, com amor.
Para quem tiver interesse sobre o tema, há três livros interessantes sobre a cura de feridas emocionais:
Curadoria nada mais é do que pesquisar, selecionar, organizar e administrar algo para alguém. Neste caso, eu pesquiso, seleciono, organizo e administro os conteúdos para mim mesma.
Comecei a fazer isso, por causa do avalanche de conteúdos que temos nos dias de hoje. Eu percebi que quando não fazia isso, consumia conteúdos cada vez mais rasos, e em maior quantidade.
Com a produção diária de conteúdos por milhões e milhões de veículos de comunicação e de pessoas, eu entendi que nenhum tempo do mundo seria suficiente para consumir tudo o que eu tinha interesse.
Sabe quando dá aquela vontade de maratonar os livros, as séries, os filmes? Pois é, eu não queria mais isso para mim. Eu queria desfrutar a leitura de 1 livro, ler um pouco mais devagar só para esticar o momento prazeroso.
A alternativa para isso foi começar a fazer curadoria dos conteúdos.
Funciona assim:
Livros:
Quando me interesso por algum livro, ou porque ouvi alguém comentando, ou porque vi em uma livraria ou sebo, eu não compro imediatamente. Eu simplesmente entro na minha conta da Amazon e incluo na minha pasta Lista de Desejos. Esse livro fica nessa pasta por tempo indeterminado, até que um dia eu decida ler algo. Quando esse dia chega, dou uma olhada na pasta e faço uma pequena pesquisa. Leio a resenha, a opinião dos críticos, procuro a formação dessa pessoa (se for algum livro mais didático ou sobre desenvolvimento pessoal) e vejo se o livro baseou-se em algum outro livro. Eu tenho preferido ler o livro original, do que ler o livro de alguém que se baseou em outro livro.
E é assim que, de livro em livro, vou selecionando bons livros para ler.
Vídeos:
Também faço algo parecido quando quero assistir vídeos no YouTube / Netflix etc. Eu tenho uma pasta “Assistir mais tarde” e basicamente vou colocando tudo o que tenho vontade de assistir uma hora dessas.
Depois, com mais calma, olho novamente essa pasta e é impressionante a quantidade de vídeos que eu apago, ou seja, que não tenho motivos para assistir.
Notícias:
Faço a mesma coisa com as notícias.
No início do dia, dou uma olhada nas notícias e vou abrindo algumas páginas (em uma nova aba) das notícias que quero ler. E só depois penso com calma se quero ler mesmo, e de novo, cerca de 70% das notícias, não me interessam mais, ou porque já li, ou porque era apenas fogo de palha.
Redes Sociais:
Bom, não tenho redes sociais. Não tenho Instagram, não tenho Facebook, nem Twitter ou outras coisas.
Tenho o Whatsapp, mas deixo no silencioso o dia todo. Aí de tempos em tempos dou uma olhada se tem alguém urgente para responder, e o restante, só leio e respondo quando tenho disponibilidade. Isso significa que às vezes demoro 1 dia para responder, às vezes 1 semana, às vezes 1 mês. E está tudo bem para mim.
Uma dica: prestar atenção no jeito da pessoa transmitir conhecimento
Algo que tenho prestado bastante atenção nestes últimos anos é se o jeito da pessoa transmitir conhecimento é o ideal para mim.
Vou dar um exemplo que vai ficar fácil de todos entenderem.
Vamos falar da Monja Coen. Acho que a maioria das pessoas a conhecem, que além de ter publicado vários livros, também faz diversas palestras e produz diversos conteúdos. Sei que ela motiva milhões de pessoas, mas eu não capto muito bem o que ela fala, ou seja, a sua fala não toca o meu coração. Já li seus livros, já assisti pessoalmente algumas de suas palestras, mas é isso, é como se não desse um “match”… e está tudo bem. Então não insisto mais nos conteúdos que ela produz.
Agora vamos para um outro exemplo. Clóvis de Barros. Ele parece ser uma pessoa digamos… desengonçado. Fala alto demais, gesticula demais, fala palavrão, gagueja, mas ele consegue prender a minha atenção. Saio de suas palestras com gostinho de quero mais, ou seja, ele toca o meu coração, eu aprendo com ele. Então eu continuo acompanhando seus conteúdos.
Pra vocês terem uma ideia, eu absorvo mais em uma palestra de 15 minutos do Clóvis de Barros do que uma palestra de 2 horas da Monja Coen. Isso não desqualifica a monja, muito pelo contrário, reconheço todo o poder de sua influência. Só não serve para mim e somente para mim.
Neste mundo imenso de informação, onde tudo é jogado na nossa frente, cabe a nós, fazer uma curadoria bem feita dos conteúdo para finalmente encontrar aquele livro especial, aquele documentário especial, aquele filme especial, aquela pessoa que toca nosso coração.
Eu já aplico esse conceito de “menos, porém melhor” há bastante tempo, mas ultimamente, tenho gostado de aplicar na área da alimentação.
Ao invés de comer chocolates de qualidade inferior todos os dias, tenho preferido comer um chocolate 70%, acompanhado de um bom café expresso algumas vezes por semana.
Ao invés de ir em uma lanchonete e almoçar só por almoçar no dia-a-dia, prefiro levar marmita para o trabalho e quando for almoçar fora, ir em um lugar que tenha o ambiente gostoso e comida de qualidade.
Passei a comprar mais as frutas que gosto, mesmo sendo mais caras do que as outras, Gosto muito de mirtilo, golden kiwi, amora, cereja, morango e figo. E com isso, meu consumo de frutas aumentou, e consequentemente, o consumo de doces diminuiu.
Ao comer coisas mais saudáveis (mesmo sendo mais caras), a vontade de comer comida lixo diminuiu.
Eu estou lendo neste momento o livro Hábitos Atômicos e no livro tem um trecho em que fala que um hábito vai puxando o outro e como o ambiente influencia no nosso hábito.
Eu tenho vivido exatamente isso em casa. Eu decidi que faria natação, que puxou para a alimentação saudável, que me fez decidir parar de tomar refrigerantes, cortar o açúcar e por aí vai. E com isso, meu marido também resolveu me acompanhar. Já as minhas filhas, por serem pequenas, acabam não tendo outra opção a não ser aceitar.
Minhas filhas entenderam rapidamente que petisco não precisa ser necessariamente um produto industrializado. Petisco pode ser uma fruta, um iogurte caseiro, um punhado de castanhas, uma salada, enfim, opções não faltam em casa.
Minha mãe, ao me ver bem, com mais disposição e saúde, também se interessou e resolveu aderir a alimentação saudável. A mesma coisa aconteceu com uma amiga.
Apesar de ainda não ter o custo total dos gastos do mês com a nossa nova alimentação orgânica, já percebi que o desperdício dos alimentos reduziu drasticamente, o que é um motivo de vitória em casa.
Ao escolher viver desta forma, eu percebi que a qualidade das coisas que coloco dentro do meu corpo melhorou e vejam só, a insônia que me atormentava há alguns anos foi embora, junto com a fome maluca que eu sentia, e percebi como esse conceito de “menos, porém melhor” tem trazido benefícios para a minha vida.
Conforme eu fui ficando mais velha, compreendi que são poucas as pessoas que ficam felizes de verdade com a nossa felicidade.
É como se pudéssemos ser felizes sim, mas só se for menos feliz do que a outra pessoa.
Percebi que principalmente as pessoas mais próximas se incomodam com a nossa felicidade, muitas vezes até de forma inconsciente.
Afinal, quando estamos insatisfeitos com a própria vida, o sorriso do outro incomoda, a risada incomoda, a alegria do outro incomoda, e com isso, preferem invejar, julgar ou zombar a felicidade alheia.
Quando descobri isso, a princípio, fiquei horrorizada, mas depois passei a compartilhar cada vez menos sobre os sentimentos de felicidade que eu carrego em mim.
Quando iniciam uma conversa de como a vida está difícil, de como as pessoas são superficiais, eu só ouço.
Quando comentam a dificuldade em encontrar um amor verdadeiro, que viver um grande amor é uma utopia, eu só ouço.
Quando as pessoas que recebem o mesmo salário que o meu (ou até mais), ficam reclamando que das contas que precisam pagar, eu só ouço.
Eu não tenho do que reclamar.
Mas hoje, guardo estes sentimentos de alegria e gratidão dentro da minha casa. Em casa falamos quase todos os dias sobre felicidade e a importância do sentimento de gratidão, e ensinamos nossas filhas a reconhecerem e validarem esses bons sentimentos.
Há alguns anos compartilhei esta imagem e uma frase aqui no blog, e vejo como ele continua atual.
O segredo da felicidade é ser feliz em silêncio.
A felicidade não é um produto, apesar de hoje ter se tornado um.
O que me deixa feliz, pode não deixar você feliz, e vice-versa. Ou seja, não pode ser comparada, nem copiada.
Falar menos é sabedoria. E você? Consegue ser feliz em silêncio?
Bucket List nada mais é do que uma lista de desejos de tudo o que você quer fazer / aprender / conhecer antes de morrer.
E recentemente, consegui riscar um item muito importante e aguardado da minha lista.
Tem gente que tem o sonho de ir para Itália, ou fazer uma volta ao mundo.
Eu sempre tive o sonho de me alimentar com comida orgânica.
Sim, sei que é um sonho diferente, fazer o quê, né, minha gente. Sonho é sonho.
Desde que passamos para uma outra fase financeira, eu já estava ensaiando sobre nossa mudança alimentar, e posso dizer que finalmente aconteceu.
Eu disse para o marido que não tinha ideia de quanto custaria essa mudança de passar a comprar absolutamente tudo em um supermercado orgânico, desde frutas, legumes, verduras, carnes, até arroz, feijão, azeite, temperos, etc, mas que gostaria muito de implementar essa mudança na alimentação.
Acho que muitos de vocês já sabem que o Brasil lidera todos os rankings de agroquímicos, utilizando mais de 500 mil toneladas de pesticidas por ano. É um número alarmante.
E não, agrotóxico não sai com água, não sai deixando de molho no bicarbonato ou água sanitária, nem com ozônio. Essas ações podem até amenizar as pesticidas que estão pulverizadas na parte externa do alimento, mas não consegue retirar o agrotóxico que cresce junto na estrutura celular, e ainda nem estamos falando dos alimentos transgênicos. Meu marido, físico, diz que é o mesmo que uma pessoa tomar alta dose de radiação que entra na nossa célula e depois achar que sai tudo em um banho.
Para um alimento receber o selo de orgânico, é necessário uma série de auditorias, desde ter padrões de produção até métodos de agricultura orgânica. Não basta não usar pesticidas. É preciso preservar os recursos naturais, respeitar funcionários, se comprometer com o ambiente e ter responsabilidade na produção. Muitas vezes, a certificação só vem depois de muitas idas e vindas, diversos ajustes, não é uma tarefa fácil, nem rápida para o produtor. E mesmo quando o produtor recebe a certificação, ele não pode vacilar, pois ela só tem validade de 1 ano, ou seja, a coisa é séria, é preciso muito comprometimento.
O que sempre me preocupou é que a minha filha mais velha é viciada em tomates. Ela troca um sorvete por tomate fácil fácil. Já a minha filha mais nova é viciada em morango e pepino. E vejam só, são justamente os alimentos que possuem mais absorção dos agrotóxicos.
Há alguns vídeos curtos interessantes sobre o efeito agrotóxico no nosso corpo:
Meu marido me apoiou, dizendo que é uma decisão que estamos tomando, independentemente do preço que essa mudança alimentar irá nos trazer. Estamos apostando que a alimentação orgânica irá nos trazer mais saúde a médio e longo prazo. E ponto.
Essa decisão vai de encontro com a decisão que tomei há alguns meses, de que irei gastar mais em Saúde do que em Doença.
Comer alimentos orgânicos entra no critério “gastar mais em saúde”.
Quem tiver interesse, há algumas lojas interessantes para quem mora em São Paulo:
Ao longo destes meses que estive de férias do blog, fiz o máximo para abandonar a vida perfeita.
Eu sempre me esforcei para ser a filha perfeita, a esposa perfeita, a mãe perfeita, a chefe perfeita, a amiga perfeita…
Só que de uns tempos pra cá (olha eu colhendo os benefícios da terapia), eu percebi que isso exige de mim, e por isso, decidi que não queria mais ter uma vida perfeita.
Eu agora sou a mãe que tem preguiça, que chega em casa e deita no sofá.
Eu agora sou a amiga, que está com preguiça de falar com os amigos.
Eu sou a pessoa que relaxou na saúde e de quebra, deu uma boa engordada.
O problema é que como a vida inteira eu sempre fui meio que assim, a fazedora de tudo, eu percebi que estou numa fase em que alterno entre o tudo e o nada, entre o 8 e o 80, entre o quente ou frio.
Posso dar um exemplo da qual você vai entender.
Veja este blog. Eu antes, escrevia toda semana, faça chuva, faça sol, mesmo sem tempo, mesmo grávida com enjoo, mesmo com 2 bebês pequenas em casa, mesmo quando estava com depressão. Até que um belo dia, decido que não preciso ficar postando toda semana. E aí o que acontece? Eu sumo rsrs. De novo, oscilei entre o tudo ou nada.
Quem lembra quando eu era uma mãe que fazia cookies, bolos, tortas, fazia artesanatos, levava minhas filhas em parques todo fim-de-semana? Aí virei a mãe que não queria fazer mais nada. E agora estou buscando o equilíbrio… nem muito cá, nem muito lá.
Durante muito tempo, eu agradei demais os outros, e a maior prova foi ter convidado a minha irmã narcisista para o meu casamento, só para não entristecer a minha mãe. Gente, era o MEU casamento, eu poderia ter convidado quem eu quisesse, onde eu estava com a cabeça? Mas enfim…. já foi.
Às vezes, ainda sinto uma pontinha de saudade daquela minha animação e produtividade do passado, mas eu não quero mais ter a vida antes, entende? Eu estou preferindo levar a vida sem tantas grandes obrigações. Sem tantas anotações, sem tantos controles, sem tantas listas de tarefas. E para eu dizer isso, que sempre foi a louca das listas, é porque algo dentro de mim mudou.
Eu posso dizer com convicção que gosto mais da Yuka de hoje. Quando minhas filhas falam que estou preguiçosa, eu digo que sou mesmo, que gosto é de descansar e aproveitar a vida boa.
Vejo a casa revirada de brinquedos e aí faço o que? Deito na minha rede de balanço no meio da bagunça pra descansar, já que lutar contra é pior rs.
Toda semana, estou na minha aula de meditação com uma meia furada que mostra parte do dedo rsrs. Andar com meia furada era algo impensável para mim, mas atualmente, está tudo bem o meu dedão do pé me dar um oi.
Faço o que posso e tento aceitar o resto.
Esse meu novo comportamento também já está refletindo na criação das minhas filhas. Meu marido foi prestar um concurso há alguns meses e tínhamos combinado de que se ele passasse, faríamos uma festa surpresa. E uma delas perguntou… “Mas e se ele não passar?” E depois de pensar um pouco, ela mesma respondeu: “Bom, se ele não passar, a gente faz a festa do mesmo jeito, pois ele deu o seu melhor.” Que resposta mais linda, não?
Quando me despeço das minhas filhas para ir para o meu retiro individual de 1 dia, elas me abraçam e falam para eu aproveitar muito o meu dia de princesa e descansar bastante, pois hoje elas compreendem que eu também mereço ter o meu tempo de respiro.
Estou pegando mais leve no meu trabalho, sem exagerar na autocobrança, aprendendo aos poucos a ter mais autocompaixão.
Quando sinto que meu corpo está cansado, ou a mente exausta, tiro o dia para descansar, já que meu trabalho permite algumas folgas por ano.
E sabe qual a melhor parte de tudo isso? A vida continua, as pessoas ao meu redor continuam as mesmas, ou seja, nada mudou. As pessoas continuam gostando de mim, mesmo com toda essa minha imperfeição e que ficou mais fácil de viver.
E assim, de pouco em pouco, vou eliminando as minhas listas de tarefas intermináveis da qual tinha tanto apreço, tentando preencher os meus dias sem fazer de tudo, e sem tentar fazer o melhor.
Nesses últimos meses eu tenho gastado meu tempo para descansar e conectar comigo mesma. E de forma inconsciente, eu passei a gastar mais tempo em coisas que me dão muito prazer.
Escrevo esse post, porque li uma frase do John Lennon que veio bem a calhar: “O tempo que você gosta de gastar não foi realmente gasto.”
Cozinhar
Eu finalmente voltei a fazer pão caseiro, a minha granola e o iogurte grego. Na verdade foi após o pedido das minhas filhas, que mesmo depois de quase 2 anos, ainda lembravam com muito carinho dessas comidas que eu fazia.
Bullet journal
Estou firme e forte na escrita, sento todos os dias à noite na minha escrivaninha para escrever em um caderno. E isso tem me feito muito bem, já que ao mesmo tempo em que organizo minha mente, posso desenvolver o meu lado artístico da qual gosto muito. É uma terapia para mim.
Rede de balanço
Há menos de 1 mês, instalei uma rede de balanço na sala da minha casa, já que eu sempre amei ficar balançando na rede. Não sei se é o contato do tecido, ou se é o balançar, ou se é a curvatura em que fica o corpo, mas balançar na rede é algo que realmente me reconforta e relaxa.
Retiro individual
Eu ainda continuo com o meu retiro individual a cada 2 meses em um quarto de hotel, tempo esse que tiro para descansar um pouco dos afazeres e das obrigações do dia-a-dia.
Viagens e passeios a lazer
Uma vez a cada 3 meses faço uma viagem em família, além dos passeios e viagens no estilo bate e volta. Aliás, tenho uma cota mensal para gastar em Felicidade, e isso tem feito uma baita diferença para nossa família. Para quem sempre se acostumou a economizar, estabelecer cotas desse tipo pode ser interessante. Muitas vezes quando vejo o orçamento mensal, vejo que ainda está sobrando muito dinheiro na cota Felicidade e aí planejo algo com a minha família a fim de criar memórias.
Livre de remédios
Estou na fase de desmame do remédio psiquiátrico, e se tudo der certo, mês que vem já estarei livre dos remédios, o que me traz uma alegria extra, pois apesar de entender a importância que os remédios tiveram na minha vida nestes últimos 2 anos, eu sou do grupo que prefere não tomar remédios.
Terapia com psicólogo
A terapia continua, e pretendo continuar por tempo indeterminado, pois está me fazendo muito bem. Tenho percebido alguns vícios de pensamento que não percebia antes da terapia, e que estou tendo a oportunidade de corrigir.
Leitura de livros
Aliás, algo que funciona muito bem para mim além da terapia, é a biblioterapia, ou seja, ler livros para fins terapêuticos. Só neste ano, foram 2 dezenas de livros e esse número é expressivo, porque troquei a ida ao trabalho de carro por transporte público e leio durante o trajeto de ida e volta.
Meditação
Continuo fazendo meditação todos os dias em casa, e 1 vez por semana, faço com uma professora que orienta a prática.
Exercício físico
E nesta semana, retorno para a natação. Eu já fazia natação antes da pandemia, acabei parando e depois não voltei mais. Para quem não sabe, eu nado muito bem, e é um dos poucos exercícios físicos que me destaco, já que para o resto dos exercícios, sou a negação em pessoa.
Eu estou totalmente sedentária e qualquer esforço físico extra, tem me derrubado e me deixado exausta. No mês de agosto, pretendo fazer de 1 até 2 vezes por semana, e conforme minha resistência física for aumentando, aumento também os dias da prática.
Por enquanto, vou manter a minha expectativa controlada, porque o desafio é justamente NÃO DESISTIR.
Junto com a natação, acredito que virão outros benefícios, como me alimentar de forma saudável, emagrecimento e mais disposição física.
Craft room
No início desse ano, eu e meu marido decidimos de comum acordo que seria interessante o escritório dele ir para o quarto de casal e o meu ateliê ter um quarto só para ele.
Ou seja, agora tenho um “craft room” ahhhh que sonho! E meu ateliê está lindo de morrer, com todas as coisas organizadas (cof cof, ou nem tanto, pois não podemos esquecer as mãozinhas eufóricas das minhas filhas). Tenho mesa, tenho bancada extra, armários para armazenamento, gaveteiros, um sonho tornado realidade.
Hobbies
E esse Craft Room me ajuda a manter a chama acesa para os meus hobbies. Esse fim de semana, fui na feira Mega Artesanal e me senti uma criança de tão feliz que estava.
Encontrei uma artesã da qual sou muito fã e tietei tirando fotos com ela. Só felicidade rs!
Enfim, encontrar tempo para tudo isso é um desafio, e tenho conversado bastante com o marido a respeito disso tudo, mas aí já é assunto para outro post.
Coloco a palavra retiro entre aspas, porque não é um retiro nos moldes que conhecemos.
Para quem mora sozinho, ou não tem filhos pequenos, ou tem filhos pequenos e tem uma rede de apoio grande, ou até mesmo não tem necessidade de estar de tempos em tempos sozinha, talvez não faça sentido essa hospedagem em um hotel.
Já faz um tempo que eu buscava um lugar para fazer um retiro individual. Um lugar onde pudesse ficar sozinha com meus pensamentos, me recolher, ter um momento de silêncio para refletir sobre a vida, descansar.
Pesquisei diversos lugares, mas ou era longe (fora da cidade de São Paulo – eu não gosto de pegar estrada sozinha) ou estava custando mais do que estava disposta a pagar, já que a intenção era fazer esse retiro com uma certa frequência, e de forma constante, a cada 2 ou 3 meses.
E aí que cheguei a brilhante conclusão de que não precisaria viajar ou ir para um lugar ermo para fazer o que quero. Eu só precisaria de um lugar com privacidade, que fosse de fácil acesso, um lugar tranquilo para relaxar, ter o meu momento.
E assim, surgiu a ideia de reservar um quarto de hotel com banheira, na própria cidade.
Esta opção se tornou muito promissora, pois além de sair beeeem mais barato, poderia fazer com mais frequência, já que posso fazer isso em qualquer fim de semana.
E o que eu faço exatamente nesse quarto de hotel?
Basicamente fico em silêncio, não ligo a televisão, não mexo no celular.
Faço meditação, aproveito a banheira do hotel para fazer um bom e demorado banho de imersão com sais de banho. Escrevo, desenho, fico sentada admirando o jardim do hotel, saboreio as refeições, fico pensando na vida e também no nada, curtindo o ócio mesmo, algo raro nos dias de hoje. Claro que pensamentos surgem a todo momento, além da vontade de dar uma olhadinha no celular… mas como a ideia é ter tempo e disposição para refletir sobre pensamentos, eu deixo os pensamentos passearem livremente, questiono-os, valido-os ou ignoro-os. Ainda não consigo fazer isso durante muito tempo, então acabo intercalando lendo um livro.
Alguns já me perguntaram qual a necessidade disso, e por que não levo meu marido junto.
Eu e meu marido temos nossos momentos a dois, pois minha mãe fica com as crianças de vez em quanto para que possamos passear, ir no cinema. Mas depois que virei mãe de 2 crianças, ficar em silêncio e sozinha tem sido uma tarefa quase impossível.
As crianças adoram ficar comigo, então quando estou na cozinha, elas estão na cozinha; quando estou no quarto, elas estão no quarto, quando estou no banheiro, fazem de tudo pra tentar entrar junto comigo. Acho que não tem uma única vez que eu vejo a maçaneta se mexendo, só pra ver se eu esqueci a porta destrancada, o que já seria uma oportunidade para elas entrarem no banheiro. Engraçado que quando meu marido entra no escritório, as crianças não vão lá, mas quando eu entro no meu ateliê, elas surgem de repente e muito rápido. E eu entendo, porque no meu ateliê, há coisas coloridas e divertidas.
Meu marido tem a opção de trabalhar em casa alguns dias da semana, ou seja, tem tempo para ficar sozinho alguns dias na semana. Outro fator importante é a necessidade individual mesmo. Meu marido não tem essa necessidade de ficar sozinho. Já eu, sempre tive necessidade de ficar sozinha de tempos em tempos, desde criança.
Como o significado de retiro, nada mais é do que dar uma pausa na rotina para procurar um lugar tranquilo para buscar paz, reflexão, descanso, um período de recolhimento e de meditação, o quarto de um hotel tem me atendido muito bem.
Claro que a ideia não é invalidar a ida para um retiro que foi preparado especialmente para este fim, com natureza em volta, perto de cachoeira e tudo, mas não posso negar que eu fiquei bastante orgulhosa com a ideia de me hospedar em um hotel perto de casa, e permitir a experiência que desejo na frequência que preciso. Tanto que apelidei esse dia carinhosamente como Day Spa Retiro Individual.
Para as minhas filhas, eu digo que é um dia que eu tiro para cuidar de mim, então elas apelidaram de “dia de princesa”.
Enquanto isso, eu continuo ignorando essa gourmetização e continuo com a minha ideia original, pois percebi que não preciso ir para longe para me conectar comigo mesma. Eu só preciso fechar a porta de um quarto de um hotel.
Vivemos em um mundo estranho, onde normalizamos situações completamente absurdas…
Achamos normal mexer no celular enquanto se dirige um carro. Andar de bicicleta e mexer no celular ao mesmo tempo. Um encontro com os amigos, e pessoas conversam sem olhar nos olhos, digitando e conversando, tudo ao mesmo tempo. Não é raro estar em um restaurante e ver a família inteira, pai, mãe e 2 filhos, todos com um celular/tablet nas mãos.
Foco, atenção plena ou mindfulness não é algo que se conquista de um dia para o outro. É como se fosse um exercício físico, onde se adquire força física aos poucos, mas neste caso, seria exercício para a mente.
E como fazer isso?
Primeiro, é admitindo que está tempo demais online.
Segundo, é reconhecer que está com dificuldades de se concentrar.
Deste mapa mental acima, já faço muitas coisas, mas ainda há outras que quero implementar na minha rotina.
Outro dia li na introdução de um livro que folheei rapidamente, que infelizmente não lembro o nome, em que o autor falava que mindfulness é como se fosse uma brincadeira de ligue os pontos. Você vai ligando os pontos e não enxerga nada no início. Só depois de se distanciar e ligar bastante os pontos é que vai enxergar o desenho.
E essa explicação simples, fez total sentido para mim.
Não dá para sair de uma distração completa para ser uma pessoa completamente focada, de uma hora pra outra.
Mas podemos tomar um banho, e nesse banho, prestar atenção na água que cai sobre o corpo, no cheiro do sabonete, na espuma do shampoo, na temperatura da água, sem pensar em outras coisas.
Também podemos prestar atenção na hora de escovar os dentes. Olhar o espelho, prestando atenção se todos os dentes estão sendo bem escovados.
Ou estar em um parque, ler um livro, e parar a leitura para aproveitar a brisa que balança as folhas da árvore.
Tudo na nossa vida não passa de hábitos consolidados. E são esses pequenos hábitos que precisam ser alterados pouco a pouco.
Eu tenho insistido em inserir alguns hábitos bons na minha rotina, como por exemplo, ler um livro durante o trajeto de ida e volta do trabalho/casa. Também faço uma leve caminhada antes de chegar em casa depois de 1 dia de trabalho. Eu e meu marido temos nos esforçado para encontrar um tempo para retomar nosso café da noite pelo menos alguns dias por semana. Também encontro um tempo para sentar todos os dias na minha escrivaninha, onde escrevo um pouco para organizar a minha mente.
Não sei se é porque fiquei muito tempo trancada na pandemia (praticamente 2 anos), e depois 1 ano me locomovendo só de carro, mas uma coisa tem chamado muito a minha atenção: tenho reparado na brisa. Isso mesmo, brisa.
Eu ando pela rua, e fico prestando atenção no vento fresco que bate no meu rosto e nos meus braços. E acho isso o máximo. Até mesmo quando entro no metrô, e sento para ler um livro, quando sinto o ar-condicionado, eu fecho os meus olhos e respiro devagar, só para maximizar a sensação deliciosa de frescor.
E assim, de atividade em atividade, vou “ligando os pontos” da atenção plena, tentando sempre trazer para o momento presente, o máximo do meu dia.
Sei que não sou a única que se surpreende por já estarmos na metade de fevereiro. O tempo continua passando da mesma forma, mas o que mudou nestas últimas décadas foi a forma como lidamos com o tempo: nós fazemos muito mais coisas no mesmo curto espaço de tempo.
E como queremos fazer tudo ao mesmo tempo e não deixar nada para trás, estamos sempre com pressa, fazendo algo mas com a cabeça em outro lugar, sempre pensando no final do expediente de trabalho, no próximo fim-de-semana, nas próximas férias, na próxima viagem. Pensamos no dia de receber o salário, pensamos na aposentadoria, pensamos na festa de fim-de-ano. Pensamos em tudo, menos em aproveitar o agora.
Se fosse fazer uma analogia, diria que é como se estivéssemos viajando em um vagão de trem, mas ao invés de apreciar a paisagem, estamos ocupados demais olhando para o mapa, fazendo listas dos próximos lugares que queremos ir e no final não aproveitamos nada da viagem, pois estávamos pensando em tudo, menos em curtir o viagem.
Ano passado eu tive um lampejo, de que a vida é o que acontece no meio.
Nem sempre é sobre destino. Nem sempre precisamos ter um lugar para chegar, ter um objetivo. Nem sempre é sobre finalizar projetos, contabilizar metas.
E como não há nada melhor do que exemplos para entender o que estou querendo dizer, listo algumas das coisas que já faço no meu dia-a-dia para lutar contra a pressa:
Saborear um livro
Não sei se vocês fazem isso, mas eu tinha a mania de ler muito rápido os capítulos finais de um livro. Sabe quando o livro está tão interessante, que a vontade é de atropelar as letras, engolir os parágrafos para saber logo o que acontece no final? Mas pensando bem, pra quê fazer isso? Se estou com um livro interessante em mãos, ao invés de ler rápido para terminar logo, eu agora tento ler mais devagar, prestando atenção em cada linha, volto alguns parágrafos quando necessário, prestando atenção na história… Quando percebo esse interesse extra de vagar na leitura, vou até a cozinha, preparo um chá com leite pra mim e retomo a leitura com a xícara bem quente em mãos. É uma maneira de prolongar o momento de prazer, degustando de um momento único e fazer o tempo passar mais devagar.
A viagem imperfeita que se torna perfeita
A mesma coisa acontece quando vamos viajar. Digo para as filhas que a viagem já começa no momento em que estamos arrumando a mala. Não precisamos fazer com pressa, podemos curtir a preparação da mala. Já no carro, digo para aproveitarem a paisagem, levamos umas besteiras pra comer no trajeto e não importa se o trajeto que tem previsão de 3 horas de carro, levarmos 4 horas. Abrimos as janelas, as crianças se divertem com o vento. Dentro do carro tem de tudo, pelúcia, salgadinho, água gelada, travesseiro de pescoço, brinquedos… elas se divertem tanto que não dormem no carro (nem na ida, nem na volta).
E tudo bem se algo sair do planejado. Outro dia decidimos passar o dia numa cidade próxima de onde moro. Meu marido, recém-habilitado, não viu o buraco grande no asfalto perto de casa e o pneu acabou furando. Ele ficou arrasado, mas eu e as crianças tiramos onda da situação, já que em casa, ele tem a fama de cuidadoso, enquanto eu sou a sem noção, mas essas coisas sempre acontecem só com ele. Trocamos o pneu do carro e seguimos viagem como se não tivesse acontecido absolutamente nada.
Para onde vamos com tanta pressa?
Toda vez que percebo que estou andando rápido, faço a pergunta: “Pra que a pressa? É realmente necessário toda essa pressa?”
Em São Paulo, é comum as pessoas andarem rápido. E quando estamos distraídos, lá estamos nós, caminhando rápido também.
Eu digo para mim mesma que não preciso pegar o metrô que está para partir. Não preciso chegar 2 minutos mais rápido no trabalho. Não preciso voltar para casa correndo. Posso fazer tudo isso em um ritmo confortável e tornar as coisas mais agradáveis.
Então desacelero meus passos e inicio uma caminhada em ritmo confortável. Ritmo esse, em que é possível observar o que acontece ao meu redor. Eu suo menos, canso menos, fico menos estressada, e ainda chego no mesmo horário, mesmo andando um pouco mais devagar.
Otimizando o tempo do trajeto casa-trabalho-casa
Até semana passada, estava indo de carro para o trabalho, pois as aulas das crianças ainda não tinha começado e precisava leva-las para a casa da minha mãe de manhã e buscá-las depois do meu trabalho.
A partir dessa semana, comecei a ir de transporte público, e posso dizer que consigo aproveitar melhor meu tempo.
Eu estabeleci que o tempo que eu estiver no transporte público, será destinado para leitura de livros. Isso significa que eu consigo ler muitas e muitas páginas todos os dias, na ida e na volta. Ah que alegria.
E antes de chegar em casa, eu decidi que faria uma caminhada de 30 a 45 minutos todos os dias.
Desta forma, ir ao trabalho hoje, não significa só trabalho. Significa trabalhar + fazer exercício físico + ler livros.
E com isso, aquela pressa toda que eu tinha para chegar logo no trabalho, para chegar logo em casa, passou, já que hoje eu tenho pequenos prazeres tanto no trajeto da ida para o trabalho como no da volta para casa.
Autoconhecimento
Diferentemente do projeto FIRE (Financial Independence, Retire Early), que há uma meta financeira, compreendi que o autoconhecimento não tem meta para ser batida. Para mim, foi difícil colocar isso na cabeça, pois para quase tudo o que eu faço, eu preciso de um início, meio e fim. A mente humana é tão complexa e tão profunda que a nossa vida na Terra termina antes de descobrirmos tudo. E com isso, eu tive que corrigir a minha fala quando falava que “estava aos poucos montando o quebra-cabeça da minha mente”. Quebra-cabeça tem início, meio e fim, sendo que a busca pelo autoconhecimento não tem fim. Ora, se não tem fim, não preciso ter pressa. Posso aproveitar a jornada, curtir cada aprendizado, me surpreender com cada descoberta boa (e as não tão boas assim).
Hoje entendo que todos nós estamos em um mesmo livro, mas em páginas diferentes. Uns estão em páginas mais à frente, alguns na mesma página que a nossa, enquanto outros estão em páginas das quais já percorremos.
Entender isso, me fez ter compaixão e compreensão pelas pessoas que estão percorrendo páginas que já percorremos, e a ter humildade pelas pessoas que estão nas páginas que ainda iremos percorrer.
Hoje vou explicar o motivo de eu escrever tanto sobre felicidade nos últimos meses.
Sabe quando uma pessoa tem uma experiência quase-morte e passa a valorizar a vida?
Ou quando alguém que convive com dores diárias, agradece por todos os minutos que não sente dor?
Ou quando descobre-se que não tem muito tempo de vida e a pessoa passa a valorizar cada minuto da vida?
Eu comecei a valorizar a felicidade, porque quase a perdi, quando minha saúde mental estava abalada. Me perguntava quando eu voltaria a sorrir, se eu voltaria a sentir alegria e felicidade, já que era algo que parecia estar tão distante.
Não é que eu não valorizasse as pequenas felicidades de antes, claro que eu valorizava. Mas antes, sorrir e estar feliz era algo natural para mim, assim como era respirar.
Hoje compreendo que não é bem assim.
A felicidade quando se esvai, vem acompanhada com uma sensação de vazio, de indiferença. Eu vivi uma fase em que colecionei diversos “tanto faz”. Quem conviveu comigo nesse período sombrio, sabe que eu parei de sorrir.
E aí, quando a gente passa por isso, e volta a sentir a felicidade, passa a agradecer e valorizar qualquer felicidade que sente.
E é justamente por isso que hoje, para mim, mais importante do que tempo ou dinheiro, é poder sentir, estar presente, como expliquei no post anterior.
Eu já havia tentado meditar diversas vezes ao longo desses 5 anos, pois já conhecia os benefícios comprovados pela ciência, como a diminuição do estresse e depressão, aumento do foco, melhora a qualidade do sono, além de sensação de bem estar.
Toda vez que eu tentava meditar, meus pensamentos se agitavam de tal forma que eu mal conseguia meditar por 1 minuto.
Só levei a meditação a sério, quando não tive mais escolha: quando minha saúde mental piorou. Eu precisava recorrer a alguma coisa, já que minha cabeça parecia que ia explodir, e a meditação foi uma das minhas escolhas.
Eu comecei com meditação guiada, procurei diversos vídeos de meditação guiada no YouTube, e durante um tempo, eu achava que estava meditando. Até que assisti uma entrevista da neurocientista Elisa Kozasa, pesquisadora e professora do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, e descobri que o que eu fazia era relaxamento, e não a meditação propriamente dita. Ou seja, eu não conseguiria alcançar todos os benefícios da meditação fazendo meditação guiada.
Nessa mesma entrevista, descobri que a Elisa Kozasa havia desenvolvido um aplicativo de meditação em parceria com a Natura, Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein e Associação Palas Athena.
Logo após esta entrevista, eu procurei o aplicativo, chamado de Meditação Natura e baixei no meu celular.
Eu já tinha usado outros aplicativos como o Meditopia, Insight Timer e o Headspace, e posso dizer que o Meditação Natura é o mais simples, e de longe, foi o mais eficiente e certeiro. Certeiro, porque esse aplicativo me ensinou a meditar sozinha, ou seja, ele me ensinou a desapegar aos poucos do aplicativo em apenas algumas semanas, o que por si só já é bem diferente dos outros existentes no mercado, que cobra até assinatura.
O aplicativo é simples: há um programa de 8 semanas testado cientificamente, e a cada semana, o conteúdo é liberado de acordo com a sua evolução.
No início, a meditação é guiada e dura poucos minutos, para o alívio dos iniciantes. A voz que nos guia é calma, sem grandes firulas.
Conforme a semana vai passando, o cérebro se acostuma com a voz, com a postura de ficar sentada. E a cada semana, pequenos intervalos de silêncio são acrescentados e é aí que está a grande sacada. Esses intervalos vão aumentando a cada semana, e no final de 8 semanas, já estava meditando sozinha e em silêncio.
Esse mês de dezembro, completou 1 ano desde que comecei a praticar a meditação.
Após 12 meses meditando todos os dias, pelo menos 2 vezes ao dia, posso dizer que meditar me traz uma sensação extremamente relaxante e uma sensação gostosa difícil de ser descrita.
Depois que peguei gosto pela meditação, comprei algumas coisas para tornar o momento especial, como se fosse um pequeno ritual:
um aromatizador elétrico: pingo algumas gotas de óleo essencial de capim limão só enquanto medito, para que eu associe esse aroma com meditação
um zabuton: um colchonete macio para sentar no chão
um protetor auricular: para quando o barulho externo me distrai
Mas isso só aconteceu nesses últimos 2 meses. Até pouco tempo atrás, eu só sentava em cima da minha cama e estava tudo certo.
Espero que esse post tenha ajudado para quem quer iniciar na meditação.
Semana passada, dia 05 e 06 de novembro, aconteceu o tão esperado Congresso Internacional de Felicidade, na cidade de Curitiba.
E eu pude estar lá.
Eu descobri sobre a existência desse evento, 1 ano antes da pandemia, em 2019. Na época, fiquei na dúvida se iria ou não, e acabei optando por não ir, afinal, não é um evento barato.
Depois a pandemia chegou, e o evento foi cancelado por 2 anos seguintes.
Em 2022, quando soube que o congresso seria retomado, não pensei duas vezes: comprei o ingresso, chamei uma amiga para ir comigo, comprei a passagem de avião, reservei o hotel e me entreguei no evento sem medo de ser feliz ou cafona.
Vai ser difícil explicar a experiência que tive lá, mas adianto que passei um fim de semana maravilhoso.
Estar neste evento, acompanhada de uma das minhas melhores amigas, deu um tom todo especial. Pudemos conversar muito, matar a saudade, já que apesar de nos encontrarmos e nos falarmos sempre, há anos (desde que me casei) não ficávamos tantas horas juntas, de dormir no mesmo quarto, de ver a cara uma da outra toda amassada por ter acabado de acordar.
No Congresso, dei muita risada na palestra do Clóvis de Barros, enquanto ele explanava sobre a gramática do amor. Me emocionei muito na palestra do poeta e escritor Allan Dias Castro sobre o tema Transbordar. Concordei com a palestra da Ruth Manus sobre: É possível ser feliz exausto?
Me surpreendi com a energia contagiante da Noéle Gomes, falando sobre a felicidade na cosmovisão africana, e também pelo Fernando Belato, que, com sua energia única, nos mostrou como ter inteligência emocional durante os conflitos da vida.
Teve diversas palestras igualmente interessantes como da filósofa Lucia Helena Galvão, da médica especialista em cuidados paliativos Ana Cláudia Arantes, falando um pouco sobre o tempo; a Monja Coen falando sobre a felicidade nas pequenas coisas e também o ex-ministro da educação no Butão, Thakur Powdyel, falando sobre FIB (Felicidade Interna Bruta).
Todos os palestrantes foram unânimes em dizer que felicidade não pode ser vista apenas como uma conquista individual.
É necessário pensar no bem estar coletivo, em ajudar o próximo, aceitar as diferenças, respeitar a felicidade do outro, conversar de forma civilizada com alguém que tenha uma visão diferente da nossa.
É tudo o que não vemos muito atualmente, não?
Felicidade ainda é aceitar a realidade, fazer o melhor de acordo com a condição atual, reconhecer a brevidade e a impermanência da vida, compreender que a felicidade acontece nas interações, nos laços sociais, nas profundas conexões que criamos com outras pessoas.
Por mais que eu tente, não consigo resumir as experiências que eu tive nesse fim-de-semana, pois foram tantas experiências, tantos ensinamentos, tantas reflexões, tantas lembranças, tanta energia boa, sabe?
Vi muitas pessoas chorando em vários momentos, pois muitas palestras tocam o nosso coração. As feridas que tentamos esconder por tanto tempo também emergem, nos fazendo refletir, querer melhorar, ser uma pessoa mais consciente, evoluir como pessoa.
Se eu tivesse participado deste congresso em 2019, eu teria tido uma outra percepção por estar em uma fase diferente de vida.
Como vocês sabem, 2021 e 2022 foram anos particularmente difíceis para mim, um ano de muita superação, de autoconhecimento, de ir em busca de mim.
A vida é feita de ciclos, e em cada ciclo temos metas diferentes, sonhos e expectativas.
Eu já tive a fase em que o minimalismo era o assunto da vez, depois foi a independência financeira, e neste ano, o que mais quero é aproveitar tudo o que eu já tenho, meu marido, minhas filhas, minha família, meu tempo livre, meus hobbies, meus amigos, meu trabalho, o tempo de vida que eu ainda tenho.
Saí do congresso com a certeza de que a vida é agora.
De que não existe viver e não querer sofrer.
Viver é sofrer, é rir, é amar, é chorar, é tudo junto e misturado.
É estar presente e consciente, permitindo-se entregar de corpo e alma.
Vou iniciar este texto falando sobre felicidade e alegria.
Considerando que felicidade é um estado de espírito constante, construído pela soma das diversas atitudes, já faz uns bons anos que eu sinto felicidade quando observo a minha vida.
Sinto felicidade quando vejo minhas filhas crescendo saudáveis, quando as duas se tornaram a “parceira da bagunça” uma da outra. Quando vejo que meu marido continua me apoiando e me amando por todos esses anos, quando percebo que tenho bons amigos do meu lado, quando vejo que não tenho mais preocupação financeira. Sinto gratidão quando vejo que me dou bem com a família do meu marido, quando percebo que sou bem querida no ambiente de trabalho, quando vejo que minha família me ama do jeito que eu sou, com todos os meus defeitos e manias.
A soma desse conjunto de fatores tem sido a minha definição sobre a felicidade.
Já a alegria, é a emoção do momento, assim como a raiva, tristeza, medo.
O meu foco ultimamente tem sido aumentar os momentos de alegria.
E aí, quando vou em busca da alegria, inevitavelmente, esbarro com a minha criança interior.
Como tudo, as coisas que acontecem na nossa vida pode ter um lado bom e um lado ruim. Falo especificamente em relação à minha saúde mental na pandemia. Após me recuperar do baque, eu percebi que algumas coisas da minha vida poderiam melhorar, identificando o que estava me incomodando.
E esse incômodo, era o meu passado. Por conta da história da minha vida, eu sempre evitei olhar para trás, focando em ter um futuro melhor. Faço isso desde criança, então acabei ficando muito boa não só em planejar, mas também de executar planos. Foi desta forma, aliás, que conquistei muitas coisas.
Ano passado, alcancei um marco importante da Independência Financeira, que coincidiu também com a fase em que minha saúde mental declinou.
Foi fazendo terapia que eu decidi dar uma chance para a minha criança interior se manifestar. Esta criança interior, ignorada durante todos esses anos por não querer lembrar que um dia fui tão duramente machucada, finalmente pôde-se manifestar, e eu, finalmente estou podendo ouvi-la, aceitá-la, acolhê-la, amá-la.
Todo esse processo está me permitindo ter a autocompaixão, como mencionado em um post anterior.
E para celebrar essa fase em que me encontro, tenho feito diversas coisas que me trazem alegria e que me reconecta com a minha criança interior.
Ainda pretendo escrever posts detalhados sobre cada “alegria”, mas abaixo, segue um panorama geral:
1.) Reativar o ateliê: mas desta vez, de uma forma diferente…
2.) Inscrição no Congresso da Felicidade (sabia que tem um congresso internacional sobre o tema felicidade?)
3.) Hospedagem em um hotel sozinha de tempos em tempos para um retiro individual
4.) Adesão ao Bullet Journal
5.) Desenhar
6.) Aprender técnicas de aquarela
7.) Aprender técnicas de caligrafia
8.) Mindfulness (atenção plena) e meditação
Por muitas vezes, lembro do vídeo, onde Steve Jobs fala que a vida é uma sucessão de “ligue os pontos”.
“Claro que ligar os pontos futuros era impossível na época da universidade, mas ficou bem claro ao olhar para trás, 10 anos depois. De novo: você não pode ligar os pontos olhando para a frente. Você só pode ligá-los olhando para trás.” Steve Jobs
Vale a pena assistir (tem legenda em português):
A síndrome do pânico que eu tive no ano passado, foi algo que impactou demais na minha vida, mas a partir daquele episódio, aconteceram diversos “ligue os pontos”, que só ficou claro ao olhar para trás.
No meu pior momento, fui em busca de ajuda.
Fui atendida por uma médica, que ao me ver desolada, recomendou o livro Autocompaixão; além de um psicólogo e psiquiatra.
Li o livro recomendado, e iniciei a terapia, que tem me ajudado a desatar alguns nós do meu passado.
Iniciei a prática do mindfulness e meditação, pois achei importante.
E vejam só, minha filha mais velha tem muita ansiedade, hoje eu consigo detectar estes sinais nela (por eu ter tido as crises de pânico), ajudando a praticar mindfulness e meditação com ela. Ao ter compaixão por mim, pude acolher mais as minhas filhas.
Para relaxar e aproveitar o momento presente, comecei a desenhar, como quem não queria nada. Os traços do desenho foram desabrochando, e com isso, lembrei das minhas habilidades e facilidade em desenhar. Em pouco tempo, estava desenhando mandalas e desenhos botânicos.
Então parti para o Bullet Journal, que nada mais é do que “um método de organização pessoal desenvolvido pelo designer Ryder Carroll. O sistema organiza agendamentos, lembretes, listas de tarefas, brainstorming e outras tarefas organizacionais em um único bloco de anotações”.
Ultimamente, estou com vontade de aprender técnicas de aquarela. Ao buscar inspirações no Pinterest, o que eu vejo na minha frente? Ilustrações botânicas com lindas caligrafias.
Lembrei que eu tive muita vontade de fazer meu convite de casamento desta forma, mas na época, achava que não sabia desenhar, nem escrever bonito, nem tinha dinheiro para contratar alguém para fazer as ilustrações, então desisti.
Só que agora estou numa fase diferente. Sei desenhar e estou treinando caligrafia. Unindo estas duas técnicas, somando a técnica de aquarela que eu quero aprender, sei que no final, sairá um produto que irá me satisfazer muito.
Ao relembrar os prazeres da infância, estou podendo retomar as coisas que gostava de fazer, o que gera momentos de alegria, além de poder fazer as pazes com a minha criança interior, e de quebra, consigo ajudar a minha filha e o melhor, a mim mesma.
Um pouco desse reflexo, vocês já devem ter percebido aqui mesmo no blog, pois em alguns domingos, não há postagens de textos.
Falando sobre reconhecer e cultivar os pequenos prazeres, eu sempre gostei muito do universo do papel.
Quando criança, colecionava papéis de carta, lápis e canetas. Gostava de ficar só observando, organizando os itens por cores e tipos.
Na adolescência, passei a gostar de escrever em diários e a fazer listas de afazeres.
Foi nessa fase também que comecei a revirar sebos da minha cidade. O dono do sebo, era um senhor de barba branca, que sempre recomendava ótimos livros. Foi com ele, aliás, que aprendi a devorar livros, costume que tenho até hoje.
Ainda na adolescência, aprendi diversas técnicas com papel, como scrapbooking, cartonagem, encadernação.
Quando entrei para o mercado de trabalho, fui engolida pela correria da vida moderna e muitas das coisas que gostava ficaram para trás.
Contei para vocês que há alguns meses, tive depressão e crises de pânico, em parte por causa da pandemia, em parte, por causa do trabalho.
Passado a pior fase, achei bom relembrar quais eram as coisas que gostava de fazer, e recuperar justamente as coisas boas que por algum motivo ficaram para trás. Ora por falta de tempo, ora por falta de dinheiro, ora por falta de espaço físico, ora por falta de oportunidade ou iniciativa.
E resolvi que não iria mais me distanciar do papel.
Justo eu, que fui do livro físico para o livro digital.
Que adora a agenda eletrônica.
Que ama ter todas as listas e documentos na palma da mão (no caso, dentro do celular).
Toda essa integração digital aconteceu, porque gosto muito de uma vida com praticidade.
Mas estou numa fase que nem tudo precisa ser prático, principalmente se são coisas das quais tenho apreço. Algumas coisas podem sim, não ter a praticidade do mundo moderno.
Nos próximos posts vou falar um pouco sobre essa minha nova fase da qual estou aproveitando muito.
Quando eu estava grávida, fiquei impressionada com a quantidade de mulheres que também estavam grávidas. Era no trabalho, na rua, no metrô, uma coisa bem maluca.
Quando minha filha nasceu, foi a vez de ver só famílias andando com carrinhos de bebê. Até pensei…. hum, nada anormal, afinal, todas aquelas mulheres grávidas também tiveram seus filhos. Mas mesmo assim, ainda era incrível a quantidade de bebês de colo que eu avistava.
Quando comprei meu carro, vocês já devem imaginar… eu só via o modelo e a cor do meu carro circulando pela cidade toda.
Todos esses exemplos que citei, são coisas que sempre estiveram à minha volta, mas passavam despercebidos por mim. A partir do momento que comecei a prestar atenção, devido à fase de vida que me encontrava, elas se destacaram, sobressaíram.
O nosso cérebro funciona desta forma para tudo.
A nossa mente alterna entre o divagar e o concentrar. Quando nossa mente está divagando, ela não está concentrada. Da mesma forma, quando a nossa mente está concentrada, ela não está divagando. Isso significa que não conseguimos concentrar e divagar ao mesmo tempo. Ou estamos concentrados, ou estamos divagando.
Todo o tempo que divagamos, é quando estamos vivendo no piloto automático.
Esses dias fechei a porta do meu apartamento, girei a chave, e fui para o trabalho. Quando meu marido foi sair de casa, viu a porta quase encostada no batente, mas aberta. Detalhe que a lingueta da fechadura estava para fora, o que comprova que eu girei a chave, com a porta aberta. Ficou claro que eu estava no piloto automático.
Quando estamos no piloto automático, não temos consciência. Por isso, muitas das atividades requer atenção dupla… será que desligamos o forno? Trancamos a porta do carro? Onde deixamos o carro estacionado?
Eu sempre tive muito medo de entrar no piloto automático em momentos indevidos. Sempre que saio com as minhas filhas, coloco na minha cabeça que estou saindo com 2 crianças. Quando mudo a rotina, deixo alarme no celular para não correr o risco de esquecer algo importante.
Faço tudo isso, porque estar consciente nos tempos atuais, é um desafio, principalmente, porque o celular faz de tudo para tirar a nossa atenção. Quantas pessoas você conhece que enquanto conversa com você, desvia o olhar para o celular toda vez que ele vibra? O pior não é o celular vibrar, mas a quantidade de vezes que a pessoa olha para o celular toda vez que vibra, enquanto conversa com você. É desconcertante.
É alarmante a quantidade de pessoas que estão no piloto automático em momentos que deveriam estar conscientes.
Conversando com os amigos e olhando para o celular.
Trabalhando e olhando para o celular a cada 10 minutos.
As crianças brincando no parque, enquanto todos os pais olham para o celular.
Atravessando a rua olhando o celular.
Andando de bicicleta e olhando o celular.
Dirigindo e olhando o celular.
Cada vez mais, reforço o discurso de que estamos caminhando para um lugar da qual ainda não temos ideia do tamanho do prejuízo que tudo isso está causando na nossa vida.
O que tenho tentado fazer nestes últimos meses é, aos poucos, recuperar a consciência de pequenas coisas cotidianas.
Quando estou escovando os dentes, estou escovando os dentes.
Quando estou tomando banho, só penso no banho, na temperatura da água, na sensação boa que ele me traz.
Quando estou fazendo anotações na minha agenda, concentro todas a minha atenção neste ato.
E assim, de atividade em atividade, procuro os campos vazios (divagações) e tento preencher com o presente (estado de consciência).
Se há algo que sempre funcionou muito bem para o meu autodesenvolvimento é a leitura de bons livros no momento certo da vida. Os títulos dos livros sempre surgem de todas as formas possíveis em momentos oportunos, sempre quando busco por respostas.
Foi lendo o livro Manual de Mindfulness e Autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo, que eu entendi como sou dura comigo. Lendo um dos capítulos, eu até pensei: “Ai credo, como sou cruel comigo”.
Me considero uma pessoa tranquila e compreensiva com terceiros. Sou uma chefe compreensiva, uma filha compreensiva, mãe, esposa e amiga compreensiva.
Também costumo receber acolhimento de todos os lados, no ambiente de trabalho, no ambiente familiar, dos amigos, inclusive aqui no blog, como muitos de vocês já devem ter percebido.
Apesar de estar envolta em um ambiente aparentemente favorável, não sei ser gentil comigo mesma. A cobrança não é externa, é interna, é autocrítica, sou rígida apenas comigo. Que coisa, não?
Quer um exemplo? Quando estou descansando, fico com dor na consciência de que poderia estar dando atenção para as minhas filhas. Se faço um jantar meia boca por estar cansada, fico pensando que poderia ter caprichado mais na comida. Sempre me cobro achando que eu devo me esforçar mais para ser uma mãe melhor.
O detalhe é que todo esse julgamento é somente meu e para mim, já que ninguém reclama.
Descobrir algo que nos incomoda é importante. Mas reconhecer esse incômodo e fazer esforço para mudar é algo que requer consciência.
Vou dar um exemplo. Muitos sabem que precisam aprender sobre investimento e guardar parte do salário. Sabem… mas é muito difícil mudar algo que já está enraizado na forma de pensar e agir.
Quando nos conscientizamos, entendemos nosso modos operandi, reconhecemos que temos muito o que aprender e evoluir.
Foi assim que eu compreendi o significado da palavra autocompaixão e a importância dela. Entendi que posso acolher minhas fraquezas e abraçar todas as partes de mim, incluindo as negativas. Já entendi, e estou tentando aplicar na minha vida, não é fácil, já que estou no processo de aprendizagem e de me conscientizar.
Como experiências passadas e a forma como fomos criados podem dificultar a autocompaixão, confesso que não será uma tarefa fácil me acolher, a não me julgar, a permitir alguns sentimentos como cansaço, frustração de não poder oferecer mais, deixar de lado o perfeccionismo, sem que meu autojulgamento me assombre.
Fiquei pensando esses dias sobre como alguns temas trouxeram grandes ensinamentos para o meu crescimento pessoal.
Pensando nisso, listei alguns tópicos que foram relevantes para o meu desenvolvimento:
Violência doméstica
De que o dia de amanhã sempre poderá ser melhor do que o dia de ontem
Me ensinou a olhar para a frente, a não ficar lamentando pelo que passou
Me ensinou a nunca maltratar e a humilhar os outros
De que o mais importante é a beleza interior
Me ensinou a ter compaixão e estar ao lado das minorias sociais
De que amigos são irmãos de alma, um muro protetor
Minimalismo
Me ensinou a ser feliz com menos posses
Me ensinou a fazer escolhas melhores
Passei a ter menos obrigações
A evitar comparações
A ter mais consciência
Ter mais dinheiro
FIRE
Me ensinou a definir prioridade e foco
A importância de ter metas
A importância de agir no momento certo
Entender que a vida pode ser dividida em fases (fase de economizar, fase de usufruir etc)
De que a união faz a força (eu e o marido)
Tirou o meu complexo de burrice
Alcancei a tranquilidade financeira
Filhos
Tem me ensinado a ser mais paciente
Que nem sempre as coisas saem do meu jeito
Me ensinando a ter humildade, a reconhecer as próprias falhas
De como o tempo passa rápido e que temos que aproveitar melhor o dia de hoje
Crises de ansiedade
Ensinou a importância de pedir ajuda
Reconhecer que não sou capaz de tudo
Que posso fazer as coisas mais devagar
De que escolher o parceiro certo pode definir como será a recuperação da saúde mental
As vantagens de voltar ao analógico: sair mais com os amigos, estar mais presente, desacelerar
Aproveitar a nova fase Coast FIRE
Aprendendo sobre atenção plena
No ano passado, logo depois de me recuperar de uma crise de pânico, eu lembro de ter prometido para mim mesma que eu iria sair daquela situação melhor do que quando entrei, e que iria transformar essa crise em uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida.
Desde então, tenho levado essa promessa ao pé da letra.
Se antes eu estudava até dizer chega sobre finanças, investimentos e FIRE, hoje, considero que já sei o suficiente. Agora meu foco está em retomar algumas áreas da minha vida.
Luiz Albert Hanns, psicólogo, psicanalista e pesquisador, diz que não devemos nos culpar por não termos uma vida equilibrada. Que o mais comum é aprendermos um pouco mais sobre nós mesmos para saber o que podemos abrir mão em determinados períodos da vida, o que cada ciclo de vida está nos pedindo (há períodos em que temos que caprichar mais na área profissional, ou períodos em que precisamos dar mais atenção aos filhos, ao cônjuge etc).
Houve momentos em que a prioridade eram as minhas filhas.
Houve momentos em que a prioridade era juntar dinheiro e estudar sobre investimentos para acelerar a independência financeira, pois sabia que quanto mais cedo fizesse isso, mais fácil me beneficiaria dos juros compostos.
Agora estou entrando em uma fase de querer estar presente, de aproveitar o momento.
Tenho lido diversos conteúdos sobre viver o presente, inclusive iniciei um curso gratuito e online na Universidade de Yale sobre ciência da felicidade, chamado de “The Science of Well-Being”. Este curso promete reunir o que a ciência diz sobre felicidade e nos ensinar a transformar essas informações em ações cotidianas.
Vejo tudo isso como o início de uma temporada de novos estudos.
Você já deve ter percebido que há pessoas que ganham o mesmo salário, têm a mesma composição familiar, mas possuem vidas completamente diferentes: uma vive endividada, reclama da falta de dinheiro, está em completo desequilíbrio financeiro; enquanto a outra tem controle financeiro.
Eu percebo essa discrepância onde trabalho: são pessoas que recebem salários parecidos, mas possuem vidas financeiras completamente diferentes.
Algumas vivem de salário em salário, pagam gordas parcelas do financiamento imobiliário, negociam suas dívidas fazendo novas dívidas. Não abrem mão do carro, nem da diarista, nem dos restaurantes, das viagens, da manicure semanal, nem da vida que tem. Não conseguem parar de comprar produtos aleatórios pela internet, não abrem mão do conforto, nem dos pequenos luxos, mesmo fazendo dívidas.
Reclamam do salário, das obrigações que têm, dos boletos, das dívidas…
Há 7 anos, mais precisamente em 2015, numa roda de conversa no trabalho, comentei sobre FIRE (Financial Independence Retire Early). Como era um tema recém descoberto, fiquei muito entusiasmada e compartilhei tudo o que eu sabia sobre FIRE, sobre investimentos e sobre o poder dos juros compostos. Falei que se a gente enxugasse os gastos por um período de pelo menos 10 anos e investisse direito todos os meses, que isso poderia nos tornar livre.
Todo mundo se empolgou com tudo o que eu falei, exceto quando falei da parte de enxugar os gastos. Eu não desanimei. Eu coloquei em prática tudo o que estava ao meu alcance, pois acreditava que seria possível sim.
Eu sabia que teria que ter foco, já que esse meu entusiasmo inicial poderia diminuir ao longo dos anos, afinal, ninguém quer economizar a vida inteira. Além disso, eu era mãe de 2 bebês. Eu teria que aproveitar os aportes gordos enquanto as minhas filhas eram pequenas.
Fiz revisão de todos os gastos e enxuguei onde era possível. Fazer esse downsizing não foi difícil, afinal, eu já sabia onde poderia economizar para reduzir o padrão de vida e em que coisas queria gastar para melhorar a qualidade de vida.
O tempo passou e estamos em 2022. Vejo que todas essas inúmeras pequenas decisões que tomei lá atrás, trouxeram benefícios imensuráveis passados apenas 7 anos.
Contar essa história me lembrou do Experimento do Marshmallow:
“O Experimento do Marshmallow se refere a uma série de estudos de recompensa postergada, realizados no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970 liderados pelo psicólogo Walter Mischel, então professor da Universidade de Stanford. Nos estudos era oferecido a crianças a escolha entre uma pequena recompensa (algumas vezes um marshmallow, mas também um cookie ou um pretzel, etc.) entregue imediatamente ou duas pequenas recompensas se ela esperasse até o retorno do pesquisador (depois de uma ausência de aproximadamente 15 minutos). Em estudos de seguimento, os pesquisadores descobriram que as crianças que foram capazes de esperar por mais tempo pela possível recompensa apresentaram tendência de ter melhor êxito na vida, desempenho escolar, índice de massa corporal (IMC) e outros parâmetros de medição. Contudo, recente trabalho levanta a questão se o autocontrole, em oposição ao raciocínio estratégico, determina o comportamento das crianças.” Wikipédia
Para a maioria de nós, que não nasceu em berço de ouro, é essencial não ter luxo e conforto ANTES DA HORA.
Hoje eu tenho a consciência de que ter deixado de fazer viagens internacionais apenas por alguns anos, ter deixado de comer em restaurantes caros apenas por alguns anos, ter deixado de ter um plano de saúde top por alguns anos, ter aprendido a fazer inúmeros serviços (como pintura de parede, montagem de móveis, conserto de roupas), ter deixado os serviços de streamings por um tempo, ter deixado de gastar em supérfluos por alguns anos, além de diversos outros exemplos que sempre comentei neste blog, permitiu alcançar a tranquilidade financeira que hoje me encontro.
Para mim, não foram sacrifícios… foram escolhas.
Ter postergado alguns sonhos materiais, permite que hoje eu não me preocupe mais com a rentabilidade da carteira, nem fique fazendo contas na hora de comprar alguma coisa, principalmente, porque os aportes mensais irão continuar, já que ainda não pretendo parar de trabalhar.
Quem quer adotar o minimalista não precisa se preocupar com privação. Não é este o princípio, pelo menos para mim.
No Japão, eu vejo que o minimalismo tem uma interpretação mais radical. Muitos deles não têm cama, dormem no chão, e quando têm, tentam se explicar que “apesar de serem minimalistas, escolheram ter uma cama”. Acho isso no mínimo esquisito, pois não consigo entender qual o problema de buscar mais conforto, ao invés de focar exclusivamente na redução de objetos.
No Brasil, vejo que muitos interpretam minimalismo como pobreza. Justificam o estilo de vida simples como minimalismo. No minimalismo, vive-se com menos por uma opção de escolha, já a pobreza não é uma opção de escolha.
Já eu, gosto do minimalismo equilibrado, sem entrar muito em rótulos ou em caixas. Gosto de pensar no minimalismo como uma busca do que é essencial para cada um, ou seja, é uma jornada interna.
Significa aprender a fazer escolhas melhores e escolhas conscientes.
Significa se conhecer melhor, buscar o autoconhecimento, descobrir o que faz feliz, independentemente da opinião alheia.
Vou compartilhar uma história com vocês.
Em 2010, há exatos 12 anos, eu fui para Vancouver, no Canadá, para um intercâmbio.
Lá, fiz amizade com o pessoal que dividia a casa, e uma coisa ficou muito evidente logo na primeira semana de convívio… esses alunos tinham um poder aquisitivo maior que o meu. Eles compravam muitas roupas, muitos souvenirs, fizeram muito mais passeios pagos do que eu, almoçavam todos os dias em restaurantes caros.
Na verdade, quem tinha o poder aquisitivo maior eram os pais desses alunos, pois a viagem era financiada por eles. Quando o dinheiro acabava, os alunos ligavam para os pais, e pronto, mais dinheiro entrava na conta bancária.
Já eu, que não era financiada por ninguém, tive que focar no que era essencial: estudar inglês e fazer passeios que não eram tão caros.
Chegando na última semana do intercâmbio, entrei em uma loja da Apple pela primeira vez e comprei o que há muito tempo queria: um MacBook.
Neste momento, os meus colegas que estavam juntos, falaram que eu era muito rica por comprar um MacBook assim, à vista, e que eles não tinham condições de comprar.
Na época eu apenas sorri e nem tentei explicar, afinal, eu teria que explicar tudo em inglês. Mas quando trago essa situação para os dias de hoje, vejo que se encaixa bem no conceito do minimalismo, que é justamente ter o que mais queremos.
Eu não queria roupas novas, não queria comprar souvenirs… eu fui até o Canadá para aprender inglês, conhecer a cidade, fazer novas amizades e se possível, voltar para o Brasil com um MacBook. O que esses meu colegas não entendiam é que eu também não tinha muito dinheiro, aliás, tinha muito menos do que eles, já que eu não tinha quem bancasse meus luxos, mas a diferença é que eu priorizei o que eu mais queria.
Eu voltei para o Brasil muito satisfeita pela experiência do intercâmbio e muito feliz pela nova aquisição.
Alguém que não conhece a história por completo, pode focar em todas as coisas que eu não tive: não tive almoços em restaurantes descolados, não voltei com a mala abarrotada de roupas importadas, nem voltei com lembrancinhas para todos os colegas do trabalho. E assim, erroneamente, podem achar que minimalismo é sinal de miséria, de escassez.
Mas quando se conhece a história completa, descobrimos que minimalismo não é sobre escassez, é justamente o oposto, é sobre definir prioridades para focar no que é mais importante.
Gosto de entender o motivo das minhas escolhas e aceitar as renúncias que vêm junto com as escolhas que faço. Desta forma, consigo fazer cada vez mais escolhas melhores e ter uma vida cada vez mais consciente.
Quando eu ainda falava para as pessoas sobre aposentadoria antecipada, eu percebia sempre um padrão no comportamento.
As pessoas queriam desesperadamente aposentarem cedo, alcançar FIRE (Financial Independence, Retire Early), mas não queriam abrir mão de absolutamente nada. Queriam viver igual a todo mundo, com carro na garagem, com apartamento grande e reformado, comendo em restaurantes diariamente, comprando diversos itens todos os fins-de-semana, além de claro, não quererem estudar por conta própria.
Mas se você quer viver de forma diferente dos outros, será necessário fazer coisas diferentes hoje.
Enquanto a maioria achava que era normal não poupar dinheiro, ou poupar até 10% do salário, eu decidi que iria poupar 70%.
Enquanto a maioria continuava achando que era normal se aposentar com 65, 70 anos, eu decidi que iria me aposentar quando eu bem entendesse.
Especificamente falando do meu caso, acredito que foram 3 fatores que influenciaram muito:
1.) O trabalho do marido
Meu marido tem um trabalho com contratos que variam em torno de 1 a 2 anos.
Isso significa que de uma hora para outra, nós podemos perder a renda dele. E por isso nós nunca nos achamos no direito de aumentar os gastos de forma descontrolada, pois não sabíamos o dia de amanhã.
O que poderia ser péssimo para a maioria das pessoas, acabou se mostrando como uma grande oportunidade para nós.
Sempre tivemos medo de não conseguirmos manter o padrão de vida que estabelecemos para nós.
Uma das formas de controlar o incontrolável (a renda do marido), foi centralizar todos os gastos da nossa família apenas no meu salário. Todo o salário dele vai para investimentos. Quando o salário dele aumenta, aumentam os aportes. Quando o salário diminui, diminuem os aportes. E se a fonte secar (o que nestes 12 anos que estamos juntos, nunca aconteceu), os aportes seriam mais comedidos, mas constantes, mesmo contando apenas com o meu salário.
2.) Os dois remando juntos na mesma direção
Toda vez que meu marido fala “sem você, não estaríamos onde estamos hoje”, eu veementemente discordo.
Se ele não tivesse concordado com a minha ideia de ser FIRE, de aceitar entregar todo o seu salário todos os meses para mim para que eu pudesse fazer aportes generosos até a nossa filha mais velha completasse 6 anos de vida, de aceitar sorrindo quando comecei a enxugar os gastos, nada disso teria sido possível.
Foi de comum acordo que decidimos não aumentar o padrão de vida por alguns anos. Sabíamos que era melhor apertar naquele momento, para ter conforto daqui a alguns anos, do que ter conforto por alguns anos e passar necessidade a vida inteira.
3.) O minimalismo como um grande aliado
Há diversos tipos de armadilhas do consumo: armadilhas financeiras, armadilhas da moda, da educação, do medo, da beleza, da ostentação, do medo…
O minimalismo trouxe diversos benefícios na minha vida. Um dos benefícios foi ter permitido dar um basta em medos que são inseridos na nossa cabeça.
Isso acontece porque o minimalismo nos obriga a parar de olhar para a vida dos outros para focar na própria vida. É como se não tivéssemos mais muleta para fazer escolhas, pois teríamos que parar de olhar a vida dos outros para encarar a própria.
Não é uma tarefa fácil, pois temos que colocar a cabeça para funcionar para tomar decisões próprias, descobrir o que gostamos e principalmente o que não gostamos.
A médio prazo, essa decisão trouxe benefícios imensuráveis: aprendi a fazer boas escolhas, a viver com as coisas que eu realmente valorizo e que são importantes para mim. Isso acabou eliminando o sentimento de escassez e a sensação de gratidão se tornou presente, porque aprendi a olhar para a abundância que já tinha na minha vida.
Fazer as próprias escolhas, me permitiu não ter redes sociais, mesmo todo mundo estando presente. Não precisando de aprovação dos outros nas redes sociais, permitiu que eu pudesse ser autêntica nas coisas que eu gostava, e com isso, novamente o minimalismo veio à tona.
Quanto mais eu me conhecia, menos compras erradas eu fazia e mais o dinheiro sobrava. Sobrava, não porque eu estava deixando de gastar, afinal, eu continuava gastando. A diferença é que eu comecei a gastar melhor o meu dinheiro, em coisas que trazia felicidade para mim, e não para os outros.
E aí vem uma sensação de satisfação, de felicidade, de segurança financeira, sem a necessidade de mostrar para os outros. Os benefícios são reais, mas a experiência é individual.
Essa decisão tomada lá atrás, permitiu por exemplo, que eu comprasse um carro em agosto de 2021, utilizando apenas os dividendos que havia recebido naquele ano.
Então sempre que possível, lembre-se da frase: se quer viver de forma diferente dos outros, é necessário fazer coisas diferentes hoje.
Após escrever dois posts sobre a minha decisão de me desconectar, recebi muitos comentários sobre como isso também afeta a vida de vocês.
Há algumas semanas, terminei de ler o livro “Ansiedade, como enfrentar o mal do século: a Síndrome do Pensamento Acelerado, como e por que a humanidade adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos”.
O livro, que tem poucas páginas e de fácil leitura, fala como o excesso de estímulos da qual estamos todos imersos, causa a Síndrome do Pensamento Acelerado.
A Síndrome do Pensamento Acelerado “caracteriza-se por uma grande dificuldade pessoal em relaxar a mente, acalmar e organizar os pensamentos, e uma busca incessante de informações e estímulos. O Excesso de informações, decorrente principalmente do ritmo acelerado dos grandes centros urbanos, satura o córtex cerebral, produzindo uma mente hiper pensante, agitada, impaciente, com bloqueio criativo e baixo nível de tolerância.” Fonte
O autor do livro discorre algumas das causas da Síndrome do Pensamento Acelerado:
Excesso de informação
Excesso de atividades
Excesso de trabalho intelectual
Excesso de preocupação
Excesso de cobrança
Excesso de uso de celulares
Excesso de uso de computadores
É justamente esta vida moderna, com excessos de estímulos que aumenta a ansiedade. Não é à toa que o autor afirma que a ansiedade é o mal do século.
Após iniciar meu projeto de “pular fora do barco” do excesso de estímulos, entendi 2 coisas:
1.) Todos só olham para o celular
Semana passada, aproveitando que estava sozinha, fui tomar café na padaria, coisa que não faço há 2 anos. Pedi pão na chapa e café com leite. Enquanto meu pedido não chegava, fiquei olhando ao redor.
Fiquei abismada como todos, TODOS, estavam olhando para o celular.
Olhavam para o celular enquanto comiam. Digitavam no celular enquanto comiam. Até mesmo pessoas que estavam acompanhadas, digitavam algo no celular enquanto falavam com a pessoa que estava sentada na frente.
Fiquei horrorizada ao perceber que assim como eu, eles também estavam tomando café, mas ninguém estava presente.
Aliás, somente duas pessoas estavam presentes: eu e uma senhora bem idosa. Só.
Se você parar para observar, será comum ver pessoas andando na rua e olhando para o celular, atravessando a rua sem prestar atenção no que está fazendo, cansei de ver pessoas dirigindo e olhando o celular ao mesmo tempo. Quando vou no parque levar minhas filhas para brincar, todos os pais estão olhando para o celular. Balançam seus filhos, enquanto olham para o celular. A maioria das pessoas estão sempre com o celular nas mãos.
Que mundo doido.
Olhando essas cenas diariamente, eu reforço para mim mesma que não quero essa vida para mim.
2.) O encanto da simplicidade aparece SOMENTE quando reduzimos o excesso de estímulos
Outro dia estava tentando explicar para o meu marido sobre a impressão que eu estava tendo de que minhas sensações estavam mais aguçadas, após a redução no uso do celular.
Não sei se vocês já fizeram jejum de açúcar. Eu lembro da primeira mordida que dei em uma fruta, após semanas sem açúcar. Fiquei emocionada de como uma fruta poderia ter um sabor tão intenso de doce, ser tão suculenta. Não é que eu não soubesse que a fruta era doce, claro que eu sempre soube. Mas era como se agora fosse muito mais doce, mais intensa, mais gostosa.
Eu percebi o quanto a fruta é verdadeiramente doce, quando deixei de comer tanto açúcar.
Da mesma forma, nós nos encantamos pela simplicidade, QUANDO deixamos de estimular excessivamente o cérebro.
Será que perceberíamos que as nuvens estão se movendo lentamente, que a brisa serena está balançando levemente as folhas das árvores, que a grama, aparentemente inerte, está cheia de vida com insetos minúsculos andando de lá para cá? Será que perceberíamos as ondas circulares cada vez que um peixe encosta na superfície da água?
Se estamos acostumados com shoppings com suas cores e iluminações vibrantes, assim como a tela do celular piscando e nos estimulando sem parar, de que forma seria possível apreciar e aquietar a mente com uma paisagem monótona na nossa frente, como um pasto?
Como eu sei que é difícil se afastar do celular quando o vício já está instalado, um dos truques é substituir por novos hábitos, e não simplesmente parar de mexer no celular.
Eu mesma fiz isso. Claro que cada um precisará garimpar os seus próprios substitutos de acordo com os interesses. No meu caso, ter 3 substitutos foram suficientes para mim:
Substituto 1 – ter um caderno para fazer anotações
Foto retirada do site da A.Craft
Eu utilizo a agenda e os cadernos da A.Craft, acho lindo, carrego todos os dias na minha bolsa.
Anoto todas as tarefas que preciso fazer, anoto também algumas informações importantes, lugares que quero conhecer. Serve para quando me sinto produtiva. Mas eu sabia que só esta agenda não seria suficiente para largar o celular. Então decidi voltar a ler livros físicos, ao invés de livros digitais.
Substituto 2 – ter um livro sempre comigo
Foto retirada do Pixabay
Ando com um livro para tudo quanto é lugar: na bolsa do trabalho, quando vou para o parque, quando vou na casa da minha mãe, etc. O livro serve para quando quero me distrair, informar, expandir meu conhecimento, e principalmente, para me entreter. Mas havia momentos em que eu não queria ler um livro, pois só queria relaxar, sem pensar em nada. Aí precisei de um terceiro substituto.
Substituto 3 – ter um caderno de desenho
Há anos (ou melhor, décadas) que eu não desenhava. Mas resgatei esse hobby do fundo do baú das minhas memórias. E não é que eu ainda continuo gostando de desenhar? Passei a carregar o caderno também na minha bolsa (que agora deve pesar uns 3 kg). Eu desenho quando não quero pensar em nada, quando quero esvaziar minha cabeça, quando quero me acalmar. Desenhar me faz relaxar, para mim, é quase como uma meditação.
Quando sinto vontade de mexer no celular por não estar fazendo nada, eu escolho uma dessas 3 coisas, e fica tudo bem.
Como muitos de vocês sabem, tive uma infância bem difícil. E por conta disso, eu sempre olhei para frente e avante, sabia que não podia ficar me lamentando do dia de ontem, e que o melhor dia para ser feliz era o dia de hoje.
Há alguns anos, quando eu e o marido estávamos começando a falar se teríamos filho ou não, ele disse que só queria ter filhos depois que tivesse passado em um concurso público e tivesse comprado um apartamento.
Eu respondi com a seguinte frase “ih, então a gente não vai ter filho nunca”.
Porque decidir esperar a lua se alinhar com as estrelas para casar, para ter um filho, para mudar de emprego, para ser feliz… bom, então melhor sentar e aguardar até não sei quando.
Inconscientemente, nós acabamos fazendo isso.
Achamos que há momento certo para ser feliz.
Achamos que tudo será diferente quando alcançarmos algo que queremos muito.
Que só conseguiremos fazer tudo que queremos quando aposentarmos, ou quando atingirmos FIRE.
Mas não é bem assim.
O certo é valorizar o dia de hoje, aprender a se divertir mesmo com todos os perrengues, ir equilibrando todos os pratos simultaneamente.
Já guardei jogo de louças para usar apenas em momentos especiais. Hoje uso todos diariamente.
Deixava de usar uma roupa para usar apenas em ocasiões especiais. Hoje saio da loja usando a roupa nova.
Deixava as melhores toalhas para as visitas. Hoje uso as melhores para a minha família.
Sempre temos vários pratos que estão girando ao mesmo tempo: o prato da família, o prato dos filhos que demandam atenção, o prato do casamento, do trabalho, o prato do hobby, da saúde, etc.
São tantos pratos que é importante focar nos pratos que são prioritários, e deixar cair todos os pratos que não são prioridade.
Manter os amigos, fazer pequenas viagens, ler muitos livros, descansar mais.
Calma, não serei radical a ponto de excluir a tecnologia, nem a vida conectada da qual estamos imersos.
Este post é uma reflexão de tudo o que estou vivendo no momento, mais especificamente desde que a pandemia iniciou. Assim como a sua vida, a minha também nunca mais foi a mesma.
Comentei em posts anteriores que na pandemia, pela primeira vez, tive depressão. Essa depressão evoluiu para crises de ansiedade, que evoluiu para um ataque de pânico e aí tudo o que eu conhecia do mundo normal desabou.
Com a minha saúde mental abalada, a minha família teve que me acolher e me dar suporte, para que eu pudesse superar diversos momentos difíceis.
Passados 2 anos, hoje, consigo descrever melhor toda a tempestade que passei. Quando estamos no olho do furacão, não conseguimos compreender a razão dos fatos, apenas sobrevivemos.
Geralmente, quando acontece algo muito importante na minha vida, uma mudança interna igualmente importante acontece dentro de mim.
Assim foi na minha adolescência. Eu decidi prestar vestibular fora da cidade onde morava para me livrar dos abusos da minha irmã. Isso acabou me proporcionando um mundo totalmente novo para mim.
Assim foi com o divórcio do meu primeiro casamento. Eu era workaholic e vivia abarrotada de coisas e não sabia definir prioridades. Foi quando aderi ao minimalismo e aprendi a definir o que era importante e jogar fora todo o resto que não era importante.
Assim foi no nascimento da minha primeira filha. Eu entendi que eu era uma escrava moderna pagadora de contas e decidi que seria livre. Foi quando entrei de cabeça na jornada FIRE (Financial Independence, Retire Early).
Na pandemia, não poderia ter sido diferente.
Passado o turbilhão emocional, eu tive que refletir novamente as escolhas que eu estava fazendo na minha vida, e uma das coisas que eu passei a avaliar foi em relação ao excesso de informação que está constantemente ao nosso redor. Na pandemia, o meu tempo de uso de celular aumentou consideravelmente.
O smartphone é um computador disponível 24 horas na palma da nossa mão. Ele é o nosso despertador, telefone, computador, televisão, máquina fotográfica, caderno, agenda, livro, aparelho de som, gravador de vídeo, vídeo game, álbum de fotos, calculadora…
Ele nos magnetiza, nos envolve, nos vicia.
Não sou psicóloga, nem médica, nem neurocientista. Então vou explicar aqui com as minhas palavras o que eu entendi após a leitura de textos sobre o malefício que causamos ao nosso cérebro por estimular de forma excessiva, despejando diariamente um volume grande de informações.
A tecnologia evoluiu muito nesses anos. Os algorítimos, as cores, os brilhos, todos esses estímulos foram milimetricamente calculados para nos atrair, com o único intuito de que consumamos cada vez mais produtos, serviços e informações, já que hoje, nosso tempo de conexão na internet virou um dos produtos mais desejados pelas empresas.
Para isso, grandes empresas de tecnologia analisam e aprimoram cada vez mais o funcionamento de neurotransmissores cerebrais para nos causar dependência.
Outra coisa preocupante é em relação ao sequestro da atenção. É rotineiro ver pessoas checando o celular enquanto conversa com alguém, quando está na reunião de trabalho, quando está dirigindo… Estamos a todo momento checando as notificações do celular enquanto fazemos outras atividades. Esse ato aparentemente inocente é um dos fatores que prejudica a saúde mental.
Vamos imaginar nosso cérebro como uma massa de energia. Quando estamos conversando com um amigo, essa energia se concentra em um local do cérebro, fazendo conexões neurais. Ao desviar a atenção para a tela do celular, essa energia se dissipa, e se acumula novamente, desta vez para concentrar na mensagem do celular. Ao retornar para a conversa, a energia se dissolve da mensagem do WhatsApp e se acumula novamente na conversa com o amigo. Como todo esse processo acontece de forma automática e rápida no nosso cérebro, não enxergamos o prejuízo. Mas precisamos entender que o cérebro refaz todas as conexões, fazendo esforço extra (mesmo sem parecer) para retomar a atividade anterior, gerando cada vez mais estímulos.
Outro ponto importante é que quando olhamos o celular, liberamos um neurotransmissor chamado dopamina, que dá aquela sensação de alívio e bem-estar. Assim como tudo nesta vida, o cérebro também se acostuma com a dose de dopamina e com o tempo, “pede” cada vez mais dopamina. Ou seja, se antes a dopamina era liberada com alguns minutos de uso de celular, hoje, precisamos aumentar o tempo de uso para ter a mesma sensação de bem-estar.
O cérebro não consegue mais desligar, nem descansar, pois mensagens e alertas surgem a todo momento tornando esse ato de checar o celular a nova rotina. Diariamente, recebemos inúmeros bombardeios no celular, uma mensagem nova, um vídeo novo, um podcast novo, tweet, e-mails, notícias intermináveis… Bom, se há estresse, há ansiedade, ou seja, junto com a dopamina, também é liberado o hormônio do estresse e entramos em um loop infinito. Não é à toa que a ansiedade se tornou o mal do século.
Eu adoro tecnologia, mas também reconheço que o excesso gera consequências desastrosas na nossa vida.
Desde o surgimento do smartphone, uma das coisas que sempre me recordo é justamente do período anterior. Eu era mais presente e mais consciente, mesmo fazendo atividades cotidianas. Quando eu ouvia música, eu apenas ouvia música. Fechava os olhos e prestava atenção na voz e na canção. Quando eu lavava louça, eu só lavava louça. Quando deitava na grama, eu ficava olhando apenas as nuvens se movimentando. Quando eu pendurava as roupas no varal, eu sentia o sol ardido que insistia em queimar a minha nuca.
E finalmente entendi, que se não conseguimos estar conscientes lavando louça, também não estaremos conscientes quando estivermos conhecendo uma das sete maravilhas do mundo.
Dada a introdução, agora vou contar as decisões que eu tomei para mudar a maneira que eu vivo a minha vida:
Tirando a cor do celular
Como disse acima, tudo no celular foi elaborado de forma estratégica, para ficarmos o máximo de tempo possível com os olhos grudados na tela do celular. Aquela notificação numérica na cor vermelha que aparece nos apps do celular avisando que chegou uma mensagem nova, também tem um intuito, serve para nos incomodar, passar a mensagem de alerta.
No primeiro dia de uso, deu um click na minha cabeça quando estava tirando fotos das minhas filhas. Ao ver as fotos em preto e branco, eu entendi que o que deve ser colorido não é o que está dentro do celular, e sim, a nossa vida real.
Com a tecnologia avançando cada vez mais, muitas vezes, parecemos mais bonitos na foto graças aos filtros. A água do mar parece mais cristalina e azul do que presencialmente graças às edições. A foto da comida que tiramos parece ser mais apetitosa do que realmente é graças à iluminação. E com isso, a vida real vai se tornando cada vez mais sem graça, enquanto a vida virtual começa a parecer mais interessante. Que perigo.
Com as imagens do meu celular em preto e branco, é como se eu conseguisse distinguir claramente o que é real e o que não é real. Eu tiro foto das minhas filhas, e vejo tudo cinza. Olho para as minhas filhas e vejo-as coloridas, assim como deve ser. Esse simples ato me faz lembrar diariamente que a vida real e que as coisas que são importantes estão aqui do lado de fora.
Após um tempo usando o celular em escalas de cor cinza, consigo perceber como o celular era estimulante e como as cores gritavam para chamam pela minha atenção.
Temos que ter consciência de que estamos lutando a todo momento contra uma máquina que foi feita para escravizar nosso tempo.
Após colocar o celular no modo cinza, vi vários benefícios. Como não consigo mais distinguir se a pessoa leu ou não a mensagem que eu mandei pelo WhatsApp, a necessidade de ficar checando o celular diminuiu. As notificações em vermelho que antes chamavam tanto a minha atenção também ficaram discretas e de repente, aquela urgência em responder as pessoas diminuiu. O meu senso de urgência mudou.
Sem notícias e podcasts
Eu costumava ouvir notícias e podcasts logo assim que eu acordava. Gostava de ouvir algo enquanto me arrumava para ir ao trabalho, ou dentro do carro, mas eu decidi parar para dar uma folga para o meu cérebro e hoje quando quero escutar algo, escuto música.
Sei que não podemos e nem conseguiríamos dar as costas para a internet. Longe de mim fazer isso, pois assim como você, eu também adoro estar conectada.
O que estou tentando fazer é apenas sair do automático para estar mais consciente.
Se antes eu ouvia ou assistia qualquer coisa de forma aleatória, hoje, eu penso muito bem antes. Eu realmente quero ouvir? Pra qual intuito? E quando passei a fazer essas perguntas, a maioria das coisas perderam valor para mim e eu passei a ter menos interesse em notícias que não terão nenhuma utilidade para mim.
Retornando para livros físicos
Vocês sabem o quanto eu adoro meu kindle…
Mas andei percebendo que para as minhas filhas que são pequenas, o kindle é como se fosse um tablet, elas não entendem que aquilo que parece tanto como um tablet, é na verdade igual a um livro físico.
Se estou num parque lendo meu kindle, será que no inconsciente, elas acham que estou na internet?
Pensando nisso, comecei a recomprar livros físicos, e posso te falar? Como é bom folhear as páginas.
Retornando para agendas e cadernos de papel
Eu sempre gostei muito de escrever no papel. Quando era mais nova, gostava de colecionar papel de carta, lápis, adesivos, diários, anotações de tarefas, mas parei de fazer isso na adolescência com o surgimento do celular.
Eu me adaptei tão bem com a tecnologia, que acabei me desapegando do papel, e passei a organizar toda a minha vida de forma digital.
Passei mais de 20 anos sem nem lembrar o quanto papel e caneta me acalmava, o quanto me fazia bem.
Hoje eu tenho diversas agendas, cadernos, adesivos, canetas coloridas, e nem consigo acreditar como consegui ficar tanto tempo sem.
Crianças e televisão
Agora que elas entraram na rotina da escola, não deixo mais elas assistirem televisão livremente. Elas assistem um pouco antes de dormir, talvez 15 minutos, 20 minutos no máximo.
Para quem acha que elas morrem de tédio quando estão sem televisão, ledo engano. Elas se divertem muito mais. É incrível como a criança tem a capacidade para inventar brincadeiras.
Vejo que escassez controlada traz benefícios, pois estimula a criatividade. Como sempre dizia a minha mãe, “se não tem, inventa”.
Outro benefício que eu não imaginava, foi que ao desligar a televisão, elas começaram a ter interesse na cozinha.
Minhas filhas de 4 e 6 anos acabaram aprendendo a utilizar faca para cortar e picotar legumes. Lavam frutas, montam a salada e arrumam a mesa do jantar.
Sem redes sociais
Continuo sem Facebook, Twitter, Instagram etc. É a melhor decisão que eu poderia ter tomado.
Mantenho o WhatsApp e acesso o YouTube.
No YouTube, avaliei de forma bem rigorosa e reduzi os canais que seguia. Deixei de seguir todas aquelas pessoas que postavam com uma frequência alta, e também deixei de seguir pessoas que postavam sempre conteúdos similares que não agregavam mais nada na minha vida.
O WhatsApp eu uso para conversar com minha família e com os meus amigos, mas quase não compareço nos grupos grandes, pois entendi que é melhor eu estar presente para a minha família, do que estar presente para colegas.
Sem celular nas refeições e no carro (para entreter crianças)
Em casa, não utilizamos celular nas refeições, nem mesmo quando estamos no restaurante. Dá trabalho, pois a criança quer sair da cadeira antes da hora, mas entendemos que hora de comer é hora de comer, é momento de diálogo e interação com as pessoas.
No carro também pensamos da mesma forma. Eu lembro quando fizemos as primeiras viagens de ônibus, quando minha filha falava que estava com tédio. Eu disse para ela olhar para a janela e contar quantas árvores tinham na estrada rsrs.
Sempre achei o tédio algo importante e que deve fazer parte da nossa vida.
Vejo crianças e adultos que não sabem mais lidar com o tédio. Não sabem mais aguardar o ônibus, não sabem mais aguardar o amigo, não sabem aguardar uma fila, não sabem ficar sem fazer nada. A qualquer sinal de tédio, pega-se o celular.
Lazer ao ar livre
Depois que saímos de São Paulo, nosso lazer se tornou muito mais ao ar livre, do que dentro de construções. Dificilmente vamos ao shopping, e quando vamos, vamos para comprar algo específico e já vamos embora.
Como não vamos com frequência, as luzes das lojas começaram a incomodar os nossos olhos. Sei que parece coisa de gente que mora na roça, mas são tantas luzes e estímulos intensos que acabamos nos cansando muito rápido.
Meditação
Consegui retomar minha meditação e tem sido um momento importante para esvaziar a mente e estar consciente.
Gosto de meditar de manhã, e quanto consigo, em alguns intervalos enquanto estou no trabalho.
Ouvir mensagens de áudio e vídeos na velocidade normal
Há alguns meses, o WhatsApp implementou uma ferramenta que permite acelerar o áudio.
YouTube também possui esse recurso de aumentar ou diminuir a velocidade do vídeo.
Após usar esses recursos durante um tempo, eu parei de fazer isso, porque entendi que há tempo para as coisas acontecerem. Não quero simplesmente ouvir um vídeo na velocidade rápida, porque isso me fez perceber que eu comecei a ficar impaciente quando as pessoas falavam de forma vagarosa, além de eu mesma começar a falar mais rápido.
Outras ações
Em posts anteriores, compartilhei que comecei a imprimir fotos em álbuns ao invés de manter as fotos apenas no computador ou na nuvem.
Quando estou em algum parque, tento me concentrar no que está acontecendo ao redor, prestar atenção no vento que bate no meu rosto, nas folhas das árvores que balançam, nas formigas que andam apressadas.
Quando vejo um grupo de amigos em silêncio, todos entretidos no próprio celular; quando vejo casais nos restaurantes em silêncio, cada um falando com uma pessoa no celular; quando vejo crianças anestesiadas assistindo televisão, tablet, celular…
Eu reforço a minha vontade de recuperar hábitos da década de 80 e 90 por 3 motivos: para desacelerar o tempo, viver o presente e ensinar minhas filhas que o mundo real é este que vivemos.
Eu desejo que minhas filhas tenham habilidades físicas e motoras, habilidades sociais, habilidades de comunicação, de negociação, empatia com pessoas. E sei que elas não vão conseguir se estiverem imersas no mundo virtual.
Quero dormir bem. Quero ter tempo e não estar exausta para os filhos. Quero ter disposição para fazer exercício físico. Ter tempo para ler, descansar, conversar, encontrar os amigos, ter tempo para ter um hobby.
O tempo só tem uma única direção. Uma vez gasto, acabou. Não temos possibilidade de guardar o tempo para ser usado depois.
Para finalizar, compartilho um vídeo que resume bem o que escrevi.
Escrevo este post no silêncio da noite, enquanto todos dormem. Este é momento que tento equilibrar minha mente, encontrar a paz, respirar o silêncio, avaliar minhas atitudes, colocar meus pensamentos no lugar.
Quando convivemos com crianças, ver uma simples foto de 1 ano atrás chega a ser algo impressionante.
As crianças crescem num piscar de olhos. Há um ano, um ser humano dependente de tudo, usando fraldas… e de repente, lá está a criança colocando a mãozinha na cintura expressando seus sentimentos.
É algo fascinante de observar, e só confirma como o tempo voa.
Quero compartilhar uma reflexão que tem me acompanhado quase que diariamente desde o início da pandemia.
Quanto tempo do seu dia você vive para você?
Nessa era da internet, é bem improvável que alguém consiga viver 100% desconectado.
Salvo raras exceções, isso deve ter agravado ainda mais na pandemia. Ou seja, consumir algo que outras pessoas produziram, se torna cada vez mais comum: notícias, sites, vídeos no YouTube, fotos no Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, Twitter, etc.
Olhar fotos de comida que os outros estão comendo em restaurantes. Contemplar as viagens paradisíacas que outras pessoas fizeram. Assistir os vídeos que outras pessoas produziram, o que as outras pessoas estudaram, o que as outras pessoas escreveram. Assistir os outros cozinhando, preparando refeições. Assistir pessoas dançando, fazendo esportes, jogando videogames.
Enquanto se permanece afundado no sofá de casa, o consumo excessivo das experiências de terceiros, que de nada acrescenta na vida, continua pela tela do celular.
Abdicar de viver a própria vida para ver a vida do outro através de uma tela. É para ‘isto’ que estamos trocando o tempo valioso da nossa vida? O tempo valioso que não podemos comprar de volta?
Gosto da seguinte pergunta: “Afinal, quanto tempo do meu dia eu vivo para mim?”
Enquanto o mundo se prepara para se tornar cada vez mais virtual, minha família se prepara para seguir mais uma vez, uma vida contrária à maioria.
Semana que vem, vou detalhar um pouco a minha trajetória invertida: do digital ao analógico.
Vejo pais que colocam os filhos em escola intensiva desde os primeiros anos escolares… A criança tem 8, 9 anos, tem que concorrer a bolsa, tem simulado aos sábados, faz cursos de idioma, de instrumento musical, esporte aos sábados e domingos, tudo para entrar entrar em uma faculdade de renome, ter um emprego invejável, comprar casa, carro e constituir uma família.
Isso é sinal de sucesso.
Não que isso seja errado, mas meu foco é outro, quando falo sobre educar minhas filhas para vencer o sistema.
Quero que elas não se iludam em comprar coisas sem necessidade.
Eu não compro tudo o que elas me pedem. Elas não têm tudo o que elas querem no momento que elas pedem. Elas entram nas lojas de brinquedo, já sabendo que não comprarei nada, se não for em datas que estipulamos antes (aniversário, dia das crianças e Natal), então elas não fazem birra, não choram, pois é algo que já entendem que o combinado não é caro.
Como elas não terão acesso a todos os brinquedos que elas gostariam de ter, a alternativa que resta para elas é escolher bem qual brinquedo vão querer ganhar. São muitas dúvidas, muitos meses fazendo escolhas e mais escolhas, até chegar no brinquedo mais desejado, e claro, que tenha até o preço teto autorizado.
Minhas filhas entram nas lojas de brinquedo com felicidade, e não com cara emburrada, com frustração. Olham os brinquedos, escolhem com cuidado, e vão me mostrando as opções que estão gostando mais. Perguntam: “esse é muito caro?”
Para mim, amar é ensina-las a enfrentar o mundo real.
Claro que há pais que possuem condições financeiras para mimar seus filhos, inclusive de bancar seus fracassos financeiros quando adulto.
Eu não tive essa opção, então sempre soube que se fizesse besteira, eu teria que arcar sozinha, o que me fez crescer com responsabilidade em relação às minhas próprias atitudes.
O sucesso do outro pode não ter o mesmo significado para mim
Quantas pessoas ditas “bem sucedidas” estão felizes de fato?
Aliás, o que é ser bem sucedido para você?
Para muitos, ser bem sucedido é ter um emprego que paga altos salários, morar em uma mansão, ter um carrão, viajar sempre para o exterior, e por aí vai.
Sucesso pra mim é diferente.
Para mim, uma pessoa de sucesso é aquela que tem a capacidade de se sentir satisfeita com a vida que tem, sem ficar invejando a vida dos outros. Ser capaz de amar uma pessoa e sentir compaixão pelo próximo. Ter bons e fiéis amigos. Ser capaz de viver por conta própria sem incomodar os outros. Ter boa saúde mental, saúde física e saúde financeira. Ter autoconhecimento. Ter equilíbrio emocional.
Eu busco esse segundo tipo de sucesso para mim e também para as minhas filhas. Esse é o meu conceito de sucesso. E é em busca desse sucesso que eu tento educa-las.
Daí vocês começam a juntar o quebra-cabeça e entender, o motivo de eu ter colocado as meninas em uma escola pública do bairro. Vejam bem, não é uma escola pública qualquer, eu procurei uma escola pública de qualidade, onde podia ter mais chances de ter esse diálogo.
É neste convívio escolar que nossas filhas nos veem conversando com a diretora da escola, nos oferecendo para ajudar, a fazer parte da Associação de Pais.
É com o nosso exemplo que elas aprendem que a união faz a força, que um pai não faz nada sozinho, mas que juntando diversos pais, somos capazes de ajudar na manutenção da escola, equipar a sala de informática, comprar bons livros para a biblioteca, reaproveitar uniformes para os alunos novos.
Elas aprendem a negociar, a dialogar, a lutar pelos direitos e a reconhecer o quanto juntos somos fortes.
Há algum tempo, o Aposente Cedo fotografou o trecho do livro que ele estava lendo: Propósito, de Sri Prem Baba. Diego, peço licença para usar sua foto, da mesma forma que fez muito sentido para você, fez muito sentido para mim também:
Coisas são coisas
Significa que não quero que elas achem que coisas são mais importantes que pessoas. Que ninguém pode se sentir mais importante por ter mais coisas.
Eu vejo pessoas tratando mal quem ganha menos, quem tem uma profissão menos valorizada pelo mercado. Vejo pessoas tratando de forma indiferente os porteiros do prédio, falando com desdém com os funcionários da limpeza, desvalorizando a pessoa que luta para sustentar a família vendendo bala no farol, e isso dói.
Tenho focado muito em 4 questões quando educo as minhas filhas: respeito, foco, escolhas e a importância de saber esperar para ter algo.
Precisam entender que ninguém é melhor do que o outro só por ter mais dinheiro ou mais posses.
Precisam entender que quem quer tudo, não faz nada direito.
Precisam entender que na vida precisamos fazer escolhas e aceitar as renúncias.
Precisam entender que é preciso ter paciência para ter algo.
Ensino sobre doar para os mais necessitados.
Ensino sobre compartilhar coisas.
Que não precisamos comprar por comprar, nem gastar por gastar.
Ano passado, minhas filhas acabaram ganhando mais presentes do que eu gostaria (de familiares), e com isso, decidi perguntar se este ano, elas não gostariam de ao invés de ganhar um brinquedo, ganhar experiências para criar memórias em família, como ir num parque de diversões ou fazer uma pequena viagem. E para a minha alegria, as duas aceitaram.
Se colocar na ponta do lápis, comprar o brinquedo sairia bem mais em conta. Mas aqui, estou tentando ensinar que ao invés de ter, podemos sentir. Que ao invés de uma alegria solitária, a alegria compartilhada é muito melhor.
Para mim, tem muito mais valor um dia de muita animação em família do que pagar um brinquedo e depois de algumas semanas, ver esse brinquedo encostado em algum lugar da casa.
Claro que elas terão que trilhar o próprio caminho, esse, aliás, será a escolha delas.
Mas o que eu quero, é que elas tenham acesso à informação que eu não tive.
Não importa se elas vão seguir ou não os meus passos. Elas irão escolher o que elas querem, errar e acertar, mas pelo menos saberão que não há um único caminho a ser seguido. Não esse caminho da competição, não o caminho da ostentação, não o caminho do consumismo em excesso.
Quero apresentar o caminho que eu e meu marido temos trilhado há tempos: o caminho de viver com simplicidade e ter a liberdade de escolha graças à independência financeira.
Os anos de 2020 e 2021 foram períodos de rebuliço para muitos de nós.
Como já comentei nesse post, tive depressão durante a pandemia. Essa depressão evoluiu para um quadro de ansiedade que me fez repensar em todas as minhas prioridades novamente.
Digo novamente, porque fazer revisão de gastos e fazer revisão de prioridades, são coisas que precisamos fazer sempre, de tempos em tempos.
A única direção que a sociedade tem seguido é aumentar o consumismo, aumentar as distrações, o estresse, as obrigações e a falta de tempo.
Ir contra essa direção, é ir contra a maré de tudo o que vemos e sentimos, uma pequena tentativa individual de tentar melhorar a qualidade de vida, mesmo com todos os percalços do dia-a-dia.
Quero começar esse ano com MENOS auto-cobrança, para viver com MENOS estresse, com MENOS tensões, MENOS complicações.
MENOS internet, MENOS exposição, MENOS tralhas.
MENOS obrigações, MENOS pessoas tóxicas, MENOS sorrisos forçados.
Busco para o ano de 2022 MAIS qualidade de vida, MAIS presença, MAIS liberdade.
Quero poder ter MAIS ócio, MAIS criatividade, MAIS espontaneidade.
MAIS sinceridade, MAIS dedicação, MAIS essência.
Quero ter MAIS paciência, MAIS silêncio, MAIS tempo livre.
MAIS livros, MAIS amigos, MAIS família e MAIS amor.
Estou de volta! Feliz 2022 a todos, estava de férias e aproveitei para me desligar um pouco da internet. Espero que todos estejam bem. Aos poucos vou respondendo os comentários que recebi durante este período, ok?
Em agosto de 2020, compartilhei neste post que estávamos nos mudando de São Paulo para uma outra cidade em plena pandemia, com o intuito de trazer mais qualidade de vida para as nossas filhas.
Apesar de ainda gostar bastante de São Paulo, sair da metrópole nos deu uma outra visão em relação ao lazer para as crianças. Em São Paulo, costumávamos levar as crianças em parques (todos sempre lotados, diga-se de passagem), e também em shoppings quando havia atrações infantis.
Depois de 2 anos morando fora de São Paulo, compreendemos o quanto o lazer para as crianças era escasso na capital, e que o lugar delas não era dentro de um shopping ou em um parque ou pátio com chão concretado.
Quando vi minhas filhas tendo nojo de andar descalças na grama ou de mexer na terra, percebi o quanto elas haviam se adaptado ao chão de cimento.
Foi aí que eu entendi que lazer para as crianças era ter um local para elas correrem de forma livre e segura, com os pés descalços na grama, na areia ou na terra, com muitas árvores com folhas e gravetos no chão, insetos, lagos com peixes, além de playground com os tradicionais escorregador, balanço, trepa-trepa e brincar com outras crianças.
Temos levado as crianças para os diversos parques espalhados pela cidade para jogarem bola, pular corda, andar de bicicleta, jogar badminton, fazer um piquenique com direito a lanchinho, suco, frutas, deitar na toalha e ler um livro.
Hoje, elas não têm mais medo de subir em árvores, de tomar um banho de chuva de verão, de pegar gravetos e folhas do chão com pequenos insetos, até mesmo cutucar um formigueiro com gravetos com direito a levar as mordidas das formigas.
Outra coisa é que quando morava na capital, apesar de ter o costume de levá-las para os parques, tanto os pais dessas crianças, como as próprias crianças, brincavam de forma isolada. Aqui onde moro, as crianças se aproximam naturalmente. Em menos de 5 minutos, as crianças estão brincando juntas, crianças de todos os tamanhos e fico feliz em saber que minhas filhas terão além dos amigos da escola, os amigos do bairro.
No início, tomávamos o café da manhã em casa para depois irmos aos parques. Depois começamos a sair de casa carregando o café da manhã dentro de uma sacola para tomar no parque. Só que isso começou a evoluir num outro nível, porque as crianças também não queriam ir para casa almoçar. Elas queriam continuar brincando com os novos amigos, mesmo o relógio marcando 16h, eu e o marido passando mal de fome.
Foi aí que decidimos aderir à farofada.
Aqui, os pais já fazem isso, alguns chegam nos parques com cadeira de praia, chinelo no pé, isopor com bebidas e comida, já pensando em passar o dia inteiro na praça, assim como acontece nas praias.
No início, eu achava engraçado vê-los chegando todos equipados como se estivessem na praia, mas conforme fomos acostumando com a cidade, começamos a entender o motivo… as crianças brincam pra valer, e dá dó de interromper a brincadeira para almoçar em casa. Foi quando meu marido murmurou, de que bem que a gente também poderia comprar uma cadeira de praia e uma caixa de isopor.
Ele também se rendeu à farofada.
Em um mundo tão acelerado, com pessoas cada vez mais doentes, com a ansiedade tomando conta dos nossos dias (inclusive em mim), desacelerar se torna uma escolha diária.
Tudo para evitar ser engolida por esse mundo tão veloz, que não para nunca e recrimina quem não quer mais estar ocupado, quem não quer mais subir de cargo, quem não quer ter mais ascensão na carreira (e aumentar ainda mais as responsabilidades), quem não se importa em ganhar menos dinheiro, e só quer ter um pouco de paz e tempo para prestar atenção na própria respiração.
Nessas horas, eu abro minha bolsa térmica para pegar uma bebida, sentada na minha toalha de piquenique que encomendei especialmente para este fim, afundo meus pés na grama perto de onde as crianças estão brincando e brindo o ócio com o meu marido.
Viva a farofada! Que 2022 seja um ano mais leve para todos nós!
A primeira é comprar tempo hoje, neste exato momento.
E a outra é comprar tempo no futuro.
1.) Como comprar tempo HOJE:
Já é consenso que todos nós queremos ter mais tempo. E há diversas formas de comprar tempo, principalmente nas tarefas que podemos terceirizar. Claro que para isso, precisamos colocar a mão no bolso em alguns casos, mas em outros casos, só é necessário organizar melhor o tempo.
Ter comidas prontas
Aqui, pode-se comprar comidas prontas, ou até mesmo se planejar para ter sempre comida pronta no congelador, que é o meu caso. Se faço uma feijoada, congelo diversas porções. Se faço molho de tomate, também divido e congelo as porções. É uma alternativa muito viável para quem quer otimizar o tempo.
Quando faço massa dos cookies, duplico, ou até mesmo triplico a receita e congelo. O tempo da preparação é o mesmo, só que aí eu passo meses sem precisar fazer a massa, lavar a louça e tudo mais. Coloco alguns cookies congelados na assadeira e depois de 15 minutos tenho cookies quentinhos saindo do forno. Faço a mesma coisa quando faço lasanha, quibe recheado, pastel, etc. Essas porções de comida me ajudam a alimentar a família, quando por algum motivo algo sai do controle (que no caso, é a preguiça).
Pagar frete
Há lojas que oferecem a opção de buscar o produto comprado na loja física para ter o frete zerado. Como eu entendo que meu tempo é dinheiro, eu prefiro pagar o frete e ter a comodidade do produto ser entregue na porta de casa.
Ter alguém para limpar a casa
Eu não contrato ninguém para limpar a minha casa, porque não me sinto confortável de ter uma terceira pessoa entrando em casa, mas para quem não tem isso, acho muito legal não ter que limpar embaixo do fogão, em cima da geladeira, lavar as janelas, tirar poeira dos quadros etc.
Delivery de produtos alimentícios
Hoje, já podemos comprar itens do supermercado pela internet. Temos também produtores que entregam verduras, legumes e frutas semanalmente no conforto da nossa casa.
Fazer algo quando está inspirado
Eu já entendi que quando não estou a fim, não adianta eu ficar sentada na frente do computador por horas que eu não consigo escrever nada para este blog. Mas quando estou inspirada, consigo escrever vários textos de uma única vez.
Da mesma forma, acho bacana tentar internalizar isso para as outras áreas da vida.
Eu faço isso na cozinha. Tem semanas que eu passo na maior preguiça, sem vontade de fazer nada, aí de repente vem aquela vontade e eu aproveito para cozinhar bastante coisa e congelar tudo.
Foi a forma que encontrei para respeitar a minha vontade e o meu tempo.
2.) Como comprar tempo para o FUTURO:
Essa parte é a que mais gosto, e faço isso sempre.
Toda vez que eu invisto parte do meu salário em investimentos à longo prazo, eu tenho consciência de que estou comprando meu tempo do futuro. É esse dinheiro que somado com o poder dos juros compostos, vai permitir comprar a minha liberdade, sem que eu precise trabalhar por dinheiro.
Tenho essa consciência todos os dias, e é isso que me faz esforçar e fazer escolhas inteligentes no meu dia-a-dia. Ao invés de comprar roupas sem precisar, trocar o celular que ainda está funcionando, eu prefiro comprar bons investimentos. Para os mais entendidos, eu compro ativos, ao invés de passivos.
Como a gente não vive de vento, claro que precisamos consumir. Mas quando faço isso, gosto de fazer uma avaliação minuciosa no momento da compra e reflito se aquilo que estou prestes a comprar tem o valor que julgo importante para entrar na minha casa.
Muitas vezes, se é uma roupa para ir ao trabalho, prefiro não gastar tanto dinheiro. Aliás, é surpreendente como podemos nos vestir bem, sem torrar pequenas fortunas.
Vou dar um exemplo pessoal. Eu antes usava sapato de marcas mais caras. Eram sapatos que custavam 300, 500 reais. Mas comecei a perceber que esses sapatos além de serem caros, não duravam muito no meu pé (no máximo, 1 ano). Ou seja, para o meu pé, era muito caro, pouco durável e caro. Passei a comprar sapatos de outra marca que custa em torno de 100 a 150 reais que me atende muito bem. Ou seja, tem o mesmo estilo, o mesmo conforto, mas com preço menor. E é toda essa avaliação no momento de gastar que eu entendo que é “gastar dinheiro de forma inteligente”. Se o sapato mais barato é tão bonito quanto, e durar o mesmo tempo que os sapatos mais caros, vale o custo-benefício.
Quando faço essas análises, sinto que dou valor não só ao meu dinheiro, mas no tempo que eu demorei trabalhando para conquistar esse dinheiro, afinal, tempo é o nosso maior patrimônio.
Eu e meu marido costumamos abrir as janelas do passado e ficar observando como era a nossa vida de alguns anos atrás.
Esses dias estávamos lembrando de como era a nossa vida depois que as nossas filhas nasceram. Como a gente não tinha carro, tudo era feito a pé, de metrô, de ônibus e raramente, de Uber. Era desta forma que a gente se locomovia pela cidade.
Quando minha primeira filha nasceu, eu comprei um carrinho de bebê que deitava completamente, porque já tinha a intenção de ter um segundo filho, e a minha ideia era colocar as duas no mesmo carrinho, simultaneamente. O carrinho escolhido era bem simples, um dos mais leves do mercado. Existem carrinhos específicos para quem tem 2 crianças pequenas, mas eu achava um trambolho, além do carrinho ser bem mais pesado.
Sempre tivemos o costume de leva-las em diversos parques, e um dos parques que gostávamos de ir era o Parque da Água Branca, que fica na Zona Oeste de São Paulo, que cá entre nós, não era muito perto de casa.
Era um local muito agradável, primeiro, porque tinha muitas galinhas soltas, o que pra mim era uma atração à parte, já que eu dava boas risadas observando a quantidade de galinhas atrás de mim, e ainda mais, ver as crianças correndo atrás delas. Segundo, porque o parque tem um clima bem familiar, não é lotado, nem agitado como o Parque Ibirapuera. E terceiro, porque esse parque sempre me remeteu àqueles parques mais antigos, por ter um sorveteiro que vendia sorvete americano, desses que fazem sorvete a partir de um suco concentrado, das garrafas de vidro com os xaropes de ponta cabeça. Tinha ainda o trenzinho todo colorido para as crianças, que dava voltas por todo o parque. O local contava ainda com um mini-parque de diversões, típico de quando éramos crianças. Ou seja, era como se estivéssemos entrando em um túnel do tempo, um lugar que nos trazia nostalgia e muita paz.
Para chegar nesse parque que não era perto de casa, íamos de metrô. Colocávamos as duas sentadas no carrinho, bem comportadas, uma atrás da outra. A pequena sentava na frente, e a mais velha, sentava atrás. Muitos transeuntes olhavam para nós, e sorriam, pois não era uma cena tão comum. Subíamos a ladeira empurrando o carrinho com a língua pra fora, e finalmente, chegando no parque, elas pulavam, brincavam e se divertiam a tarde toda.
Na hora de retornar para casa, as meninas, já cansadas de tanto brincar, dormiam no meio do caminho. Colocávamos a mais velha deitada no carrinho (por ser a mais pesada) e a caçula ia no colo. Como meu marido tem mais força no braço, ele carregava a caçula e eu empurrava o carrinho com a minha filha capotada lá dentro. Como não gosto de carregar peso, ainda pendurava todas as mochilas e tudo o que eu tinha direito no guidão do carrinho.
Andando pelas calçadas tortas de São Paulo, eu e meu marido ríamos alto falando que um dia, esse carrinho iria desintegrar na nossa mão. Porque esse carrinho, minha gente, andou tanto por essa cidade de São Paulo que eu nem sei como nunca quebrou.
Nós éramos um casal sacoleiro. Andávamos com um carrinho de bebê com 2 crianças dentro, sempre com uma mochila grande nas costas (com fralda, paninho, mudas de roupa extra, garrafa de água, leite, papinha, trocador, frutas, guarda-chuva, capa de chuva, etc), fora quando inventávamos de levar brinquedos… Pendurávamos tudo no carinho e saíamos de casa satisfeitos. Não é à toa que um dia fui reconhecida por uma leitora…. claro, só podia ser eu com aquele carrinho.
Quando passava no supermercado com as meninas, também pendurava todas as sacolas possíveis nesse carrinho de bebê, e com isso, precisava tomar muito cuidado para ele não tombar para trás, tamanho o peso das compras. Com as sacolas das compras penduradas, não era raro me enroscar na porta do prédio, na porta do elevador, na porta de casa.
E olhando para trás, posso dizer que na época, estávamos tão empenhados, tão decididos, acreditando e vivendo intensamente a jornada FIRE (Financial Independence Retire Early), que nada disso foi difícil para nós, não era complicado como as pessoas costumam achar.
Sempre encaramos tudo na esportiva, era algo necessário para quem tinha um projeto de vida bem definido, que era juntar o maior valor possível de patrimônio em um curto espaço de tempo, justamente por entender que a época de aportes gordos poderiam não durar para sempre.
Nós sempre soubemos que era uma escolha que estávamos fazendo. E estava tudo bem pra gente.
Hoje a gente lembra com bastante carinho dessa época, reconhecemos nosso esforço, e damos boas risadas, porque olhando pra trás, é engraçado mesmo lembrar que a gente corria pela rua com um carrinho de bebê cheio de penduricalhos, ou da gente secando a parede da sala em períodos de chuvas torrenciais. Na época, não era engraçado, mas nunca enxergamos isso como sacrifício, pois era algo que encarávamos com naturalidade, uma fase importante que precisávamos passar.
E é por isso que bato na tecla de que quando temos consciência do que queremos e para onde queremos chegar, os “sacrifícios” se tornam “escolhas”.
Termino o post de hoje com um texto retirado do blog da Claudia Ganhão, sobre o significado de viver de forma intencional:
“Viver de forma intencional, significa viver com intenção, colocando sempre a nossa intenção em tudo o que fazemos, em vez de vivermos somente em piloto automático, desresponsabilizarmo-nos das escolhas diárias, fazendo o que se espera de nós ou o que a maioria faz, sem pensarmos nas razões que nos levam a agir. É um convite para pensarmos nas nossas prioridades e motivações, a planejar e a agir de acordo com as mesmas.”
Você também deve conhecer alguém que implora por atenção, assim como eu conheço.
O problema não é apenas implorar por atenção, mas implorar por atenção de quem não está nem aí para você, ou de alguém que te maltrata.
Até apelidei esse comportamento de síndrome do vira-lata: aquela pessoa que é mal tratada, chutada, e mesmo assim, sempre volta abanando o rabo, elogiando, enaltecendo a pessoa que falou mal.
Esses dias minha filha comentou que antes da pandemia, tinha uma amiguinha na creche que não gostava dela. E eu respondi que não havia nenhum problema dessa amiguinha não gostar dela, pois havia muitos outros amigos que gostavam dela, e que ela deveria focar nas pessoas que gostam dela, e não nas poucas pessoas que não gostam dela. Ou seja, nada de ficar implorando, nem ficar insistindo amizade com quem não vale a pena.
Foi quando meu marido pensou brevemente e disse “realmente, é algo muito fácil de compreender, mas não sei por que focamos nas pessoas que não gostam da gente”.
Quem é amigo meu sabe, que eu sou uma ótima amiga (e metida também, né?).
Quando nomeio a pessoa como “meu amigo do peito”, eu não tenho medo de me entregar, não meço esforços para estar junto e ajudar. Então quando alguém não faz questão de me conhecer melhor, só consigo dar os pêsames para essa pessoa. Afinal, a pessoa está perdendo uma grande oportunidade de ser amiga de uma pessoa fantástica que nem eu kkkkk. Sei que parece exagerado, mas é desta forma que eu penso mesmo.
Existem tantas pessoas no mundo, que é óbvio que vão existir pessoas que não vão gostar da gente, ou porque o santo não bate, ou pela falta de afinidade, ou porque sentem inveja, ou por qualquer outro motivo.
Por ter crescido em um ambiente tóxico, eu aprendi desde pequena a identificar pessoas com perfis tóxicos. Passo longe de pessoas que são manipuladoras, maldosas, que só reclamam e julgam os outros.
Aqui o conselho é tentar ficar o máximo de tempo possível ao lado de pessoas que gostam da gente de verdade. Claro que nem sempre é possível, já que passamos boa parte do tempo trabalhando, mas é permitir estar em contato com pessoas que amamos.
A maioria dos meus amigos estão comigo há mais de 20 anos, e alguns deles são amigos mais recentes. Nos divertíamos sem ter um tostão no bolso, enfrentamos saudades da família juntos, aprendemos a dividir o pouco que tínhamos, a compartilhar sentimentos, os sorrisos, as trapalhadas e as lágrimas.
Para esses meus amigos, pouco importa se eu estou em um trabalho reconhecido, ou se estou desempregada. Se estou casada ou divorciada. Se estou triste ou feliz. Eles estão sempre do meu lado, me mostrando o melhor caminho a ser seguido, compartilhando as delícias e as dificuldades da vida.
E posso dizer que a regra não é tão complicada.
É basicamente respeitar quem nos respeita, cuidar de quem cuida de nós, ter consideração pelas pessoas que têm consideração por nós, torcer por quem torce pela nossa felicidade, valorizar quem nos dá valor, confiar em quem nos dá um voto de confiança, e o mais importante… amar quem nos ama.
Muito se diz por aí “gaste dinheiro de forma inteligente”. E aí vem a pergunta: como gastar dinheiro desta forma?
Foi com o tempo que eu aprendi a gastar bem o dinheiro. Veja que não é gastar mais, é gastar bem.
Hoje, eu considero que sei gastar o dinheiro de forma bastante inteligente, fazendo manobras para diminuir em alguns gastos, para poder aumentar em outros locais.
Para isso, invariavelmente, há algo que precisa ser feito… é preciso olhar para dentro.
Olhar para dentro significa analisar quais coisas traz felicidade, e entender o motivo desse sentimento.
Quando iniciamos essa análise, nos surpreendemos negativamente, de como vivemos para agradar e tentar impressionar os outros. Que as necessidades foram criadas e impostas e não porque nós realmente precisamos.
Quando fazemos uma viagem e postamos fotos na rede social, fazemos isso com qual propósito? Será que as fotos, as poses preparadas não seriam uma tentativa de surpreender os outros?
Quando compramos uma roupa, um relógio, um sapato, o propósito real é para o conforto próprio ou para as outras pessoas falarem como estamos bonitos?
Quando escolhemos um modelo de um carro, não estaríamos escolhendo para impressionar os colegas de trabalho e familiares?
E assim, de escolhas em escolhas, entendemos finalmente que vivemos sempre pensando em alguém, nunca em nós mesmos.
Quando esvaziamos muitos desses conceitos (nossos e dos outros), sobra o que podemos chamar de essência, aquilo que é mais básico, o mais importante.
E talvez pela primeira vez, olhamos para dentro antes de fazer algo.
Começamos a questionar por que compramos um apartamento grande, com vários quartos, em um bairro completamente distante do trabalho, se não havia necessidade de ter tudo isso? Será que foi para impressionar a família e amigos? Talvez até para provar para nós mesmos o quanto somos capazes… O resultado é que a vida poderia ser mais fácil se tivéssemos comprado um apartamento menor, mais simples, mas próximo dos serviços que mais usamos.
E aquela viagem para uma cidade , ou um país famoso? Quantos de nós conseguiríamos não falar para ninguém que estamos fazendo uma determinada viagem, não postar as fotos nas redes sociais? Aliás, essas fotos estão sendo publicadas com qual intuito?
E assim, de pergunta em pergunta, começamos a derrubar o principal agente motivacional da nossa falsa felicidade: os outros; e passamos a enxergar o que há muito tempo nem sabíamos que ainda existia: a nossa própria vontade.
O julgamento alheio passa a não ser o centro da atenção, porque agora você sabe o motivo da SUA escolha.
“Moro num apartamento de 1 dormitório, porque não preciso de um maior”
“Comprei um celular caro, porque uso e gosto dele.”
“Não tenho carro, porque tenho um propósito maior”
Não importa a justificativa, desde que seja honesto.
Fazer essas perguntas nos ensina como devemos gastar o dinheiro para aumentar a felicidade.
Há um ponto importante. Não adianta não abrir mão de nada e querer tudo, porque haja dinheiro pra realizar tantos desejos. Não quer abrir mão da empregada doméstica, dos restaurantes nos finais de semana, das viagens para o exterior nas férias e ainda quer aposentar cedo? Só se seu salário for muito alto. Se for salário mediano, como a maioria das pessoas, terá que fazer escolhas. O que eu mais vejo são pessoas que querem tudo, mas não estão dispostas a abrir mão de nada.
Outra coisa que não devemos esquecer é o efeito em cadeia de certas decisões que tomamos.
Por exemplo, quando escolhemos uma determinada escola particular para os filhos, os gastos nunca ficarão só na mensalidade. Além da mensalidade, temos os cursos extracurriculares, as viagens que os amigos fazem, o tênis que eles usam, o relógio, onde eles vão passear nos fins de semana, a casa e o bairro que os amigos moram, o valor da mesada que ganham…
Se todos os amigos do seu filho vão para a Disney nas férias e vocês foram para Santos (nada contra Santos heim, é que minha mãe mora lá), se os amigos ganham uma mesada de 500 reais para comer e torrar no shopping enquanto seu filho nem mesada ganha… Nesse caso, não seria melhor escolher uma escola um pouco abaixo do padrão? Alguns pais podem dizer que isso é irrelevante e que precisamos avaliar somente a qualidade do ensino. Bom, aí cada um tem a sua forma de criação, mas para mim, ser socialmente aceito também é algo que devemos considerar para a felicidade das nossas crianças, principalmente numa fase em que as crianças carregam muitas inseguranças.
Para alguns, gastar em roupas é muito importante. Para outros, a roupa nem é tão importante, mas viajar é. Para outros, a viagem pode não ser tão necessário, mas a alimentação sim.
Usar o dinheiro de forma inteligente é isso. É conciliar a sua possibilidade com a vontade.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? Quem as comprava? Em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava história. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que ouvisse, não entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vezes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu que não participava do auditório imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para uma cidade que parecida feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e, em silêncio ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos: que sempre parecem personagens de Lope da Vega. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outras dizem que essas coisas só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
~ Extraída do Livro “Escolha o seu sonho” de Cecília Meireles ~
Esse texto da Cecília Meireles nos relembra a importância de exercitar os sentidos para enxergar e extrair a felicidade nos pequenos atos do cotidiano, do nosso dia-a-dia, ter gratidão pelas pequenas coisas da vida.
A gente entende por que tem gente que ganha um anel de latão e chora de felicidade, enquanto tem gente que ganha um anel de diamante e acha que o parceiro não fez mais que a obrigação.
Entende que enquanto uma pessoa compra um eletroportátil e abraça (o eletroportátil, claro) de tanta felicidade, tem gente que acha isso uma grande bobagem.
Acha bobagem a felicidade alheia, o sorriso fácil, o choro emocionado.
Nessa correria moderna, você consegue (re)conhecer suas pequenas felicidades?
Já faz um tempo que as pessoas têm me pedido para falar sobre o uso de redes sociais.
Eu nem sei se eu sou a pessoa ideal para falar sobre esse assunto, por justamente não ser adepta às redes sociais.
Uso o WhatsApp para conversar com a família e meus amigos, e assisto alguns vídeos do YouTube quando tenho tempo. Mas não tenho Instagram, uma das redes sociais que mais afeta a saúde mental. Também não tenho Facebook, Twitter, Linkedin, Snapchat, TikTok, e mais algumas outras que eu nem devo saber da existência.
Então vou falar do ponto de vista de quem não usa tanto, de quem não está imerso nessa vida de redes sociais.
Eu já tive Orkut (quem lembra?) e Facebook durante poucos anos e logo de início percebi que não iria me fazer bem.
Eu percebi que o que era dito para mim, era diferente do que estava sendo mostrado nas redes sociais. Talvez as pessoas faziam de forma inconsciente, mas enquanto algumas pessoas falavam para mim que o casamento ou o namoro estavam desmoronando, nas redes sociais elas postavam as fotos do casal apaixonado, com toda aquela declaração de amor. E isso era constante. Também teve um caso que descobri por acaso que por trás daquela viagem maravilhosa que uma conhecida havia feito, ela havia contraído uma dívida praticamente impagável. Ou de um casal que fazia questão de mostrar toda sexualidade aflorada, e descobrir que os dois não tinham relações por meses. Eu ainda tenho diversos exemplos que poderia dar, mas acho que estes são o suficiente para entender que tudo isso me deu um bug na cabeça.
Em pouco tempo, comecei a me questionar… eu gasto meu tempo para ficar vendo…. mentiras? A famosa “redes de mentiras sociais”. Eu perdia meu precioso tempo vendo a mentira dos outros, mas o que me incomodava mesmo era ver a vaidade, o narcisismo excessivo.
Outra coisa que eu entendi rapidinho é que as redes sociais gera uma comparação e uma competição doentia.
Durante o pouco tempo que tive Orkut e Facebook, comecei a sentir que não tinha amigos o suficiente, não era rica o suficiente, não era legal o suficiente, não era bonita o suficiente, não tinha uma família unida o suficiente, não viajava para lugares instagramáveis quanto eles, enfim, um saco sem fundo de comparação sem sentido. Justo eu, que sempre fui uma pessoa grata.
Ao decidir sair das redes sociais, compreendi que não fazer parte disso tudo era algo bizarro, como se não fizesse parte deste mundo.
E de fato, no início, foi exatamente essa sensação que eu tive. Comecei a perder alguns eventos, alguns encontros, porque as pessoas simplesmente esqueciam de me avisar. Eu ficava chateada, porque é isso né, se você não está nas redes sociais, você não existe. É como se de repente você sumisse do mapa e ninguém sentisse sua falta, é como se você tivesse sido esquecida pelo mundo.
Mas esse vazio inicial, durou apenas algumas semanas. Aos poucos, eu comecei a enxergar os benefícios. Eu sentia que estava tendo controle da minha vida, e o melhor, sem precisar me comparar com a vida dos outros. A minha vida começou a parecer de novo colorida, mais interessante, mais intensa, porque não havia mais uma praia do Havaí com água cristalina para comparar uma viagem que eu fazia para Santos para visitar a minha mãe. Ou comparar um fim-de-semana em um resort caro enquanto minhas filhas brincavam no barranco perto de casa, escorregando em uma caixa de papelão.
O que eu posso dizer de antemão é que mesmo se você não fizer parte de uma rede social, a vida continua. E não uma vida qualquer, mas uma vida com controle, com mais presença. Quantas vezes você foi no restaurante e perdeu minutos da sua vida para tirar a foto perfeita para o Instagram?
Quantas vezes você estava festejando o ano novo tentando tirar a foto perfeita tendo os fogos de artifício no fundo, e não aproveitou o show da virada?
Quantas vezes você viu seu filho fazendo alguma coisa divertida e espontânea apenas pela tela do seu celular, mesmo estando na frente dele?
Se prestar atenção, verá que nos restaurantes, os casais não se olham, pois estão cada um no seu celular. Amigos não conversam, porque estão cada um entretidos no seu próprio mundo. Filhos não existem, pois estão em tablets entretidos para não atrapalhar os adultos.
Semana passada foi meu aniversário. Não ter que postar nada nas redes sociais é maravilhoso. Todas as pessoas que são importantes para mim, meus melhores amigos, minha família e alguns colegas, lembraram do meu aniversário. E fico genuinamente feliz, porque meu aniversário não está anotado em lugar nenhum.
Eu também sei o aniversário de todas as pessoas que são importantes na minha vida…
Para quem já está viciado nas redes sociais, como qualquer vício, tem que ter a consciência de que será muito difícil de se livrar. As empresas sabem disso, e fazem de tudo para nos prender cada vez mais, afinal, quanto mais tempo passamos olhando para as telas, mais as empresas pagam para essas plataformas para vender seus produtos.
Posso garantir que o esforço para eliminar as redes sociais vale a pena. Depois que passa o período de abstinência, vai perceber que não deixou para trás grande coisa. Vai ficar surpreso de como perdia tempo assistindo coisas sem sentido, que ficava consumindo conteúdo que não agrega absolutamente nada na vida, tendo FOMO (Fear of Missing Out – medo de ficar de fora) por coisas sem nenhum valor.
Vai perceber também que as pessoas importantes, continuarão do seu lado, com ou sem rede social.
É ilusão achar que temos tempo para tudo e para todos. Nós não temos. Se estamos passando muito tempo nas redes sociais ou em qualquer outra coisa sem sentido, temos que ter a consciência de que algo está sendo deixado de lado.
Começo o post de hoje com um texto que li na internet, postado por Samer Agi, Juíz do TJDFT:
“Marco Aurelio Lobo é psicanalista em Anápolis. Tornou-se, com o tempo, meu amigo pessoal. E, certa feita, Marco me disse: “super valorizamos nossas necessidades. Desrespeitamos nossos desejos”. Joana tem 30 anos. Namora Mário há 5. E ela não gosta mais dele. Só que Joana tem 30 anos. E ela precisa se casar.
Joana tem um emprego. Ganha razoavelmente bem, é verdade. Não é o emprego que ela sempre quis, outra verdade. Mas ela precisa trabalhar.
Joana tem amigas. Às sextas, reúnem-se para um happy hour. Não são as amizades que ela gostaria de ter. Mas ela precisa de companhias.
Um dia, Joana descobre-se infeliz. As pessoas, ao redor dela, não entendem sua perene tristeza. Alguém dirá: “ela tem tudo o que precisa!” É verdade. Ela tem tudo o que precisa, mas não tem nada do que quer. Joana supervalorizou suas necessidades. E desrespeitou seus desejos.
O texto de hoje é um convite à reflexão. Uma reflexão voltada a você que, apesar de ter tudo o que precisa, não tem o sorriso que quer. Você já se perguntou sobre os seus desejos? Você já se questionou sobre o que almeja?
Não ter tudo o que se deseja é ensinamento que criança aprende em tenra idade. Há dois brinquedos na loja, mas ela só pode ganhar um. Geralmente, o mais barato.
Mas não ter nada do que se deseja é doença de gente adulta. É fraqueza pessoal daquele que precisa da chancela da sociedade para tudo o que faz. Joana precisava se casar, ter emprego e amigas. Não importava quais. Se ela cumprisse os requisitos, seria aprovada socialmente. Pobre Joana, que se desaprovou para ser aprovada. Infeliz Joana, que se matou querendo viver.
Seus desejos merecem um pouco mais de respeito. Respeite-os.”
* * *
Esse texto que você acabou de ler, vai de encontro com o comentário de uma leitora chamada Daniela, que sempre compartilha de seus conhecimentos. Há um tempo, ela escreveu a seguinte frase:
“Talvez as pessoas que se pautam muito pelo que os outros pensam, não se conheçam o suficiente para saber do que realmente gostam e o que traz felicidade para elas. Daí tem que se pautar pelo que os outros acham, o tempo todo. E tem sempre a coisa de fazer parte do grupo, de precisar da aprovação desse grupo para se sentir amado (não vão gostar de mim se eu fizer diferente). O Contardo Calligaris escreve muito sobre essa questão da validação do grupo, as colocações que ele faz a respeito são muito interessantes e ajudam a gente a entender como funciona a cabeça da gente.”
A felicidade genuína é algo raro nos dias de hoje.
A insatisfação, não. Esse é um sentimento muito comum nos tempos atuais, assim como o medo, a ansiedade, a insegurança, a inveja, a angústia…
Também temos em abundância, a felicidade fabricada, chamada de falsa felicidade que é sistematicamente e insistentemente publicada nas redes sociais.
O que as pessoas não entendem, é que a felicidade nunca está fora. A felicidade está sempre dentro. É um trabalho interno, de autoconhecimento.
Daí começamos a entender, porque tanta gente está infeliz. É porque olham para fora. Tentam reproduzir a felicidade alheia. Tentam copiar a felicidade do vizinho. Aquela viagem que deixou a outra pessoa super feliz, não vai te deixar tão feliz assim. Sabe por que? Por que você não sabe ainda, mas talvez a sua felicidade seja outra coisa.
Uma das coisas que eu adorava fazer antes da pandemia, era passear na 25 de março. Aquele vuco-vuco de gente, era tão lotado que eu andava a passos curtos, parecendo um pinguim. Quando ia lá, acordava cedo, colocava meu tênis e dizia para o marido com um sorriso largo no rosto: “não me espere para almoçar, vou demorar bastante”.
Para o meu marido, a 25 de março é a visão do inferno. Para mim, a 25 de março é um mundo encantado. O que traz felicidade para mim, traz desespero para ele.
Da mesma forma que para o meu marido andar 50km de bicicleta em um domingo de manhã é libertação, para mim é castigo.
Por esses dois exemplos, conseguimos compreender que felicidade não se procura fora, busca-se dentro de nós.
As redes sociais amplia essa sensação de infelicidade, porque a vida do outro parece ser sempre melhor que a nossa. E surge a necessidade de querer provar para os outros que estamos feliz. Esquecemos de olhar para dentro, e passamos a olhar excessivamente para o outro.
Tem um vídeo que assisti há um tempo, que ilustra bem essa felicidade fabricada, talvez seja um momento de refletir o que estamos fazendo com a nossa vida.
Por hoje é só, mas semana que vem, continuarei o papo sobre como o excesso das redes sociais prejudica a nossa vida.
~ Yuka ~
Depois de mais de 1 década vivendo de forma bem satisfatória sem ter um carro (13 anos para ser exata), eis que chegou o momento de comprar um carro.
Desde o início da pandemia, eu estive em teletrabalho, e agora que estou vacinada, retornarei ao trabalho presencial. Sinto-me grata por ter tido a oportunidade de poder trabalhar de forma remota durante todo esse período.
Mas não posso esquecer que apesar de vacinada, a pandemia ainda está em plena evolução e sem previsão de término. Meu marido ainda não tomou a segunda dose da vacina, e minhas filhas nem têm previsão de quando poderão tomar.
Até há alguns meses, eu ainda tinha a esperança de que a pandemia um dia fosse acabar. Vendo como o nosso país está levando a pandemia, não tenho a menor dúvida de que esta situação perdurará por muitos anos. As pessoas se acostumaram com as mortes diárias divulgadas na mídia e simplesmente pararam de se importar.
A compra do carro teve como principal propósito conseguir manter o distanciamento social no retorno ao trabalho presencial.
Sempre soube que meu maior risco não é no ambiente de trabalho, e sim, no trajeto até chegar ao trabalho, pois utilizo o transporte público para me locomover.
Quem mora em São Paulo sabe que usar transporte público em horário de pico pode significar entrar em uma lata de sardinha. Ou seja, não há nenhuma possibilidade de manter o distanciamento entre as pessoas.
Para contornar este problema, pensei em diversas opções. Cogitei em ir de Uber ao trabalho, cogitei em fazer uma assinatura mensal de carro nessas agências da Localiza ou Movida, mas depois de avaliar todas as opções possíveis, decidi que comprar um carro seria a opção mais segura e confortável.
Decidido isso, iniciei a busca de um carro, até que encontramos o carro que queríamos. Para nossa sorte, o vendedor era uma pessoa muito cuidadosa com o carro, com todas as revisões feitas na própria concessionária e fizemos toda compra e venda de forma muito tranquila.
Eu e o marido estamos felizes com a nova aquisição. No início, estávamos um pouco resistentes, porque vocês sabem, são muitos anos sem carro, e a gente se acostumou em não ter um (principalmente em não ter que pagar todos os custos associados), pois com todo o dinheiro economizado, fazíamos diversas coisas.
E de fato, os gastos já começaram.
Solicitei um laudo cautelar para verificar se o carro estava ok antes da compra. Depois paguei para o vendedor o valor do carro, fui no cartório para firmar a compra e venda, contratei o seguro, fui no despachante para fazer a transferência veicular e renovei minha CNH. Ainda levei para a concessionária para fazer a revisão do carro, aproveitei para instalar o Supaglass nos vidros, comprei 2 cadeirinhas de elevação para as minhas filhas, abasteci o tanque, entre outros gastos… ufa… quando somado, é um valor considerável.
Mas tudo bem. Quando decidi pela compra, já tinha uma ideia de quanto sairia esta brincadeira. Ou seja, o gasto era esperado e planejado.
Eu tenho total certeza de que eu continuaria não tendo um carro, se não fosse a pandemia.
A compra aconteceu, porque eu sempre tive muita clareza para que serve o dinheiro.
O dinheiro serve para trazer tranquilidade, trazer paz para a família, serve para trazer conforto. Eu sempre economizei em todos os lugares que eu podia economizar, mas também sempre gastei quando deveria gastar.
Este carro, em tempos de pandemia, além de me proporcionar segurança para manter o isolamento social, irá trazer mais mobilidade para a minha família.
Da mesma forma que foi muito bom não ter um carro durante todo esse período de 13 anos, essa nova fase trará também muitas oportunidades.
A pandemia iniciou em março de 2020, e eu tive o privilégio de trabalhar de casa em um momento em que todos estavam apreensivos com o futuro. A chegada de um vírus mortal e desconhecido desestabilizou não só a mim, mas o mundo inteiro.
Vi colegas perdendo empregos, o salário sendo reduzido, pessoas próximas morrendo.
Me vi isolada com a minha família dentro de um apartamento, tinha medo até de ir no supermercado.
Eu cresci sem pai, e o único sentimento que eu tinha era de sobrevivência, eu não poderia perder a vida para Covid-19, não queria que minhas filhas crescessem sem um dos pais.
Ao contrário da maioria das pessoas que conheço, entramos em um isolamento social total que me afetou profundamente. Não encontrei mais a minha família, nunca mais encontrei meus amigos, não fui mais para shopping, cinema, restaurante, não fiz passeios, não viajei, não visitei ninguém.
Durante todo esse período, tirei 3 férias do trabalho, e em todas elas, permaneci dentro de casa.
Entendi que se eu podia trabalhar de casa, que pelo menos fizesse o isolamento social para fazer valer o que minha empresa tinha dado.
As pessoas próximas que me viram definhando aos poucos, falavam que eu deveria passear um pouco, fazer uma viagem em família, pensando na minha saúde mental. Mas não. Eu decidi permanecer em casa, apesar da minha saúde mental.
Enquanto isso, na empresa onde trabalho, vi meu trabalho aumentar.
Eu vivi o caos com 2 crianças pequenas trancadas dentro de casa sem poder ir para a escola enquanto eu tentava me concentrar para trabalhar.
De dia, trabalhava apagando incêndios pontuais no trabalho, enquanto cuidava e dava atenção para as minhas filhas, de noite eu sentava e começava a trabalhar. Ou seja, estava trabalhando de manhã, tarde e noite.
Eu trabalhava também enquanto cozinhava, deixando o notebook em cima da bancada da cozinha. Respondia mensagens de trabalho enquanto almoçava, e não foram poucas as vezes que eu simplesmente larguei meu garfo para resolver algum problema. O WhatsApp se tornou a nova forma de comunicação rápida, e com isso, era interrompida na hora do almoço, na hora em que estava no supermercado, na hora em que estava colocando minhas filhas para dormir.
Não sabia quando seria convocada para uma reunião emergencial, e comecei a tomar banho com o celular dentro do box do banheiro, sinal claro de que algo estava muito errado.
Eu comecei a acordar com taquicardia, e a primeira coisa que eu fazia ao acordar era esticar os braços para pegar o celular para ver se tinha algo emergencial. Outro sinal de que eu não estava bem.
Os meses foram passando e eu fui piorando.
Engraçado que na hora em que estamos no fundo do poço, nós não percebemos o quão fundo estamos.
Eu nunca havia passado por algo parecido.
Sair da cama se tornou um esforço hercúleo. Eu comecei a trabalhar da cama, o que pra mim, já era um esforço descomunal. Eu parei de me cuidar, queria ficar na cama o dia inteiro. Eu queria ficar sozinha, não queria mais conversar com ninguém, queria me trancar no quarto. E durante muitos meses, eu realmente fiquei assim. Havia uma névoa, uma nuvem cinza insistente que não saía de cima de mim.
Eu oscilava entre momentos sombrios e pensamentos confusos.
Esse blog era uma das poucas coisas que me deixava feliz.
E o meu marido?
Bom… meu marido assumiu praticamente todas as tarefas de casa quando eu estava completamente desorientada. Cuidou das crianças quando eu nem conseguia sorrir, respeitou todas as vezes que eu não queria falar com ninguém e me apoiou em silêncio quando eu nem sabia o que estava passando.
Aos poucos, fui melhorando, e há alguns meses, eu tinha percebido que aquela névoa que estava envolta em mim havia finalmente se dissipado. Eu estava secando a louça do jantar, e tentando lembrar… quando foi a última vez que havia secado a louça? Eu não conseguia lembrar. Quando foi a última vez que eu havia estendido a roupa no varal? Tirado o lixo da cozinha? Dado banho nas crianças? Trocado o lençol da cama? Eu não lembrava, porque eu não fazia mais, alguém estava fazendo por mim. E esse alguém era meu marido, e em nenhum momento ele me cobrou, ficou chateado ou bravo comigo. Ele só fazia em silêncio tudo o que eu não conseguia mais fazer.
Quando eu percebi isso, eu fui conversar com ele, e ele disse que “nós somos um time, quando um não está bem, o outro ajuda”. Não estamos falando de algo que durou dias, nem semanas. Estamos falando de algo que durou meses.
Para ele conseguir dar conta de tudo, algo teve que ser deixado para trás. E ele resolveu deixar o trabalho em segundo plano. Ele me disse que muitos projetos não puderam ser entregues, mas que não se arrepende, porque sabe que fez uma escolha: ele decidiu cuidar de mim. Disse que seu objetivo nesta pandemia eram dois: nos manter vivos e sair desta pandemia casado, e que modéstia à parte, estava se saindo muito bem.
A resposta dele lembrou o que uma terapeuta falou para mim quando estava tentando salvar o meu primeiro casamento. Que quando a luz de uma pessoa se apaga em alguns momentos sombrios da vida, a outra pessoa assume o lugar para estender a mão e guia-la, enquanto ela tenta se reencontrar.
Há 4 anos, escrevi um post sobre a minha relação com o meu marido. E já que continua tão atual, quero finalizar o texto de hoje com a mesma frase que finalizei o outro post:
Eu sempre acreditei que escolher a pessoa certa que vai caminhar com você, o que a gente chama de Vida, é o que faz a diferença se sua vida vai ser mais fácil ou mais complicada.
Outro dia, uma leitora perguntou como não me aborreço com possíveis julgamentos de amigos e família, vivendo de uma forma vamos dizer, um pouco fora do convencional.
E fiquei pensando que talvez nunca deixei isso claro nos posts, mas eu não divulgo o meu estilo de vida para as pessoas que estão ao meu redor.
É estranho falar isso, já que compartilho uma pequena parte da minha vida aqui no blog, mas não falo abertamente sobre esses assuntos na vida real. Então a minha família, os parentes e colegas de trabalho não sabem que eu sigo um estilo de vida minimalista, não fazem ideia de que entendo sobre investimentos, que estou na jornada FIRE (Financial Independence Retire Early), ou seja, não sabem dos meus planos audaciosos, dos meus sonhos ditos utópicos…
Eu costumo não ser uma pessoa radical, nem na religião, nem na política, nem nos investimentos, eu tenho a minha própria opinião, mas não saio levantando bandeira sobre essas questões, pois sei que cada um tem a sua opinião.
E é por isso que meu marido inventou um termo para isso. Ele diz que aqui em casa, vivemos o “Yukismo”, um estilo de vida que criamos baseado na nossa própria experiência de vida, que funciona muito bem para minha família.
Quando familiares e amigos nos visitam, é inevitável o comentário de que a casa é bem clean, mas eu não começo a discursar sobre o conceito de “como o minimalismo pode ser importante na vida de alguém”. Eu só dou um sorriso concordando.
Às vezes fico sabendo de algum comentário aqui e ali, algum comentário por a gente morar de aluguel, da gente não ter carro, pelo meu marido “ainda” ser um pós-doutorando, por a gente não ter feito uma festa para 300 pessoas no nosso casamento, e por aí vai.
Eu sempre fui uma pessoa discreta. Então fazer uma festa de casamento para 300 pessoas estava completamente fora de cogitação. Eu não conseguia me imaginar no meio de tantas pessoas, cumprimentando pessoas desconhecidas (porque assim, né, sempre tem uns penetras), como daria atenção para todos? Por uma decisão unânime entre eu e marido, fizemos um casamento pequeno, dito mini-wedding, para 35 pessoas em um bistrô francês e ainda emendamos uma lua-de-mel em Paris. Foi maravilhoso ter os meus melhores amigos todos perto de mim celebrando a nossa união. Foi um dos dias mais felizes da minha vida, não teria feito nada de diferente, foi tudo lindo e perfeito.
Outro exemplo fácil de dar é a festa de 1 ano dos filhos. Convenhamos, é uma festa para os adultos, já que o bebê costuma estar de olhos arregalados, assustado com tanto barulho, excesso de luz e pessoas desconhecidas.
No aniversário de 1 ano das minhas filhas, eu fiz festa estilo vovó, brigadeiro feito em casa, um bolo, alguns salgadinhos, e lá vai eu encher algumas bexigas, e chamei meia dúzia de pessoas que minhas filhas conheciam muito bem. Eu não fiz festa em buffet para as minhas filhas, mas não vejo problema em quem faz a festa, sempre que posso participo das festas dos filhos das minhas amigas, e me divirto demais. Para a família que achar esse registro importante, claro que é pra fazer essa festa, porque são momentos que não voltam nunca mais.
O que na verdade faz muita diferença, é que eu e meu marido estamos sempre muito alinhados, e SABEMOS o motivo de todas as nossas escolhas. E com isso, sabemos que se não estamos fazendo, é porque NÃO É IMPORTANTE para nós.
Sempre que for possível, precisamos fazer o que temos vontade, porque de uma forma ou de outra, as pessoas vão nos julgar. Julgar por não ter tido filhos, ou por ter tido 4 filhos. Julgar por morar em uma casa grande demais, ou em uma casa pequena demais. Julgar por sempre estar arrumada, ou por estar desleixada. As pessoas têm uma opinião formada de nós, e não acho que elas mudariam de opinião tão facilmente.
Então ao invés de gastar energia tentando convencer o outro, o que eu e meu marido fazemos é conversar muito entre nós dois, para termos essa consciência de que essa escolha só diz respeito a nossa família, que devemos respeitar a escolha dos outros, e os outros devem respeitar a nossa escolha, mas como as pessoas não costumam respeitar as nossas escolhas, nós nem comentamos sobre detalhes da nossa vida.
Infelizmente, o mundo está muito polarizado. As pessoas querem empurrar goela abaixo o seu próprio estilo de vida, a opinião, querendo ter sempre razão, como se na vida existisse apenas uma única forma de viver. E nada disso é verdadeiro.
Eu não tenho nenhuma pretensão de mostrar que a forma como eu vivo é melhor ou não, claro, ela é muito boa para mim e para a minha família, tanto que compartilho parte do que faço aqui no blog para quem tem interesse ou curiosidade, mas na vida real, não mostro nada disso que compartilho no blog.
Eu sou uma pessoa extremamente comum aos olhos das pessoas que me rodeiam. Eu faço questão de voar abaixo do radar, não chamar atenção (não quero atrair sentimentos de inveja), e por isso consigo transitar bem no ambiente familiar, no ambiente profissional, com os amigos.
A parte ruim é que são poucos os que me conhecem de fato, profundamente. Apenas alguns dos meus amigos. Quem me conhece mesmo, é o meu marido, ah esse me conhece bem.
Como tenho as minhas próprias opiniões que fogem um pouco do padrão convencional, eu percebo que quando resolvo falar o que penso para algumas pessoas, elas se sentem na obrigação de justificar por que não fazem o mesmo, e em alguns casos, tentam me atacar criticando a minha forma de viver. Ora, mas ninguém está falando que a minha forma de viver serve para a outra pessoa, ou seja, uma coisa não tem nada a ver com a outra. É assim que percebo que essa pessoa não está pronta para ouvir opiniões diferentes, e eu corto o assunto e parto para assuntos genéricos.
Já há pessoas que aceitam o jeito que sou, sem julgamentos. Acham legal, mas sabem que não servem para elas, sabem que não precisam seguir o mesmo caminho que o meu, pois cada um tem o seu ponto de vista.
São pessoas que aceitam a minha forma de pensar, não julgam se têm opiniões diferentes, respeitando o meu estilo de vida. São com essas pessoas que eu busco estar sempre por perto, apesar de ser bem difícil encontrá-los.
Tem certeza? Pois é muito mais difícil do que parece, e está muito mais internalizado do que imaginamos.
A gente acha que não, mas comprar é um vício. A diferença é que esse vício é bonito, muito bem aceito pela sociedade.
Hoje em dia, eu não tenho mais essa tara para comprar coisas: comprar roupas, comprar bolsas, comprar sapatos, comprar maquiagens, comprar eletrônicos, comprar presente para os outros.
Claro que eu também adoro comprar, mas costumo comprar coisas que estou precisando ou algo que eu quero muito. Avalio muito bem antes de comprar, compro com bastante planejamento, e dificilmente me arrependo das minhas compras.
Para chegar nesse ponto, eu demorei muito, muito tempo.
Primeiro, porque eu não sabia comprar direito, então comprava qualquer coisa, chegava em casa, passava a euforia e depois não usava. Segundo, porque eu tinha vontade de comprar por comprar. Queria passear no shopping, procurar algo para gastar meu dinheiro. Eu nem sabia o que eu queria comprar, só queria gastar meu dinheiro.
Nos fins-de-semana, queria bater perna na rua para olhar as vitrines e comprar alguma coisa pra mim. Qualquer coisa servia. O ato de comprar tinha se tornado um vício para aliviar o estresse, uma válvula de escape.
E como consegui parar de comprar?
Consegui, quando passei a ter as coisas que eu realmente queria.
Tudo começou com uma carteira. Eu sempre tive o costume de trocar a carteira a cada 4, 6 meses, porque sempre gostei de fazer isso. Fiz isso praticamente durante uma década, de 2000 até 2010. Eu tinha uma coleção de carteiras…
Quando fui assaltada e fiquei sem a minha carteira, eu decidi pela primeira vez, comprar uma carteira muito boa, mas que não comprava antes, porque achava cara. Quando comprei, senti algo que não sabia direito o que era, era uma sensação boa, de satisfação, mas desta vez, uma satisfação duradoura, bem diferente do sentimento descartável que eu tinha quando fazia compras por impulso.
O que me surpreendeu, é que depois desta compra, a vontade de trocar minha carteira a cada 4 meses cessou por completo. Isso mesmo, nunca mais troquei de carteira. Essa história aconteceu em 2010. Estamos em 2021 e estou com a mesma carteira desde então, são inacreditáveis 11 anos. Ela continua conservada, e fico satisfeita toda vez que vejo, porque sei que fiz uma ótima compra.
E aos poucos, passei a fazer isso com tudo na minha vida.
Eu parei de me importar com preço e quantidade, e comecei a prestar atenção no valor que um determinado produto tinha para mim (e não para os outros).
Ao invés de ter um guarda-roupa abarrotado, decidi ter um guarda-roupa enxuto. Tenho poucas roupas, porque durante mais de 1 ano, estudei que tipo de roupas eu gostava, descobri quais modelos e cores combinavam comigo, e ainda eliminei as roupas que eu tinha dificuldades de combinar.
Muitos de vocês leram meu post sobre a bicicleta que eu comprei. Eu demorei 4 anos para acha-la, pois perdi a oportunidade de comprar na loja e depois a bicicleta deixou de ser comercializada no Brasil. Eu preferi esperar pacientemente alguém se desfazer da bicicleta, acompanhando sites de desapego, do que comprar qualquer modelo de bicicleta, pois sabia que iria ficar descontente rapidamente.
Hoje eu tomo meu chá na minha caneca preferida, sento na cadeira de um modelo que eu gosto, durmo no colchão que escolhi a dedo, sento no sofá que me dá satisfação toda vez que vejo minha família bem acomodada, uso há anos a mesma marca de sapatos que não machucam meus pés, visto as roupas que me caem bem, enfim, estou rodeada de objetos que me traz satisfação.
Nem sempre o produto que eu compro é o mais barato, mas não necessariamente é o mais caro. Eu simplesmente escolho o que eu mais desejo (dentro dos meus padrões orçamentários, claro).
Em relação ao preço das coisas, comecei a entender que mesmo se eu escolhesse algo mais caro, valia a pena, desde que eu soubesse que era realmente algo que EU queria, e não algo que era somente para ostentar para os OUTROS. Ao comprar algo da minha preferência, comecei a cuidar melhor dos objetos, e as coisas começaram a durar mais. Também não enjoava, então não precisava mais ficar substituindo os produtos por outros novos, porque dava muito prazer vê-los comigo.
Alguns produtos, eram sim mais caros, mas agora eu precisava em menor quantidade. Não sentia mais necessidade de ter 50 calças jeans. Alguns pares já me bastava, desde que o modelo ficasse perfeito no meu corpo.
Até minhas filhas estão compreendendo isso. Quando a caçula diz que quer um chinelo novo, a minha filha mais velha já explica que quando esse chinelinho que serve perfeitamente no pé dela ficar pequeno, iremos numa loja para escolher um chinelo que ela desejar. Sim, ela pode escolher o modelo que mais gostar.
Quando a gente gosta do que tem, a gente cuida bem. A gente não sente aquela necessidade de trocar, de substituir, de jogar fora, nem tem medo do julgamento alheio. E com isso, mesmo sendo itens um pouco mais caros, no final, acaba saindo mais barato, porque só aquele único objeto te atende muito bem.
Quando eu passei a fazer isso, comecei a me sentir mais satisfeita com as coisas que eu tinha, e parei de querer comprar coisas sem parar, que pensando agora, não passava de um ato automático de repetição infinita.
Então é aquela velha história da suficiência. Eu não passo vontade, porque tudo o que eu deixei de comprar, eram coisas que não eram importantes para mim.
Eu sempre gostei de planejar, porque foi a maneira que encontrei para conseguir realizar sonhos, sem comprometer o orçamento.
Mas recentemente, comecei a fazer uma pergunta: qual é o valor máximo que poderia comprometer da minha renda para realizar mais sonhos, sem comprometer o projeto FIRE (Financial Independente Retire Early)?
Estou lendo o livro Die With Zero (ainda sem tradução para o português), onde o autor enfatiza que certos momentos da nossa vida tem data de validade para acontecer. Não adianta um pai comprar uma piscina inflável depois que as crianças já estiverem crescidos, pois a alegria dos filhos com certeza não será a mesma.
Da mesma forma, há viagens que fazemos com mais facilidade quando somos mais jovens, como mochilão, dividir quartos com desconhecidos, passar a noite em claro, ficar em albergues. Conforme ficamos mais velhos, buscamos por mais conforto, privacidade, limpeza, comida boa, chuveiro bom e colchão de qualidade nos lugares que hospedamos.
Certas diversões precisam ser feitas em uma determinada época da nossa vida para que a intensidade da felicidade seja aproveitada ao máximo. Há coisas que não podemos deixar para depois: depois que virarmos FIRE, depois que sairmos do emprego, depois que estivermos aposentados.
Há apenas uma pequena janela de tempo para cada uma das diversas fases da nossa vida. São momentos que se não aproveitados bem naquele momento, deixam de ser especiais. Então devemos aproveitar quando estivermos na melhor fase, na melhor idade, na fase do ápice.
Em 2020, escrevi o post: Quantos anos você tem pela frente? que explica bem esse conceito de como alguns momentos da nossa vida são mais preciosos do que outros. Quem já teve alguém que ama com uma doença terminal sabe muito bem do que estou falando. Não dá para postergar nem por algumas semanas o momento para passar com essa pessoa.
Reconhecer que alguns momentos da nossa vida são únicos, é um passo importante para tomar decisões importantes de forma mais consciente.
Ler o livro Die With Zero, ainda que esteja nos capítulos iniciais, me fez pensar em como poderia potencializar mais realizações. Estou há 1 ano e 3 meses em isolamento social – total, diga-se de passagem – e logo assim que a pandemia estiver sob controle, quero retomar os momentos de diversão com minha família, criar memórias, mas sem estourar o orçamento.
Pensei que se estipulasse um valor no início do ano facilitaria o meu planejamento para gastar ao longo dos próximos 12 meses nos “gastos com felicidade”. Mas afinal, quanto destinar sem prejudicar meus planos futuros?
Como eu e meu marido ainda trabalhamos e possuímos renda ativa, decidimos que gastaríamos uma parte de tudo o que foi poupado no ano anterior. Isso significa que quanto mais pouparmos, mais gastamos em felicidade. É um sistema ganha-ganha.
Usaremos uma porcentagem pré-definida do total de aportes feitos no ano anterior. Neste primeiro momento, começaremos com 20% de tudo o que aportaremos neste ano de 2021.
Essa faixa de 20% dá um valor bastante significativo, pois somos bons poupadores. Estamos numa fase bastante confortável da jornada FIRE, poupamos bastante e os investimentos têm dado ótimos retornos, então iremos avaliar essa porcentagem a cada ano, com tendência de aumento gradativo para 25%, 30%, 35% e assim por diante, aumentando ainda mais a exposição da família em experiências que tem data de validade para acontecer.
Esse plano será seguido enquanto estivermos trabalhando. Depois, decidiremos as próximas estratégias quando pararmos de trabalhar.
Então seria algo assim:
No primeiro momento, pode parecer esquisito, afinal, pra quê fazer essa separação de dinheiro? Não seria mais fácil só poupar menos? Investir menos e usar esse dinheiro durante o mês?
Bom, se eu decidisse poupar menos no mês para gastar mais, eu tenho certeza que apenas aumentaria minhas despesas e o padrão de vida, mas não necessariamente aumentaria a felicidade… uma comida de delivery, compras de supermercado, uma bobeirinha aqui e ali, pedir um Uber porque estou com preguiça de andar, ou qualquer outra coisa que depois de 10 anos, nem lembraria o que eu fiz com esse dinheiro.
Ao fazer essa separação de “gastos com felicidade”, posso planejar com calma tudo o que quero fazer ao longo do ano. Além disso, será um incentivo saber que quanto mais aportar, mais poderei gastar para realizar sonhos, afinal, o dinheiro terá destino certo.
Eu vejo 3 vantagens ao fazer isso:
1.) gastar mais com experiências sem dor na consciência de achar que estou sabotando o projeto FIRE, pois saberei que é um gasto previsto/planejado
2.) patrimônio já acumulado intacto, ou seja, dinheiro trabalhando para mim, usando o fator tempo e juros compostos ao meu favor
3.) aportes mensais contínuos potencializando o efeito bola de neve
Bill Perkins, o autor do livro mencionado no início do post, fala que há pessoas que conforme o patrimônio cresce, o tamanho dos seus potes vão mudando. Se antes a felicidade era ter 1 milhão de dólares, quando se alcança este número, surge uma nova meta numérica… 5 milhões, 10 milhões e assim por diante, ou seja, entra em uma espiral de “acumule, economize mais e nunca desfrute”, criando metas inalcançáveis para postergar sonhos.
A vida é valiosa demais para ficar só acumulando patrimônio e não gastar em experiências com pessoas que amamos no momento certo. Quero gastar tempo e dinheiro com coisas que tragam memórias, enquanto tenho disposição, enquanto minhas filhas amam ficar penduradas em mim. Quero dar um bom destino a esse dinheiro construindo mais memórias, fortalecendo vínculos afetivos, que remetam boas lembranças e aumente contato com pessoas que são importantes na minha vida.
Consciente de que o tempo é finito, temos que aproveitar enquanto somos jovens, enquanto temos disposição, temos saúde e pessoas que amamos por perto.
Este post é mais um lembrete de que o dinheiro deve nos servir, e não virar nosso patrão.
Se tem um lugar que recebemos incentivo para consumir, esse lugar definitivamente é na maternidade.
Tive sorte de já ser bem consciente quando me tornei mãe pela primeira vez e com isso fui pouco influenciada pelas pessoas.
Na primeira consulta da minha filha ao pediatra, ele me falou que antigamente não existia chupeta, não tinha colchão inclinado para evitar a regurgitação, não tinha almofada ou poltronas específicas para amamentação, não tinha sabão específico para lavar roupas de bebês, nem shampoos especiais para lavar os tufinhos de cabelo dos recém-nascidos. Com essas palavras em mente, saí do consultório com uma bebê recém-nascida no colo, com a certeza de que eu deveria prestar atenção na minha intuição, e não no marketing agressivo das indústrias incentivando consumo. E é assim que eu tenho levado a minha vida desde então.
Minhas filhas não saíram de roupa vermelha da maternidade, não fiz quarto decorado, não fiz mesversário, nem sessões de fotos, nem festa em buffet. Minha segunda filha mal dormiu em berço, sempre amamentei minhas filhas deitada apesar de toda contraindicação em relação a ter infecções nos ouvidos como otite, o que nenhuma das duas teve até hoje. Minhas filhas não usaram sapatos até 1 ano de idade, nunca entendi essa necessidade de colocar um tênis em um pé que nem sabe andar. Elas se vestem de acordo com a idade, ou seja, elas não usam roupas de mulher, não usam maquiagem, não pintam as unhas, não usam sapatinho com salto.
Não fiz enxoval para a minha segunda filha, ela usou tudo o que eu já tinha em casa, vindo da primogênita.
Minha mãe se surpreende até hoje, por eu ter usado 1 mamadeira, tendo 2 filhas em um curto período de tempo. Ora, quando minha segunda filha nasceu, ela mamava no peito, enquanto a filha mais velha tomava mamadeira. Coincidentemente, quando eu já estava prestes a comprar uma mamadeira para a caçula, a primeira filha largou a mamadeira, e com isso, pude aproveitar a mesma mamadeira.
Não lavei roupa separada das minhas bebês, como é recomendado em diversos sites. Gente, lavou tá novo. Nunca liguei das minhas filhas não estarem com lacinho na cabeça, se estavam com roupas coordenadas, tudo combinando. Minha preocupação sempre foi com a saúde, segurança e felicidade.
Aliás, não fiz muitas das coisas ditas normais pelos pais de primeira viagem, porque não era importante para mim. Agora, se é importante para você, faça, para não se arrepender depois.
Conforme as crianças foram crescendo, percebi que elas brincavam muito mais com uma caixa de papelão do que brinquedos comprados. E é muito fácil de compreender. Enquanto os brinquedos comprados já estão prontos, e não há muito o que fazer com uma boneca que já fala, anda, pisca e chora. Afinal, a boneca já vem pronta. Enquanto as bonecas que elas mesmas criam, precisam de um rosto pintado, fazer uma roupa, arrumar o cabelo, falar por elas, usar a criatividade.
A mesma coisa tem acontecido com outros tipos de brinquedos. Ao invés de pula-pirata e outros brinquedos que estão encostados num canto da casa, minhas filhas cismam em querer brincar com papel e tesoura, canetinha, cola, purpurina, tecido, fitas adesivas. Usam massinha de modelar para criar vestidos das bonecas, arrumam um pedaço de papelão e desenham o seu próprio celular, constroem casas para suas bonecas e se divertem horrores.
Há pouco tempo, comprei uma casa (tipo aquelas barracas do Gugu, mas numa versão melhorada) para elas brincarem. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que nenhuma das duas se interessaram pela casa? Uma indiferença sem tamanho… tanto que depois de 2 dias eu desmontei e guardei embaixo da minha cama. Mas o interesse delas em construir a própria casa continua. Ou seja, elas não querem GANHAR uma casa. Elas querem CRIAR uma casa. Usam lençóis, almofadas, varal de chão, qualquer coisa que estiver à disposição aqui em casa pra construir o canto delas.
Pedem pra eu emprestar agulha e linha, porque querem fazer uma roupa de boneca, pedem pra eu emprestar minha pistola de cola quente, porque querem fazer uma escultura com pregos e parafusos, estão aprendendo a desenhar, de tanto me verem desenhando para elas.
Tenho gostado bastante desta forma de criação, vejo que concentração é algo raro entre as crianças, mas minhas filhas conseguem ficar concentradas por bastante tempo em uma atividade.
Digo para meu marido que o tempo vai encarregar de mantê-las ligadas na internet daqui a alguns anos. Então por enquanto… enquanto puder… prefiro mantê-las distante da internet para que a infância, que já é tão curta, se prolongue um pouco mais.
É comum interpretar alguém que se sente satisfeito com a própria vida como uma pessoa acomodada, preguiçosa. Afinal, nós fomos treinados a sentir eterna insatisfação, a nunca acomodar, a querer sempre mais, estudar para passar numa faculdade, fazer uma pós-graduação, trocar de emprego de tempos em tempos etc.
Queremos – e somos pressionados a – buscar um emprego que pague mais, a adquirir casas cada vez maiores, carros potentes e robustos, roupas de marcas mais caras, celulares de última geração, eletrodomésticos modernos, e de preferência, mostrar todas estas conquistas materiais nas redes sociais, afinal, se não mostrar para os outros, qual seria a graça de ter tudo isso, não é mesmo?
Essa corrida incessante para ter mais é tão doentia que perdemos a capacidade de pensar na própria suficiência: o quanto precisamos para nos sentir felizes.
Citam a conhecida frase “quanto mais, melhor”, mas quando respondemos que “estamos satisfeitos, não precisamos de mais” isso soa como provocação, como algo que está fora do percurso padrão.
Ter mais não necessariamente torna a vida melhor, principalmente quando se alcança a suficiência.
Já parou para pensar quanto é o suficiente para você ter uma vida confortável e feliz?
Para alguns, ter um carro é importante, mas vai perceber que não precisa ter um BMW na garagem.
Para outros, ter um imóvel próprio é importante, enquanto para outros, basta ter um teto para morar, desde que tenha dinheiro para pagar mensalmente o aluguel.
Veja que saber o quanto precisa para se sentir bem é fundamental para ter mais chances de ser feliz.
Isso vale também para a independência financeira. Para alguns, ter R$5.000 mensais de renda passiva já seria o suficiente para desligar o computador e dar adeus ao emprego. Para outros, esse valor seria maior.
Não importa se você precisa de 5 ou 50 mil para viver, o que importa é saber o quanto precisa para se sentir confortável, seguro e feliz.
Quem precisa de mais, precisa pagar o preço: acumular mais patrimônio. Quem precisa de menos, tem as suas vantagens: pode sair da corrida dos ratos antes.
Não há certo ou errado, não considero que quem precisa de menos seja mais vitorioso do que quem precisa de mais, visto que necessidades são muito individuais e histórias de vida são particulares.
Eu ainda acho que a felicidade anda de mãos dadas com a simplicidade. Eu acredito que essa relação vem pela possibilidade de eliminar preocupações. Quanto mais coisas temos, mais preocupações precisamos ter. E tudo isso acaba se transformando em uma grande prisão, ou, como ilustra a figura abaixo, âncoras que vão sendo amarradas e nos afundam cada dia um pouco mais. Respirar vai se tornando um ato difícil, já que são inúmeras amarras, inúmeras responsabilidades…
Isso acontece, porque desde sempre, sofremos pressão de todos os lados, inclusive de pessoas próximas que nós amamos, mostrando como somos insuficientes, de como não somos bem-sucedidos o suficiente, não usamos as melhores roupas, não somos bonitos o suficiente, não temos uma casa grande o suficiente, nem o melhor carro, e por aí vai.
Quando consumimos além da nossa necessidade, significa que estamos vendendo o tempo da nossa vida para obter coisas que não estamos precisando. Tempo esse, que poderíamos ter ficado com nossos filhos, pais, amigos, que poderíamos ter acordado mais tarde, descansado mais.
Claro que esse caminho da simplicidade é completamente oposto do que a maioria busca.
Vou compartilhar uma história que aconteceu comigo um pouco antes da pandemia. Eu recebi uma proposta para assumir um cargo importante, de responsabilidade e visibilidade. Enquanto a pessoa estava conversando comigo, eu já tinha a resposta: eu não iria aceitar. E logo que tive oportunidade, falei isso para a pessoa, agradeci o convite, e expliquei que não tinha interesse, pois já tinha encontrado a suficiência no meu trabalho.
Eu sabia que junto com o novo cargo, viria mais responsabilidades e muitas renúncias que eu não estava disposta a abrir mão. Eu teria que trabalhar num local distante da minha casa, consequentemente não iria mais conseguir buscar as minhas filhas na creche. Provavelmente meu marido teria que preparar e dar a janta para as crianças e não duvidaria se eu voltasse algumas vezes por semana à noite, quando elas já tivessem adormecido. Talvez eu me tornaria uma pessoa estressada, ansiosa, pavio-curto… Em troca de um salário melhor e reconhecimento? Não havia o que pestanejar, o saldo final não era nada positivo.
O que consideramos suficiente muda, conforme nos conhecemos melhor. Já comentei que há mais de 10 anos, eu achava que precisava dos meus 50 sapatos. Eu achava que precisava de um apartamento próprio com 3 dormitórios (mesmo morando sozinha). Eu achava que precisava de um carro. Eu achava que precisava de reconhecimento e aprovação de outras pessoas.
Só que as opiniões vão mudando, porque passamos a ter consciência de alguns dos nossos atos.
Eu comparo a consciência, como se fosse um óculos. Se antes, todas as escolhas eram feitas de forma aleatória, anestesiada, sem foco; com o óculos, passamos a enxergar melhor os nossos atos, passamos a ter consciência das nossas atitudes e das consequências.
Ao contrário do que é dito, ter conhecimento da suficiência não nos aproxima da escassez. Significa admitir que já temos o que precisamos, e por isso, não necessitamos de mais. Ou seja, estamos falando de abundância.
No meu caso, não havia espaço para mais trabalho, mais estresse, menos tempo. Eu queria justamente o contrário: mais tempo, menos estresse, mais amigos, mais família, mais amor.
Quando recebo as pessoas que eu amo em casa, e faço uma torta, um cookie, um pão; eu recebo em troca, amor. A xícara de café que insiste em não terminar para que o momento não termine.
A vida é feita de diversas camadas de memórias. Vivemos todos os dias criando camadas e mais camadas de memórias. E é por isso que devemos avaliar muito bem antes de tomarmos qualquer decisão que possa afetar a qualidade dessas memórias, porque afinal, serão justamente essas memórias que irão nos acalentar no final da nossa vida.
Essa semana conversei com uma pessoa da qual gosto muito. Ela tem um padrão de vida totalmente diferente do meu, podemos dizer que ela é o que denominamos uma pessoa muito rica (e não uma pessoa que parece rica).
Ela me mostrou a foto de uma casa no interior de São Paulo que está terminando de construir, que se parece muito com a foto acima. Será uma casa para descanso nos fins de semana, e futura residência para aposentadoria.
A casa é linda, enorme, com direito a quadra de tênis particular, praticamente um clube privativo. Algo bem inacessível para a maior parte da população, inclusive para mim. Lembra muito aquelas casas de famosos que são mostradas em revistas de arquitetura e decoração.
Eu realmente estou feliz pela conquista dela, porque sei que para ter o que eles possuem hoje, a família teve que batalhar muito.
À noite, quando estava conversando com meu marido sobre esse assunto, ficamos muito satisfeitos por ela, e ao mesmo tempo, tivemos a certeza de que não gostaríamos de ter algo assim.
E é aí que eu quero introduzir o assunto do post de hoje: a importância de saber o que não queremos.
Olhávamos para a foto da mansão, e depois olhávamos para o nosso apartamento… são realidades muito, muito diferentes. Mas a parte legal é ter a consciência de que não queremos o que ela possui. Achamos legal, achamos bonito, mas não gostaríamos de ter.
Nós não ficamos vislumbrados, porque sabemos que para manter uma casa daquele porte funcionando, é impossível fazer isso sozinho. Ou seja, teríamos que ter uma equipe para manter a casa funcionando minimamente, desde paisagista, algumas diaristas, segurança, etc. Tem gente que não se importa em ter terceiros circulando pela casa, já eu e meu marido, não sentimos confortável.
Um dos lemas do meu marido inclusive, é escolher o tamanho de uma casa que tenhamos condições de cuidar sem precisar terceirizar.
Sim, nós somos o tipo de casal que quando nos hospedamos em um hotel, mantemos a cama arrumada, as toalhas dobradas. Quando nos hospedamos em Airbnb, lavamos a louça, varremos o chão, tiramos o lixo, e entregamos o apartamento ao proprietário da mesma forma que recebemos no primeiro dia da hospedagem (com a cama feita, lixos vazios, sem restos de comida, nem de sujeira).
Então quando olhamos aquelas casas com piscinas enormes, com gramas verdes e corredor de árvores bem podadas, achamos lindo para usufruir nas férias, mas não para ser nosso. Como proprietária, enquanto as pessoas enxergam a água azul da piscina, enxergamos a limpeza periódica da piscina. Enquanto as pessoas olham a grama verde brilhante que se estende ao infinito como um tapete, enxergamos o trabalho que daria pra capinar toda aquela extensão de quintal (ou ter que contratar alguém para fazer isso para nós). Enxergamos os canteiros que precisariam ser aguados diariamente, os muros que precisarão ser pintados, a limpeza periódica da calha, necessidade de podar as árvores e os arbustos, verificar se a diarista está fazendo direitinho o trabalho, etc.
Ufa!
E é por esses motivos que eu abro um sorriso quando eu volto os olhos para o meu apartamento de 60m2, porque sei das vantagens de morar em um apartamento pequeno.
Acostumamos a acreditar que felicidade são grandes conquistas e até mesmo, o destino final.
Uma viagem internacional. O dia do casamento. O nascimento de um filho. A compra da casa própria. Entrar na faculdade. Ser promovido no emprego.
Ser rico.
Ser feliz.
Concordo que ocasiões especiais nos remetem à felicidade.
Mas quando nomeamos a felicidade como algo exclusivo de eventos grandes e memoráveis, limitamos a felicidade que podemos sentir ao longo da vida.
As conquistas grandes são importantes, mas aprender a valorizar a simplicidade, a cultivar momentos especiais, a colecionar pequenas felicidades são igualmente importantes.
De 2000 a 2003, eu fiz faculdade em uma cidade do interior de São Paulo e obviamente na república que morava não tinha uma máquina de lavar roupa. Eu lembro das centenas de vezes que esfreguei roupa no tanque, e as pendurei no varal do quintal. Mas há algo que não esqueço até hoje. Eu conseguia sentir felicidade no momento que recolhia as roupas. Ver a roupa seca depois de somente algumas horas penduradas no varal, a brisa fazendo as roupas secas roçarem meu rosto, as roupas quentes com o calor do sol. Essa sensação durava somente alguns segundos, mas era algo genuíno, uma felicidade simples.
Essas pequenas chamas de felicidade acendem inúmeras vezes ao longo do meu dia, como por exemplo, quando deixo descansando a massa de pão e quando volto vejo que dobrou de tamanho, fico encantada com o poder da fermentação.
Ou até mesmo nessa semana em que estou trocando o rejunte da minha casa (ô trabalho duro esse viu). Olhar as partes de rejunte trocados por mim, traz novamente essa felicidade instantânea, e um orgulho de mim mesma.
Eu não sei se acontece na casa de vocês, mas em todas as casas que morei, eu sempre recebi a visita ilustre das joaninhas. E resolvi comentar com as minhas filhas que quando uma joaninha visita a casa de alguém, ela traz felicidade. Não deu outra, toda vez que entra uma joaninha em casa, nós fazemos festa. Paramos tudo o que estamos fazendo para ver a “Joana”. Pegamos um copo, transferimos cuidadosamente. Olhamos por alguns minutos, e depois soltamos na varanda.
Quando meu marido traz picolé pra gente comer, nos sentamos na varanda enquanto conversamos e aproveitamos a paisagem. Eu tenho tanta certeza da saudade que vou sentir desse momento em que estamos sentados nós 4 espremidos em uma varanda pequena, tomando sorvete, que eu só fico apreciando toda cena em silêncio.
Eu poderia ficar aqui listando inúmeras situações que remetem pequenas felicidades, mas o que eu quero dizer é como a felicidade pode ser simples.
A minha felicidade tem tido essa cara, criar pequenas tradições, apreciar o crescimento das plantas, das minhas filhas, valorizar as coisas que me rodeia.
Claro que novidades são importantes também, mas em momentos de pandemia, há igualmente outras coisas que podemos fazer para continuar colecionando felicidades, justamente para podermos seguir em frente.
Uma pessoa comentou que durante muito tempo, buscou incessantemente a felicidade.
Essa busca era motivada para preencher o buraco que ela sentia.
Primeiro, achou que era porque não tinha um imóvel próprio. Conseguiu comprar um imóvel e reformou de acordo com o seu gosto.
Mas ainda faltava algo.
Depois achou que era porque não tinha um filho. E nasceu um filho lindo. Mas ainda faltava algo.
Não sabendo como preencher esse vazio, comprou roupas, conheceu várias pessoas, fez diversas viagens, se deparou novamente com catálogos de imóvel e quis acreditar que se tivesse um apartamento com varanda gourmet, a felicidade finalmente bateria na sua porta. Ela chegou a financiar a compra desse imóvel, até que a ficha caiu.
Foi nesse momento que eu recebi a ligação dela. Ela começou a me explicar que finalmente tinha compreendido porque eu, apesar de morar em um apartamento alugado, não ter carro, andar com as roupas de sempre, meus amigos de sempre, com minhas filhas usando roupas de segunda mão e frequentando escolas municipais do bairro, parecia feliz e satisfeita.
Na época, ela comentou que era porque eu tinha um amor verdadeiro para compartilhar. E por ter esse amor correspondido, poderia ser feliz até embaixo da ponte com o meu marido.
Tenho que concordar que ter alguém para compartilhar a vida, que nos respeita e que nos ama, torna a jornada da vida mais leve e divertida.
Mas há um outro porém que eu acabei não compartilhando com ela.
Eu sempre tive a certeza de que minha felicidade não poderia ser terceirizada nem por pessoas, nem por coisas.
Quando eu era solteira e vivia sozinha no meu apartamento, eu era feliz.
Quando eu estava recém-divorciada, e vivia um dos momentos desafiadores da minha vida, eu também sabia que no momento oportuno, eu juntaria os cacos, voltaria a sorrir e ser feliz novamente.
Meu marido já até comentou de como ele tem certeza de que eu seria uma pessoa igualmente feliz, mesmo se a gente não tivesse se esbarrado nesta vida.
Enquanto pessoas sonham em encontrar a “metade da laranja”, sempre questionei que raio era essa metade, já que nunca me considerei metade de nada.
Eu queria encontrar sim alguém, mas alguém por inteiro, porque eu sou uma pessoa por inteiro.
A verdade é que para ser feliz, não precisamos de pessoas perfeitas do nosso lado, não precisamos de empregos perfeitos, apartamentos lindos, carros novos, smartphones do ano, bancadas de mármore.
Ou seja, a minha felicidade nunca esteve condicionada ao meu casamento, nem por posses materiais. Minha felicidade não depende se estou amando alguém, se tenho ou não tenho filhos, se tenho posses materiais ou não.
O que precisamos não está do lado de fora. Está do lado de dentro.
Eu carrego o meu lar dentro de mim, porque sei que o que é mais importante, está sempre dentro de mim.
E esse é um dos motivos de conseguir levar uma vida sem posses. Compreendo que algumas pessoas sentem a necessidade de ter uma casa para fincar raízes, um local para alimentar e fermentar as suas memórias.
Já eu, prefiro a liberdade de poder me locomover. Sei que minhas filhas terão boas lembranças dos nossos momentos, e não da casa. Elas saberão reconhecer o cheiro do nosso lar em qualquer lugar que estivermos, toda vez que cookies deliciosos estiverem saindo do forno. Não importa se essa casa é alugada ou se é própria, se é a casa onde elas deram os primeiros passos ou qualquer outra casa.
Abro o primeiro post do ano de 2021 com a pergunta que sempre nos intriga: “O que é essencial?”
Nessa rotina maluca que vivemos, está cada vez mais difícil identificar o essencial. Mais difícil ainda, porque o essencial é único para cada pessoa. Não dá para copiar a receita do colega do lado, afinal, o que é essencial para mim, não é essencial para você.
Descobrir o essencial é ir em busca da própria essência e descobrir o valor que damos a ele. É basicamente, focar naquilo que traz felicidade. É tentar colecionar coisas e experiências das quais gostamos, mesmo que o mundo inteiro diga que é cafona.
Já comentei num post que gosto de música clássica. Pois bem, também gosto do Andrea Bocelli. Eu e toda terceira idade. Já fui num show dele, paguei ingresso que foi muito caro na área VIP, sentei na primeira fileira, bem de frente pra ele e chorei emocionada quando ele começou a cantar. Minhas amigas acham engraçado eu gostar dele, não estou nem aí. Num outro show (desta vez gratuito) que ele deu, eu tentei invadir o camarote, claro que não consegui, mas rendeu boas risadas quando minhas amigas souberam o que eu tinha tentado fazer.
Essencial é isso, você estar confortável e feliz, mesmo com o julgamento alheio.
Quando fiz meu pequeno casamento com 35 convidados, recebi crítica de familiares e de colegas que não foram convidados. Mas o que as pessoas não entenderam é que todo mundo que era importante estava nesse dia comigo. Foi um dos dias mais marcantes da minha vida, vê-los todos juntos com um único propósito: celebrar a minha felicidade.
E esse padrão foi se repetindo. Quando fui me tornando minimalista (e minha casa começou a ficar vazia para os padrões normais, mas eu estava muito feliz com isso), quando descobri sobre FIRE (e as pessoas começaram a falar que era loucura), ou quando decidi que minhas filhas estudariam em uma escola pública (e aí mais julgamentos, mas de novo, estava tudo bem).
O essencial é muito particular. Vocês sabem que eu sinto um certo orgulho quando sou chamada de muquirana. Eu realmente economizo onde posso, principalmente em coisas que eu não enxergo valor, mas não me importo em gastar nas coisas que julgo ser importante, como quando descobri sobre a gagueira da minha filha. Em nenhum momento tive receio de procurar uma das melhores clínicas de fonoaudiologia de São Paulo. Comer fora todos os dias com meus colegas de trabalho, nunca foi essencial para mim. Mas iniciar o tratamento da minha filha sim, era essencial.
Vejam só: não gastar dinheiro à toa em coisas que não são essenciais, permite que eu sempre tenha dinheiro disponível para os gastos essenciais.
Outro exercício que costumo fazer para identificar o que é essencial, é comparar uma coisa com a outra.
Por exemplo, o que é mais importante: fazer o jantar para a família ou fazer hora extra no trabalho? Para mim, é preparar o jantar. Talvez para alguém que está com as contas a pagar atrasadas, a hora extra seja mais importante. O que é mais importante: comprar alguns sapatos novos ou separar uma parte do dinheiro para investir? Sair com os colegas do trabalho para um happy hour ou se encontrar com aquela sua super amiga que não vê há muito tempo?
E assim, pergunta após pergunta, a gente vai aprendendo a fazer escolhas mais sábias. A cada escolha consciente, nos aproximamos do eu interior, do que é mais importante.
Já em relação a objetos, eu penso assim: houve um motivo importante para ele ter entrado na sua casa, certo? Pode até ser que esse motivo já não seja tão importante, ou até mesmo ele nunca ter desempenhado um papel relevante na sua vida. Vou dar exemplos para facilitar o entendimento do que estou tentando explicar.
As pessoas compram objetos, roupas, itens de decoração pensando em um objetivo. Supondo que seja uma blusa. No momento da compra, eu experimentei a roupa, achei bonita e quis comprar, porque eu imaginei que iria me sentir bonita naquela blusa. Pois bem. Só que por algum motivo aquela blusa fica lá, no canto do guarda-roupa escondida, meio amassada. Aí eu faço a seguinte pergunta: Ela está desempenhando o papel dela? Não. Não está. Então eu descarto.
Às vezes, a gente tem uma blusinha velha em casa, aquela bem surrada, com tecido até molenga de tanto que já foi usada. Essa blusa serve pra quê na minha vida? Para me deixar à vontade em casa, é confortável, uso com frequência, etc. Ela está desempenhando o papel dela? Sim, está. Com esse exemplo, dá pra entender por qual motivo eu descartaria uma blusa nova e por que permaneceria com a blusa mais velhinha. Não é questão de preço. É questão de valor.
Quando eu faço essa mesma pergunta em relação à compra de uma joia, as coisas começam a ficar ainda mais claras. Qual é o objetivo de ter uma joia? Por qual motivo eu quero ter? A resposta (pra mim) seria para ostentar, mostrar para os outros. E é por isso que não tenho nenhuma joia.
O minimalismo foi essencial para descobrir quem eu era de fato. Eliminar o que não era importante para focar no essencial fez perceber que durante muitos anos eu não vivi para mim. Vivi para os outros.
Desde escolhas simples como roupas, música que ouvimos, lugares que viajamos, os amigos que temos, o companheiro que escolhemos para passar a vida, fazer o que os outros fazem, falar o que os outros falam… quantos de nós fizemos escolhas para evitar julgamento alheio?
Quando passamos a nos descobrir e amar o que somos, apesar dos inúmeros defeitos que temos, algo mágico acontece: passamos a não sentir necessidade de ficar agradando os outros, muito menos fazer compras para preencher o vazio interior, porque sabemos e conhecemos a nossa real essência, e passamos a valorizar de forma exclusiva e profunda as nossas próprias vontades.
Quando aprendemos a viver com menos, com o suficiente, abrimos espaço para o novo, e assim, as coisas mais importantes começam a se sobressair. Compare isso com a curadoria de peças de um museu. Ao invés de ter várias peças amontoadas, dificultando apreciar as mais relevantes, deixamos expostos apenas as peças que queremos dar mais destaque e “eliminamos” o resto.
Essa seleção é um processo de conscientização, e utilizando o mesmo raciocínio para a nossa vida, podemos lapidar o que é o essencial, dando destaque especial para aquelas coisas que julgamos ser as mais importantes.
Dezembro é o período em que eu faço revisão da minha vida. Afinal, é o fechamento do ano.
Reservo alguns dias para analisar o que fiz de importante no ano e, principalmente, o que não foi feito, já que dezembro é um ótimo período para revisitar os planos da vida, renovar projetos e desenhar um ano seguinte melhor.
Então basicamente faço o seguinte:
1.) Avaliação das conquistas
Ao longo do ano, vou listando as minhas pequenas conquistas e também as conquistas da minha família. Na minha lista deste ano, tem várias coisas, desde a maravilhosa notícia de que minha filha mais velha finalmente conseguiu parar de roer unha (era uma coisa desesperadora de se ver, até sangrava), o desfralde da caçula e também o início do seu tratamento da gagueira. Também descobri uma receita de pão melhor do que a minha (que se tornou a oficial desde então), ter me mudado de São Paulo, ter atingido a meta do aporte anual… Não posso esquecer também de ter tido a grata oportunidade de ler o livro do André, do Viagem Lenta, antes de ser publicado, e dar meus humildes pitacos para alguém que já é FIRE há 10 anos (Já leu? Recomendo muito! Viagem Lenta: a jornada para a liberdade e independência financeira).
Como vocês sabem, faço essa Lista das Conquistas desde 2008, um ano que foi muito difícil, pois foi quando divorciei. Desde então, nunca mais parei, porque descobri que quando faço essas anotações, tenho a oportunidade de ter meu momento de reflexão, de relembrar todas as coisas boas que aconteceram no ano.
Esse ano é um exemplo de como essa lista foi importante. Num ano com tantas perdas, ler essa lista me faz enxergar que aconteceram muitas coisas boas também.
É como se fosse um caderno de memórias, que me dá a oportunidade de revisitar todas as listas dos anos anteriores, mas que só contém notícias boas. Alimentar essa lista ao longo desses 13 anos, permitiu perceber que o que considero como “conquistas” têm mudado ao longo dos anos. Antes, a conquista era muito material, relacionado sempre com dinheiro: a compra de uma bicicleta, a compra de um eletrodoméstico, um eletroportátil, uma roupa. Com o tempo, os meus valores de vida e a percepção do que é realmente importante começaram a maturar, e hoje, consigo ficar feliz de forma sincera a descoberta de uma receita nova, da família estar jantando juntos, de ter minhas plantinhas, das minhas filhas não ficarem doentes.
2.) Fechamento patrimonial
O fechamento patrimonial é uma das minhas diversões. Desde 2015 (quando descobri sobre FIRE, aposentadoria antecipada), faço religiosamente o fechamento patrimonial do ano.
É por meio dessa planilha que acompanho a minha evolução financeira.
Ver a evolução do gráfico é algo gratificante, já que todos os dias são como grãos de areia. Tomamos decisões minúsculas para construir algo quase imperceptível. Por isso, quando vejo a curva acentuada do gráfico anual, os juros compostos mostrando a sua força, é algo que realmente me faz sentir que as escolhas que fiz lá atrás foram acertadas.
3.) Revisão e previsão orçamentária anual
Basicamente, tudo o que acontece na minha vida financeira, consta no aplicativo Minhas Economias, desde salário, restituição do imposto de renda, renda extra, aluguel, condomínio, contas, boletos, tudo.
Anoto tudo, porque quando chega o final do ano, vem a recompensa: o meu único trabalho é entrar no site do aplicativo e gerar o relatório/gráfico para descobrir meus gastos em todas as categorias, como alimentação, moradia, restaurantes, viagens. É tudo muito simples e maravilhoso.
Avalio quanto gastei no ano, analiso as categorias de gastos, se extrapolei em algo, se devo mudar algum mau hábito financeiro, ou até mesmo gastar mais em alguma determinada categoria.
4.) Cálculo do meu IPCA pessoal
A partir do relatório gerado pelo aplicativo Minhas Economias, transfiro os gastos totais de cada categoria para uma planilha para descobrir o meu próprio IPCA. Em 2018 por exemplo, a minha inflação pessoal foi de 35,96%. Foi com esse número exorbitante que no ano seguinte, consegui ter uma deflação do meu IPCA em -20,63%. Este ano, está em 4%.
5.) Definição (e revisão) de prioridades
Dou uma olhada nas metas do ano, se deixei de fazer algo importante, e se ainda a meta faz sentido pra mim. Por várias vezes, percebi que algumas perdem o sentido, então não vejo motivo de levar para o ano seguinte.
Além disso, tenho o costume de nomear o ano que vai vir. Claro que há sempre diversas prioridades, mas dar um título para o ano é a forma que eu encontrei para lembrar o meu norte, onde tenho que colocar mais força. Por falar em força, a desse ano de 2020, foi “Força no aporte”, por causa do contrato de trabalho de 2 anos do meu marido. Não queríamos deixar passar essa oportunidade.
O tema de 2021 ainda não decidi, mas acredito que será algo ligado às minhas filhas.
6.) O que eu não quero levar para 2021
Siiim, isso é algo que penso também.
O que eu fiz este ano que não quero levar para 2021?
São tantas coisas que não quero levar para o ano seguinte…. rsrs.
Esse ano foi difícil. Com a pandemia, eu vi o trabalho invadindo minha vida privada e foi bem difícil lidar com isso (na verdade, ainda está sendo). Eu tive dificuldades em lidar com o isolamento, vi minhas filhas ficarem muito ansiosas e com mais birras que o normal, isso me desestabilizou, principalmente por conta das demandas do trabalho.
Minhas amigas e meu marido dizem que é por causa do isolamento, que foi a pandemia que está causando o estresse, mas sendo bem sincera, eu não gostei de mim como mãe esse ano.
Há algumas semanas, decidi que iria mudar a forma como lido com as birras homéricas das minhas filhas, e comecei procurando por conteúdos sobre psicologia infantil para que eu pudesse ajustar o meu comportamento, dar uma orientação melhor no momento da birra, e não simplesmente fechar a cara e colocar de castigo. Afinal, se eu não ensina-las a como lidar com as frustrações do dia-a-dia, quem irá ensinar? O óbvio tinha deixado de ser óbvio e foi preciso me distanciar para perceber que algo não estava legal.
Futuramente, pretendo escrever um post sobre esse assunto, mas não será hoje.
E fazendo esses 6 passos, consigo deixar 2020 para trás, e começar o ano de 2021 com a cabeça erguida. É um ritual de passagem de ano, o momento de ser honesta comigo mesma, afinal, o que eu quero mudar em mim? Para onde quero ir? Quais são as pessoas que quero do meu lado?
Tudo o que faço sempre foi, e sempre será para que eu não tenha uma vida com tantos arrependimentos.
Preto é tido como algo que nunca sai de moda, um clássico, algo atemporal. Há inclusive, uma expressão bem conhecida, “the new black”, usada para algo que está na moda, em alta:
The orange is the new black (o seriado)
The minimalism is the new black
The love is the new black
The gray is the new black
E por aí vai, os exemplos poderiam ser infinitos.
Este ano, definitivamente, o conforto se tornou o “the new black”.
Estou desde março trabalhando de casa, e apesar de parecer fácil, não tem sido nada fácil, principalmente porque as crianças (que também não estão indo para a creche) não entendem que você, apesar de estar na frente delas, não está disponível, pois tem que trabalhar, entregar projetos, fazer reuniões, além de cozinhar diversas vezes por dia, limpar a casa.
Como não estamos em um período normal, também não estamos passeando, nem levando as crianças para parques, e isso eleva a tensão, já que estamos todos confinados em um apartamento. Apartamento esse, que tem um aposentado que mora no andar de baixo, então preciso ficar a todo momento pedindo para as minhas filhas não pularem, não baterem no chão, não arrastarem os móveis, para não incomodar o vizinho de baixo. Esses dias, enquanto estava trabalhando até tarde da noite, até chorei, de tão cansada que eu estava.
O conforto então, acaba sendo um acalento para a alma, um retorno à essência.
A beleza passa a não ser tão importante, e o conforto se torna o protagonista.
Eu já tinha um escritório, mas só descobri que o modelo da cadeira que eu amava de paixão não era confortável para trabalhar, quando tive que ficar sentada por horas. Se fosse hoje, teria escolhido uma cadeira mais confortável.
As roupas tem ido pelo mesmo caminho. Eu não uso calça jeans em casa, nem tenho usado as blusas que não esticam, que não absorvem suor. Começamos a dar mais valor àquelas roupas que tem tramas macias, malhas gostosas, mais confortáveis para o corpo.
Idas aos restaurantes foram substituídas por comidas denominadas comfort food, que traz memórias afetivas, comida que cheira à felicidade, que cheira a casa da mãe.
Me rendi a alguns eletroportáteis para agilizar alguns serviços da casa, como por exemplo, a Airfryer. Outro dia estava assando batata doce chips para as minhas filhas, e ter ficado 2 horas na frente do forno foi o estopim para comprar a fritadeira elétrica, pois começou a incomodar o tanto de tempo que eu permanecia na cozinha, além do valor da conta do gás, que tem aumentado todos os meses.
Não vamos esquecer também da Table Grill (churrasqueira portátil que usa carvão que comprei neste ano) e também da Stone in Box (um forno que faz pizzas deliciosas, melhores que de muitas pizzarias, comprada no ano passado) que me garante belas diversões nos fins-de-semana.
Começamos a valorizar mais as janelas, o sol, o vento, a claridade. Tanto que um dos fatores de ter escolhido este apartamento em que estamos morando agora, era por ter uma varanda, e pelo apartamento ser de quina. Isso significa que tenho sol da manhã entrando pela sala e o sol da tarde entrando nos quartos, cozinha e lavanderia.
Sabíamos que era bom, mas começamos a apreciar ainda mais um bom chuveiro, uma toalha macia, um sofá confortável, um bom colchão. Até o cheiro do sabonete estou escolhendo com mais dedicação.
A casa não é mais um lugar apenas para dormir, e sim, um lar para passar os dias. Se tornou o local de trabalho, o local de lazer e o local de descanso.
Transformar a minha nova casa em um lar, torna-lo um lugar agradável, tem sido uma tarefa que está valendo muito a pena.
Resolvi escrever sobre esse assunto, porque é algo que tem chamado muito a minha atenção, de como o mercado lucra com a nossa infelicidade.
Se não existissem tantas pessoas desconfortáveis com o próprio corpo, não teria tantos produtos sendo vendidos por aí para esta finalidade: cinta modeladora, cremes anti-rugas, anti-flacidez, anti-celulite, anti-idade, livros de dieta, livros de auto-ajuda, entre tantos outros itens.
Se fôssemos mais autoconfiantes, será que sentiríamos essa necessidade de trocar tanto de roupa como trocamos? Ter tantos sapatos, blusas, colocar tanta maquiagem no rosto… Talvez não sentíssemos a necessidade de trocar de celular todos os anos, trocar de carro mesmo sem necessidade, postar fotos de viagens nas redes sociais só pra mostrar que estamos podendo.
A verdade é que o mercado sabe que pessoas felizes não dão lucro, e incentiva o medo e a insatisfação para fazer a economia girar.
Temos medo de nos tornar pobre. Temos medo de ser diferente. Medo de ser feio. De ficar doente. De perder emprego. Da violência. Temos medo de ser ignorado. De não ser bom o suficiente. Medo da solidão. Da velhice. Da morte.
Nos preocupamos com coisas que nem aconteceram ainda, e em muitos casos, nem vai acontecer, já que normalizaram a insegurança, a angústia, o medo, a escassez.
É o medo do medo. E vivendo entre tantos medos, esquecemos de viver.
Tentamos diminuir esses medos gastando nosso dinheiro, porque foi assim que nos ensinaram. Pagamos por um plano de saúde, porque temos medo de adoecer. Pagamos por uma escola boa, porque temos medo dos nossos filhos não terem oportunidades. Pagamos para morar em um bairro bom, porque temos medo da violência. Pagamos por luxos e entretenimentos caros, porque nos disseram que isso tem nome: felicidade.
Com tantas publicidades que nos distanciam da própria essência, a busca por essa felicidade idealizada se torna algo quase inalcançável, inatingível. A busca pelo corpo perfeito, a pele perfeita, uma vida financeira perfeita, uma casa perfeita, um relacionamento amoroso perfeito, a obsessão pela saúde, pela segurança… Tudo para gastarmos cada vez mais, para buscarmos uma vida de perfeição (que não existe).
Será que felicidade não seria pequenos momentos de alegria, satisfação e bem-estar?
Eu lembro de um episódio que me trouxe muita felicidade. Desde criança, sempre gostei de música clássica, tinha uma pequena coleção de fitas K-7 que minha tia gravava pra mim.
Tinha uma música em especial que apesar de ter ouvido algumas vezes em filmes, trechos de comercial, nunca consegui descobrir a autoria. Era janeiro de 2011, quando ouvi de longe, uma pessoa tocando no piano a tal da música que sempre gostei. Num ímpeto de pressa com comoção, com medo de perder o momento certo de abordá-lo, toquei no ombro daquele homem e pedi para que ele me falasse o nome da música que ele havia acabado de tocar.
Essa descoberta foi tão importante para mim, que eu casei com meu marido com um quarteto de cordas tocando essa música. Pra mim, ter descoberto o nome da música naquele dia era felicidade tocando em mim. Ter casado com meu marido ao som desta música, era felicidade dentro de mim.
Precisamos começar a avaliar se a felicidade que nos vendem é de fato felicidade para nós. Ou se é felicidade (lucro) para as empresas.
Eu já fui enganada tantas vezes que até perdi as contas rs.
Hoje eu sei que se eu perguntar para um vendedor de uma loja de roupas se “Esta roupa é de qualidade?” é claro que ele vai responder que sim.
Da mesma forma que se eu perguntar “Qual é o melhor investimento para mim?” o gerente do banco vai me indicar um título de capitalização ou uma previdência privada, porque vai perceber que eu não entendo nada de investimentos.
Um bom exemplo, foi o que aconteceu com uma amiga. Ela queria abrir uma conta em uma corretora de valores. Indiquei o meu assessor de investimentos, pois ele sempre foi rápido nas respostas e muito prestativo. Qual não foi a surpresa quando minha amiga disse que ele indicou uma previdência privada? Perguntei qual foi a pergunta que ela tinha feito, e ela prontamente respondeu: “Qual o melhor investimento para longo-prazo?”. E aí o assessor percebendo que ela não sabia de muita coisa, disse que era uma previdência privada.
Corretor de imóveis
Fiquei sabendo que a creche onde minha filha frequentava, estava procurando um imóvel maior, e que tinham encontrado uma casa maravilhosa, por R$9.000 o aluguel. O corretor de imóveis aconselhou o proprietário a não alugar para a creche municipal, pois a prefeitura poderia não pagar os aluguéis. Sinceramente, não sei nem de onde ele tirou essa ideia, eu já acharia justamente o contrário, imagina como seria bom alugar para a prefeitura, quantos anos de aluguel estaria garantido… Mas o proprietário decidiu não alugar para a creche, seguindo o conselho do corretor de imóveis, e o imóvel ficou vazio. Depois veio o coronavírus, as escolas fecharam, e agora com a crise pairando o nosso país, não acho que ele irá conseguir alugar um imóvel tão grande facilmente.
Gerente de banco
Muita gente já deve ter passado pela mesma situação. Lembro quando recebi meu primeiro salário de estagiária em uma empresa multinacional. Havia uma agência bancária do Itaú dentro dessa empresa. Saí da agência com um título de capitalização, pois o gerente disse que era o melhor investimento que eu poderia ter, para quem estava começando a investir. E ainda ficou tentando me empurrar um seguro…
Nutricionista
Também já fui numa nutricionista que falava que eu não iria emagrecer se não praticasse exercícios físicos, e que deveria comer de 3 em 3 horas (mesmo sem fome), lanchando pão com frios, que nem é algo tão saudável para se comer. Nem preciso dizer que não emagreci.
Foi só depois que comecei a estudar sozinha, que entendi como funciona o meu corpo. Emagreci 12 quilos em 3 meses, sem ter passado 1 único dia de fome e zero de exercício físico.
Contador
Eu até tinha um contador, mas parei de pedir os serviços dele, quando ele me aconselhou a abrir uma previdência privada no nome da minha filha.
Eu já estava investindo em renda variável, então se fosse para ter um contador, gostaria de ter um contador que também investisse em renda variável, pois nada como a prática para alcançar a excelência. Com o tempo, passei a estudar por conta própria.
Aliás, eu não tenho conta de investimentos no nome das minhas filhas, porque eu já tive 18 anos e sei o que elas vão fazer com o dinheiro (vai virar pó). Então antes de me preocupar com elas, eu me preocupo com a minha própria estabilidade financeira. Claro que quando elas crescerem mais um pouco e quiserem abrir uma conta pra guardar uma parte da mesada, aí sim, irei auxiliá-las com muito prazer.
Por essas e mais outras que sempre que possível, o melhor é não sair acreditando na primeira pessoa, nem na segunda, nem na terceira. Estudar e verificar se aquele conselho realmente faz sentido, é o melhor que podemos fazer.
Descobri isso muito cedo, alguns meses depois que ela começou a falar. Achei estranho, a boca torta no momento de falar, a bochecha enchia como se precisasse fazer força, já tinha visto essa cena inúmeras vezes quando era criança.
Aguardei alguns meses, a gagueira começou a ficar mais evidente. Ninguém em casa ainda havia percebido.
Pois bem.
Eu tenho uma irmã que tinha gagueira severa.
Eu era pequena, e cresci vendo minha irmã mais nova tendo muitas dificuldades na fala. Ela pulava pra voz sair, ficava vermelha e sem ar, batia no próprio peito, batia na cabeça para que as palavras pudessem sair. E as palavras não saíam. Vi pessoas chutando palavras aleatórias com o intuito de ajuda-la, o que acabava irritando-a ainda mais.
A gagueira é um distúrbio neurológico que provoca um mau funcionamento nas áreas do cérebro que dificulta a fala. Apesar de 95% dos casos de gagueira ter fator hereditário, fonoaudiólogos disseram que minha irmã era gaga por sermos bilíngues, e que minha mãe tinha que tomar a decisão de escolher uma única língua. Ou seja, abandonar o japonês e falar somente português.
O início da gagueira da minha irmã coincidiu com o falecimento precoce do meu pai, e durante muitos anos, minha mãe achou que a gagueira tinha causa psicológica, por conta da ausência da minha mãe para trabalhar sustentar a família.
Minha mãe ignorou todos prognósticos dos especialistas e ela mesma passou a treinar a fala da minha irmã. Sem conhecimento específico, criou exercícios baseando-se na própria intuição. Todos os dias, a todo momento, quando íamos para a escola, quando voltávamos da escola, quando estávamos jantando, minha mãe estava lá, treinando com ela.
Hoje, a minha irmã tem 36 anos, é bilingue, e há mais de uma década, a gagueira dela é imperceptível. Uma conquista da minha irmã, mas a vitória é da minha mãe.
Minha filha ri em voz alta, fala do jeitinho dela, gaguejando, é estimulada a todo momento pela irmã mais velha que tira os brinquedos da mão e sai correndo. Ela contesta, argumenta, briga, chora, e tudo isso faz com que ela fale muito.
Claro que não é fácil, principalmente, porque eu sei como a gagueira afeta na qualidade de vida de uma pessoa.
Mas nessas horas, insisto em lembrar que se a minha mãe conseguiu tratar a gagueira severa da minha irmã, sem marido, sem tempo, sem dinheiro, sem internet, sem conhecimento científico, por que eu não conseguiria, se tenho o apoio do meu marido, tenho tempo, posso contratar um fonoaudiólogo, e ainda tenho internet que me permite acessar as últimas pesquisas sobre o assunto?
Ter visto a luta da minha mãe é ter a certeza de que tudo ficará bem.
O que me resta é agradecer por poder ouvir a voz doce da minha filha, por ela conseguir expressar os sentimentos através da fala, por ser uma criança saudável, por ser uma criança generosa.
A gagueira não tem cura, mas pode muito ser atenuada, até se tornar imperceptível.
Daqui a 10 anos (tempo que considero suficiente para mudar a trajetória da vida), volto para compartilhar com vocês que a conquista foi da minha filha, mas que a vitória é minha.
A gente tem o costume de dizer para os outros a própria idade. Tenho 20 anos. Tenho 35 anos. Tenho 50 anos.
Só que há uma conta reversa que sempre faço, e é daí que vem a minha sensação de como Tempo é algo muito, muito precioso.
Quer ver? Essa é a minha Tábua da Vida. A minha vida dos 0 aos 80 anos.
Se eu considerar que viverei até os 80 anos de idade (achou pouco? Olhe a tábua completa de mortalidade do IBGE), significa que eu já “queimei” praticamente metade de tudo o que eu posso viver, já que tenho 39 anos.
Legal, ainda parece que tenho bastante tempo de vida.
Só que a gente esquece que ALGUNS MOMENTOS, são MAIS PRECIOSOS que outros. Por exemplo, a convivência diária com as minhas filhas. Eu e meu marido, saímos de casa aos 17 anos para fazer faculdade em outra cidade. Eu sei que uma vez saindo de casa, dificilmente elas voltarão a morar comigo. Se eu considerar que elas irão alçar vôo com a mesma idade, vamos dar uma olhada quanto tempo tenho de convivência diária com elas:
Bom, agora já não parece que tenho tanto tempo assim, não é mesmo? Tenho mais 11 anos para viver intensamente com elas (e já se passaram 5, ou seja, 1/3 de convivência diária) e dar uma criação e educação decente, pois se elas saírem de casa cedo, não terei arrependimentos de não ter dado a devida atenção.
Agora vou fazer o mesmo exercício em relação a minha mãe. Ela tem 71 anos. Pela tabela do IBGE, viveria mais 14 anos. Eu teria 53 anos. Veja como eu também tenho pouco tempo.
Agora imagine eu, tentando empurrar todas coisas que gosto para a velhice, postergando minha vida para depois dos 65, 70 anos de idade, quando eu me aposentasse pelo tradicional INSS.
Repare que não temos tanto tempo como imaginamos.
Não quero chegar na terceira idade, e ver que minha juventude foi desperdiçada, que não fiz as coisas que queria ter feito.
Temos a péssima mania de empurrar sonhos, deixar tudo pra depois. Ah, vou viajar depois, vou andar de bicicleta depois, vou no show daquela banda na próxima oportunidade, depois eu faço, depois eu leio o livro, depois eu falo com a pessoa…
Uma coisa que eu e meu marido sempre conversamos é que não adianta dar atenção para os filhos, quando eles já tiverem perdido o interesse por nós. Não adianta se arrepender de não ter dado atenção para os pais, depois que eles morrerem.
Há coisas que o Tempo não espera.
Precisamos viver bem, cuidar da saúde, cuidar da família, dos filhos, estar sempre com os amigos, sair para se divertir, para quando olharmos para trás (e esse dia vai chegar mais rápido do que imaginamos), sejamos inundados com a sensação de missão cumprida.
Quase em frente ao meu prédio, tem um prédio de alto padrão.
Os apartamentos deste prédio possuem uma varanda enorme que vai de uma ponta até a outra ponta.
Praticamente todas as varandas dos andares, possuem mesas com cadeiras, plantas para decoração, quadros na parede etc.
Vejo também funcionárias uniformizadas, limpando de forma vigorosa os vidros das varandas.
Mas o que eu nunca vejo são pessoas sentadas aproveitando essa maravilhosa varanda.
Onde estão essas pessoas? Será que estão trabalhando para pagar o que comprou?
Eu, com a minha varanda modesta, abro todas as manhãs pra sentir o vento no rosto. Tomo um café com leite apreciando a vista. Coloco as minha filhas para brincar de água nos dias quentes. Cuido das minhas plantinhas. Às vezes levo a mesa de centro para as minhas filhas brincarem de tinta. Nas noites quentes, eu e meu marido colocamos umas almofadas no chão para conversarmos, enquanto beliscamos algo para comer.
No bicicletário do meu prédio, é muito fácil identificar as poucas bicicletas que não estão com aquela poeira grossa. Ou seja, de quase 30 bicicletas penduradas, apenas 2 não têm poeira. Todas as outras, estão encostadas há pelo menos 1 ano, sem uso.
Pensando nisso, fiquei avaliando quantas coisas compramos e não usamos.
Talvez aquela roupa de academia, o tênis para fazer trilha, roupas e acessórios de festa…
Material de escritório como clips, elástico, grampeador, furadeira, bloco de anotações, canetas, cadernos, calculadora, pastas…
O estojo completo de chaves de fenda, a furadeira, a parafusadeira, a caixa de parafusos e pregos…
Tantos conjuntos de pratos disponíveis em casa, quantos realmente são usados? Fora os copos, as taças, os talheres, potes plásticos, panelas, frigideiras…
Quantas calças encostadas sem uso (porque não cabe, porque precisa fazer ajustes), quantas camisas sem uso (porque não cai tão bem no corpo, porque precisa passar antes), quantas mochilas e bolsas guardadas (porque um dia pode ser útil)…
Pagou caro por uma televisão de última geração e um sofá grande…. mas não tem tempo para sentar no sofá e assistir um filme. Ou só assiste YouTube pela tela do smartphone.
Quantos canais de televisão, quantos programas, documentários e filmes na fila para assistir. Quantos livros comprados sem ler, quantos cursos comprados sem terminar, quantas promessas feitas, quantas obrigações que vão se acumulando ao longo do dia, do mês, do ano…
Pegue um tempo do seu dia para analisar tudo isso.
Você tem tempo para usufruir o que comprou?
Se a resposta for não, algo precisa ser ajustado: ou você tem MUITAS COISAS, ou precisa escolher melhor as PRIORIDADES.
Eu mesma, fiz essas duas coisas há muitos anos (e continuo fazendo, porque de tempos em tempos, a bagunça sempre reaparece): eliminei coisas e aprendi a ter prioridades.
O benefício é praticamente instantâneo: TEMPO LIVRE.
Hoje quero compartilhar uma notícia com vocês… estou saindo de São Paulo.
Não, diferente da Sempre Sábado, não pedi demissão do meu emprego rsrs.
Então já devem imaginar que a cidade escolhida é relativamente próxima de São Paulo, pois apesar de hoje trabalhar remotamente por conta da pandemia, ainda acredito que um dia voltaremos a normalidade e trabalhar de forma presencial. Pelo menos é assim que quero acreditar.
Esse momento em que nos encontramos atualmente, acabou trazendo muitas reflexões para mim e para o meu marido.
Meu marido sempre teve vontade de sair de São Paulo. Desistiu de morar no exterior por minha causa. Desistiu de propostas de emprego em outros estados por minha causa. Mas quando ele citou uma determinada cidade, algo acendeu dentro da minha cabeça e surgiu a pergunta:
“Por que não?”
A cidade é próxima de São Paulo, minha mãe ainda conseguiria ver com frequência as netas, eu poderia continuar no meu trabalho, meu marido ficaria muito feliz, minhas filhas teriam mais qualidade de vida, praças e parques à disposição, uma cidade menor facilitaria inclusive a minha vida, já que poderia levar as crianças a pé para a escola, para a casa das amigas, passeios à lazer.
Inclusive, é uma cidade em que eu seria muito feliz sendo FIRE.
Conversamos sobre prioridades, do que era importante para nós.
Dei início à muita, muita pesquisa. Passei dias, semanas e meses verificando a viabilidade dessa mudança de cidade, afinal, mudar sozinha é uma coisa, mudar com a família é outra responsabilidade. Calculei rotas, distância para o trabalho, opções de condução, preço dos imóveis, qualidade e localização das escolas, taxa de criminalidade, a escolha do melhor bairro para quem não tem carro (porque ainda pretendo não ter um), a estrutura do bairro e o que ele proporciona em relação a qualidade de vida… e depois de tantas perguntas respondidas, finalmente, com frio na barriga, decidimos sair de São Paulo.
Decidido o bairro, olhei no Google Maps todos os serviços que costumo utilizar: supermercados, feiras de rua, farmácias 24 horas, locadoras de carros, academias, padarias, lojas de jardinagem, papelarias, hospitais, parques e praças, tudo que possa ser útil no meu dia-a-dia.
Após conhecer os principais serviços do bairro, gosto de morar bem no meio de todas as coisas que eu preciso, porque desta forma, tudo será perto da minha futura residência. Basicamente, coloco meu dedo no mapa e digo assim “vou morar exatamente aqui”. E com isso, tenho de 2 a 3 nomes de ruas específicas que desejo morar.
Depois que aprendi esse meu jeito particular de escolher imóveis, eu nunca mais escolhi um lugar para morar de forma aleatória. Eu não escolho minha casa por causa do prédio, se tem varanda gourmet ou academia. O meu principal critério sempre foi a localização.
Somente depois de escolher a rua (e em muitos casos, tenho nome da rua, e a quadra que quero morar), que inicio o monitoramento de oportunidades em sites de imobiliárias. Ou seja, quando vou buscar um imóvel, já conheço bem as ruas do bairro e sei inclusive o nome da rua que quero morar.
Tudo aconteceu muito rápido. Encontrei um imóvel bem na rua que queríamos morar, exatamente na quadra que desejávamos, com um valor abaixo do que esperávamos pagar. Em menos de 1 mês, tudo estava acertado, essa é a vantagem de morar de aluguel.
O meu futuro apartamento tem uma pequena varanda com vista livre, bate sol de manhã e à tarde, fica em uma rua bastante tranquila em um bairro muito, muito bem localizado.
Para quem acha que bairro bom, costuma ser caro, acertou. Daí a importância de não ficar acumulando tralhas dentro de casa. Imagine ao invés de alugar um apartamento de 100m2, alugar um de 60m2. Sai bem mais em conta.
Apesar da família ter dobrado de tamanho (antes era eu e meu marido, hoje somos em 4 pessoas) a cada mudança, o tamanho do caminhão que contratamos vai diminuindo.
Aliás, o tamanho da casa também tem diminuído. Antes eu morava em um apartamento que possuía quintal, num total de 120m2. Depois morei em um apartamento de 85m2. Hoje moro em um apartamento de 70m2. E apesar da imobiliária ter informado que o meu próximo apartamento tem 70m2, desconfiei que ele era menor, e levei uma trena para medir. Sim, ele tem 60m2.
Tendo menos coisas, conseguimos morar em um apartamento do tamanho da nossa real necessidade. Nem mais, nem menos. Não precisamos de um quarto extra para armazenar as tralhas, nem de uma cozinha grande, pois teremos somente o necessário. Isso significa que é possível morar em um apartamento menor do que a maioria das pessoas que possuem muitas tralhas. Se o apartamento é menor, paga-se menos pelo aluguel, menos pelo condomínio, menos energia (pois usamos lâmpadas de menor potência), menos móveis, menos produtos de limpeza, menos tempo limpando e arrumando a casa.
Durante alguns meses, enfrentaremos o período de transição, já que minhas filhas ainda frequentarão a creche de São Paulo (e não quero abrir mão, já que a creche é maravilhosa), mas assim que elas forem entrando no ensino fundamental, sei que as coisas vão se tornar cada vez mais fáceis, já que a tendência será concentrar tudo na cidade em que moraremos.
Com um sentimento de profunda gratidão, deixo meu apartamento em São Paulo. Guardarei ótimas lembranças desse período, pois fui muito feliz.
Na minha nova cidade, vou continuar fazendo tudo a pé. E é desta forma que eu consigo desacelerar o ritmo da cidade, aliando qualidade de vida e localização estratégica, pois já faz um tempo que eu percebi que a cidade desacelera quando a moradia tem localização estratégica.
Encerro este post com uma frase do marido:
Nós não seremos felizes no novo apartamento.
Nós CONTINUAREMOS sendo felizes no novo apartamento.
Semana passada, uma leitora perguntou quais foram as estratégias que utilizei para mudar minha forma de pensar em relação a alguma coisa que eu queria muito.
Quando eu quero muito uma coisa, costumo pensar tudo de trás pra frente.
Eu penso como estarei e serei, no futuro.
E aí, como se eu estivesse rebobinando a fita (essa é para os antigos heim), vou voltando no tempo até chegar nos dias de hoje.
No caso da Aposentadoria Antecipada, depois que minha primeira filha nasceu, eu descobri o quanto queria ficar perto dela, mas não podia, pois tinha que trabalhar para pagar as minhas contas. Uma coisa óbvia, mas que me fez perceber o quanto eu não era livre como costumava achar. Depois de fazer diversas buscas pela internet, descobri a comunidade FIRE (Financial Independence Retire Early) e eu decidi um limite de idade para aposentar antecipadamente.
Por ter descoberto isso somente depois de me tornar mãe, não poderia parar de trabalhar enquanto elas fossem pequenas, mas saber que era possível parar de trabalhar muito antes da maioria das pessoas me animou muito. Tentei imaginar qual seria uma renda ideal, e assim, estabeleci um valor confortável para viver. Mas vocês sabem que sou muito prudente, e principalmente levando em conta que tenho 2 crianças em idade escolar, achei mais seguro dobrar esse valor. Num cenário com muita folga (vamos chamar de cenário pessimista: aportes baixos, juros baixos), eu poderia me aposentar quando minhas filhas tivessem 16 e 14 anos de idade.
Com o valor mensal (dobrado) desejado na cabeça, fiz o cálculo da Taxa Segura de Retirada de 4% para saber o montante total do patrimônio que eu deveria juntar. Quem tiver dúvida sobre esse cálculo, consulte aqui o artigo do Aposente-se aos 40.
Já ciente do valor do patrimônio total, peguei uma calculadora de juros compostos e fui ajustando as variáveis: 1.) o valor do patrimônio que eu já possuía, 2.) do tempo que eu tinha até a aposentadoria antecipada, 3.) a rentabilidade estipulada, e finalmente, 4.) os valores dos aportes.
Com isso, descobri qual era o valor que eu precisava aportar todos os meses, se eu quisesse aposentar mais cedo. Fui fazendo as contas até chegar dentro dos meus padrões orçamentários. Já com o projeto em andamento, meu papel era eliminar excessos e desperdícios, além de aumentar os aportes para antecipar a data da aposentadoria.
Quando sei onde quero chegar (futuro), não é difícil voltar no tempo até os dias de hoje (presente) para avaliar o que estou fazendo de errado. Assim, tenho tempo suficiente para corrigir minhas atitudes de hoje, para que o meu futuro se torne algo bem próximo do que imagino.
Se há algo que me incomoda e não mudo, meu futuro será uma bola de neve das atitudes não tomadas de hoje. E há uma grande pergunta que joga toda responsabilidade em mim:
“O que estou fazendo hoje para sair desta situação?”
Enquanto a resposta for “Nada” eu entendo que não tenho o direito de reclamar, porque não estou fazendo nada para sair daquela situação.
Outra coisa legal de se fazer é fatiar as grandes tarefas em tarefas minúsculas, tão pequenas que são fáceis de serem executadas.
Ou seja, é difícil pensar em algo grandioso como a independência financeira, mas não vamos esquecer que para isso acontecer, precisamos começar com o primeiro 1 real.
Pra mim, são como tijolinhos, um por um, vou assentando, sabendo que uma hora a minha “construção” estará pronta. Com as tarefas é a mesma coisa. Sei que no final de todas as tarefas pequenas executadas, provavelmente, terei grande chance de ter conseguido o que eu quero.
Temos que usar os nossos erros (e os erros dos outros) como uma grande escola. Ter a capacidade de reconhecer os próprios erros e principalmente, ter a humildade para desaprender algo que aprendemos errado.
A dor e a raiva que sentimos podem ser transformadas em várias coisas, uma delas é ressignificar o sentimento ruim e usar como uma mola propulsora. Foi por querer fugir da violência sofrida em casa pela minha própria irmã que eu passei em uma universidade pública em outra cidade. Foi por não querer continuar mais no trabalho em que estava, que eu passei num concurso público concorrido. Foi por causa do meu divórcio que meu segundo casamento está sendo encarado de outra forma. Foi por querer ficar mais tempo com as minhas filhas que eu decidi pela independência financeira.
Os dias difíceis podem se tornar um combustível. Somos forçados a mudar, a ter mais garra, nos tornamos mais fortes, nor tornamos maiores.
Claro que tem muita gente que consegue fazer coisas fantásticas sem passar por dificuldades. Mas no meu caso em particular, as dores foram essenciais para o meu crescimento.
A gente sabe que a vida é um eterno recomeçar e que viver é um desafio. Pedras pequenas e pedras grandes fazem parte do nosso dia-a-dia. Claro que o caminho que seguimos bem que poderia ser mais reto, sem tantas curvas. Mas é o caminho que temos e podemos aprender muito com ele.
Podemos lamentar e reclamar. Ou podemos aceitar os erros, transformá-los em grandes aprendizados e por fim, ter orgulho do caminho que percorremos e da pessoa que nos tornamos.
Depois do meu primeiro casamento que culminou em divórcio e outro, onde me encontro feliz em um relacionamento de mais de 10 anos, comecei a listar uma fórmula pessoal para um relacionamento dar certo. Saliento que é apenas uma percepção minha, baseado na minha famosa teoria do nada rs.
Para um relacionamento dar certo, listo 7 tópicos essenciais:
1.) Auto-conhecimento
Uma coisa que é essencial para um relacionamento dar certo é o auto-conhecimento. De nada adianta começar um relacionamento com qualquer um, sem compreender o que queremos, e PRINCIPALMENTE, o que não queremos. Quando nos conhecemos melhor, passamos a não nos importar tanto com o outro, aprendemos a lidar com a solidão, a respeitar os nossos limites, as nossas vontades, e assim, finalmente, a ter amor-próprio.
Eu sempre soube o que eu não queria. Não queria um homem machista, um homem violento, agressivo. Nunca quis alguém que podasse minha forma de vestir, minha forma de falar, muito menos a minha forma de pensar. Eu sempre apreciei homens sensíveis, carinhosos, cuidadosos. Eu não queria assistir um filme e ficar sonhando com um homem romântico, e ter em casa um homem completamente diferente. E por saber e buscar isso, sempre fui muito bem cuidada nos meus namoros.
2.) Amor próprio
Você conhece pessoas que dizem que se amam, mas todo o comportamento é de quem não tem amor próprio? Há muitas pessoas assim. Terceirizam a felicidade para a outra pessoa, achando que a responsabilidade da própria felicidade é sempre do outro. Quem tem amor próprio, costuma gostar da própria companhia, do silêncio, aprecia a solidão, reconhece os próprios defeitos, não se anula para agradar a outra pessoa e principalmente, não aceita relacionamentos abusivos.
Outra coisa importante é escolher alguém que nos apoia. Parece uma coisa óbvia, mas é difícil encontrar alguém que nos apoia de fato. Encontrar alguém que extraia o nosso melhor, é melhor do que ganhar na loteria. Já contei pra vocês, que meu marido é essa pessoa. Ele fica jogando confete em mim, elogia, incentiva, mostra a todo momento que eu sou uma pessoa especial. Ele é a pessoa que tenta extrair o que eu tenho de melhor, e faz com que eu tente ser uma pessoa melhor a cada dia.
3.) Combinar nas “coisas grandes”
Geralmente, acabamos gostando de alguém por combinar nas coisas pequenas da vida: o tipo de filme que gostamos, o estilo musical da qual ouvimos mais, gêneros literários, hobbies parecidos e por aí vai.
Mas o que facilita uma união não são as coisas pequenas, e sim, sobre como pensamos e enxergamos a vida em relação às coisas grandes.
Imagine o conflito familiar onde uma das pessoas é a favor da educação pública, enquanto a outra é totalmente contra? O que aconteceria se um dos pais insistisse em colocar seu filho em uma escola pública? Ou quando uma pessoa acredita em Deus enquanto a outra é atéia e um dos pais quer batizar o filho?
Imagine o caos viver com uma pessoa completamente diferente nas ideologias? As opiniões iriam divergir a todo momento, gerando conflitos. Pense em outras questões importantes como política, religião, direitos sexuais, homofobia…
Eu e meu marido por exemplo, somos água e óleo nas coisas pequenas. Ele ouve heavy metal e eu música clássica; temos hobbies completamente diferentes, ele é apaixonado por bike, eu por artesanato; gosto de filmes leves enquanto ele ama filmes dramáticos. Eu gosto de ler livros de auto-desenvolvimento, enquanto ele lê livros sobre política. Ele ama doces, eu amo cítricos. Ele não gosta de comida japonesa… e bom, eu amo.
Mas em compensação, pensamos de forma muito parecida em relação às coisas grandes, nas coisas que importam.
Temos a mesma opinião em relação a política, a educação, a religião, aos direitos sexuais, a homofobia, ao racismo e outros assuntos que podem ser considerados polêmicos.
Não estou falando que temos que nos relacionar com pessoas iguais a nós. Longe de mim. Mas se relacionar com pessoas que tenham os mesmos princípios éticos, religiosos, morais e sociais facilita e muito, principalmente quando o casal tem filhos.
Talvez esse seja um dos motivos que mesmo após 10 anos juntos, nossa vida seja harmoniosa e pacífica, mesmo sem grandes esforços. Eu mudei muito e ele também (vamos chamar isso de evolução pessoal), mas ainda pensamos de forma muito similar nas coisas que importam.
4.) Saber que nenhum relacionamento começa pronto
Esse é outro ponto, pessoas querem relacionamentos prontos. E isso não existe. Existe o que eu chamo de lapidação do relacionamento. Um abre mão aqui, o outro abre mão ali, e com isso o relacionamento vai se moldando de acordo com a tolerância do outro. Há coisas que eu não abri mão, da mesma forma que ele também não abriu mão. Mas há outras inúmeras coisas que abrimos mão, para não magoar o outro, mas sem desrespeitar os nossos limites.
5.) Reconhecer que o relacionamento nunca estará pronto
Sim. Nunca.
Porque somos pessoas em evolução e mudança constante. Aquela pessoa que meu marido conheceu há 10 anos, não existe mais, pois se transformou em outra. E é fundamental ter essa noção de que pessoas se transformam.
De tempos em tempos, nós temos ajustes no relacionamento, no comportamento do outro, o que continuamos gostando, o que passamos a não gostar, o que podemos fazer de diferente, o que mudou para melhor, o que mudou para pior. E por várias vezes, percebemos que se não tivéssemos feito aquele ajuste fino naquele período, nosso relacionamento seria muito diferente hoje.
6.) Conhecer a linguagem do amor do parceiro
Eu conheci o livro As 5 linguagens do amor (do Gary Chapman) e posso dizer que mudou a minha forma de enxergar as pessoas. Segundo o autor, há 5 linguagens do amor:
Palavras de afirmação
Qualidade de tempo
Presentes
Gestos de serviço
Toque físico
Há relacionamentos que terminam, porque os casais falam linguagens diferentes e não conseguem falar a linguagem do outro. Enquanto para um, a linguagem do amor são “presentes”, para o outro pode ser “qualidade de tempo”. Então se uma pessoa compra diversos presentes e mimos para a outra (porque a sua forma de demonstrar amor é comprando presentes), mas a linguagem do amor da outra seja outra, ela não consegue transmitir todo o seu amor, porque os dois estão falando linguagens diferentes. Ambos ficam frustrados, pois não percebem a intenção do outro.
Por coincidência, eu e meu marido falamos a mesma linguagem do amor: qualidade de tempo. Aí vocês começam a entender, porque valorizamos tanto o nosso cafés-da-noite, nosso vale-night etc. São nesses momentos que conseguimos encontrar tempo para sentar e conversar sobre as coisas da nossa vida, assistir um filme, sonhar juntos, alinhar nosso futuro. Já perdi as contas de quantas vezes ficamos conversando até às 3 horas da madrugada, simplesmente porque perdemos a hora conversando. É nesse momento que abastecemos o nosso tanque do amor, porque estamos falando a mesma linguagem do nosso amor: tempo de qualidade.
7.) Amar é uma decisãodiária
Isso significa que o relacionamento não pode ser deixado de lado. É preciso cuidar, respeitar, amar, ouvir, e principalmente, prestar atenção no outro.
Quando paramos de prestar atenção no outro, paramos de ouvir, paramos de cuidar. Com o tempo paramos de respeitar, e finalmente, paramos de amar.
É necessário esforço para o relacionamento dar certo, tirar lições de cada discussão, entender que estão juntos por uma decisão, e não por falta de opção. E essa determinação para dedicar tempo e amor ao casamento é uma decisão que foi tomada há alguns anos, então que seja feita da melhor forma. Amar é uma decisão diária.
E é isso.
Então quando alguém me pergunta como é possível ser feliz em um casamento após 10 anos de relacionamento (com 2 crianças que tentam interromper nossa conversa a cada 2 minutos), é tudo o que tenho para falar: “tenho 7 tópicos importantes para compartilhar com você”.
Há uma frase oriental em que diz que “em noites de tempestade, as árvores rígidas são as primeiras a quebrar, enquanto as árvores flexíveis se curvam e deixam o vento passar”.
O QUE PODE ACONTECER DE PIOR?
Alguns dos meus amigos dizem preferir viver um dia de cada vez. Já eu, acho que viver um dia de cada vez, significa levar susto a cada curva do caminho. “Reduziram meu salário!”, “Fui demitido!”, “Fiquei doente, para onde eu vou?”, “Não consigo pagar mensalidade da escola, onde meus filhos irão estudar?” e por aí vai.
Eu e meu marido já conversamos e compreendemos que o pior que pode acontecer nesta crise, é morrer. Claro que não pretendemos morrer, mas deixamos algumas coisas ajeitadas como:
uma reserva de emergência em ambas contas bancárias;
um pouco de dinheiro guardado em casa, em caso de urgência extrema;
se ficarmos com falta de ar, qual hospital devemos ir (que o convênio cubra);
se ficarmos com uma doença aleatória, qual hospital devemos ir (que o convênio cubra);
se o hospital do convênio estiver sem leito de UTI, quais hospitais particulares/públicos iremos?
Também temos tomado sol (na medida do possível), nos alimentando bem, e principalmente, cuidando da nossa saúde mental.
MEU SALÁRIO
Há uma possibilidade real do meu salário ser reduzido.
Apesar disso, não me preocupo muito com isso, porque além de ter uma boa reserva financeira, tenho algumas cartas na manga para enxugar ainda mais o orçamento, se assim eu desejar. Uma das vantagens de morar de aluguel é isso, a flexibilidade para aumentar ou reduzir o padrão de vida de acordo com a minha necessidade atual. Posso me mudar para um apartamento menor, para um bairro mais barato e pagar um aluguel mais em conta.
SALÁRIO DO MARIDO
Se o contrato de trabalho do meu marido for renovado por mais 1 ano, continuarei poupando 70% da nossa renda familiar.
Se o contrato dele não for renovado… bom, ainda bem que nunca paguei nenhum boleto com o salário dele. Eu nunca me iludi, quando meu salário aumentou, ou quando meu marido passou a ganhar um salário mais alto. O nosso padrão de vida sempre foi mantido apenas com o meu salário, e ainda consigo poupar uma parte dele.
QUANDO SEREI FIRE
A minha intenção era ser FIRE (Financial Independence Retire Early) aos 45 anos, ou seja, daqui a 6 anos. Agora com essa crise e recessão que estamos enfrentando, fico pensando quando será. Como eu não sou sozinha, tenho uma família junto comigo, e ainda mais 2 crianças em idades pré-escolares, todo cuidado é pouco para não me antecipar e ser FIRE antes da hora.
De qualquer forma, tenho saúde e disposição. Então, penso que na pior hipótese, continuo trabalhando e atraso alguns anos para ser FIRE. Ainda assim, continuará sendo uma aposentadoria antecipada.
MINIMALISMO
O fato de levar um estilo de vida minimalista (de viver com o que julgo ser importante para mim, e eliminar tudo aquilo que não acho importante), me fez perceber que eu não tinha gastos relevantes a serem cortados.
Eu já tinha ajustado o valor da internet há pouco tempo, eu já tinha ajustado o plano de saúde no ano passado, já economizava na luz de casa, já controlava as idas aos restaurantes, as compras por impulso, os gastos supérfluos.
Todos os gastos que eu possuo hoje, são gastos que eu acho importante para a minha família:
consumir alimentos orgânicos: frutas, legumes, verduras, carnes e produtos de mercearia;
ter plano de saúde;
morar em um bairro agradável e próximo de metrô;
ter internet de qualidade;
atividades ligadas à qualidade de vida como natação, lazer, viagens (interrompidas temporariamente).
Então, não houve algum gasto que eu tenha passado a economizar por conta da crise, pelo menos, enquanto não houver de fato a redução salarial.
A LIÇÃO DE CASA
Eu já tinha controle do meu orçamento mensal;
Já fazia revisão dos gastos do mês anterior há pelo menos 5 anos;
Já tinha reduzido gastos supérfluos;
Já poupava;
Já tinha estudado sobre investimentos;
Já tinha reserva de emergência;
Já vivia uns 4 degraus abaixo do padrão de vida que me era possível;
Já vivia de forma minimalista;
Já vivia sem desperdiçar dinheiro, alimentos e tempo;
Já tinha um planejamento, sempre esperando pelo melhor, mas me preparando pelo pior cenário;
E o mais importante, nunca coloquei o dinheiro na frente da minha família.
E assim, quando menos esperar, espero que a tempestade tenha passado, e que tenhamos sido flexível o bastante para deixar o vento passar por nós, e sagaz o suficiente para aprendermos lições valiosas desse período turbulento que estamos passando.
Tem dias que são mais difíceis que os outros, não é mesmo? Aquele dia em especial em que parece que dá tudo errado, e lá no final da tarde, surge a pergunta: “porque saí da cama hoje?”
Como eu lido com dias difíceis?
1. Com os meus amigos
Tenho alguns amigos que são meus amigos do peito, moram no meu coração, amigos que sei que vou envelhecer juntos. Alguns eu tive a sorte de conhecer na faculdade quando eu tinha 18 anos. São eles que me conhecem há tempos, conhecem meus defeitos e minhas qualidades. Ouvir a voz dos meus amigos é para mim, ouvir a voz do meu coração.
2. Indo para algum lugar aconchegante
Quando não estou bem, vou para alguma cafeteria que tenha um clima aconchegante. Peço um pedaço de um bolo grande e uma xícara igualmente grande de um latte macchiato. Aquela espuma macia tocando os lábios, o gosto de um café expresso bem feito, o relógio começando a desacelerar…. me faz novamente entrar no eixo. E assim, renovada, volto melhor para casa.
3. Meu marido
Não é segredo para ninguém que acompanha este blog, que meu marido é o meu porto seguro. Ele é, com certeza, a pessoa que mais me conhece e cuida de mim. Ele sabe pelo meu olhar quando não estou bem. Ele sabe quando eu preciso de um abraço, quando eu preciso das minhas amigas, quando eu preciso estar sozinha, ou quando preciso dar uma volta.
Aliás, estou escrevendo este post de uma cafeteria, tomando o dito latte macchiato (o meu segundo… rsrsrs).
4. Algo para adoçar a boca
Quando já está muito tarde para sair, eu simplesmente tiro a massa do cookie que eu já deixo congelado no meu freezer, e asso no forno. Em 15 minutos, o cookie está pronto. Enquanto eu aguardo o cookie ficar pronto, faço um chá preto com leite. Gosto de comer na cozinha mesmo, em silêncio.
E nessas horas, vejo como é importante ter redes de apoio. Ter pessoas a quem pedir ajuda e até mesmo ter locais aconchegantes ou truques para acolher quando não se está bem.
Eu sei que a maioria das pessoas, não foram encorajadas a pensar no futuro, muito menos incentivadas a fazer planejamentos. Somos imediatistas.
Apesar de saber que é difícil pensar em algo que nem aconteceu, e ainda por cima fazer um planejamento a longo prazo, eu tenho um truque que funciona bem.
Eu penso em mim velhinha…. com os meus 80, 90 anos de idade… e fico pensando que tipo de vida eu teria na minha terceira idade.
Quando contemplo o eu do futuro, vejo eu e meu marido cheio de rugas e cabelos brancos, felizes e saudáveis. Nossas filhas já são adultas e responsáveis, que me enchem de orgulho. Moro num apartamento confortável, do tamanho certo, nem grande, nem pequeno demais. Tenho tranquilidade financeira, que proporciona uma vida de muito conforto, o que permite fazer excelentes viagens na companhia dos meus bons e velhos amigos. Gosto muito de cuidar dos netos no meu tempo livre.
Ao ler o parágrafo acima, eu separo as frases em tópicos para facilitar:
“Vejo eu e meu marido…”
Ou seja, estarei com o meu marido. Para continuar feliz no meu casamento até os meus 90 anos, é preciso continuar cuidando do outro, conversar bastante, alinhar os interesses, tornar o casamento uma prioridade.
“… felizes e saudáveis”
Tudo bem que estou comendo de forma mais saudável, mas pratico algum exercício físico? Não. Então é algo que preciso pensar a respeito para tornar o meu corpo mais resistente.
“Nossas filhas já são adultas e responsáveis, que me enchem de orgulho”
Para que isso seja possível, não quero ter preguiça, quero continuar levando as crianças para brincar na rua, ler bastante livros, dar bastante atenção e amor.
” Moro num apartamento confortável”
Por essa frase já deu pra perceber que não faço questão de ter um imóvel próprio, desde que eu o transforme em um lar.
“Tenho tranquilidade financeira”
Já estamos no caminho certo para que isso se torne realidade.
“…permite fazer excelentes viagens”
No final do ano passado, voltei a estudar inglês, já que perdi a fluência. Vai ser bem útil nas minhas viagens internacionais.
“…na companhia dos meus bons e velhos amigos”
Taí uma coisa que eu quero melhorar. Apesar de ter os meus bons e velhos amigos de sempre, quero fazer novas amizades.
“Gosto muito de cuidar dos netos no meu tempo livre”
Para cuidar de netos, preciso ter disposição física. Mais uma vez, a necessidade de cuidar do meu corpo.
* * *
A partir destas constatações, elaborar metas se torna uma tarefa um pouco mais fácil. Cada item se transformará em uma meta (não do ano, mas meta da vida) que engloba as seguintes áreas da vida: casamento, saúde física e mental, filhos, estudar coisas novas, tranquilidade financeira, hobbies e relacionamentos.
É desta forma que trago o meu futuro para o presente.
Se eu quer manter o meu casamento feliz, o que eu tenho feito hoje para que isso se perpetue?
Se eu quero ter saúde na velhice, tanto mental como física, o que eu tenho feito?
Se quero ter filhas conscientes, educadas e bem criadas, o que tenho feito para que isso aconteça?
Se quero aposentar mais cedo, o que tenho feito para que isso seja possível?
Vai se surpreender como muitas vezes a resposta é um “Preciso melhorar” ou até mesmo um “Não estou fazendo nada”.
Vocês viram o meu caso em relação a saúde. Quero envelhecer com saúde, mas não tenho feito nada para que isso se torne realidade (já estou providenciando).
Se você quer criar o seu futuro, o segredo é pegar um grãozinho de areia hoje para criar seu castelo de amanhã.
O brasileiro no geral, não tem o costume de pensar no futuro… talvez estejamos mais acostumados a pensar sobre o passado. Então vamos falar um pouco sobre o passado.
Há dez anos, quantos anos você tinha? Onde morava? Onde trabalhava? Como era a sua vida? Estava feliz? Quais eram os seus sonhos, as suas ambições?
Dez anos se passaram e temos o dia de hoje.
Ao fazermos as mesmas perguntas, percebemos como as respostas são diferentes. E com isso, entendemos que o tempo passou, que nosso comportamento mudou, algumas vezes para pior, outras vezes para melhor.
Há dez anos, eu tinha acabado de me divorciar, morava sozinha, presa na armadilha do consumo, com quase nada de dinheiro.
Dez anos se passaram e hoje estou casada, sou mãe de 2 crianças, chegando perto da minha Independência Financeira.
Em 2015, lembro também de uma conversa que tive com algumas colegas de trabalho, sobre a possibilidade de viver de renda, sem depender do INSS. Todas se encantaram, vibraram, aplaudiram… até descobrirem que precisariam fazer 4 coisas: economizar, estudar sobre investimentos, aportar todos os meses e deixar o dinheiro trabalhar por pelo menos 10 anos. Desde a conversa, já se passaram 5 anos, e até onde eu sei, ninguém fez absolutamente nenhum movimento.
Pare para pensar agora: se tivesse feito algo diferente há 10 anos, a vida hoje, já não estaria muito melhor?
Um exemplo? Um orçamento doméstico, com gastos revistos, 500 reais investidos a uma taxa hipotética de 0,80% a.m., faria com que depois de 10 anos tivesse mais de 100 mil reais, sendo que 40 mil reais seriam de juros compostos. Em 20 anos, teria mais de 360 mil reais, sendo que 243 mil reais seriam de juros compostos. Em 30 anos, teria mais de 1 milhão de reais, sendo que 866 mil reais seriam de juros compostos.
Ou seja, um simples ato de poupar 500 reais por mês, faz com que um cidadão comum, tenha mais de 1 milhão de reais na conta, sendo que “só” poupou 180 mil reais.
As pessoas torcem o nariz por pequenas mudanças de hábito, mas um pequeno hábito pode se tornar algo gigante, quando os anos se sobrepõe.
Se queremos controlar uma parte do futuro, devemos começar a fazer algo a partir de hoje. Não vamos deixar nas mãos de terceiros.
Se o trabalho está chato, por que não mudamos de comportamento? Se o custo de vida está caro, por que não nos esforçamos para aumentar a renda ou reduzir os gastos?
O fim-de-ano, é um ótimo período para repensar nas atitudes, avaliar o ano que passou e fazer diferente a partir do ano que vem.
O motivo de eu pensar tanto na morte não é algo proposital, macabro ou até mesmo pessimista. Eu sempre fui assim. Talvez, porque lidei com a morte do meu pai precocemente, aos 3 anos de idade…
Eu sempre penso na morte, não porque quero morrer, e sim, porque eu quero viver.
Muitas pessoas não pensam na morte, não falam sobre a morte, porque é difícil a sensação de não estarmos mais aqui. Mas quando evitamos esse assunto, não nos preparamos também para morrer, e com isso, podem surgir arrependimentos.
Eu não deixo nada pra depois, porque eu não sei se eu vou ter o depois.
A vida é um cronômetro, e após meu pai ter morrido com 35 anos, tenho muita consciência de que estou tendo mais oportunidades de viver do que meu pai teve, já que tenho 38 anos. Tento aproveitar ao máximo (e isso não significa gastar dinheiro à toa), porque da mesma forma que aconteceu com o Gugu, posso não estar mais aqui daqui a 1 segundo.
E por reconhecer a finitude da vida, tenho algumas atitudes preventivas:
Fotos armazenadas na nuvem
De forma automática, todas as fotos que eu tiro do meu celular vão para o Google Fotos. Meu marido tem a senha, porque SE eu morrer, não quero levar para o túmulo as fotos da família que tanto nos emocionam, e meu marido nunca mais conseguir acessar as nossas fotos.
E passei a fazer isso, porque antes, eu armazenava as fotos no HD externo e um dia pensei que SE minha casa pegasse fogo, talvez eu voltasse para pegar o HD que estão todas as fotos da minha família. E eu não queria isso. Eu queria que a minha única preocupação fosse salvar a minha família (há diversos casos de pessoas que saíram ilesas de uma casa pegando fogo, mas acabam morrendo, porque voltam para pegar algo de valor).
Receitas culinárias armazenadas na nuvem
Apesar de achar mais fofo e prático ter um caderno de receitas, eu armazeno todas as minhas receitas aprovadas e testadas no Evernote (software que serve para organizar informações através de arquivos, notas) e compartilho a senha com o meu marido, porque SE eu morrer, não quero que minhas filhas não consigam reproduzir as receitas preferidas delas. Quando minhas filhas tiverem uns 12 anos, elas também terão a senha.
Despedidas virtuais
Meu marido tem a senha do meu blog Viver Sem Pressa, porque SE eu morrer, quero que ele venha avisar vocês o motivo de eu ter parado de escrever.
Armazenamento das senhas
Eu e meu marido temos instalado no nosso celular, o aplicativo 1Password (aplicativo que gerencia senhas em um cofre virtual criptografado e bloqueado). Todo final de ano, checamos se as nossas senhas mais importantes estão corretas. Compartilhamos senhas de e-mails, bancos, corretoras etc.
Planejamento financeiro
Eu cuido da vida financeira da minha família, porque SE eu morrer, minha família vai sentir a minha falta, mas não vai passar necessidades financeiras, como a minha mãe passou, quando ficou viúva aos 35 anos, com 3 filhas pequenas. Também sempre explico para o marido as decisões que eu tenho tomado em relação aos investimentos (o porquê de ter aumentado posição na renda variável, o porquê de não investir mais em CDBs de bancos pequenos etc), pois desta forma, acredito que SE eu morrer, ele vai continuar aplicando a mesma estratégia que eu tenho usado.
Alimentação saudável
Eu cuido da minha alimentação e da minha família, porque eu sei que SE nós continuarmos comendo muitos carboidratos e açúcares, a chance de termos doenças como diabetes, câncer e obesidade tendem a aumentar. Isso inclui aumento da ingestão de alimentos orgânicos, redução de produtos industrializados e redução de açúcar e carboidratos.
O último abraço
Trato meu marido com muito carinho, porque não quero me arrepender SE um dia ele sair de casa para trabalhar e não voltar nunca mais.
Quando minhas filhas me pedem para colocá-las para dormir, coloco para dormir (apesar de ainda ter que cozinhar a marmita do dia seguinte, limpar a casa, estudar), porque não quero me arrepender SE a última palavra que eu disser para elas forem um “não” (há algumas semanas, uma colega me falou que o melhor amigo do filho dela foi dormir no dia anterior e não acordou mais. Ele tinha 13 anos…).
O último desejo: doação de órgãos
Este item eu acrescentei depois que publiquei o post, pois apesar de ter vontade de doar os meus órgãos após a minha morte, fiquei me perguntando se meu marido sabia com clareza dessa minha vontade.
Se você for doador de órgãos, é muito importante deixar claro para a sua família, para que o seu último desejo seja respeitado.
E por fim…
Eu penso na morte a todo momento para lembrar como a vida é frágil, e que eu preciso viver de uma forma completa, feliz, sem arrependimentos.
O tempo passa rápido demais e eu preciso aproveitar a jornada da minha vida da melhor forma possível.
E sinceramente? Isso não é sobre comprar coisas, ter coisas para ostentar, viajar para lugares caros, ir em shoppings e torrar o dinheiro.
Quando digo aproveitar a vida é estar presente enquanto estou com as minhas filhas e com o meu marido. Registro mentalmente as brincadeiras que fazemos, os sorrisos, o abraço, o cheirinho, a vozinha infantil me dizendo espontaneamente “ti amu, mamã”, a sensação de ter as mãos pequenininhas em volta do meu pescoço, porque sei que essas mãos um dia vão crescer.
Outro dia, li em algum lugar a seguinte frase “o que você faria se soubesse que o mundo acabaria em 24 horas?”. A minha resposta é simples. Eu só não iria trabalhar. De resto, faria exatamente as mesmas coisas. Estaria com a minha família, preparando uma comida gostosa, abraçados no sofá até o mundo acabar.
São essas ações diárias que faço para não me arrepender. E são justamente essas pequenas ações que acabam me proporcionando uma vida com mais qualidade e toda vez que eu penso nisso, sinto que estou no caminho certo. Daí a percepção de que “coisas” são insignificantes; “pessoas” são importantes.
O post de hoje para alguns, pode soar sobre tristeza, mas não é. É sobre viver e aproveitar o tempo. É um ode à vida.
Acho muito importante uma pessoa ser capaz de compartilhar. Só que o que era natural para a geração dos nossos pais, e (um pouco menos) na nossa geração, compartilhar está ficando cada vez mais raro, pois todo mundo vive isolado no seu mundo, no seu quarto, no seu sonho, no seu universo, girando em volta do próprio umbigo.
Hoje em dia, as crianças são estimuladas desde cedo a não compartilhar. Não compartilham o quarto, não compartilham a cama, não compartilham a roupa, não compartilham a comida, , nem o lanche, muito menos o brinquedo…. e quando crescem, acham natural não compartilhar acontecimentos, sonhos, segredos, dúvidas e medos. Não conseguem tolerar o diferente, pois nunca tiveram que compartilhar nada, não tiveram que aguardar a sua vez, a conviver com as diferenças.
Andando na contramão da maioria dos pais, tenho feito algumas coisas com as minhas filhas.
Elas compartilham o quarto
Sim, fiz questão de morar em um apartamento de 2 dormitórios para que elas fossem obrigadas a compartilhar o quarto.
Elas compartilham a cama
Desde que minha segunda filha nasceu, elas dormem em um colchão de casal. No início, fiz isso por uma questão de facilidade, pois eu precisava amamentar a caçula, sem deixar a mais velha de escanteio. Ter um colchão de casal para elas foi a forma que encontrei de estar em contato com as duas no momento do sono.
Só que depois de quase 3 anos, o colchão ainda continua lá (na verdade, consolidou, já que comprei no mês passado um colchão melhor para elas), com a minha filha com os seus quase 5 anos, e a mais nova com os seus quase 3 anos. Quando uma acorda no meio da noite, é esticando a mão e encontrando a outra irmã dormindo, que encontra a paz e adormece em seguida. Por diversas vezes encontrei as duas dormindo abraçadas, ou de conchinha, ou com a perna em cima da barriga da outra.
Quando perguntei para as duas se cada uma queria ganhar uma cama, a mais velha disse que sim, já a mais nova, disse que queria continuar dormindo junto com a irmã. E não é que a irmã resolveu mudar de ideia para atender o pedido da mais nova e disse que tudo bem continuar dormindo na mesma cama?
Eu sei que daqui a alguns anos, quando elas se tornarem pré-adolescentes, existe a chance delas não quererem ficar tão perto uma da outra, pelo menos por um tempo. Por isso, quanto mais convívio elas tiverem agora, mais tiverem que dividir, compartilhar, melhor.
Elas compartilham o lanche
Quando vou passear em alguma praça, no SESC ou em algum lugar perto de casa, elas acabam pedindo alguma coisa pra comer. Eu geralmente levo frutas para beliscar, mas às vezes, pedem um sorvete. Quando está perto da hora do almoço, eu até atendo o pedido, mas compro apenas 1 e peço para elas compartilharem. E não faço isso pensando no dinheiro, e sim, na aprendizagem que esse ato traz. Chega a ser engraçado ver a cena das duas compartilhando o sorvete. A mais velha é mais ansiosa, então a boca morde mais vezes, enquanto a caçula é bem tranquila. As duas precisam respeitar o ritmo da outra para que elas tenham as mesmas oportunidades de comer e se sentirem satisfeitas.
Elas compartilham roupas
Outra coisa são as roupas. Elas ganham roupas das filhas das minhas amigas e primas. E com isso, sabem que elas ganharam roupa de alguém da mesma forma que no momento em que a roupa ficar pequena, vai passar para outra criança. É o exercício do desapego.
A caçula muitas vezes quer experimentar vestidos da irmã, enquanto ela tem vontade de usar novamente algumas roupas que já foram passadas para a caçula. Elas já entenderam que quando uma cede, a outra cede também.
Elas compartilham brinquedos
Os brinquedos que compramos, geralmente não são de uso exclusivo para uma única criança (claro que tem coisas que elas ganham só para elas), então elas precisam brincar juntas, se quiserem se divertir para valer. E se brigam por não querer dividir, eu confisco o brinquedo e as duas ficam sem.
Elas compartilham eletrônicos
Muitas casas têm mais de 1 televisão. Na nossa casa, temos só 1. Na hora de assistir desenhos na Netflix, por conta da diferença de idade, elas querem assistir desenhos diferentes. Já ensinei que é 1 desenho para cada. Às vezes até eu entro na rodada só para elas esperarem um pouco mais. Apesar de ter tablet, eu nunca ligo o tablet quando a televisão está ligada e vice-versa para não criar a cultura de enquanto uma assiste algo, a outra vai jogar no tablet.
E qual tem sido o resultado?
Elas são pequenas, e claro que tudo na sua devida proporção, eu já vejo os benefícios pelas decisões tomadas.
As crianças estão aprendendo cada vez mais a pensar na outra pessoa.
A minha filha mais velha já sabe que tem que dar a mãozinha para a caçula na hora de andar na rua, colocando-a para o lado da calçada. Na hora do banho, por diversas vezes, sem eu precisar falar nada, a mais velha ajuda a tirar a blusa enroscada, dá a mão para a caçula não escorregar na hora de entrar na bacia. Eu e meu marido não estaremos aqui para sempre. Então é uma forma das duas se apoiarem, confiarem uma na outra.
Isso reflete inclusive quando vêem uma criança brincando sozinha na praça, elas chamam para brincar junto, oferecem os brinquedos para brincar junto.
Minha mãe olhando isso, passou a colocar o suco de laranja em apenas uma garrafa, ao invés de 2 garrafinhas, como ela fazia antigamente. Ao chegarem em casa, elas tomam um pouquinho e passa para a outra irmã, sempre pensando que a outra ainda não tomou o suficiente. É muito bonito ver crianças de 2 e 4 anos falarem uma para a outra “toma, pode tomar mais um pouquinho”, “deixei o restinho pra você tomar tudo”.
Ontem mesmo, dei um pouquinho de granola no pote para cada uma, enquanto eu estava preparando o jantar. A caçula terminou antes e começou a chorar, foi quando a mais velha dividiu a sua granola (que já tinha pouco) no pote da irmã, e elas terminaram de comer felizes.
Com tudo isso, espero que elas compreendam o quanto é essencial saber esperar a vez, compartilhar, serem generosas, terem empatia, para que aprendam a importância de se amarem, apesar das diferenças.
Os meus não estão nada baratos, mas é por um motivo justo: introdução dos alimentos orgânicos.
Então aqui vou dar dicas do que tenho feito para economizar na alimentação, sem sacrifícios:
1.) Aproveite talos e cascas para fazer caldo de legumes
Essa eu aprendi com a minha mãe e também com uma chef de cozinha que fazia a mesma coisa para alimentar sua família de forma saudável, sem desperdício.
Sabe aquelas cascas de legumes e verduras que vão para o lixo? No meu caso, eu guardo tudo num pote de sorvete que fica no freezer. Guardo talos de espinafre, de couve-manteiga, de brócolis, cascas de batata, cenoura, alho, cebola, tudo que basicamente iria para o lixo orgânico, eu armazeno no meu pote.
Quando o pote fica cheio, eu coloco numa panela de pressão cobrindo com água e deixo por uns 20 minutos. Escorro o caldo, espremo bem os vegetais para soltar mais caldo e guardo no congelador em cubos de gelo.
Agora vem o pulo do gato. Em que situações eu uso?
Ao invés de usar água para cozinhar o feijão, uso o caldo.
Ao invés de usar água para fazer carne de panela, uso o caldo.
Ao invés de acrescentar água para amolecer uma abóbora (ou um brócolis, ou um chuchu) que está sendo refogada, uso o caldo.
Ao invés de usar caldo industrializado para fazer um risoto, uso o meu caldo caseiro.
Ao invés de usar água para fazer canja, uso o caldo.
Ao invés de fazer missoshiru com água, uso o caldo.
Basicamente no lugar de usar água, eu uso o caldo. Assim, mesmo oferecendo uma refeição básica, há diversos legumes e verduras embutidos dentro da minha comida graças ao meu caldo.
Na minha família, raramente ficamos doentes.
2.) Faça um cardápio semanal (no meu caso, de 3 dias)
Eu sempre tive muita preguiça em fazer o cardápio semanal, porque nunca dava certo. Eu comprava os ingredientes, só que ao longo da semana, me perdia toda na organização. No dia que estava planejado o estrogonofe, eu tinha vontade de comer feijoada. No dia que era para eu comer peixe, tinha vontade de comer ovo. Além de não saber lidar com as sobras. E ainda surgia a dúvida, como vou preparar mais comida, se ainda havia sobras na geladeira?
E com isso eu acabei adaptando o meu cardápio semanal para cardápio de 3 dias. E deu certo. Como o período é curto, consigo prever com mais facilidade, e os gastos com alimentação deu uma boa reduzida. Esse cardápio de 3 dias, muitas vezes acaba virando de 4 dias, 5 dias, dependendo da quantidade que comemos.
3.) Aproveite as promoções de produtos não-perecíveis
Na minha casa, não sei o que acontece, mas azeite e manteiga é uma coisa que consumimos bastante. E com isso, quando esses itens entram na promoção, aproveito e faço um estoque que dura meses!
4.) Compre na quantidade certa
Essa dica parece ser bem óbvia, mas não é que é difícil de acertar? Eu tento comprar na quantidade certa que dura uns 3 a 4 dias, por causa do meu cardápio de 3 dias.
5.) Aproveite os ossos para fazer caldo
Sabe aquele osso que você despreza quando limpa o frango? Adivinhem? Vira caldo. Meu freezer está cheio dessas coisas. Outro dia fiz canja de galinha com o caldo de galinha que a minha mãe sempre faz e deixa estocado no meu freezer. Não usei água. Só o caldo de galinha da minha mãe e o meu caldo de legumes. Ficou super saboroso, além de nutritivo
6.) Aproveite o soro que sobra quando fizer iogurte caseiro
Esse soro (é o whey protein!) tem diversos nutrientes que podem ser aproveitados:
uso para deixar os grãos de molho (feijão, grão de bico)
uso substituindo o leite pelo soro quando faço bolo, pão
quando faço um omelete, coloco 1 colher de sopa para enriquecer
purê de batata? Ao invés de usar leite ou creme de leite, uso o soro
quando vou empanar um bife, acrescento um pouco deste soro no ovo.
7.) Use o freezer como aliado
Tem alguns pratos que eu gosto de fazer a quantidade dobrada, como o quibe recheado, feijoada.
Também tenho costume de preparar a massa do cookie e congelar em pequenas porções, assim, sempre tenho cookies quentinhos saindo do forno, disponíveis para comer a qualquer momento do dia.
8.) Transforme as sobras usando criatividade
A carne moída de hoje vira recheio de pastel de amanhã. Se ainda sobrar, vira macarrão bolonhesa. Se ainda sobrar, vira recheio de batata assada.
Sobra de molho branco? Acrescento alguns tipos de queijos e vira creme de queijo com pão italiano.
Vinagrete? Vira bruschetta.
Frango assado do domingo sobrou? E dá-lhe arroz de forno com queijo derretido com tomilho.
Pão velho vira torrada doce ou farinha de rosca.
Quando faço patê de ricota, gosto de temperar com sal grosso e chimichurri. Esse patê que sobra vira recheio do tomate recheado. O recheio do tomate (a polpa) eu guardo no congelador para complementar quando faço molho de tomate.
9.) Vai no supermercado? Não esqueça a lista
Leve uma lista, e seja firme para não comprar coisas desnecessárias, mas flexível o suficiente para substituir uma batata por batata-doce quando estiver na promoção.
10.) Não estoque alimentos além do necessário
Não esqueça que estoque é dinheiro parado na despensa. Organize os produtos de acordo com a validade. Os itens que você acabou de comprar, vai para o fundo da despensa.
11.) Frequente feira de rua
Sai bem mais em conta. Eu não frequento mais, porque agora tenho ido nos mercados que vendem produtos orgânicos. Mas na época em que frequentava feira de rua, era uma economia e tanto no orçamento.
12.) Frequente o açougue
É outro lugar que parei de frequentar por começar a consumir carnes orgânicas. Mas açougue é um lugar que o preço é bem mais em conta do que no supermercado.
13.) Não esqueça os cupons
A maioria dos supermercados já dão cupons para fidelizar os seus clientes. Não se esqueça deles no momento da compra. Aproveito também as promoções dos supermercados em compras online. Essa semana mesmo, ganhei um cupom de 30% para efetuar uma compra no Carrefour online, nem preciso dizer que aproveitei para fazer estoque de alguns produtos.
14.) Tenha um limite de gastos na alimentação
Eu só compreendi a importância de ter um limite de gastos há pouco tempo. Entendi que quando não há um limite de valor, é como se fosse um saco sem fundo. Coloque um valor limite para gastar na alimentação e use a criatividade para não ultrapassar o orçamento.
15.) Evite comprar sem necessidade
Sabe aquele salgadinho que você nem ia comprar, mas colocou no seu carrinho de compras, só porque está na promoção? Como diz o Julius:
16.) Tente reproduzir algumas receitas
Foi assim que eu aprendi a cozinhar coisas gostosas. As receitas tendem a ficar muito mais saborosas usando ingredientes de qualidade: manteiga ao invés de margarina, azeite extra-virgem ao invés de óleo, chocolate de verdade ao invés de achocolatado, leite integral ao invés de água e por aí vai.
E pra quem acha que eu faço todas essas delícias, porque eu amo cozinhar…. vai se decepcionar, porque eu nunca gostei de estar na cozinha. Sempre fui uma negação (minha mãe e meu ex-marido podem confirmar). A cozinha não é um lugar onde sinto prazer em estar, mas aprendi que cozinhar é um ato de amor, da mesma forma que lavar o banheiro não é o lugar que meu marido sente prazer em estar kkkk, mas é um ato de amor. Eu entendi que se eu não sei cozinhar, eu posso aprender. Se eu fizer uma comida ruim hoje, posso tentar novamente amanhã. E foi assim, dia após dia, que hoje, posso dizer que cozinho bem.
Não sei para vocês, mas eu acho um luxo quando consigo fazer doces muito mais saborosos que as lojas oferecem. Quando vejo meu marido lambendo os dedos, e minhas filhas brigando pelos cookies quentes que acabaram de sair do forno, só consigo dar risadas de alegria.
Alguém lembra ainda do post de 2017 do meu pão caseiro? Depois de tantos anos, meu marido continua comendo de joelhos.
Ou da minha granola caseiríssima, que me fez impedir de comer outras granolas vendidas por aí, por achar ruim demais…
Também tem o meu tomate seco banhado em azeite extra-virgem.
Os muffins deliciosos e saudáveis, recheados de castanhas, nozes, amêndoas…
O vinagre aromatizado que eu sempre faço e ainda dou de presente para algumas pessoas…
A verdade é que nunca foi pelo dinheiro. Eu tenho prazer em transformar coisas, da farinha para o pão, do papel para um cartão, do tecido para uma colcha, de um pedaço de madeira em armários.
E assim, dá a impressão de que o relógio vai voltando no tempo. Enquanto o fast-food vira obrigação, em casa temos o slow-food. Faço pão, bolo, pizza, esfiha, sovar massa já está se tornando um hábito. Enquanto as famílias fazem o passeio em shoppings, gostamos de ir em parques. Festas de aniversários em buffet, mas em casa é festa de aniversário familiar, como foi na nossa época. Roupas rasgadas são jogadas fora, enquanto eu conserto com a minha máquina de costura. Happy-hour no bar, enquanto os meus amigos frequentam a casa e abrem a geladeira.
Eu tenho curiosidade em descobrir até onde uma pessoa tem capacidade em aprender coisas novas.
Eu ainda quero aprender a fazer um pão italiano, a fazer queijos artesanais, a arte do ourives em fabricar jóias, quero um dia soprar vidro, aprender a cortar cabelo, a preparar comida mexicana e peruana, quero um dia voltar para a Grécia e reproduzir a comida que experimentei lá.
Um dos meus maiores prazeres de viver atualmente é esse: aprender.
Não, não são pessoas que sempre concordam com você.
Não são pessoas que sempre passam a mão na sua cabeça.
Não são pessoas que sorriem para você.
Pessoas que alimentam a sua alma são raríssimas de encontrar.
São pessoas que você se sente bem mesmo no silêncio. São pessoas que querem realmente o seu bem (e por mais absurdo que possa parecer, tá difícil de encontrar). São pessoas que falam a verdade, mesmo quando você ainda não está pronto para ouvir, mesmo quando você sabe que é verdade, mas não quer acreditar. São pessoas que dizem a verdade, quando ninguém mais tem coragem de dizer.
São pessoas que esticam os braços para você, para ajudar a subir na vida. São pessoas que colocam os nossos pés no chão, mas ao mesmo tempo nos mostra o potencial que nem sabemos que possuímos. São pessoas que confiam no que falamos.
Depois que eu quis sair da matrix da classe média, e passei a não concordar em ter que trabalhar tantas horas para alguém, de ficar tanto tempo longe de casa, das crianças, do marido, de postergar cursos e hobbies que gostaria de fazer, percebi o quanto era difícil alguém acreditar no que eu falava, eu parecia um extraterrestre. Lembro até do meu marido falando como chegava a ser engraçado e inacreditável as pessoas não acreditarem em mim.
Afinal, onde estão as pessoas que acreditam na gente, no nosso potencial e nos ajudam a crescer como pessoa?
Em todos os lugares. Mas precisamos achá-las. Eu encontrei muitas dessas pessoas graças a esse blog.
Muitas dessas pessoas só estão aguardando a oportunidade de nos conhecer melhor. Pode ser o seu colega, a moça do caixa do supermercado, o professor da sua filha, a sua vizinha de apartamento, o colega da internet.
Eu tirei a sorte grande de casar com uma dessas pessoas.
Hoje compartilho com vocês um artigo da Rosana, do Simplicidade e Harmonia. Como disse em posts anteriores, são poucos os blogs que acompanho, e este com certeza é um deles.
Boa leitura!
O que aconteceu com a vida tranquila das gerações anteriores?
A cena de uma pessoa idosa que todos os dias senta-se em uma cadeira de balanço para admirar a natureza, o pôr do sol ou o canto dos pássaros na varanda de uma casa com amplo quintal e muros baixos parece até coisa de séculos atrás.
A cena de uma mulher de meia idade que tira o período de uma tarde inteira em um dia de semana para efetuar reparos em roupas da família ou criar alguma nova peça em sua máquina de costura parece até algo de outro mundo nos dias atuais.
O adolescente ou o adulto que conversa com seu amigo em uma praça arborizada sem carregar consigo ao menos um telefone celular parece algo de décadas atrás.
A criança que brinca de pular corda, amarelinha, andar de bicicleta, de boneca, de carrinho, que tem realmente tempo livre e amplo espaço para as brincadeiras de criança, que vive sem estar sobrecarregada de atividades também parece algo que ocorreu somente em tempos muito distantes da atualidade.
Sociedade dos excessos
Não há dúvida de que a tecnologia é extremamente útil, que veio para ficar e facilitar a vida. Mas o que vemos não é bem isso.
Todas as faixas etárias parecem estar viciadas em tecnologia. Cada um em seu mundo – um mundo repleto de estímulos visuais e sonoros, mas que carece de contato real.
Há excesso de bens materiais, atividades e sonhos de consumo. Ao mesmo tempo, há escassez de paciência, de descanso, de vida saudável e até de tempo!
Vida tranquila x vida estressante
Diariamente nossos bisavós, avós e até alguns pais almoçavam em casa – algo impossível nos dias atuais para a maior parte dos habitantes das grandes e médias cidades brasileiras.
Se as refeições e o convívio familiar desses momentos foram prejudicados, o sono então nem se fala…
Em meados do século XX, por influência das teorias da administração, dormir passou a ser considerado perda de tempo. Não consigo entender como essa teoria foi – e continua sendo – tão bem aceita pela sociedade, já que é durante o sono que muitos processos de restauração e limpeza ocorrem no organismo, sendo que alguns desses processos são mais eficientes durante o sono.
Cada vez mais a comunidade científica mundial tem percebido que muitas doenças têm muito mais relação com o estilo de vida do que se acreditava.
Poluição, trânsito e alimentação industrializada prejudicam ainda mais o quadro estressante e degradante da atualidade.
Silêncio x barulho
O silêncio puro e absoluto, o canto dos pássaros, o coaxar dos sapos e os sons na natureza de forma geral foram substituídos por buzinas, sirenes e motores de todos os tipos e em quase todos os lugares. E em qualquer hora do dia ou da noite.
Simplicidade x complicação
O estilo de vida das gerações anteriores era simples. Com muitas privações, mas o básico estava disponível para uma grande parcela da população.
Em poucas décadas, o simples tornou-se complicado demais. Não houve equilíbrio e nessa transição parece que tampouco bom senso. O resultado é o que vemos no dia a dia em todas as faixas etárias: impaciência, apatia, falta de domínio próprio, tristeza, consumo excessivo, ansiedade, agonia, síndrome do pânico, depressão, pressa, somatização, doenças físicas causadas principalmente pelo estresse, etc.
Idosos trabalham, pois geralmente a aposentadoria não é suficiente. Infelizmente para muitos faltaram recursos, mas também um pouco percepção em relação ao consumo exagerado. Por isso, a educação financeira é muito importante, sendo que quanto mais cedo, melhor.
Jovens procuram emprego e não encontram uma vaga. E quando encontram, geralmente o salário é baixo demais para o custo de vida atual.
Quem está entre os dois grupos anteriores precisa fazer atualizações e cursos periodicamente para conseguir manter-se no mercado de trabalho.
Aceleramos demais…
O progresso é bom e a tecnologia também. Desde que usados de forma equilibrada.
A vida tranquila do início do post não vai mais voltar, mas para o próprio bem estar, para a manutenção da saúde física e mental, é necessário desacelerar.
Estabelecer prioridades.
Ter foco.
Saber dizer “não” quando preciso.
Meditar e/ou orar.
Ter contato com a natureza.
Valorizar o que realmente importa.
Valorizar mais o ser e menos o ter.
Viver o momento presente.
Dormir a quantidade de horas que sejam o ideal para você e não o que a sociedade impõe como correto, já que essa padronização não existe.
Praticar o desapego.
Viver com simplicidade.
Vida = momentos + momentos + momentos…
Momentos bons, ruins, tranquilos, estressantes, bem aproveitados, desperdiçados… Que todos nós sejamos capazes de caminhar pela estrada da vida da melhor maneira possível, de acordo com nossa essência, valores e crenças.
Que as ilusões do mundo não nos atraiam e que as imposições da sociedade da pressa e do consumo estejam, na medida do possível, sob o nosso controle.
Eu e meu marido somos o típico casal que estamos sempre ralando juntos.
Quando nós começamos a namorar, eu morava em um apartamento alugado. O apartamento ficava no último andar, e tinha um quintal, ou seja, morava em uma cobertura. Só que esse apartamento não tinha nada de glamour, aliás tinha dois detalhes: 1.) o aluguel era barato; 2.) ele estava detonado.
Hoje, é até difícil de acreditar, mas quando chovia, simplesmente chovia dentro de casa, pelas frestas das portas e janelas. Secar o chão com pano de chão era uma missão quase impossível, eu tinha que trazer todas as minhas toalhas de banho e um balde para segurar a inundação. Em dias de temporal, lembro das cenas em que eu e meu marido (na época, namorado) ficávamos enxugando as paredes e o chão, tentando conter a cachoeira que descia pela fresta da porta do quintal.
O apartamento todo tinha frestas consideráveis nas janelas e nas portas. No inverno rigoroso, passávamos tanto frio dentro de casa que meu marido falava que queria entrar na geladeira para se esquentar um pouquinho. Por várias vezes, quando saíamos de casa, ficávamos perplexos quando percebíamos que a rua estava mais quente do que dentro de casa.
Mas eu fui muito, muito feliz lá. Tanto, que mesmo todos dizendo para eu não comprar, eu comprei esse imóvel por um preço muito justo quando a proprietária perguntou se eu tinha interesse. Contratei um ótimo pedreiro e reformei tudo, desde piso até as janelas. A reforma ficou tão boa que meu marido falava que era o melhor apartamento que tinha morado até então.
Ele quase branco de tanta poeira da obra, me ajudou a limpar a casa que na época nem era dele. Foi enquanto morava nesse apartamento que a minha primeira filha nasceu. Como o apartamento era de 1 quarto, resolvi vender e voltar a morar de aluguel.
Ele recebia sua bolsa de doutorado, e mesmo não ganhando muito, já poupávamos pensando no nosso futuro. Para economizar, nós pintávamos as paredes, montávamos os móveis que comprávamos pela internet, carregamos muitas vezes os móveis pequenos no metrô para economizarmos no frete, pois o dinheiro era muito contado.
E que fique bem claro… eu sou a mestre de obras e meu marido é o ajudante. Eu faço a instalação das prateleiras, a montagem dos móveis, instalação das cortinas etc. Ele é o ajudante que limpa a sujeira que faço. E achamos isso lindo. Cada um faz o que tem mais habilidade.
Aliás, todo mês quando ele recebe o salário, separa uma pequena parte do que chamamos de mesada e que já virou uma piada interna. Ele transfere integralmente seu salário para a minha conta bancária, para que eu possa aplicar nos investimentos. Agora eu pergunto: que marido permitiria fazer isso? Trabalhar o mês inteiro para transferir todo o salário para a esposa? Sim, ele faz isso, porque temos objetivos em comum, ele acredita no meu sonho.
Eu e meu marido desde o início ralamos juntos. Aliás, quando as nossas filhas nasceram e eu queria estudar sobre investimentos, foi ele que se prontificou em colocar as crianças para dormir e a limpar a casa para que eu pudesse ter tempo para estudar. Enquanto ele lavava o banheiro e estendia as roupas no varal, eu estudava ferozmente, das 20h à 1h da madrugada.
Era ele que fechava o meu notebook e colocava despertador no meu celular para o dia seguinte, quando eu adormecia na cama enquanto estudava.
Quando vejo as minhas fotos de 4 anos atrás, quando ainda não tínhamos as nossas filhas, vejo como éramos jovens, e percebo como a maternidade acelera o envelhecimento. Até brincamos que éramos bonitos e não sabíamos. Mas a parte boa é que nós dois envelhecemos, e não só a mulher, como costumo perceber. Rimos das nossas rugas novas e das nossas olheiras, sinal da falta de sono e cansaço. Sinto um certo orgulho de saber que novamente, estamos ralando juntos.
Aliás, meu marido passou em um concurso para professor visitante de uma universidade pública, em um contrato de 2 anos. Ele chorou. Eu também chorei. A conquista dele é conquista minha. A alegria dele é a minha alegria. Sei o quanto batalhou para esse momento chegar.
Durante os 9 anos que estamos juntos, sempre dei força para ele continuar na área da pesquisa, mesmo sendo tão difícil ser bem remunerado, e a cada 2 anos ficarmos com a sensação de que “desta vez não vai dar certo”. Falava para ele aproveitar que eu sou concursada e que tenho estabilidade.
Mas quem mais abriu mão da carreira não fui eu. Foi ele. Ele é campeão de desistir de boas oportunidades na carreira por mim.
Hoje, posso dizer que vivemos uma vida confortável. Depois de diversas escolhas que fizemos, de contarmos moedas, de juntar os esforços para aumentar os aportes, estamos cada dia mais tranquilos com a reserva financeira que temos criado.
A cada ano que passa, estamos mais unidos, mais fortalecidos como casal. Temos mais maturidade, mais companheirismo, mais amor e respeito pelo outro.
Nós dois crescemos. Nós dois amadurecemos. Nós dois abdicamos de muitas coisas por ter decidido ter filhos. A parte boa é que sempre estamos juntos, na alegria e na tristeza. Na pobreza e na riqueza.
Sempre achei que por trás de um casal que rala junto, tem sempre uma linda história de superação e de amor para contar.
Quando quis emagrecer, ouvi a frase: “ah, mas você já é tão magra, não precisa emagrecer mais”.
Quando comentei que queria ser uma mãe melhor, ouvi: “mas você tem que entender que você já é a melhor mãe que elas podem ter”.
Quando falei que eu queria ter menos coisas, ouvi: “nossa, mas você já tem pouquíssimas coisas. Por que você quer ter menos ainda?”.
Quando disse que eu estava tentando aumentar meus aportes mensais, ouvi: “Você já economiza tanto, pra que economizar mais ainda?”.
Quando compartilhei meu sonho de adotar um parque, ouvi um: “Assumir trabalho dos outros (no caso, da Prefeitura) é fazer papel de trouxa.”
Quando digo que faço parte do movimento FIRE (independência financeira, aposente-se cedo), ouço um sonoro “você e o mundo inteiro quer isso”.
Bom, por aí percebemos que não podemos ir na onda das pessoas.
De todos os itens acima, o único “projeto” que eu ainda não pude iniciar, foi adotar uma praça. Todos os outros, já estão em andamento ou até mesmo concluídos.
Sei que as pessoas fazem isso com o intuito de ajudar. “Você já é magra”, “Você já economiza o suficiente”, “Você já é uma boa mãe”… Eu sei que as pessoas fazem isso pensando no meu melhor, mas preciso dizer que muitas vezes não ajuda.
Percebo como as pessoas tem o costume de desencorajar as iniciativas alheias. Dificilmente as pessoas encorajam, dão suporte, elogiam. Muito pelo contrário, riem da desgraça alheia. Da roupa dos outros que julgam cafona. Da iniciativa que deu errado. Do português falado errado. Alegram com o fracasso do colega.
E com isso, acabamos criando a cultura do “desencorajamento”. São pessoas que ficam com medo de sair da zona de conforto, para não serem julgadas e ridicularizadas pelos próprios colegas e familiares.
Meu marido, físico e pesquisador, tem colaboração com a NASA. Sim. com a Agência Espacial Americana. Além dele ter amizade com alguns dos pesquisadores de lá, já escreveram juntos alguns artigos científicos. Para chegar nesse ponto, voltaremos um pouco no tempo.
Há alguns anos, ele foi para os EUA e fez uma apresentação de seu trabalho para um grupo de pesquisadores da NASA. Claro que suas pernas tremeram, claro que bateu uma insegurança, o medo de acharem sua pesquisa sem importância… mas no final da apresentação, todos foram cumprimentá-lo pela sua excelente pesquisa. Meu marido até fala, que o trabalho dele poderia não ter sido tudo aquilo que os pesquisadores da NASA haviam elogiado. Mas o fato deles terem elogiado, aplaudido, dado um tapinha nos ombros, conversado com ele, fez TODA A DIFERENÇA em querer fazer melhor, em querer continuar fazendo mais.
Ao invés de julgar, que a gente tenha a coragem de estender a mão para a pessoa que estiver precisando da nossa ajuda. Que a gente tenha humildade para reconhecer o esforço do outro e que consiga aplaudir as boas iniciativas. A gente esquece que um bom escritor não começa escrevendo um texto maravilhoso no início de sua carreira. Que um bom chefe, muitas vezes já errou tantas e tantas vezes, até aprender a ser mais humano.
Enquanto estava escrevendo este post, procurei no Google se havia algo parecido já publicado. E tive a grata surpresa que o Geração de Valor havia escrito algo a respeito, inclusive colocado um vídeo muito significativo sobre esse assunto:
“No vídeo abaixo, uma adolescente de 13 anos foi cantar o hino nacional americano numa partida da NBA. Nervosa, errou a letra do hino que já havia cantado dezenas de vezes, na frente de cerca de 20 mil pessoas na arena e milhões de outras que assistiam ao vivo na TV. Diante da situação embaraçosa que estava prestes a se transformar num inesquecível caos, o técnico de uma das equipes correu, ficou ao seu lado, segurou o microfone juntamente com ela e cantou, mesmo sem ser a sua especialidade, ao lado da adolescente que, em vez de ter sido vaiada e trucidada pelo público como frequentemente presenciamos, teve o apoio dos presentes, que cantaram junto com ela e, por fim, saiu aplaudida e abraçada por todos.”
Amanhã já iniciamos o mês de abril. Inacreditável como o tempo passa rápido, não?
E quando penso nisso, a frase que vem na minha cabeça é: “Como estão indo as metas do ano?”
Dar entrada no mês de abril significa que 25% do ano de 2019 já se foi.
Será que já conseguimos alcançar 25% das nossas promessas que fizemos no início de ano?
As minhas metas estão indo bem, alguns mais, outros menos. Em outro post vou falar sobre esse assunto especificamente, mas uma das minhas metas deste ano era emagrecer, e até o momento, já emagreci 9 quilos. Falta 1 quilo para finalizar a meta.
Estou a passos curtos executando as tarefas, vendo e revendo os meus hábitos, ajustando os meus objetivos para que as metas (sim, são mais de uma) se tornem alcançáveis.
E pensando nisso, gostaria de indicar um livro que eu li há alguns anos e que gostei bastante:
Mini-Hábitos: hábitos menores, maiores resultados, do Stephen Guise.
A ideia central do livro é bem interessante. Ele ilustra com o exemplo da prática de um exercício físico. Como o autor não conseguia praticar exercícios com regularidade, decidiu que iria fazer 1 flexão por dia. Fazer 1 flexão por dia era tão simples, e tão ridículo se não o fizesse, que ficava diariamente na posição para fazer a tal da flexão. Uma vez na posição, não tinha motivos para fazer apenas 1 flexão, e acabava fazendo mais uma vez, e mais uma, e mais uma. E assim, as coisas foram evoluindo dia após dia para ele.
Outro exemplo que ele dá é para as pessoas que não conseguem ler um livro. Seguindo o método do livro, pode-se criar o hábito de ler 1 página por dia. Se achar muito, poderia ser 1 parágrafo. Pode ser que você acabe lendo muito mais que 1 parágrafo por dia, mas a sensação de tarefa cumprida é indescritível.
Um dos motivos de eu ter facilidade para cumprir as metas, é justamente porque parcelo as minhas metas em tarefas minúsculas, tão pequenas que acabam tornando fáceis para serem executadas. E esse livro vai de encontro com o que eu tenho feito diariamente. Espero que gostem da leitura.
Tenho pensado muito, se quando digo que eu vou alcançar a minha independência financeira, o que me separa com o restante das pessoas não seria justamente o foco.
Foco é a diferença entre a pessoa que traça um plano para alcançar os objetivos, com o restante das pessoas.
Pessoas dizem estar preocupadas com a aposentadoria, com o plano da previdência, com o aumento do desemprego, com a inflação, mas poucas pessoas fazem algo a respeito, além de reclamar.
É fácil reclamar e culpar os outros, pois assim, não há a necessidade da mudança, enfim, os outros que mudem. Difícil mesmo é mudar as próprias atitudes para tentar escapar de uma determinada situação.
Faça uma análise das pessoas que estão à sua volta. Geralmente, costumam receber salários similares ao nossos: alguns ganham um pouco mais, outros ganham um pouco menos.
Quanto receberam no ano passado, somando todo o salário do ano? Talvez 20 mil? Talvez 50 mil? 100 mil reais? E desse dinheiro recebido, quanto foi poupado? A maioria responderá que não guardou nada.
Quando digo que meu estilo de vida não foi baseado em apenas 1 escolha, mas em milhões de escolhas é isso: eu escolhi colocar minhas filhas na creche municipal. Eu escolhi viver de forma frugal e minimalista. Eu escolhi o lugar onde moro atualmente (que é um bairro muito bom). Eu escolhi estudar todas as noites depois de colocar as minhas filhas para dormir.
São essas escolhas que criaram o meu estilo de vida atual. São esses conjuntos de escolhas que ainda me permite poupar e investir todos os meses. Se é fácil? É claro que não.
Enquanto há pessoas se divertindo no bar, há pessoas estudando.
Enquanto pessoas estão ativas nas redes sociais olhando a vida dos outros, há pessoas focadas na própria vida.
Enquanto há pessoas criticando as iniciativas dos outros, há pessoas que sabem onde quer chegar e acredita ser possível.
E quando todo mundo estiver desiludido, haverá pessoas descansando na sombra de uma árvore, colhendo o que plantou, vivendo a vida que sempre sonhou.
Tinha uma época que eu ficava frustrada, porque apesar de tentar explicar para as pessoas sobre a possibilidade de aprender a investir bem o dinheiro, a maioria não acreditavam em mim (e continuam não acreditando). Até que uma amiga falou que não são as pessoas que não acreditam em mim. São elas que não acreditam nelas mesmas.
Depois que compreendi e assimilei isso, passei a focar ainda mais na minha meta, nos meus objetivos, na minha família, nos meus estudos.
Percebi que essa era a nossa diferença: eu acredito na liberdade. Eu acredito ser possível ser livre. A maioria não.
Se você pensa que pode ou pensa que não pode, de qualquer forma você está certo. ~ Henry Ford ~
Há alguns anos, participei de um congresso no Belém do Pará. Fui de ônibus partindo de São Paulo, o que significa que a viagem durou 2 a 3 dias. Tomei banho nos postos de gasolina das estradas. Chegando em Belém, uma pessoa que fiz amizade no ônibus, me ofereceu a casa de seus familiares para passar a semana do congresso, ao invés de dormir na escola com todos.
Após aceitar, descobri que ficaria em um dos bairros mais perigosos da cidade. O asfalto não havia chegado no bairro, alagava todos os dias, além disso não tinha saneamento básico.
Eu podia voltar atrás, inventar uma desculpa.
Mas eu realmente quis aproveitar a oportunidade para viver o que essas pessoas vivem no seu dia-a-dia. Eu, que sempre falei que tive uma infância pobre, descobri que não era pobre. Aliás, descobri os vários níveis de pobreza, e a minha pobreza, com certeza não era a das mais baixas.
Vivi e convivi com a comunidade local, aprendi inclusive, a moer açaí. E percebi como pessoas que têm tão pouco, podem ter um coração tão grande.
Essas pessoas generosas me ensinaram que saber enxergar o lado bom das coisas é uma escolha. São pessoas que apesar de todas as dificuldades do dia-a-dia, acreditam na honestidade do ser humano, abrindo as portas de suas casas para uma pessoa que nunca viram antes. Dividem a comida, oferecem cobertores, compartilham os sonhos…
E é isso que quero ensinar para as minhas filhas: que bondade independe de raça, de religião, do dinheiro, da opinião política, da orientação sexual.
Enxergar o lado bom das coisas é uma escolha que fazemos todos os dias quando levantamos da cama, requer esforço, e que precisa ser confirmada várias vezes por dia.
A leitora Cláudia me pediu um post sobre como escolher um trabalho legal, que se encaixe com os nossos valores.
Apesar da pergunta ser difícil de responder, vou compartilhar com vocês a minha opinião sobre esse assunto.
Eu sempre quis ser veterinária desde criança. Eu era a criança enlouquecida que corria atrás dos gatos, pombas, cachorros, peixes etc. Tenho uma coleção de fotos que tirei ao longo de toda a minha vida, durante as viagens que fiz. Tenho fotos com jacaré, nadando com boto cor-de-rosa, tirando uma selfie com um caranguejo azul, penteando o “cabelo” do pônei, dando frutas para um macaco, guaxinim, e por aí vai. E por causa dessa paixão, quando era mais nova, fui trabalhar em uma clínica veterinária que tinha um pet shop acoplado. Pois bem, como era de se esperar, a realidade era bem mais dura do que eu imaginava. A clínica onde trabalhei (e adotei a minha falecida cachorrinha que viveu por 19 anos), tinha uma postura exemplar: uma médica veterinária carinhosa, humana e que por isso mesmo adotava (ou sacrificava em último caso) todos os animais que eram abandonados na frente da clínica.
Eu chegava na clínica e começava a tremer quando via uma caixa de papelão bem na porta de entrada. Eu sabia que tinha algo vivo ou morto lá dentro. Em uma das dezenas de casos de abandono, a médica havia adotado uma cachorra da raça doberman (para quem não conhece, é enorme) que havia levado um tiro na coxa e tinha virado paraplégica, ou seja, não movia mais as pernas. Era o meu papel limpar o curativo (que nunca cicatrizou), levantar a cachorra pesadíssima pela barriga e dar uma volta pelo quintal para que ela pudesse passear, interagir com os outros cachorros, fazer as necessidades etc. E a duras penas eu percebi que a profissão, como tantas outras, era muito mais difícil na prática do que na teoria.
A própria cachorra que eu adotei, a Gutinha, tinha nascido com um problema nas pernas, nasceu sem mover as pernas, e por esforço da médica que fazia hidroginástica e massagem diariamente, passou a andar tortinha. Ela havia sido adotada 5 vezes (por ser de raça), e foi devolvida as 5 vezes para o pet shop. Dava para ver a dor da rejeição nos olhos dela. Até que eu fui a sexta e última dona.
Foi nessa época que eu desisti de ser veterinária, e escolhi ser bibliotecária. Não por amor. Mas por achar que conseguiria um emprego fácil na era da informação e do conhecimento. Apesar da profissão ter as suas vantagens, não é o que aquece o meu coração, afinal, escolhi este curso aos meus 17 anos. Nesses 20 anos, eu amadureci e hoje, me conheço melhor.
O meu emprego me paga bem, sinto gratidão por tudo o que ele me proporciona. E por ele me pagar bem, aproveito para injetar boa parte do meu salário em investimentos, para que um dia eu possa me libertar do trabalho, e descobrir o que amo fazer, mesmo se ele não der retorno financeiro, já que dinheiro não será mais problema.
Escrevi tudo isso para dizer que na verdade, não há certo ou errado. Há escolhas que deverão ser feitas. Lembro que a minha irmã mais velha me recriminou quando eu era mais nova por ter feito uma faculdade que eu achava que me daria emprego, no caso a biblioteconomia. Ela falou que eu estava escolhendo uma profissão pelo dinheiro, enquanto ela estava escolhendo uma profissão por amor. Eu nunca tive dificuldades em encontrar emprego, muito pelo contrário, sempre tive oportunidades, trabalhei em empresas boas. Minha irmã, ao contrário de mim, escolheu ser arquiteta, e não conseguiu emprego depois de formada, foi estudar e trabalhar no Japão e mudou de área de trabalho. Então são escolhas que temos que fazer.
Hoje, se eu pudesse dar um conselho para as minhas filhas, eu daria 3:
1.) faça o que ama, mas aprenda a se sustentar sozinha. Muitas vezes, fazer o que ama, pode não dar dinheiro, mas se essa for a sua escolha, tudo bem.
2.) faça o que o mercado de trabalho precisa e que pague bem. Se trabalhar bem e souber investir, em 10 anos, será livre para fazer o que ama pelo resto de sua vida.
3.) se souber o que ama, mas não tiver condições financeiras, “pause” a sua paixão e faça o que o mercado de trabalho precisa. Trabalhe bastante e poupe bastante para somente depois fazer o que ama.
Para as pessoas que já nascem sabendo que querem ser médicos, engenheiros, artesãos, atores, empreendedores, acredito que a primeira opção é a melhor escolha. Para os que não sabem o que querem, ou que não encontraram a paixão (que era o meu caso), a segunda opção pode ser a melhor escolha. Eu, sem querer, acabei fazendo a escolha certa: eu escolhi a segunda opção. Aos 17 anos, eu não sabia o que gostava, quais eram as minhas paixões. Na verdade, tenho diversas paixões, o que complicava ainda mais a tomada de decisão.
A escolha será sempre unicamente da pessoa. Como disse anteriormente, não há uma receita mágica, nem certo ou errado. Basta somente compreender que para cada escolha feita, diversas renúncias deverão ser feitas.
Se há uma coisa que eu percebo, é como os relacionamentos têm se tornado superficiais. A impressão que tenho é que com a chegada do WhatsApp as coisas pioraram. Eu mesma já quase não telefono mais para as pessoas, acabo resolvendo tudo pelo WhatsApp.
A parte ruim disso tudo é que ficamos sabendo muito pouco do que está acontecendo na vida dos nossos amigos, principalmente daqueles que não compartilham tanto a própria vida.
Quer um exemplo?
– Tá tudo bem com você?
– Por aqui tá tudo certinho.
– E como estão as coisas no trabalho?
– Tudo certinho também.
– E o que tem feito de bom?
– Ah, nada, tá tudo na mesma, sem novidades.
Será que só eu fico chateada com essa conversa vaga?
Eu não acho que para uma pessoa ser considerada amiga, precisemos nos encontrar todos os dias, ou falar no telefone toda semana, ou até mesmo ser inseparáveis etc. Mas acho de extrema importância que a pessoa seja capaz de se entregar, de compartilhar parte da sua vida quando estiver junto com seus amigos, seja pessoalmente, pelo telefone, pelo WhatsApp.
Fico pensando, se a pessoa não quer dividir as suas felicidades e dificuldades com seu amigo, por que ele deveria se abrir e confiar em uma pessoa que (supostamente) não confia nele?
Conforme o tempo vai passando, a gente vai se distanciando de pessoas por justamente não saber o que está acontecendo na vida dessa pessoa. E aí acabamos ficando só com as perguntas genéricas… sua mãe está bem? Como está seu filho? Alguma novidade no trabalho?
Eu gosto de perguntas específicas…. E aquele tombo que você levou, seu braço ainda está doendo? Me conta o que virou aquele seu colega que estava te paquerando? Como a sua filha tem lidado com a escolinha nova?
Olha como a profundidade é diferente, como o envolvimento e o interesse em relação às pessoas é muito mais profundo.
Se está achando seus amigos distantes, talvez esteja na hora de compartilhar um pouco mais da própria vida.
É assim que se cria laços, pois amigos de verdade não só conhecem a nossa história como fazem parte delas.
Uma leitora pediu para escrever um post sobre autoestima há algum tempo.
Pensei muito sobre o tema, e percebi como o tema é difícil de ser abordado. Durante muitos anos, eu mesma sofri por ter baixa autoestima por influência da minha irmã mais velha. E hoje eu sei que a mudança tem que vir de dentro para fora, ou seja, não adianta 1 milhão de pessoas falarem bem da gente, se não conseguirmos acreditar naquilo.
Vou tentar explicar como foi o meu processo de aceitação.
Muitos de vocês sabem que eu acreditava cegamente que eu era muito, muito burra. Cresci acreditando nisso.
Por conta disso, uma das coisas que eu sempre odiei com todas as forças do Universo, eram as apresentações em público.
Para muitas pessoas, aquela pessoa que ficava travada nas apresentações não correspondia à pessoa que eles conheciam, já que eu sempre gostei de conversar e tagarelar pelos 4 cantos. Falavam que eu me expressava bem, que eu era simpática, mas nada adiantava. Eu continuava muito insegura na hora de falar em público.
Há alguns anos, cheguei a fazer um curso de oratória. Paguei bem caro, e não adiantou em nada, pois como eu sabia que aquele cenário era de mentira, eu pegava o microfone e começava a fazer lindos discursos sem tremedeira.
Só que fora da sala de aula, na hora do vamos ver, começava a suar de nervoso.
Muitos de vocês sabem que quando minha filha nasceu, o meu modo de enxergar o mundo se intensificou. Foi quando comecei a perceber que eu pensava de uma forma um pouco diferente do padrão, coisas que meu marido já me dizia há 8 anos.
Por querer sair da corrida de ratos casa-trabalho-casa-trabalho, passei a estudar sobre investimentos e vi que eu tinha facilidade em entender sobre esse assunto. Passei a devorar livros sobre economia e investimentos financeiros e aplicar na minha vida.
Foi quando entendi que eu era inteligente, só não tinha consciência disso. Quando finalmente isso entrou na minha cabeça, o meu medo irracional de falar em público passou.
Ou seja, não adiantou fazer curso de oratória, não adiantou as amigas falarem que eu era inteligente, não adiantou o marido dizer inúmeras vezes de que a minha inteligência só não era a acadêmica. Só quando EU tirei as minhocas da minha cabeça que as coisas começaram a fluir.
Há vários tipos de autoestima: algumas pessoas tem baixa autoestima por causa do corpo, outras por causa da condição social, outras por causa do intelecto, outras por não se encaixarem em um determinado grupo, enfim, há diversos motivos.
Não dá para colocar todos os problemas em uma única caixa, porque além dos vários tipos de autoestima, há vários tipos de inteligência, e todos nós somos diferentes, ou seja, o que me fez melhorar a baixa autoestima em relação à inteligência, pode ter um gatilho diferente para outra pessoa.
Segundo um texto da Maíra Lie Chao, publicado na Revista Planeta em 2010, há pelo menos 7 tipos de inteligência:
Linguística – Relacionada a leitura, escrita e fala. Pessoas que têm seu ponto forte na linguagem, como poetas e escritores, possuem facilidade em lidar com a expressão escrita e oral. Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade são exemplos dessa inteligência.
Musical – Associada àqueles que têm facilidade em compreender o som, captar sua expressão e transmitir sentimento através dele, como Mozart, Jimi Hendrix e Gilberto Gil.
Lógico-matemática – É a inteligência que remete ao universo lógico, repleto de números e fórmulas. A maioria dos testes de QI acaba medindo esse tipo de intelecto, exemplificado nos físicos Albert Einstein e Niels Bohr.
Espacial – Está relacionada a pessoas que têm facilidade em trabalhar com coordenadas espaciais e em pensar em imagens, como o arquiteto Oscar Niemeyer ou o pintor Pablo Picasso.
Corporal-cinestésica – A facilidade em se locomover pelo espaço, conhecer bem o potencial físico do seu corpo e ter boa coordenação motora é típica de grandes nomes do esporte, como Pelé e Michael Jordan.
Interpessoal – Está ligada à habilidade de lidar com outras pessoas e a trabalhar em grupo. Frequentemente é vinculada a professores e políticos, como Barack Obama.
Intrapessoal – É a inteligência relacionada ao autoconhecimento e ao equilíbrio interior, inclusive quando a pessoa se encontra em situações difíceis. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela é um de seus melhores exemplos.
Naturalista – Essa inteligência, proposta após a divulgação das ideias de Gardner, está associada àqueles que têm grande facilidade em transitar pela natureza, como os índios.
O que hoje eu sei, é que tudo vem de dentro pra fora. E não de fora para dentro como nos ensinaram. Ao tentarem nos encaixar em formas pré-determinadas, ignoram a inteligência de cada ser humano.
A nossa mentalidade precisa ser mudada primeiro, para possibilitar a mudança de atitudes. As pessoas querem que mudemos nas atitudes, antes de mudar a mentalidade.
Hoje posso dizer que o melhor remédio para a autoestima é o autoconhecimento.
Há três vídeos sobre autoestima do Arata Academy que recomendo:
Se você já viajou de avião, já ouviu a conhecida frase “Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente a sua frente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver a seu lado”.
A ideia de colocar a máscara de oxigênio primeiro em você, para somente depois colocar nos outros tem um fundamento: dar prioridade para os outros primeiro, pode fazer com que você e a outra pessoa fiquem sem ar.
E é a partir desse ponto que darei início ao post de hoje.
A importância de se colocar como prioridade e ter amor próprio
Esse é o princípio básico para ter um relacionamento feliz. Infelizmente, vejo muitas pessoas começarem um relacionamento sem ter um pingo de amor próprio. Se você não se amar primeiro, como terá condições de amar alguém? Eis a razão de muitos relacionamentos não darem certo: quando a sua felicidade depende dos outros.
A importância de colocar o casamento como prioridade, ao invés de colocar somente os filhos
É claro que além dos filhos serem nossa prioridade, eles também dependem dos pais e ninguém aqui está discutindo isso. O que estou querendo dizer é que muitos casamentos terminam, porque o casal dá atenção somente e exclusivamente aos filhos, perpetuando o papel dos pais e esquecendo o papel de marido e mulher. Já conheci alguns casais que diziam que o filho era a prioridade máxima deles, que gostavam mais do filho do que do marido/esposa, e hoje, estão divorciados, cada um no seu canto. Eu entendi que quando colocamos o casamento como prioridade, o casal tende a ser mais unido. Isso acontece porque apesar dos filhos serem importantes, quando colocamos o casamento como prioridade, o casal tende a se comunicar mais, o clima da família torna-se mais saudável e como consequência do bom relacionamento dos pais, os filhos tentarão reproduzir esse ideal quando crescer.
A importância de se colocar como prioridade, ao invés de colocar o casamento
Essa questão é uma continuação do dois anteriores. Antes de ter um casamento feliz, é preciso ser feliz sozinho. Tem gente que se anula para agradar o cônjuge. Tem gente que deixa de encontrar os amigos. Outros deixam de vestir o que gosta, de fazer as coisas que tem prazer para agradar o parceiro. Se o seu parceiro não for um filho da p#!@, é claro que a pessoa ficará feliz com a sua felicidade. Ao se colocar como prioridade e fazer coisas que traz felicidade, essa mesma felicidade transbordará também para o parceiro, para os filhos. E isso não é e nem pode ser interpretado como egoísmo. Eu aprendi que quando cuido muito bem de mim, tenho força o suficiente para cuidar bem dos outros. Se estou mal, como terei forças para cuidar dos outros?
A importância de definir prioridades nas suas finanças
Essa frase pode ser usada também em relação às finanças. Conheço pessoas que se negam a juntar dinheiro, por não acharem justo enriquecer, enquanto há milhares de pessoas passando fome no mundo. São pessoas que apesar de terem a capacidade de poupar dinheiro, escolheram viver também na pobreza. Não perceberam que ao enriquecer, poderiam ajudar muito mais pessoas.
Saber a importância de se colocar como prioridade, é um ato de amor próprio.
Há um texto atribuído ao Carlos Drummond de Andrade que sempre me recordo quando o ano está para encerrar.
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente…”
Sim, no próximo ano podemos ter uma nova história para contar, ter um desfecho diferente, um novo estilo de vida, uma nova vida, se tomarmos decisões inteligentes.
E o que seriam decisões inteligentes?
São decisões que apesar de não ser tão prazeroso no início, podem levar a um resultado interessante no médio a longo prazo. Por exemplo, aprendendo a investir. Deixar de frequentar os melhores restaurantes, comprar roupas toda semana, e ter que aprender a economizar pode não ser legal no início, principalmente, porque não enxergamos nenhuma melhoria instantânea quando olhamos para a nossa conta bancária. Mas depois de 1 ano, 3 anos, 5 anos, verá que reescreveu a sua história.
Não basta dizer “vou enriquecer”, “vou ser feliz”, “vou emagrecer”. A grande sacada é o COMO. Como vou enriquecer. Como vou ser feliz. Como vou emagrecer.
A partir da pergunta certa, as respostas começam a surgir. Quanto mais detalhadas forem as respostas, melhor.
Por exemplo, se temos como objetivo enriquecer, e a pergunta é Como vou enriquecer, as respostas poderiam ser:
ler livros sobre finanças pessoais e investimentos em renda fixa e variável
identificar os melhores canais do YouTube sobre investimentos
estudar alternativas para ter outras fontes de renda
parar de reclamar e começar a agir
etc, etc, etc.
E por aí vai, são só exemplos, mas exemplos que funcionam. Vejam que não são mudanças radicais, são pequenos movimentos, pequenas mudanças de hábito que ao longo do ano fará uma grande diferença.
Toda vez que comento com alguém que eu leio (e amo) livros de autoajuda, a maioria das vezes, ouço um “Sério?” e torcem o nariz.
As pessoas possuem preconceito de livros de autoajuda da mesma forma que falam que a creche municipal é ruim. Ou seja, falam porque ouviram alguém falar, ou leram uma meia dúzia de livros que não gostou e acham que todos os livros são ruins.
Mesmo todo mundo falando mal das creches municipais (mesmo sem conhecer de fato), eu coloquei as minhas filhas na creche do bairro. E eu só tenho a agradecer os profissionais que dedicam seu profissionalismo, talento e amor para educar e orientar crianças como as minhas filhas.
A mesma coisa acontece com os livros. Alguém falou que livros de autoajuda não prestam e vai o Brasil inteiro repetir a mesma coisa.
Aquela verdade serve para você? Quais livros leu e não gostou? Tudo bem a pessoa não gostar de livros de autoajuda, só acho que não precisa fazer careta como se fosse um livro inferior. Eu já li diversos tipos de livros, mas percebi que são os livros de autoajuda que mais me ajudam a crescer como pessoa.
E uma delas, é aprender a desaprender o que me ensinaram.
São verdades não-verdadeiras. Verdades que já foram verdades em outras décadas. Verdades que podem não ser verdades para mim.
Acho que muitos conhecem a frase “uma pessoa inteligente aprende com os seus próprios erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros”.
Eu sou uma pessoa que tenho aprendido muito com o erro dos outros, lendo livros de autoajuda.
São livros de pessoas que possuem diversos tipos de experiências, biografias de pessoas que eu admiro, especialistas (ou não) que compartilham sua trajetória, suas descobertas, erros e acertos.
Eu aprendi e continuo aprendendo muito com eles. Quem não gosta de livros de autoajuda não sabe o que está perdendo. Não sabem como um livro pode mudar a vida de uma pessoa.
Tem sido a minha mais poderosa ferramenta para o autoconhecimento.
Se posso dizer que teve uma coisa que mudou (e muito) a minha vida, foi nunca parar de aprender.
Não estou falando apenas de fazer uma graduação, uma pós-graduação, um MBA, ou algo parecido. Mas o que tem revolucionado a minha vida de uma forma muito positiva é a curiosidade que eu tenho de aprender coisas novas.
Essas “coisas novas” não se resumem a conteúdo vamos dizer, acadêmico… e sim, a curiosidade em si.
Outro dia estava assistindo um vídeo no YouTube de como se fabrica uma bola de beisebol. Alguém aqui já teve curiosidade de pesquisar? Ou como os tubarões se comportam no mar? Ou como as abelhas produzem mel? Ou de como é instalado um piso vinílico? De como o bicho-da-seda produz a seda? E descobrir tudo isso é muito interessante, muito diferente da minha realidade, do meu dia-a-dia.
A internet revolucionou não só a informação, mas democratizou o conhecimento. Se não fosse pela internet, eu levaria muito mais tempo em descobrir estas coisas.
Reconhecer a importância de continuar aprendendo, foi fundamental para eu me conhecer melhor.
A seguir, o que eu tenho feito para tentar estudar nas minhas (poucas) horas vagas:
De manhã: como eu acordo e saio de casa para trabalhar antes do meu marido e minhas filhas acordarem, eu aproveito esses minutos de silêncio para ouvir uns vídeos curtos do YouTube enquanto escovo os dentes, me maquio e me arrumo para ir ao trabalho.
Na cozinha e lavanderia: há diversos canais interessantes sobre qualquer assunto que eu tenho curiosidade em aprender, desde finanças até marcenaria. Eu costumo ouvir os vídeos enquanto estou cozinhando, lavando louça, estendendo ou recolhendo as roupas do varal, enquanto guardo os brinquedos das crianças na caixa…
No transporte público: todos os dias eu leio (e-books que estão no meu kindle) durante todo o meu trajeto de ida e volta da casa-trabalho-casa. Mesmo lendo só nessas poucas horas por semana, consigo ler de 2 a 3 livros por mês.
Enquanto espero alguém ou algo em algum lugar: o meu kindle está sempre dentro da minha bolsa. Leio enquanto espero a minha vez no consultório médico, leio na fila do supermercado, enquanto espero uma amiga no café, etc.
Depois que meu marido coloca as nossas filhas para dormir: eu e meu marido combinamos que durante alguns meses, ele colocaria as nossas filhas para dormir, para que eu pudesse estudar nesse período. É nesse momento que eu pego meu notebook, caderno e lápis e estudo com afinco, com foco total, diferentemente dos vídeos que assisto enquanto lavo-louça que não exige tanta concentração.
Aprender nunca é demais.
Quando eu era estagiária na Faber-Castell, um dos Diretores chegou até mim e falou para eu nunca parar de aprender. Na época eu só entendi aquela frase como “faça um MBA, um mestrado, um doutorado, um intercâmbio” e coisas afins.
Hoje, consigo compreendê-lo de uma forma mais completa… não importa em quais coisas tenha interesse, o que atiça a curiosidade, mas ir atrás do conhecimento que está a um palmo da nossa mão, ao alcance dos nossos olhos é imprescindível. Tudo isso graças à internet.
Sempre tenha a seguinte pergunta na cabeça: o que eu estou aprendendo neste exato momento?
Há 4 frases que ao longo desses anos tem mudado a minha vida:
1. O que você está fazendo hoje para sair dessa situação?
A primeira frase eu cheguei até a fazer um post que está aqui.
2. Aqueles que não fazem nada estão sempre dispostos a criticar os que fazem algo (Oscar Wilde)
Essa frase tenho carregado comigo desde que compreendi o seu significado.
Antes, eu tinha muito medo das críticas. Tinha receio das pessoas me acharem boba, mas eu entendi que as pessoas que mais criticam, são justamente as pessoas que não fazem nada. É fácil criticar os outros quando se está sentado na cadeira apontando os outros.
Os homens dividem-se em dois grupos: os que seguem em frente e fazem alguma coisa, e os que vão atrás a criticar. Sêneca
3. Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez (Jean Cocteau)
Esta terceira frase serviu e ainda tem servido para várias situações da minha vida, inclusive para alcançar a independência financeira, ou FIRE – Financial Independence and Retire Early, algo como Alcance a independência financeira e aposente-se cedo.
Eu não conheço ninguém pessoalmente que tenha esse mesmo objetivo de vida que o meu, ou que tenha alcançado essa proeza. Mas é algo como a frase diz, por não saber que era impossível, eu tracei um plano, fiz todas as contas necessárias e projetei meu futuro. Só percebi que o que eu estava querendo alcançar era algo incomum quando estava muito empolgada e queria convencer as pessoas a fazer o mesmo e todo mundo me tratava como uma maluca.
4. Sorte é o nome que o vagabundo dá ao esforço que não faz (Leandro Karnal)
Esse aqui eu ouvi recentemente. Eu até publiquei um post em 2016 com o título “Cada escolha uma renúncia”, onde falo sobre esse assunto. Muita gente cisma em dizer que aquele cara empreendedor teve sorte, que aquele fulano teve sorte, e com isso menosprezam todo o esforço que a pessoa fez para chegar lá. É fácil dizer que uma pessoa teve sorte, quando não estamos dispostos a fazer o que a pessoa fez para ter sucesso. “Sorte é o nome que o vagabundo dá ao esforço que não faz”.
Veja se não acontece a mesma coisa com você? Quem são as pessoas que mais criticam? O que elas fazem de tão especial a ponto de criticar o que você faz? Na maioria das vezes…. Nada.
Tenho reparado que muitas pessoas gostam de conversar, de falar, enfim, ser o centro das atenções…
…mas quantas pessoas dentre essas pessoas sabem ouvir de verdade?
Poucas. Pouquíssimas…
Pessoas que sabem ouvir tem se tornado cada vez uma raridade.
Eu lembro muito bem de uma colega que eu estava tentando ser amiga há alguns anos. E toda vez que eu começava a falar algo que tinha acontecido comigo, ela falava “comigo também aconteceu isso, e blá blá blá” e o assunto acabava se tornando o dela. Sempre era assim. Não importava quantas vezes eu tentasse, era impossível. Ela não queria me ouvir. Ela queria só falar dela. E no fim eu desisti.
Se a gente prestar atenção nas conversas, podemos perceber que o mais comum são duas pessoas monologando. Sim, monologando, e não dialogando:
– Esse fim de semana eu fui passear no zoológico com meu filho.
– E eu fui passear na praia.
– Foi muito legal o zoológico, meu filho adorou, pediu para voltar mais vezes.
– Minha filha também amou a praia, disse que quer aprender a nadar para entrar no mar.
Conseguem perceber o monólogo entre duas pessoas? São duas pessoas querendo falar só delas e não querem ouvir.
Em um diálogo, a pessoa perguntaria o que o filho achou do zoológico para a conversa poder evoluir.
Só que a pessoa não está interessada no filho da outra pessoa. Ela só quer falar que fez coisas legais também no fim-de-semana. E aí são duas pessoas surdas conversando, e por mais triste que isso possa parecer, é muito mais comum do que pensamos.
Meu marido gosta muito de fazer alguns experimentos enquanto conversa com as pessoas.
Um desses seus experimentos me chama muito a atenção por comprovar como as pessoas não estão mais interessadas em ouvir, só em falar de si mesma.
Durante a conversa, ele costuma falar “tem três coisas que mudaram a minha vida…”. Ele começa falando as duas coisas que mudaram a vida dele, e ele não fala a terceira de forma proposital. Se a pessoa estiver prestando atenção e interessada no que ele está falando, a pessoa perguntaria “E qual é a terceira coisa?”. E sabe o que é mais incrível? Praticamente ninguém faz essa pergunta, comprovando que as pessoas não estão ouvindo, só estão aguardando o momento certo para abrir a boca para falar delas mesmas.
É muito narcisismo. Eu quero ter pessoas ao meu redor que saibam dialogar comigo. Quero conviver com pessoas que ouvem e que eu também possa ser ouvida quando precisar.
Não posso dizer muito sobre a cultura de outros países, mas sei que Japão e Alemanha possuem uma cultura bem forte de evitar o desperdício.
Aqui no Brasil, percebo que as pessoas julgam (mal) quem luta contra o desperdício. É mais bem visto deixar sobras de comida no prato do restaurante, do que pedir para embrulhar para levar para a casa. É mais estiloso comprar uma bermuda nova, do que transformar aquela calça velha em uma bermuda. É mais fácil jogar fora a camiseta manchada, do que tingir com uma cor escura e continuar usando por mais alguns anos. É melhor avaliada a pessoa que sempre vem trabalhar com roupas diferentes, do que aquela que sempre vem com as mesmas roupas.
No Japão, existe uma palavra que eu gosto muito: mottainai.
Ela não possui tradução para o português, mas no Wikipedia, tem um trecho em que Hitoshi Chiba, autor do documentário Restyling Japan: Revival of the ‘Mottainai’ Spirit, tenta explicar um pouco sobre o conceito:
Muitas vezes ouvimos no Japão a expressão mottainai, que vagamente significa “desperdício”, mas em seu sentido pleno transmite um sentimento de temor e apreço pelas graças da natureza ou a conduta sincera de outras pessoas. Existe uma característica entre os japoneses de tentar usar algo por toda a sua vida efetiva ou continuar a usá-lo por repará-lo. Nesta cultura de carinho, as pessoas vão se esforçar em encontrar novas casas para posses que eles não precisam mais. O princípio mottainai estende-se à mesa de jantar, onde muitos consideram rude deixar mesmo um único grão de arroz na tigela.
As práticas que integram o espírito mottainai podem ser adotadas por qualquer um. São ações simples que evitam o desperdício de todo e qualquer recurso. Um pequeno gesto muito valorizado no Japão (e que é um primeiro passo para incluir o mottainai em sua vida) é não deixar nem um grão de arroz no prato (pegue porções pequenas; se não for suficiente, repita, mas não jogue comida fora). O Japão enfrentou períodos muito difíceis, como guerras, fomes e terremotos, e se desenvolveu em um território com recursos naturais escassos. A prática do mottainai foi essencial para a sobrevivência e para o crescimento do país, sendo uma das bases da cultura japonesa. O espírito ecológico e a prática da sustentabilidade, assim como o consumo sustentável, são formas de adotar o mottainai como filosofia de vida. Qualquer país iria se beneficiar ao seguir o exemplo do Japão, mas adotar o mottainai não precisa ser uma ação institucional. Na própria cultura japonesa foram as pequenas ações cotidianas (resultado de privações) que fizeram do mottainai um estilo de vida adotado por todo o país.
O mottainai não é apenas sobre desperdício de comida, de roupa, de dinheiro. É sobre desperdício de tempo, de talento, de oportunidades.
Podemos dizer mottainai, quando estamos jogando comida fora, pois esse alimento poderia estar alimentando outra pessoa que está passando fome neste exato momento.
Podemos dizer mottainai, quando estamos desfazendo de uma roupa que ainda está em condições de uso, mas que não queremos mais usar, porque simplesmente enjoamos.
Podemos dizer mottainai, quando percebemos que uma pessoa é completamente desorganizada. Dá uma sensação de que está desperdiçando tempo precioso da vida fazendo coisas desnecessárias.
Podemos dizer mottainai, quando há talento desperdiçado. Aquela pessoa que você enxerga um talento incrível fazendo coisas repetitivas de escritório.
Como vê, o conceito mottainai é muito mais profundo e belo, onde nada mais é do que uma filosofia que promove o respeito à vida.
O leitor Julio me pediu para falar sobre amizades, sobre a cobrança que sentimos em relação a quantidade, e não qualidade.
Sabe que eu nunca me importei em ter muitos amigos? Há alguns anos, quando trabalhava numa empresa privada, conheci uma pessoa que era muito simpática e amável. Era a alegria de uma roda de conversa. Ela me chamava de amiga, e juro que tentei ser amiga dela, mas ela nunca tinha tempo para mim. Ela sempre tinha compromissos, ia para barzinhos e baladas nos fins de semana, sempre rodeada de pessoas e eu não conseguia ter uma conversa mais séria com ela. Ou seja, se eu estivesse passando por algum problema, ela não poderia me dar atenção, pois ela estava sempre ocupada para atender todos os seus amigos.
Se eu tenho 24 horas e ela também, não entendia como ela conseguia administrar tantas coisas e tantas pessoas nas mesmas 24 horas. Depois de um tempo eu descobri a resposta: ela não conseguia.
Veja bem, há tipos e tipos de pessoas. Eu descobri que eu não era o tipo de pessoa que conseguiria administrar 100 melhores amigos. Eu tenho um limite para conseguir dar atenção a todos.
Entendi que para dar atenção aos meus amigos, eu precisaria deixar de lado as amizades superficiais. Comecei fazendo pequenos testes… e se eu não ligasse mais, o que será que aconteceria? E a resposta foi: nada. A pessoa também não me ligou, o tempo passou e a amizade esfriou. Ou seja, eu não era importante. Aos poucos fui entendendo a diferença entre amigos de verdade e o que chamo de colegas.
Eu tenho vários colegas, mas poucos amigos.
Esses poucos amigos que tenho, são os que eu chamo de irmãos de alma. São pessoas que escolhi para caminharem junto comigo, são pessoas que irão envelhecer comigo.
Muitas pessoas dizem que amigo de verdade é aquele que segura a nossa mão quando estamos tristes. Eu discordo. Amigo de verdade é aquele que consegue ficar genuinamente feliz com as nossas conquistas. Quando eu passei no concurso público, não foram todas as pessoas que ficaram felizes com a minha felicidade. Alguns, sem explicação, se afastaram de mim.
Para mim, amizade verdadeira não é aquela que fica passando a mão na cabeça. O verdadeiro amigo é aquele que por mais que doa, diz as verdades que ninguém mais tem coragem de dizer.
Quando eu era mais nova, recebi um conselho de uma amiga sobre a importância de não esquecer os amigos (que é minha amiga até hoje – alô Dani!). Me ensinou que os relacionamentos vêm e vão na nossa vida, mas que a amizade permanece. Era no ombro dela que eu choraria e nos braços dela que eu sempre voltaria. Foi graças ao conselho dela que eu namorei, casei, divorciei e casei de novo, e todas as minhas amigas sempre estiveram do meu lado.
Algumas delas moram em outras cidades, pois cresci em Santos, estudei no interior de São Paulo e moro na capital, mas a distância nunca impediu que a amizade se dissolvesse.
Aos que não dão valor a um amigo, sempre penso… Quem estará conosco quando os nossos pais falecerem? Quem irá nos visitar quando estivermos doentes? Quem fará companhia quando estivermos aposentados? Quem irá nos aguentar quando estivermos com 80 anos? Os amigos!
Depois que saímos da adolescência, fazer amigos se torna uma tarefa mais difícil. As pessoas parecem estar sempre ocupadas, não estão disponíveis o tempo todo. Então procure uma pessoa que esteja disposta a ser nosso amigo. E continue sempre fazendo isso, sempre procurando pessoas que estão dispostas a nos conhecer.
Mas não se esqueça, para ter amigos, precisamos primeiro nos doar. Mostrar que podemos ser um ótimo amigo. Dar oportunidade para a pessoa nos conhecer.
Num mundo onde as pessoas só querem falar e não têm mais paciência e disponibilidade para ouvir, ter amigos de verdade significa saber valorizar o que a pessoa tem a nos oferecer e ensinar.
Desde que nascemos, somos orientados a copiar os outros. Na forma de falar, na forma de expressar, na forma de vestir, na forma de comportar. Até aí, tudo bem, nada anormal, vivemos em comunidade.
Agora que eu tenho 2 crianças em casa, e tenho contato com outras crianças, consigo perceber como elas são corajosas, destemidas, desafiadoras. A partir de quando elas começam a abaixar a cabeça? Talvez em casa? Talvez na escola?
Somos programados a nos comportar de maneiras parecidas. Na escola, por exemplo, precisamos ficar quietos, sentados. Precisamos obedecer os professores, aprendemos a não questionar, a não fazer perguntas difíceis.
Aprendemos a silenciar a mente.
Passamos a acreditar que para ter um futuro melhor, precisamos estudar bastante, trabalhar em uma empresa de grande porte, ganhar bastante dinheiro e constituir uma família. Fim.
Mas e quando a gente percebe que a vida não se resume a isso? Que viver é muito mais?
Aliás, deixe-me saber: qual é o seu sonho? Já reparou que todo mundo tem o mesmo sonho? Ter uma casa própria, uma casa na praia, constituir uma família, viajar pelo mundo e ser feliz?
Será que esses sonhos idênticos, são realmente seus? Ou são sonhos plantados desde que nascemos? Será que sem perceber, estamos vivendo o sonho dos outros?
Há mais de 10 anos, tenho me questionado quem sou eu. Não a pessoa que querem que eu seja, mas quem sou eu de fato.
Essa pessoa que eu estou descobrindo, é completamente diferente da pessoa que eu achava que era. Olho para alguns anos atrás e chega a ser difícil acreditar que somos a mesma pessoa.
A aceitação acontece devagar, de forma natural. Conforme a gente vai se conhecendo melhor, o amadurecimento e o amor-próprio também começa a ter o seu papel.
A descoberta é surpreendente, impressionante, e em algumas vezes, mágica.
Quando aprendemos a nos amar, passamos a não ter tempo para as coisas pequenas. Passamos a nos preocupar com as coisas que realmente são importantes para nós.
Preciso ser sincera… não foram esses livros que mudaram a minha forma de pensar. Foram um “multi-combo de várias coisas”… os livros de auto-ajuda que sempre li (e que as pessoas torcem o nariz rs), os vídeos sobre motivação, o fato de eu sempre ter sido uma pessoa otimista, o meu marido que sempre acreditou no meu potencial, e nas centenas de livros sobre diversos assuntos que li.
Sim, eu sou dessas que lê livros no metrô, no ponto de ônibus, dentro do elevador, na fila do supermercado, no consultório médico, antes de dormir. E entre tantas linhas lidas, acabei absorvendo muita coisa boa, mesmo quando o livro não era tão bom.
Então essa lista de livros, não é uma lista estática, podem ter muitos outros livros e até mesmo textos de blogs que me transformaram, mas é uma tentativa de mostrar o que eu ando lendo:
O que você está fazendo hoje para sair desta situação?
É incrível como ela serviu e ainda serve para tudo na hora de fazer alguma reclamação.
– O país está uma m&$&@?
– O emprego está chato?
– O salário está baixo?
– Tem poucos amigos?
– O marido não ajuda em casa?
– Não gosta do bairro que mora?
– Algo te incomoda?
E o que você está fazendo para sair desta situação? Se a resposta for “nada” (e a maioria das vezes a resposta é justamente essa), me desculpe, mas o mundo não vai mudar por você. Não adianta só reclamar, falar mal e culpar os outros.
Essa pergunta é crucial, porque mostra que a pessoa que pode mudar a situação somos nós mesmos. A culpa não é mais do outro. A responsabilidade se torna nossa. E se a gente não faz nada para sair daquela situação, a não ser ficar reclamando de tudo e de todos, infelizmente, nada irá mudar.
Eu tenho 6 princípios que me auxiliam quando tento sair de uma determinada situação:
saber onde quero chegar daqui a 1, 5, 10 e 30 anos
analisar como sair da situação
estabelecer metas
praticar a gratidão
comemorar pequenas conquistas
ter pessoas que acreditam em mim
Apenas para exemplificar, vamos imaginar que uma pessoa não queira continuar trabalhando onde está atualmente.
Imagine onde quer chegar daqui a alguns anos? Em um novo emprego, talvez na mesma área, ou em uma área completamente nova. Se for em uma área diferente, talvez tenha que fazer um novo curso, uma nova graduação.
Pronto, a partir do momento que há uma ideia de onde pretende se chegar, é possível analisar a situação. Decidido que quer tentar uma área nova? O que precisa ser feito? Um curso? Onde tem esse curso? Quanto custa? Quantos anos de curso?
Agora começamos a estabelecer metas. Anotar em um papel pequenas tarefas como pesquisar em qual local pretende-se estudar, quanto é necessário investir para se formar em uma nova área, em que horário pretende-se estudar, etc.
A gratidão é um passo importante para reconhecer o esforço próprio ou de alguém. Comemorar pequenas conquistas faz parte dessa etapa. Conseguiu se inscrever no curso? Comemore! Conseguiu contato de pessoas que trabalham na área? Comemore! Essas pequenas conquistas é o que nos impulsiona para a frente.
Nem sempre é possível, mas ter pessoas que acreditam na gente é fundamental. Às vezes o desânimo bate, e quando a vontade de jogar tudo para o alto aparece, surge a pessoa que acredita em você, e dizer que tudo vai dar certo.
E você?
O que você está fazendo hoje para sair desta situação?
Eu tenho uma amiga muito querida que se divorciou há pouco tempo.
E posso dizer que depois da separação, ela ficou muito bonita. Começou a cuidar da pele, do cabelo, fez um curso de maquiagem, emagreceu, comprou algumas roupas novas, está viajando bastante, enfim, está muito mais radiante hoje, do que antes.
E comecei a pensar como a rotina, o comodismo e a falta de tempo, faz a gente se descuidar. A gente passa a usar aquela blusa velhinha pra ficar em casa, esquece de dar um trato principalmente quando ficamos em casa… e passamos a não nos arrumar tanto como antes (da conquista, do namoro, do casamento)…
Muitas vezes, só nos damos conta desse descuido quando já é tarde demais.
Não é porque estamos casados e felizes que devemos achar que o amor irá durar para sempre.
Cuidar de si mesma e do outro, dar um beijo, um obrigado, um carinho, um abraço, um eu te amo são atitudes muito importantes para que o amor não se acabe.
Depois que nasceram as nossas duas filhas, eu e o meu marido temos um cuidado extra sobre esse assunto, justamente para que o nosso casamento continue bom, como sempre foi.
Se o casal não tomar cuidado nessa fase, perpetua-se o papel de pai e mãe, anulando o papel de marido e esposa.
Quando um casal se separa, todos saem perdendo. O pai que não vê o filho todos os dias e perde momentos importantes do cotidiano. A mãe que perde um apoio e fica sobrecarregada. E o filho que perde a presença diária de um dos pais.
Claro que há casos em que o divórcio é a melhor alternativa. Mas estou falando da fase pré-divórcio, de quando o casamento está desandando no início e que há ainda amor. Se ainda há amor no casal, com certeza a melhor opção é se reconectarem.
O livro As 5 linguagens do amor, do Gary Chapman, aborda de uma forma bem inteligente as linguagens do nosso amor. Segundo o autor, há 5 linguagens do amor:
Palavras de afirmação
Qualidade de tempo
Presentes
Gestos de serviço
Toque físico
Quantos casais conhecemos que falam linguagens diferentes do amor? Enquanto para um a linguagem do amor é o toque físico, para o outro são presentes? Os dois ficam frustrados por não perceberem a intenção do outro.
É um livro bem interessante para ler, quem tiver interesse, recomendo a leitura. Não serve somente para relacionamentos amorosos, mas também para relacionamento de amigos e familiares.
Quando fui para Paris, eu não visitei os principais pontos turísticos, como mandam os sites de guias de turismo.
Eu não entrei no museu do Louvre.
Eu não subi na torre Eiffel.
Não tirei as fotos clássicas, dos ângulos clássicos, dos monumentos clássicos.
Não fui em nenhum restaurante badalado do momento.
Eu não fiz o que todo mundo que visita Paris geralmente faz.
Quando voltei para o Brasil, uma colega de trabalho que sabia que eu tinha ido para lá começou com um bombardeio de perguntas.
E depois de falar “não” para praticamente todos os lugares que ela perguntou se eu tinha visitado, ela perguntou categórica:
– Então pra que você foi pra Paris?
Fui pra Paris pra conhecer a cidade. Cheguei sim a estar de frente pro museu do Louvre e da Torre Eiffel, mas a fila de espera para conseguir entrar eram de 4 horas (em cada uma).
Eu preferi sentar no gramado em frente à torre e fazer um piquenique improvisado, do que ter a obrigação de ficar 8 horas em uma fila só para dizer (para os outros) que fui.
Eu preferi caminhar pelas ruas e conhecer os bairros que não estavam lotados de turistas.
Eu não quis tomar café nas cafeterias famosas, eu quis tomar café naquelas escondidas em becos que só os moradores locais saberiam informar.
A indústria do turismo faz com que todos frequentem os mesmos pontos turísticos, os mesmos restaurantes, as mesmas lojas e querem que a gente faça turismo de 5 dias em 5 países (é só procurar na internet).
Já eu, prefiro conhecer bem uma cidade. Prefiro sentar nos bancos das praças, alugar uma bicicleta, conversar com os moradores, frequentar supermercados do bairro, andar sem rumo pela cidade.
Prefiro reservar casas inteiras, ao invés de quartos de hotéis.
O post de hoje vai falar especificamente de mulheres, porque são as que mais sofrem pressão social para terem filhos.
Eu tenho 36 anos, e a maioria dos que estão a minha volta também têm essa idade, entre 30 a 40 anos. Para muitas mulheres, é um período crucial por causa do relógio biológico, mas para algumas, esse período não possui relação nenhuma com a vontade de ser mãe.
Eu tenho amigas que são mães, porque sempre quiseram ter filhos.
Também tenho amigas que estão ansiosas para serem mães.
Tenho amigas que tentaram engravidar, mas por diversos motivos não conseguiram.
Tem as que tiveram filhos por um descuido.
Há aquelas que geraram de forma independente.
Também há as que fizeram a adoção. Abriram o coração primeiro e tiveram os filhos do coração.
Há aquelas que mesmo sem vontade, têm filhos, só para não serem julgadas.
E finalmente, as que optaram em não terem filhos.
Acredito eu, que as que optaram em não terem filhos e as que não conseguiram engravidar, são as mais julgadas pela sociedade.
Dentre todas as opções, a mais triste, são aquelas pessoas que não tem vontade em serem mães, no fundo sabem que não querem um filho, mas terão, apenas por obrigação social. São aquelas pessoas que irão gerar filhos só para serem aceitas pelas sociedade.
Quando uma mulher decide que não quer ter um filho, é uma decisão que deve ser respeitada. É o direito de cada pessoa decidir o que é melhor para a vida dela.
Essa é uma decisão muito importante e delicada a ser tomada. Nem toda mulher nasce para ser mãe. Nem toda mulher quer ser mãe. E isso definitivamente não significa ser egoísta, ou fria, ou narcisista, ou individualista, ou precipitada. É uma decisão única, e com um profundo respeito à vida.
Digo respeito à vida, porque há pessoas que tem filhos e em nenhum momento pensaram na responsabilidade que isso traz. São filhos que possuem os cuidados terceirizados, o amor terceirizado.
Eu mesma, não tinha vontade de ser mãe antes de conhecer o meu marido. A vontade de ser mãe veio com o amor que sinto por ele. Houve um momento da nossa vida que estávamos muito felizes, mas sentíamos que faltava algo. Demorou para reconhecermos que esse algo, era um filho. Meu marido também nunca teve vontade de ser pai. Então quando decidimos que queríamos gerar um filho, foi uma decisão muito consciente e bonita.
Quando eu namorava meu marido, sempre perguntavam: “você vai casar quando?”. Depois a pergunta se transformou em: “quando vão ter filhos?”. Depois que tive a minha primeira filha, a pergunta virou: “e o segundo filho, quando vem?”. Atualmente as pessoas perguntam se vamos tentar ter um menino, já que tivemos duas meninas. E eu tenho certeza que se eu engravidasse pela terceira vez, as mesmas pessoas que estão me encorajando atualmente para ter um terceiro filho, me olhariam torto dizendo que é um exagero ter três filhos.
Por aí dá para perceber que as pessoas SEMPRE irão nos cobrar por algo. Então, já que vão cobrar de qualquer jeito, a melhor maneira é seguir o nosso coração, fazer o que o nosso coração manda. Quer ter filhos? Ótimo! Não quer ter filhos? Ótimo também!
A liberdade de escolha de ser mãe é uma conquista.
Depois que eu tive as minhas filhas e passei a cantarolar canções infantis, me deparei com uma realidade muito triste… de que as nossas canções ou são assustadoras ou possuem letras que não fazem sentido.
Canções assustadoras:
Atirei o pau no gato tô tô
Mas o gato tô tô
Não morreu reu reu
Dona Chica cá
Admirou-se se
Do berro, do berro que o gato deu:
Miau!
Marcha soldado
Cabeça de papel
Quem não marchar direito
Vai preso pro quartel
O quartel pego fogo
A policia deu sinal
Acode, acode, acode a bandeira nacional
Nana nenem
Que a cuca vem pegar
Papai foi pra roça
Mamãe foi trabalhar
Boi, boi, boi
Boi da cara preta
Pega esta criança que tem medo de careta
A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da barata, ela tem é uma só
Ah ra ra, iá ro ró, ela tem é uma só !
O anel que tu me destes,
Era vidro
E se quebrou.O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.
Agora vem a leva das canções com letras sem fundamento nenhum:
Fli (fli)
Fli Flai (fli flai)
Fli Flai Flu (fli flai flu)
Tumba (tumba)Tumbalala tumbalala tumbalala vista
Tumbalala tumbalala tumbalala vistaNo no no no vista
No no no no vista
Borboletinha tá na cozinha
fazendo chocolate
para a madrinhaPoti, poti
perna de pau
olho de vidro
e nariz de pica-pau pau pau
Pirulito que bate bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela
Quem gosta dela sou eu
Foi na loja do mestre André
Que eu comprei um pifarito,
Tiro, liro, li um pifarito,Ai olé, ai olé,
Foi na loja do mestre André.
Ai olé, ai olé,
Foi na loja do mestre André.
Tudo bem, as músicas tem rima, são alegres e engraçadinhas, mas bem que podia ter um fundo de aprendizagem moral, né?
Por diversas vezes ouvi de pessoas próximas que eu tenho sorte.
Sorte por ter um marido tão presente.
Sorte por ter conseguido passar em um concurso público concorrido.
Sorte por todas as coisas que eu conquistei.
Quando conquistamos algo, geralmente as pessoas enxergam somente a conquista em si, sem enxergar todo o esforço (e principalmente renúncias) envolvido para que aquilo fosse conquistado.
Por isso quando se conquista algo, as pessoas acham que é sorte. Não enxergam quantas horas foram necessárias para estudar sobre um determinado assunto, ou as coisas que foram deixadas de lado para que algo pudesse se tornar prioridade.
Ao invés de assistir televisão, temos a escolha de ler um bom livro.
Ao invés de navegar na internet sem rumo, temos a escolha de estudar algo que nos acrescente como pessoa.
Eu, que estou com tempo escasso por trabalhar 8 horas, e ainda ser esposa e mãe de 2 filhas pequenas, encontrei alternativas para estudar ouvindo audiobooks enquanto faço compras no supermercado ou enquanto estou cozinhando e lavando louça. Já perdi as contas de quantas horas eu estudei ou li bons livros, de madrugada, enquanto amamentava minha filha.
Todos nós temos as mesmas 24 por dia. Se o dia será produtivo ou não, só depende de uma coisa: da nossa decisão.
A cada dia temos uma nova chance de dar um rumo diferente na vida.
Essas horas que gastamos sem fazer nada importante, a primeiro momento parece uma perda insignificante. “Ah são só 2 horas por dia…”
Mas se somamos um período de 5, 10 anos, conseguimos enxergar o quanto fomos produtivos, ou dependendo, quantas coisas deixamos de fazer.
No final de 10 anos, surge o poder das escolhas que fizemos ao longo da nossa vida.
“Insanidade é continuar fazendo sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes” ~ Albert Einstein ~
Tire um dia da sua vida para refletir: onde você quer estar daqui a 10 anos?
Trace diversas metas pequenas. Metas tão pequenas que chegam a ser ridículas se não forem feitas. Concretize diversas metas pequenas e faça novas escolhas que proporcionem a certeza de que daqui a 10 anos, você estará onde justamente gostaria de estar.
Foi bem difícil, mas ao mesmo tempo senti um alívio ao saber que a partir daquela dia, eu voltaria a ter controle da minha vida.
Logo depois do divórcio, voltei a estudar, procurei um novo lugar para morar e juntei meus caquinhos para reconstruir minha vida.
Engana-se quem pensa que não gosto dele. Muito pelo contrário, tenho admiração e gratidão por ele ter tido a coragem de dizer o que estava sentindo. Graças à essa coragem eu tive a oportunidade de reconstruir a minha vida ao lado de outra pessoa.
No dia em que ele foi embora, eu dobrei suas roupas para colocar na mala. Eu emprestei a chave de casa quando viajei por 1 mês, porque ele ainda não tinha lugar oficial para ficar. Quando retornei da viagem, encontrei a casa em silêncio e uma geladeira abarrotada com coisas que eu gostava de comer.
Foi ele que fez a mudança das minhas coisas para o apartamento novo. Foi ele que desmontou e montou meu guarda-roupa.
E com todas essas lembranças, hoje tenho a plena consciência de que meu primeiro casamento não foi um erro. Eu casei com a pessoa certa. Só não durou para sempre.
E apesar de já saber que ele tinha um caráter exemplar, foi no divórcio que eu confirmei isso.
Dizem que a cada 10 anos um novo ciclo se inicia.
Depois de 10 anos, cá estou eu, casada novamente, apaixonada e mãe de 2 lindas filhas.
E ao relembrar desse momento, lembrei da minha mãe falando que sempre achou que o divórcio era o fim da vida de uma pessoa…
… mas que ao me ver começando de novo, descobriu que o divórcio não era um fim, e sim, o recomeço de uma vida.
Neste fim de ano, aproveito para relembrar que nós temos a força de recomeçar sempre. Recomeçar uma nova vida, um novo estilo de vida, um novo hábito, ter novos propósitos…
Quando falamos sobre felicidade, costumamos lembrar de pessoas sorrindo, coisas felizes acontecendo, e com isso a gente tem a ilusão de que todos irão ficar felizes com a sua felicidade.
O historiador Leandro Karnal já havia dito em uma de suas palestras que para saber se aquela pessoa é seu amigo de verdade, basta reparar se a pessoa ficará feliz com as suas conquistas.
Fale que vai casar. Que está grávida. Que ganhou uma viagem para o exterior. Que foi promovido. Que está feliz.
Tem gente que vibra, abraça, dá pulos de alegria e até chora de felicidade junto com a gente.
E tem pessoas que amarguradas com a felicidade alheia, gostam de alfinetar, jogar um balde de água fria, falar que foi sorte, que foi indicação, que a pessoa não merecia.
Escrevendo este post, lembrei de uma pessoa que talvez tentou me colocar para baixo quando eu estava grávida ainda de 4 meses. No momento em que todos estavam me elogiando, dizendo como eu estava bonita grávida, a pessoa olhou direto pra mim e falou: “É… já está com nariz de batatinha”. Desnecessário, né?
Tente ficar perto de pessoas otimistas e felizes. Tente ficar perto de pessoas que não falam mal dos outros.
Amigo de verdade não é aquele que empresta o ombro-amigo quando você está na pior. É aquele amigo que fica genuinamente feliz com as suas conquistas.
Analise: quantos amigos você possui que ficam realmente felizes com as suas conquistas?
Já parou para pensar quem são seus amigos verdadeiros?
Não é de se estranhar que a nossa vida esteja tão corrida.
E o motivo é simples.
Nós trocamos – pelo menos – 1/3 do nosso dia trabalhando para os outros em troca de dinheiro, julgo salário. Vendemos o nosso tempo por dinheiro para manter o nosso sustento, comprar comida, ter um teto para morar, pagar pelos estudos, ter conforto.
Ficamos 8 horas no trabalho + 1 hora de almoço no trabalho + 1 hora (pelo menos) no trânsito. “Só” isso já consome 10 horas do nosso dia.
Quando voltamos para casa, a maioria de nós precisamos ir ao supermercado, fazer o jantar, cuidar da nossa higiene, cuidar dos filhos, cuidar da casa.
Mesmo se não tivermos nenhuma atividade extra (como academia, curso), só com o emprego e tarefas domésticas, o dia praticamente já foi preenchido.
Quando tentamos fazer mais coisas do que o nosso tempo permite, geramos estresse e a sensação de que nos falta tempo domina a nossa rotina.
Muitos pais fazem hora extra para comprar o que há de melhor para o seu filho, mas na maioria das vezes o que o filho mais quer é ter os pais por perto.
Trocamos nosso tempo trabalhando mais para comprar coisas que nem precisamos.
Talvez compramos coisas que não precisamos por fazer uma comparação com um colega? Se um colega de trabalho compra um carro importado, uma casa grande decorada, coloca os filhos na escola bilíngue, a sensação de que está ficando para trás invade a sua mente?
A televisão dá uma bela incentivada nesse comportamento, mostrando em novelas e comerciais as mulheres surreais andando de salto alto dentro da casa, ou seja, mostram a mulher impecável que nos faz sentir um lixo. Ressaltam em comerciais a importância de trocar presentes em datas festivas (a maioria inventadas por donos de indústrias para girar o comércio) como Dia das Crianças, Dia dos Pais, Dia das Mães, Natal, Dia dos Namorados, Black Friday, etc.
Colocaram na nossa cabeça que trabalhar muito é bonito. Fazer hora extra é bonito. Não ter tempo para família é bonito. Ou seja, quanto menos tempo tivermos, mais importante iremos parecer.
Colocaram na nossa cabeça que quem tem tempo é preguiçoso. Que quem trabalha pouco é vagabundo. Quanto mais tempo tiver, mais preguiçoso vai parecer.
Quem colocou essas ideias na nossa cabeça?
Neste exato momento, eu não tenho a opção de largar meu emprego, mas sei que a empresa me paga pelas 8 horas diárias do meu serviço. Antes eu fazia hora extra. Hoje não. Antes eu vendia férias. Hoje não.
Para ter um casamento saudável, é necessário que a família passe mais tempo juntos. Para ter filhos com melhor autoestima é necessário que passem mais tempo com os pais.
Não deixe que – no pouco tempo que sobra do seu dia – a televisão, o celular, a internet afaste ainda mais sua família.
Se há alguns anos alguém me falasse que eu teria um blog, acho que eu teria dado risada, justo eu, que tirava notas baixas nas provas de Português.
Desde 2013, descobri através dos leitores deste blog que não estava sozinha na jornada do minimalismo, que julgava ser solitária.
Já comentei em alguns posts sobre eu achar que era burra e feia. Foi influência da minha irmã mais velha. Vocês nunca imaginariam, mas eu sofri bullying (essa palavra nem existia naquela época) por ela e tive minha autoestima dilacerada. Eu apanhava praticamente todos os dias, levava surras e socos, lembro que meus ossos doíam.
Eu sofri agressões físicas e psicológicas por décadas, e só saí de casa para estudar em outra cidade porque queria viver, e não sobreviver. Foi o caminho de esperança que minha mãe me deu, de financiar minha fuga se eu passasse numa universidade pública.
Fui condicionada a acreditar que eu era um nada, e talvez por isso, aprendi a viver na sombra, tentando não chamar atenção. Não gostava de falar em público por medo das críticas. Tinha medo de tentar, de errar, de fracassar.
Na escola da vida, nos ensinam que o oposto de ter Sucesso, é Fracassar.
Só que como hoje eu sou expert em discordar de diversos conceitos que nos é passado, acredito que essa interpretação está equivocada.
O oposto de Sucesso é Desistir.
Eu tenho me esforçado diariamente no meu desenvolvimento pessoal para evoluir como pessoa e ser uma pessoa melhor. Inclusive, estou fazendo um curso para vencer as nossas resistências com o Leandro Ávila – do Clube dos Poupadores, uma pessoa que eu admiro muito. E ter a oportunidade de conversar com alguém tão sábio e generoso faz com que eu queira ir adiante, faz com que eu queira evoluir cada vez mais.
Em uma parte do curso ele me desafia a colocar minha foto no blog (é, contei para ele do blog aqui rsrs), para que eu lute contra a minha resistência.
E eu percebi que eu não quero mais desistir de mim, nem me esconder. É na jornada do autoconhecimento que aprendemos a enfrentar nossos maiores medos e encontramos pessoas que valem a pena, que nos estendem as mãos para ajudar.
Meu marido é uma dessas pessoas. O Leandro também. E com certeza absoluta, vocês, leitores deste blog.
Eu quero aprender a fracassar diversas vezes para que eu possa crescer como pessoa.
Desde que passei a aderir o estilo de vida minimalista, sabia que algo estava fora da curva, alguma coisa martelava na minha cabeça, mas não sabia exatamente o que era.
Aos poucos, percebi que o que me incomodava era o consumismo em excesso que estava à minha volta.
Comecei a desapegar de várias coisas, desde roupas, sapatos, bolsas, objetos de casa, eletrônicos, produtos de beleza, maquiagem… e junto com o desapego, a alma foi ficando cada vez mais leve.
Em contrapartida, passei a perceber como as pessoas ao meu redor davam mais valor para a roupa que eu estava vestindo do que o que eu tinha a dizer. Pessoas entravam na minha casa desapontadas por eu não morar em um apartamento adequado para a minha idade ou meu cargo público, ou quando descobriam que eu não tinha carro, nem apartamento próprio, por preferir utilizar o transporte público e morar de aluguel por sentir-me mais livre.
Foi através dos olhares curiosos das pessoas que eu constatei o que já sabia: de como o mundo é movido pelo consumismo e ostentação. Trabalhamos para produzir, trabalhamos para consumir, consumimos para mostrar aos outros, e tudo gira em torno do excesso.
A moda agora é ostentar a felicidade no Facebook e Instagram, estar sempre com a roupa do momento, roupas descartáveis que duram apenas 1 estação; alimentos industrializados, fáceis de serem comprados e absorvidos pelo nosso organismo, fazendo com que depois de 2 horas já estejamos com fome novamente. Eletrodomésticos e eletroportáteis que propositalmente duram 3, 5 anos com a obsolescência programada.
Olhe ao seu redor. Você é realmente autêntico? Ou está seguindo a manada?
Será que o fato de querer um apartamento é um sonho seu? Ou um sonho que foi construído para ser seu?
Ser funcionário público traz estabilidade? Ou nos aprisiona pelo medo de trocar de emprego?
Veja as propagandas de carro. Brasileiro é louco por carros? Ou é louco por status?
Desconstruir uma teoria é muito mais difícil do que imaginamos.
O minimalismo tem me trazido esse senso crítico.
Ao não comparar a minha vida, minha roupa, meu salário, meu estilo de vida com a dos outros, comecei a descobrir o que de fato me faz feliz. E essas teorias pré-concebidas foram sendo derrubadas uma por uma.
E desde então, o minimalismo tem sido um grande aliado para o meu autoconhecimento.
Andei pensando em como o tempo (ou melhor, a falta dele) faz com que a gente pare de sonhar, faz a gente viver no automático – acorda, toma café, vai para o trabalho, volta para casa, toma banho, faz o jantar, come, faz as tarefas de casa e dorme – e quando percebemos o dia já acabou, a semana já passou e o fim de ano já chegou.
Desde que descobri a lista do “Talvez, Um dia desses”, fui preenchendo essa lista com as coisas que um dia gostaria de fazer.
Desde ler livros de filosofia, voltar a fazer aulas de patchwork e ter um ofurô em casa, a lista foi sendo preenchida com muito carinho e calma.
E ao começar a abrir meu baú de memórias, comecei a lembrar de alguns sonhos, alguns da época em que eu era criança (como morar em um trailer), outros da época da adolescência (como correr a São Silvestre fantasiada 😬), e até sonhos de alguns anos atrás (como ter uma vespa italiana ou conhecer as obras do Antoni Gaudí na Espanha). Também queria adotar um parque do meu bairro, aprender a correr, acordar mais cedo. Enfim, sonhos grandes e sonhos pequenos.
Também recordei de muitos sonhos que já foram realizados… morar sozinha, ter um grande amor, aprender a cozinhar, nadar com um boto cor-de-rosa, andar de balão de ar quente, voar de paraglider, fazer um intercâmbio, conhecer alguns lugares maravilhosos ao redor deste mundo.
E percebi como tantos sonhos podem se tornar realidade.
Sonhar é importante, mas muitas vezes, não basta sonhar. É necessário trazer esse sonho para a realidade. E isso é tão importante quanto sonhar.
Eu faço assim: quando o final do ano se aproxima, eu escolho qual sonho quero concretizar. E me preparo para que ao longo do ano que vem eu tenha condições de realizar esse sonho.
Se é uma viagem, é saber onde, quando, como, com quem vou viajar e quanto vou precisar.
Se é uma corrida, é me preparar física e mentalmente, começando aos poucos.
Se é um curso, é descobrindo onde o curso é oferecido, quanto custa, o tempo de duração, além de abrir um espaço na agenda.
É uma forma de tornar o sonho mensurável e palpável, além de não esquecer nunca, que apesar da correria do dia-a-dia, os nossos sonhos terão sempre espaço na nossa vida.
Por isso a recomendação é: escreva! Pode ser em um caderno, no celular, no computador, mas anote… para nunca mais se esquecer dos sonhos.
Quando sabemos que tudo o que estamos vivendo irá passar, passamos a aproveitar melhor o momento, tentando eternizar aquele momento, porque sabemos que isso vai passar.
Da mesma forma, se estamos em um período difícil, essa frase traz conforto, porque como sempre diz a minha mãe, não há inverno que dure para sempre.
Por saber que nada dura para sempre, nem as coisas ruins, nem as coisas boas, aproveitamos para aprender com as dificuldades e ter humildade e gratidão nos momentos de felicidade.
Então se você que está lendo esse texto, está passando por uma fase muito difícil, saiba que isso irá passar.
E se está vivendo dias bons, aproveite para curtir cada momento, pois isto também passará.
A pergunta que a gente sempre houve é que filho custa caro, muito caro.
Sim, filhos custam.
Mas também não custa horrores como vejo informar muitas capas de revistas (e algumas pessoas que conheço).
Antigamente era muito comum filhos estudarem em escola pública, morar numa casa simples, dividir quarto com irmãos, usar roupa surrada do primo, andar de chinelo na rua ao invés de tênis (ou até mesmo descalço), festa de aniversário com doces e salgados feitos pela mãe e vó, beber água da torneira, ganhar presente só no Natal, ir para a escola a pé, andar de ônibus, andar a pé, viajar para casa de parente, brincar ao ar livre, descer a ladeira da rua com carrinho de rolimã ou skate.
Já hoje…
É muito mais comum ver crianças em escolas particulares, morar numa casa decorada, cada criança com seu próprio quarto, plano de saúde particular, usar somente roupas novas, beber água de garrafa, almoçar no shopping, brincar no shopping, ganhar presentes todos os meses, ter playstation, TV a cabo com 1000 canais, festa de aniversário em buffet com palhaços e animadores, ir para a escola de carro, viajar para resorts, hotel fazenda, Disney…
Realmente, neste caso, filho custa muito.
Depende de como criamos e onde levamos os filhos para passear e como lidamos com o consumismo.
Se levarmos para passear no shopping, almoçarmos por lá e comprarmos alguma bobeirinha, é claro que a criança já vai crescer achando normal que em todo passeio os pais precisam abrir a carteira e gastar dinheiro.
Acredito muito que a criança aprende pelo exemplo.
Toda semana eu e meu marido saímos com as nossas filhas para colocar os pés descalços na grama, na areia ou na terra. Se está chovendo, saímos de casa mesmo assim, vamos para a biblioteca infantil que tem livros e brinquedos. Ou seja, isso significa que nossos passeios de fim de semana geralmente incluem parques, piqueniques, passear pela rua, bibliotecas públicas, centros culturais e parquinhos infantis.
Levamos suco natural, sanduíche, frutas e alguma bobeirinha pra beliscar.
Também pedimos para as avós não comprarem presentes de forma exagerada, pois tanto eu como meu marido acreditamos que a criança tem que aprender a esperar, já que a vida não dá tudo o que a gente quer na hora que a gente quer.
Veja bem, a criança não precisa usar a fralda mais cara. Não precisa de um quarto decorado. Não precisa de brinquedos novos toda semana, nem de brinquedos caros. Não precisa de roupas lindas e coordenadas. Não precisa de uma casa grande.
O que a criança precisa é do nosso amor, do nosso tempo e da nossa atenção.
Conheci meu marido ainda adolescente, no primeiro dia da faculdade. E em poucos dias, nos tornamos melhores amigos. Ele continua sendo meu melhor amigo e continuamos a rir um do outro até hoje.
Ele é meu melhor amigo quando me acompanha para comprar roupas, palpitando e tendo a maior paciência para eu experimentar e decidir o que levar. Ele é meu melhor amigo quando permite que eu consiga ser eu mesma, livre e solta. De não ter receio de parecer uma boba. Me ouve com atenção sobre qualquer assunto.
Conversamos sobre tudo, desde fofoca de famosos, finanças, minimalismo, até política e filosofia.
Teve oportunidades para trabalhar em outro país e também em outro Estado, mas largou mão de ter uma carreira sólida para viver um grande amor. O seu grande amor por mim.
Desde quando namorávamos, lavava a louça da minha casa, varria a casa, lavava até o banheiro. Cuidava da minha casa com tanto zelo, como se fosse a sua.
Sinto sua presença em tudo, me cobre nas madrugadas frias, me deixa dormindo até mais tarde quando sabe que estou cansada, prepara o café da manhã, elogia a minha comida. Sempre me espera para comer, mesmo se eu demorar por estar amamentando, ou colocando as crianças para dormir. Me espera mesmo se estiver morrendo de fome, só para ter o prazer de estar comigo. Se estou deitada na cama com o cabelo molhado, ele vem com o secador de cabelo e seca para mim. Se estou doente, anota os horários do meu remédio. Toma conta de mim e me sinto cuidada. Recebe os posts do meu blog por e-mail, mas faz questão de ler no site só pra aumentar a estatística de visita.
Sim, ele é assim. Sim, ele é um amor de pessoa. Sim, ele é grande amor da minha vida.
Analisando nosso relacionamento, vejo que desde o início, sempre nos admiramos. Ele, inclusive, sempre acreditou em mim. Acreditou no meu potencial, na minha inteligência, na minha essência, mesmo em períodos em que eu não acreditava do que era capaz. Eu me achava menos inteligente do que a maioria das pessoas, menos capacitada intelectualmente. E tentava compensar essa “falta de inteligência” sendo uma pessoa legal.
Só que ele tinha a opinião completamente contrária sobre mim. E por ele sempre acreditar no meu potencial, eu me re-descobri.
Este blog inclusive, nasceu pela insistência dele. Ele gostava tanto das coisas que eu falava (que era contrário a tudo o que ouvimos por aí), que achava que eu precisava ter um blog para que mais pessoas pudessem ouvir o meu pensamento.
Quando falei que tinha um plano para nos aposentarmos aos 50 anos, foi o único que não riu e sentou do meu lado para ouvir o que eu tinha para falar.
Ele me deu o privilégio de ter uma família. Antes era só eu e ele. Hoje, nós somos 4. Eu, ele e as nossas duas filhas lindas.
Me mostrou que não é o dinheiro que traz felicidade, me mostrou que reconhecer os próprios erros não faz de uma pessoa menos digna, muito pelo contrário, mostra o quão humilde pode ser.
Apesar de tantos defeitos que tenho, me ama com toda força da alma. Sou capaz de perceber o amor pelo olhar, pelo tom de voz.
Como ele mesmo diz, o nosso encontro mudou nossa vida. Nós somos pessoas muito melhores juntas, nós melhoramos a cada dia como ser humano por estarmos juntos.
Ele não é só meu marido. É o meu parceiro, meu melhor amigo, a pessoa que mais me conhece e cuida de mim. Às vezes acho que ele me conhece melhor do que eu mesma.
Ele potencializou o que estava adormecido em mim. E isso me faz refletir como é importante escolher bem a pessoa que vai passar a vida com você.
Quando penso o quanto já compartilhei da minha vida com ele e o tempo que ainda ficaremos juntos, um sorriso no canto de boca é inevitável. Passamos até a cuidar melhor da alimentação e fazer exames médicos de rotina por querer estarmos mais tempo juntos.
Eu sei que mudei muito. Minhas ideias amadureceram, minhas opiniões mudaram e esse blog me ajudou muito a acelerar esse processo.
E saber que mesmo após tantas mudanças e descobertas, meu marido me apoia e continua tendo orgulho das minhas opiniões e convicções me dá a certeza de que não só escolhi a pessoa certa, como tenho certeza de que estamos caminhando na direção certa.
Eu sempre acreditei que escolher a pessoa certa que vai caminhar com você, o que a gente chama de Vida, é o que faz a diferença se sua vida vai ser mais fácil ou mais complicada.
A vida une as pessoas certas no momento certo. Que este seja nosso destino: amar, viver e começar cada dia juntos.
A Mari do Frugalidades me convidou para responder uma TAG sobre felicidade. 😍
Então vamos lá:
1. O que você gosta de fazer quando está sozinha?
Gosto de ler livros deitada na cama, ouvir palestras pelo YouTube enquanto cozinho, escrever nesse blog e pensar na vida.
2. O que você gosta de fazer junto com outras pessoas (amigos, família ou namorado)?
Geralmente gosto de convidar a pessoa para passar a tarde em casa comigo, tomando chá e comendo brownies ou bolinho de chuva quentinhos enquanto colocamos o papo em dia.
3. Pequenas coisas que te faziam feliz na sua infância
Eu tinha uma caixinha de madeira onde guardava meus tesouros: uma concha bonita, um bilhete carinhoso de uma amiga, uma foto, ímã de uma viagem que eu fiz, enfim, pequenas coisas que me remetiam à felicidade. Eu adorava abrir a caixa e ficar admirando cada coisinha guardada. Hoje, a casa onde moro é a minha “caixinha”. Adoro abrir a minha caixinha e ficar dentro dela.
4. Uma coisa que te deixou feliz essa semana
Voltar a comer carboidratos… sério! Fiquei 1 semana sem comer carboidratos, para tentar me alimentar melhor (e emagrecer os quilos que ganhei na gravidez), mas não deu. Amooo pão, arroz, batata… Enfim, comer brigadeiros me deixou muito feliz!
6. Cite 3 coisas que te deixam muito feliz
– de não me comparar com os outros: isso não me dá sentimento de inveja, de que falta algo. Me dá sentimento de plenitude.
– de ter percebido a servidão moderna: é como se eu tivesse acordado a tempo.
– de ver minha família crescer. Antes éramos só eu e meu marido. Hoje somos em 4.
7. Complete: Felicidade é…
… aprender a enxergar as pequenas alegrias e simplicidade do dia-a-dia.
Sempre ouvimos que temos que aproveitar cada minuto da nossa vida, pois a vida é curta. Inclusive, li outro dia na internet de que os dias são longos, mas os anos, curtos.
Concordo na parte de que temos que aproveitar cada minuto da vida, mas você já parou para pensar como a vida é longa?
A vida sempre deu e continua dando chance para recomeços.
Eu comecei e terminei relacionamentos, troquei de empregos, mudei hábitos, passei a entender melhor algumas pessoas, comecei a compreender meus medos, minhas angústias, minhas inseguranças, passei a acolher meus defeitos e a me orgulhar dos meus feitos.
A vida é um eterno recomeço. Todos os dias ao acordar, eu sei que tenho a chance de mudar alguma coisa da minha vida.
Quantas pessoas você conhece que já recomeçou?
Eu conheço muitas. Pessoas que correm atrás dos sonhos. Lutam pelo que acredita. Tropeçam e levantam inúmeras vezes sem medo de serem julgadas.
Eu quero ser daquelas pessoas que ao olhar para trás, tenha orgulho dos vários recomeços. Dos vários tropeços. Das diversas conquistas.
O tempo, diferentemente do dinheiro, não pode ser poupado para ser usado depois. Ou usa-se, ou perde-se.
“Você só vive uma vez, mas se viver direito, uma vez é suficiente.” – Mae West
Sempre que falo sobre tempo, lembro do comercial do cartão Visa que passou no final de 2003. Faz 14 anos que esse comercial passou na televisão, mas continua presente na minha memória:
“Dizem que a vida é curta, mas isso não é verdade.
A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança traquina brincando de esconde-esconde.
Infelizmente, às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é ator e não espectador; quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria.
E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos…
Uma coisa não posso negar. O minimalismo me ensinou o significado da gratidão.
Hoje sou um misto de uma pessoa otimista com expectativa baixa. Hã? Deixe-me explicar porque essa combinação é fenomenal. Ela faz com que a gente fique feliz com praticamente qualquer coisa que acontece na nossa vida. Quer ver?
Tropecei e ralei o joelho… ainda bem que não ralei meu rosto.
Roubaram meu celular… pelo menos o celular era bem velhinho.
Peguei uma doença da minha filha e tive que ficar 2 dias de repouso do trabalho… que bom, vou aproveitar pra descansar.
Perdi R$10,00 na rua… Dos males o menor, podia ter sido R$50,00.
Se não recebo o dissídio anual, pelo menos não perdi o emprego.
Se meu marido fica sem emprego, pelo menos foi num período bom, assim ele acompanha de perto minha licença-maternidade.
Enxergar tudo pelo lado bom, facilita a vida e deixa tudo mais leve. É tentar, apesar das dificuldades do dia-a-dia, se colocar no lugar do outro e saber que a situação poderia ser muito pior.
Às vezes, a nossa vida continua sendo a mesma, o que muda é a interpretação daquela história.
Repetimos diversas vezes de que queremos ser felizes, de que os nossos filhos sejam felizes… mas o que significa felicidade para você?
O que te faz realmente feliz?
A maioria de nós, procura a felicidade nos lugares errados. Achamos erroneamente que bens materiais nos traz felicidade: uma casa grande, um carro luxuoso, comer em restaurantes de bairro nobre, ter um closet cheio de roupas importadas, ter relógios e jóias… Ou seja, achamos basicamente que são as coisas materiais que nos traz felicidade. Também tem gente que acha que a felicidade está na outra pessoa, mais precisamente, casar e ter filhos (eu conheço algumas pessoas que são casadas com filhos, e continuam infelizes), talvez porque seja mais fácil colocar a responsabilidade da própria felicidade em uma terceira pessoa.
Só que a verdadeira felicidade não envolve bens materiais, nem casamento.
Felicidade é a soma de pequenas felicidades. Reconhecer e agraciar os pequenos prazeres é o que traz a felicidade. Quem procura a grande felicidade, irá morrer sem nunca encontrar.
Talvez o grande problema das pessoas não serem felizes é que a maioria nem sabe o que de fato o faz feliz. Quem é você? O que você gosta de fazer? A maioria das pessoas ficaria no silêncio, pensando, tentando descobrir a resposta.
Se você não entende a sua própria necessidade, se não sabe o que te faz feliz, a tendência é seguir a manada. Será tentar preencher esse vazio com as coisas que a mídia acredita que você deve ter/fazer. Ou seja, comprar várias coisas desnecessárias para seguir um padrão da sociedade. Você irá comprar porque todo mundo está comprando. Você irá casar, porque todo mundo está casando (não importa se você de fato ama aquela pessoa ou não). Você irá ter filhos, porque todo mundo está tendo filhos. E isso tudo só para se encaixar num padrão pré-ditado, acreditando que seguindo essas regras, dificilmente uma pessoa não irá ser feliz. Só que a felicidade não vem, nos deixando cada vez mais confusos.
Aqui neste vídeo abaixo, há um experimento muito interessante sobre conformidade social. Agimos de acordo como as regras são ditadas para sermos aceitos pela sociedade.
O que a sociedade impõe para que eu seja supostamente feliz é muito diferente do que de fato me faz feliz. E saber essa diferença foi fundamental para eu reconhecer e encontrar a minha felicidade.
Foi quando eu descobri que não preciso ter um imóvel próprio para ter segurança financeira, um carro bacana para ser considerada adulta, fazer um casamento pomposo para mostrar aos outros como sou feliz, ter uma rede social para mostrar como a minha vida é linda, comprar coisas caras para mostrar que sou bem sucedida, falar difícil para tentar provar que sou inteligente…
Você já parou para pensar quais são os ingredientes da SUA felicidade?
Já parou para pensar o quanto é suficiente para você viver com qualidade?
Nós, seres humanos, temos a tendência de sempre estarmos insatisfeitos com o que a vida nos oferece. Se antes recebia R$1.000 de salário e hoje ganha R$5.000, continuamos querendo mais. E se passar a ganhar R$10.000, será que continuaremos querendo ganhar mais? Provavelmente sim.
Nós temos necessidades básicas (um teto para morar, comida para nos alimentar, roupa para nos aquecer), mas também não podemos ignorar que temos desejos.
Como equilibrar de forma saudável a necessidade e o desejo, sem pecar pelo consumismo?
Pra mim, foi muito importante conhecer a minha própria suficiência (porque a minha é diferente da sua necessidade). A partir do momento que alcancei o equilíbrio entre necessidade e desejo, surgiu o sentimento de gratidão. E frases como “Já tenho o suficiente, obrigada” começaram a ser frequentes.
– Já tenho o suficiente, não preciso mais comprar nada por enquanto.
– Já tenho um celular bom o suficiente, não preciso competir com o vizinho.
– Já tenho um salário suficiente, não preciso gastar mais tempo de vida para ganhar mais.
Não sei se é cultural do nosso país, mas tenho a impressão de que as pessoas confundem esse sentimento de suficiência com comodismo, de que nunca podemos estar satisfeitos: precisamos estudar mais, ter um salário mais alto, ter um emprego melhor, um cargo mais alto, um carro mais caro, uma casa maior etc.
O segredo de viver bem com menos é apreciar o que já possui e sentir-se satisfeito, grato, e nunca se comparar com o outro.
Meu marido é bolsista de pós-doutorado. Ou seja, a cada 2 anos, ele precisa de projetos novos para receber o salário.
Para quem é novo por aqui, a minha segunda filha acabou de nascer, e o nascimento dela coincidiu com o término do projeto de pesquisa dele. Com a restrição orçamentária no novo governo, nem preciso falar que meu marido não conseguiu renovação do projeto.
Numa situação normal, talvez eu ficasse muito chateada, triste e preocupada. Mas desde que começamos a namorar, sabia que o emprego dele tinha a parte boa (flexibilidade de horário) e a parte ruim (instabilidade financeira), e nós nos preparamos para este dia, guardando dinheiro.
O que era para ser uma notícia ruim, se transformou numa notícia boa graças ao planejamento: ficar em casa no período em que minha segunda filha nasceu, significa que meu marido poderá acompanhar de perto a minha licença-maternidade.
O planejamento tem feito a gente viver sem estresse em muitos casos.
Na época da crise da água (em 2015), eu fiquei com muito medo de faltar água em casa, principalmente porque estava grávida da minha primeira filha. Contra todas as risadas que eu ouvi, eu comprei uma bombona para armazenar 200 litros de água no meu apartamento.
Armazenar água me deu uma sensação de segurança impagável. E olha o que aconteceu. Tive a minha filha na maternidade, e no primeiro dia em que voltamos para casa, aconteceu o que eu temia: não tinha 1 gota de água nas torneiras do prédio. Era uma situação desesperadora não ter água nem para dar banho na minha filha. Mas eu tinha água na bombona, e foi com essa água que cozinhamos, demos banho, lavamos as roupinhas. Ter feito um planejamento evitou estresse e eu lembro desse período com muito carinho, apesar da falta de água do prédio.
Sei que fazer planejamentos não é tão fácil como parece, mas tente.
Meus planejamentos geralmente começam assim, comigo pensando no pior cenário possível (por exemplo, no caso da crise hidráulica):
“Se a água da torneira acabar, o que eu poderia ter feito para que eu tivesse água por maior tempo?”
E aí vão surgindo algumas respostas.
No caso, foi estocar água no apartamento. Se a resposta é estocar água, vão surgindo outras dúvidas: Onde estocar? Como estocar? Qualquer recipiente serve? Etc.
O bom de planejar com antecedência é que esta prática nos livra de muitas dores de cabeças futuras.
Desde que minha filha aprendeu a andar, ela faz algumas tarefas de casa, como por exemplo:
leva a própria fralda suja para a lixeira do banheiro
quando voltamos do supermercado, ela ajuda a levar alguns pacotinhos para a cozinha
ajuda a guardar os brinquedos na caixa
tira as roupas da máquina de lavar roupa para eu estender no varal
quando estamos varrendo a casa, ela sai correndo procurar a vassourinha pequena dela e começa a varrer junto com a gente
E por aí vai.
Eu já pensava bastante sobre o assunto, pois algumas pessoas do meu trabalho falavam em tom de brincadeira de que eu estava incentivando a exploração infantil. Mas a decisão de escrever um post veio quando o meu marido também ouviu esse tipo de comentário no trabalho dele, só que desta vez, de que ele estava sendo machista ao ensinar tarefas domésticas para a nossa filha.
Como já disse em posts anteriores, eu não fico chateada, nem irritada, nem sinto nada com estes comentários, pois sei que as pessoas não falam na maldade, elas falam por falar, falam sem pensar muito. A parte boa disso tudo é que me dá conteúdo para escrever aqui neste blog, o que é ótimo!
Então vamos lá.
Eu estimulo sim a minha filha a ajudar nas tarefas de casa. Como ela é muito pequena, tudo é muito divertido para ela. Ela adora desempacotar os itens quando volto do supermercado, abrir as caixas que vêm do correio, gosta muito de levar os pratinhos e copos de plástico para a mesa quando estou preparando o almoço, jogar lixo até a lixeira, etc. Tudo isso porque ela gosta muito de me imitar. Se estou varrendo a casa, ela também quer varrer. Se estou guardando os brinquedos dela em uma caixa, ela também começa a me ajudar. Se estou deitada descansando, ela vem correndo e encosta a cabeça no travesseiro comigo.
Eu não tenho muita ambição em relação a ela, de querer que ela seja médica, advogada, engenheira, astronauta.
Mas eu desejo muito 2 coisas: eu desejo que ela seja muito feliz, e desejo muito que ela seja livre.
E quando falo SER LIVRE, é no sentido mais amplo da palavra.
Se ela não sabe cozinhar, ela se torna dependente de uma mãe, de um cozinheiro, de um restaurante ou de alguém para cozinhar para ela.
Se ela não sabe limpar a casa, ela se torna dependente de uma empregada doméstica ou faxineira.
Se ela não sabe pregar um prego na parede, ela será dependente de uma pessoa que faça isso para ela.
Quando ensino a minha filha a cozinhar, limpar a própria casa, a ajudar nas tarefas de casa, (também pretendo ensiná-la) a poupar dinheiro, a administrar a casa, a rotina, a vida, a administrar as emoções, estou ensinando a minha filha a ser livre.
Eu não quero a minha filha dependente, nem por pessoas, nem por coisas. E isso não é nem de longe exploração infantil e/ou machismo por ensinar tarefas domésticas, já que mesmo se eu tivesse um filho homem, também ensinaria a cozinhar, pregar botão, varrer a casa, consertar chuveiro, etc.
Eu sempre dizia que devemos criar os filhos para o mundo, e não para ficar embaixo das nossas asas. Mas quando eu não era mãe, o que mais ouvia era “você fala isso porque não é mãe”. Hoje eu sou mãe e posso dizer que a minha opinião continua exatamente a mesma. Criamos os filhos para o mundo. Por isso a importância de estimular a criatividade, a independência e, principalmente, a liberdade dos nosso filhos.
Num dos trechos mais importantes do filme, há uma cena em que Morpheus encontra-se com Neo para explicar que esse mundo em que vivemos, não é um mundo real. É um mundo criado pelo Sistema que controla a mente humana. Somos na verdade escravos desse Sistema. E Morpheus dá a oportunidade para Neo escolher tomar a pílula azul, que fará com que ele continue vivendo a vida de antes, superficial e de ilusão; ou escolher tomar a pílula vermelha, que dará a oportunidade de conhecer o mundo real.
Fico olhando a minha volta toda essa ostentação, carro importado, roupas de grife… Para quê? Para quem? Será que precisamos de tudo isso mesmo? Precisamos gastar nosso salário suado comprando um sapato de R$400,00? Será que andar em um carro popular torna uma pessoa menos importante do que aquele que anda de carro importado? Precisamos trabalhar tantas horas por dia? Voltar para casa enfrentando o trânsito, pedir uma pizza porque está tão exausta para cozinhar. E no dia seguinte, começar tudo de novo…
No blog Obvius, há um post que explica isso muito bem, como vê nos trechos a seguir:
“Como prisão tradicional, haveria repulsa e todos combateriam tal prisão. No entanto, quando se criam gaiolas enfeitadas e cheias de distrações, passamos a não perceber (ou não querer perceber) que, embora existam atrativos, ainda estamos em uma prisão. E como toda prisão, há controle, coerção e cerceamento de liberdade (…). Alguns indivíduos estão tão habituados àquela realidade que defenderão o sistema (…). Esse fato demonstra que a força do dominante consiste no nosso consentimento, uma vez que aceitamos uma realidade que nos é passada sem o menor poder de questionamento. Pelo contrário, procuramos aumentar a nossa dependência e alienação ao sistema, o que em uma sociedade de consumo obviamente demonstra-se pelo consumismo (…). Há de se considerar que o problema não é o consumo, mas sim, o valor simbólico que é dado às mercadorias (…), isto é, pela capacidade que certas mercadorias têm de elevar o indivíduo perante os outros (…). O que não percebemos (…) é que a nossa sociedade consumista, cria um exército de servos voluntários, que aceita os grilhões impostos pelos dominantes através da publicidade, como se fossem soluções mágicas de felicidade. Tomando suas pílulas azuis todos os dias, distanciam-se de si mesmos, e portanto, do autoconhecimento, tão necessário à libertação, já que, como dito, a libertação é individual e se o indivíduo não busca autoconhecer-se a fim de pensar de forma crítica o mundo que o circunda, torna-se impossível enxergar a Matrix (…). A coragem é o que permite que alguns homens lutem pela liberdade daqueles que se acham livres por poderem escolher entre o Bob’s e o McDonald’s (…). Pois como disse Goethe: não existe pior escravo do que aquele que falsamente acredita estar livre.”
Toda essa explicação anterior para dizer que eu tomei a pílula vermelha na minha licença maternidade. Foi quando a ficha caiu e descobri que há algo de errado com o mundo.
Quando tento conversar esses assuntos com algumas pessoas, muitas me acham doidinha, outras ficam indignadas dizendo que tudo isso é necessário para que não fiquemos no ócio, que precisamos gerar emprego, movimentar a economia do país, etc. Como se movimenta a economia quando 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes?
Será que estou errada quando critico esse Sistema que nós mesmos criamos e ajudamos a manter? Em achar errado uma sociedade que mais valoriza um jogador de futebol, uma socialite, um ex-BBB do que um pesquisador, um bombeiro ou uma vó que cuida do neto? Em achar errado ter que trabalhar 10 horas por dia quando o que mais queria era ficar com a minha filha que está doente? Ter que trabalhar por 10 horas seguidas quando se tem um ente querido internado com uma doença grave no hospital? Você acha isso normal? Eu acho isso muito errado. Muitas pessoas iriam dizer que “é só largar o emprego”. Só que estou presa nesse Sistema. Sou uma escrava desse Sistema. E não posso largar o emprego porque tudo nessa vida envolve dinheiro, inclusive remédio, internação e alimentação, já que basicamente meu dinheiro vai para 3 lugares: bancos, governo e empresas.
E você? Se tivesse opção para escolher, qual pílula escolheria? A vermelha ou a azul?
Durante muitos anos eu era uma pessoa insegura, com muito medo de dar opiniões, pois acreditava piamente de que eu era burra (e feia), por influência da minha irmã mais velha.
Também não questionava os professores, pois foi assim que eu aprendi na escola: os professores falam, os alunos ouvem e obedecem.
O tempo passou, passei num concurso público muito disputado há mais de 10 anos, mas a insegurança continuava lá no fundo.
Foi meu marido que me mostrou que há vários tipos de inteligência. E que eu só não me encaixava no sistema educacional tradicional da escola.
A minha inteligência, não era aquela que dá nota 10 na prova. Eu tinha dificuldades em decorar e interpretar textos, consequentemente, nunca tive notas altas.
A minha inteligência, é a intrapessoal (inteligência relacionada ao autoconhecimento e ao equilíbrio interior, inclusive quando a pessoa se encontra em situações difíceis. O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela é um de seus melhores exemplos – fonte), conhecimento esse que tem sido muito útil na minha vida pessoal e profissional.
Tenho muita facilidade de planejar e prever algumas coisas com antecedência. Tanto que meu marido brinca que eu tenho visão além do alcance e que meu lema deveria ser: “espada justiceira, dê me a visão além do alcance”, do Thundercats.
Queria também deixar claro que não sou contra o ensino. Acredito que a educação é a base de uma sociedade madura, vide países que investiram pesado na educação. Eu sou a favor do ensino e da educação, mas não acredito que a educação dos moldes atuais seja um método adequado.
A educação tradicional quer colocar todo mundo na mesma forma. A escola ensina a não questionar, a obedecer, a aceitar, a decorar. Não incentiva a criar, a discutir, a questionar.
Aprendemos a repetir o que os outros falam sem refletir o que estamos falando. A televisão, a mídia, as indústrias e o governo fala que tal coisa vai ser bom para a sociedade (mesmo isso sendo péssimo), e todos repetem que isso vai ser bom, e assim vamos sustentando o sistema, pessoas que protegem com unhas e dentes a dependência do sistema de contas. E não percebemos como somos manipulados diariamente.
Todos nascemos originais e morremos cópias. – Carlos Jung
Onde eu quero chegar com tudo isso, é: quando você for dar bronca no seu filho, talvez ele também só não se encaixe no sistema de ensino atual. Ao invés de avaliar somente as notas altas, devemos aprender a valorizar os outros tipos de inteligência.
Somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo. Cada pessoa com uma habilidade e inteligência diferente da nossa. Cabe a nós, pais, ter a humildade de respeitar as diferenças individuais.
Muitas pessoas falam que a licença-maternidade é um período único. Um período mágico para curtir de fato a maternidade. Cuidar do seu bebê, aprender a cuidar de um novo ser, aprender a ser mãe.
No meu caso, foi tudo isso sim, mas também teve mais uma coisa.
Quando estava de licença-maternidade, fiz a maior descoberta da minha vida. Talvez eu já soubesse, mas não queria ouvir, não estava pronta para entender…
Como quem acorda de uma hipnose, eu descobri que era uma ESCRAVA.
Eu não queria mais trabalhar por 8 horas todos os dias, mas não havia outra opção. Eu voltei a trabalhar porque precisava pagar as contas do mês.
Só que eu não queria mais trabalhar por obrigação, não queria deixar minha filha gripada na creche… mas eu precisava registrar meu crachá na empresa onde trabalho… foi quando compreendi que eu era uma escrava do sistema.
Nós nascemos escravos e a maioria de nós morremos escravos. Com 6 meses, o bebê meio que já é obrigado a ir para a escolinha para que os pais possam trabalhar. Desde então, a maioria de nós nunca mais para de ir para a escola até se formar na faculdade. Depois temos que escolher uma profissão e o resto da história vocês já sabem.
E por querer fugir desse sistema, eu pensei muito durante a minha licença-maternidade de que forma poderia encontrar alternativas para escapar dessa realidade que eu não estava mais disposta a pagar.
A alternativa que encontrei foi rever todo o meu orçamento para nos aposentarmos aos 50 anos, ou seja, daqui a 15 anos. Em 15 anos, terei a minha carta de alforria e poderei trabalhar no que gosto, e não escolher o trabalho por causa do salário. Mas não faço disso uma tortura. Continuamos tendo nossos momentos de lazer, pretendemos ainda fazer muitas viagens, nos divertir, enfim, viver.
Eu só quero ter a oportunidade de descobrir o que gosto. Eu sempre achei que poderia trabalhar num santuário de elefantes… Ser marceneira para construir cozinhas infantis… Eu poderia pintar muro de escolas, costurar roupas… mas eu fico no escritório mais de 10 horas por dia, e volto exausta para casa.
Eu quero ter a oportunidade de me descobrir.
Até então, eu achava que o período sabático era ligado a viagens, algo caro, inacessível.
Quando fui ver a definição neste site aqui, vi que o que até então eu chamava de “presente”, era na verdade, um período sabático.
O período tem que partir de uma motivação pessoal: seja repensar a vida, resgatar o sonho de estudar fotografia, trabalhar com crianças carentes da Ásia ou até conhecer o mundo. E, diferentemente do que muitos pensam, nem sempre precisa durar um ano. “Mas o tempo necessário para produzir mudança. A duração vai depender de cada objetivo”.
Foi no período da licença-maternidade que eu percebi a minha maior mudança mental e comportamental.
Acredito que a minha filha trouxe esse presente para mim. Foi por não querer ficar longe dela que eu acordei, alcancei um nível maior de consciência. Eu deixei de ser vítima para correr atrás do que eu acredito. Foi ela que trouxe isso pra mim.
Minha filha, infelizmente, era ruim de garfo. Desde que parei de amamentá-la, tive muitas dificuldades em fazê-la comer. Ela pinçava algumas coisas aqui e ali, mas era daquelas que mal olhava para a comida e decidia que não gostava daquela comida e ponto final. E não tinha ninguém que fizesse ela mudar de ideia.
Hoje ela tem 1 ano e 9 meses. Mas há 4 meses, um móvel me chamou atenção, a “torre de aprendizagem montessori”, que auxiliaria a ficar em pé na pia da cozinha de forma segura. Já que minha filha não tinha interesse em experimentar comidas, pensei em levá-la para a cozinha para ela ter a oportunidade de ver a preparação do alimento.
Custa em torno de R$450,00. Mas o meu maior impedimento não era o preço, e sim o tamanho deste móvel. Eu sei que vocês estão carecas de saber – mas não custa relembrar – que minha cozinha é estreita e não entra um móvel desse tamanho, mataria todo o espaço de circulação. Eu deixava minha filha em pé numa banqueta de plástico, mas tinha que ficar atrás dela o tempo todo para que não corresse o risco dela desequilibrar.
E então vi umas ideias bem bacanas no Pinterest como esta foto aqui embaixo e decidi fazer uma adaptação.
Comprei esta banqueta de madeira na Leroy Merlin por R$71,90.
Pedi para o amigo do meu marido arranjar uns tocos de madeira na oficina dele para fazer uma extensão para cima, coincidindo com a altura da pia da cozinha.
Mas no final, nem precisei fazer a adaptação, pois minha filha se adaptou muito bem mesmo sem as estruturas laterais.
E posso te contar uma coisa? Desde que ela passou a me “ajudar” na cozinha, ela passou a experimentar de tudo. Ela ama subir no banquinho para me ver. Toda vez que vou cozinhar, ela já começa a empurrar a banqueta para perto da pia e começa a subir sozinha para ficar mais perto de mim. Hoje ela experimenta várias comidas na pia mesmo. E tem descoberto novos sabores a cada dia, com isso passou a aceitar muito mais alimentos novos.
Se levo a comida (nova, que ela nunca experimentou) direto para a mesa, ela continua rejeitando. Mas se faço ela experimentar a mesma comida quando ela está no banquinho da pia, ela aceita super bem, e não rejeita mesmo quando levo para a mesa.
Outra tática que deu muito certo foi ter comprado esta cozinha para ela.
Eu comprei o gabinete de cozinha e a geladeira numa loja chamada Trenzinho, em São Paulo. Não é um brinquedo barato, mas que fez toda diferença na aprendizagem dela. Hoje ela sabe que tem que lavar as mãos antes da preparação dos alimentos, depois ela simula que está enxugando as mãos, coloca o avental, abre a geladeira, escolhe as frutas e legumes (de plástico) que irá cortar, prepara a comidinha no fogão, e depois dá comida para as bonecas. Tudo é muito divertido e didático. Eu gostei bastante, fora que faz um sucesso danado quando os amiguinhos vêm em casa.
Primeiro post do ano! Feliz 2017 para todos que acompanham este blog.
Vocês já sabem quais são as suas metas para o ano de 2017? Ou a meta da sua vida?
Para este ano, a minha meta é fazer um detox digital. Ou seja, basicamente eu quero desacelerar mais, acessar menos conteúdo de internet, estar mais presente.
Também quero continuar na minha caminhada do auto-conhecimento, do desapego material, de continuar com o estilo de vida minimalista, de viver com pouco, de ser feliz com o que eu já tenho. Engraçado que eu percebi que eu não tenho mais muitos desejos como antes. Eu tenho muitos sentimentos de gratidão por tudo o que eu já conquistei e das coisas que eu quero manter: manter meu casamento saudável, manter minhas filhas felizes, manter a minha saúde física, mental e financeira, manter os meus amigos, ser grata pelas coisas que possuo…
Continuando com o título do Post de hoje, acho importante saber diferenciar entre sonhos e metas.
Quantas pessoas vocês conhecem que comentam:
“Eu sonho um dia fazer um ano sabático”
“Eu quero um dia passar num concurso público”
Legal! Mas o que diferencia entre a pessoa que alcança esses sonhos e a pessoa que fica permanentemente sonhando é justamente a diretriz que ela dá para esses projetos, desmembrada em várias atividades (ações), com prazo etc.
Não basta querer fazer um ano sabático. Tem que saber quais são as tarefas que precisam ser feitas para que você consiga realizar este sonho. Um sonho, quando desmembrado em várias tarefas pequenas, é muito mais fácil de se tornar real.
Para fazer um ano sabático, por exemplo, você precisaria saber o objetivo de fazer um ano sabático. Será um ano de redescoberta? Do autoconhecimento? De conhecer pessoas novas? Estudar? Viajar? Para onde quer ir? Quais lugares? Quanto gastaria por dia? E no transporte, alimentação, hospedagem? Quem iria com você? Precisa tirar passaporte? Se sim, quanto custa? Dependendo do país que for viajar, precisa tirar visto? Já tem o dinheiro suficiente? Quanto precisa poupar por mês? Onde você pretende economizar para conseguir este dinheiro? Em quanto tempo? Se tem carteira assinada no trabalho, como pretende fazer para poder ficar 1 ano sem trabalhar?…
Geralmente 1 meta pode ser desmembrada em 30, 50, 100 tarefas, no estilo checklist. Quando você terminar de riscar o último item do seu checklist, será a hora em que seu Sonho virará Realidade.
Todo ano, eu tenho uma lista linda para ser arquivada.
Eu chamo essa lista de “Lista das conquistas de 2016” e tenho esse costume desde 2008, como expliquei neste post aqui. Essa lista começou como um suplício, como se eu quisesse afirmar para mim mesma que a minha vida não estava ruim (2008 foi o ano em que eu me divorciei). Então passei a criar esta lista e colocar pequenas conquistas, pequenas alegrias que eu percebia ao longo do ano. Era para me mostrar (para provar, para me convencer, para me lembrar) que apesar do ano ter sido difícil, que eu tive sim coisas muito boas para serem celebradas.
E desde então, nunca mais parei. Ano a ano, a lista é arquivada com muito carinho.
Todo mês anoto no bloco de anotações (do meu celular) todas as coisas boas que vão acontecendo ao longo do ano. E pode ser de tudo, desde compras materiais, até conquistas pessoais, mudança de algum hábito ruim, algumas descobertas importantes, sentimentos aflorados, enfim, tudo o que você considerar importante.
Desde o ano passado, comecei a incluir as conquistas da minha filha, que ficou mais ou menos assim (eu resumi aqui só para vocês terem uma noção de como é a lista):
2016
Anda de lado segurando no sofá (fevereiro)
Início da creche municipal (fevereiro)
Aprendeu a apontar os objetos e pessoas com o dedinho (fevereiro)
Fica em pé por alguns segundos (maio)
Andou (22 de junho)
Corre, anda para trás, anda de lado, brinca de esconder objetos (agosto)
Me chama de mamám. Chama o papai de mamám também (agosto)
Faz carinho na minha barriga de grávida, avisa que tem sede, que fez cocô, que quer alguma coisa da geladeira (setembro)
Chama papai (outubro)
Sabe falar 4 palavras: au-au, mamãe, papai e peixe, nesta ordem (novembro)
Aprendeu a provocar, coloca o pé na mesa e dá um sorriso no canto de boca porque sabe que não pode. (dezembro)
Aprendeu a mentir: fala que não fez cocô, quando fez, só para não precisar trocar a fralda (dezembro)
Eu e meu marido também temos uma lista, e gostamos de olhar a lista e agradecer as conquistas que tivemos.
Desde 2008, percebo que a minha lista tem ficado cada vez menos “material”.
Antes, as minhas conquistas se resumiam a comprar coisas, fazer viagens, etc.
Hoje, minhas conquistas se resumem basicamente em mudanças de hábitos, criação de valores, sentimentos aflorados, etc.
Essa é uma frase que tenho utilizado com certa frequência, desde que minha filha nasceu.
Como pais, sabemos quando um filho está bem, se está se desenvolvendo de forma saudável, se está crescendo, se está aprendendo habilidades novas.
Vejo muitos pais aflitos porque o filho ainda não andou, porque ainda não nasceram os dentinhos, porque o colega da mesma idade já desfraldou, porque acha que está magrinho, ou que está gordinho…
Para os pais que tem filhos (pequenos ou grandes), tenho um conselho a dar. Não compare seu filho com a dos outros.
Não apresse seu filho para andar, uma hora ele vai andar. E nunca mais vai parar de andar, de correr, de pular, de subir, de descer.
Não apresse seu filho para falar, uma hora ele vai falar, e tagarelar, e gritar, e berrar e chorar.
Veja que não fez nenhuma diferença na vida adulta se você andou aos 10 meses ou com 1 ano e 4 meses. Se começou a falar com 1 ano ou aos 2 anos. Ninguém se torna mais bacana que o outro só porque um desfraldou aos 11 meses e o outro aos 4 anos de idade.
É no momento que sentimos confiante e quando o corpo está pronto que começamos a arriscar passo a passo, um pé na frente do outro, e começamos a andar.
É no momento que sentimos liberdade e aceitação que queremos testar a nossa voz e confirmar que sai sons diferentes da nossa boca.
E isso tudo não pode ser visto como uma competição dos pais.
Para evitar essa comparação com os outros, eu tenho uma tática. Dificilmente consulto algo nos livros e internet. Então sinceramente, até hoje não sei com quantos anos um bebê tem que começar a falar. Não sei com quantos anos (ou meses) uma criança começa a andar. Mas uma coisa é certa. Eu sei que minha filha está se desenvolvendo e aumentando a quantidade de palavras que balbucia. O tempo que ela consegue andar na rua também está aumentando. Vários dentinhos já nasceram, faltam muitos ainda para nascer, mas não sei e não me importo quando deve nascer.
Não se importe se o filho do vizinho usa roupa de marca e está sempre arrumadinho. Se o filho do seu colega já foi viajar para o exterior, ou se ganha brinquedos bacana, ou se tem festinha de aniversário em buffet, ou se já está aprendendo inglês com 2 anos de idade.
Comparar com os outros traz frustração e infelicidade, porque a gente só enxerga o lado externo, e não sabemos as escolhas que a outra pessoa fez para pagar um aniversário em buffet, por exemplo.
Não comparar com os outros é a melhor cura e libertação que você pode dar para a sua alma. O que importa é o seu filho, não a dos outros.
Desde criança, eu aprendi que tinha que estudar. Mesmo não entendendo as matérias, não entendendo para que serviria a fórmula de báskara, não tinha o direito de questionar o professor, cabia a mim decorar e tirar uma nota boa o suficiente para passar de ano.
Depois tive que escolher uma curso para frequentar a faculdade. Nos meus 16 anos de idade, na idade da indecisão, nem sabia direito o que eu deveria fazer, mas uma coisa me disseram: quem não estuda, não vai para a frente. E eu queria ir para a frente, então escolhi um curso qualquer, não muito difícil para entrar, e ingressei numa faculdade pública.
Comecei a trabalhar cedo, mas os mais experientes sempre falavam para eu estudar mais para prestar um concurso público, pois a estabilidade seria o melhor presente que eu poderia ganhar. E assim o fiz.
Eu, que gostava tanto de ler, quando passei a trabalhar por 8 horas, vi que não sobrava mais tanto tempo assim para o lazer, muito menos para a leitura, e passei a assistir mais televisão, pois era mais fácil e (principalmente) rápido assistir um telejornal do que ler um jornal, era mais fácil assistir um filme do que ler um livro inteiro. E eu comecei a ser induzida pelas propagandas e passei a ser uma consumista.
Com essa falta de tempo, passei a desejar loucamente que o fim de semana viesse logo, então o relógio resolveu me ajudar e as semanas começaram a passar rápido. Só que não foram só as semanas que passaram rápido. Os anos passaram tão rápido que quando vi, já tinha 25. Quando percebi, já estava com 35.
Também comprei um apartamento financiado, pois todos compram, é um símbolo para a vida adulta. Financiei em 30 longos anos, pois dinheiro de aluguel, que isso, é um dinheiro jogado no lixo, enquanto as parcelas do financiamento é um dinheiro pago para você mesmo.
Foi só quando minha filha nasceu que eu saí dessa hipnose. Eu estava seguindo a manada, como uma zumbi, fazendo o que todos mandam fazer, sem questionar, de que trabalho deve ser o nosso sobrenome, e a família… bom, família a gente cuida no tempo que sobra.
Hoje minha cabeça está completamente diferente. Passei a avaliar com cuidado que vida quero levar, e comecei a estudar finanças para sair dessa armadilha do consumo e mais uma vez, descobri as inúmeras mentiras contadas pelas pessoas e mídias.
Sempre ouvi dizer que rico é desonesto. Rico ficou rico puxando tapete dos outros e pisando em cima das pessoas. Ouvi também que é bonito ter dívidas, que é normal gastar o dinheiro para desestressar, afinal, o trabalho é duro e merecemos um mimo. Se pagou uma jóia em 12 vezes, isso é sinal de esforço, de merecimento. Se compramos uma bijuteria de 10 reais, é coisa de pobre.
Repetem o que a mídia bombardeia sem nem ao mesmo questionar se aquela informação é verdadeira. Bom, se passou no Jornal Nacional, deve ser verídico, né?
Sei que cada um tem o seu tempo para sair da hipnose. Eu mesma demorei 34 anos para finalmente entender como eu era manipulada pelo sistema. Alguns percebem mais cedo, outros, morrem sem nunca ter percebido isso.
Ouço muitas pessoas pobres repetindo discurso de gente rica. Ouço muitas pessoas defendendo teorias que se aplicadas, vão prejudicar a elas mesmas.
Não acredite em tudo o que você lê por aí. Não acredite em tudo o que se repetem por aí. Durante muitos anos, eu acreditei em todas as mentiras que me contavam, sem nunca ao menos questionar se aquilo era realmente válido para mim. Analise se aquela teoria, se aquele discurso serve para você.
Muitas vezes, você vai se surpreender ao perceber que a maioria das regras não servem para você.
Eu me sinto linda… até começar a folhear alguma revista de moda no consultório médico.
Mulheres lindas nas propagandas, com pele radiante, cílios longos, sem pelos, cabelos sedosos sem frizz, pele corada e saudável, dentes brancos, sobrancelha perfeita, barriga chapada (depois de 1 mês de pós-parto, claro), lábios carnudos e rosados.
E daí eu me olho… olheiras por falta de sono, calcinha bege, unhas pintadas, mas descascadas por ter lavado louças…
Para mim, essa questão toda é muito bem resolvida, porque eu sei que ninguém consegue estar bonita 24 horas por dia. Até mesmo a Gisele Bundchen deve acordar com o cabelão desarrumado.
Mas será que todas as mulheres têm essa consciência?
A indústria da beleza traz (propositalmente) insegurança para as mulheres, porque é dessa forma que atrai as consumidoras para gastarem seu dinheiro ao tentarem se aproximar daquela pele bonita de uma determinada atriz, exterminar de vez aquela celulite que insiste em aparecer, comprar produtos para emagrecer etc.
Acho legal a pessoa gostar de se cuidar, só não pode tornar isso uma obsessão.
Gosto sempre que possível, compartilhar por aqui algumas situações que enfrento por levar minha vida simples. A ideia não é criticar quem faz diferente, mas dar apoio às pessoas que tentam levar um estilo de vida menos consumista (saibam que não estão sozinhas).
Como vocês sabem, estou grávida e provavelmente estou esperando uma menina. Digo provavelmente, porque há ainda uma chance de erro de 30%. Ao comentar isso com os colegas de trabalho, informei que se for uma menina, não precisarei comprar nada porque eu (sabendo que ainda teria mais filhos) guardei todas as roupinhas da minha filha. E me chamaram de pão-dura.
Saibam que eu não me ofendo fácil, nem fico chateada com estes rótulos. Só acho engraçado a sociedade achar tão natural comprar-comprar-comprar, mesmo não precisando comprar. Se eu já tenho um berço, o colchão, a banheira, as roupinhas (que estão limpas e quase novas), os sapatinhos e brinquedos, para quê comprar algo que não estou precisando?
Aliás, fui numa festa de aniversário de 1 ano de um primo meu, e estava tudo muito lindo. Só que não consigo deixar de imaginar, como os pais administram os 100 brinquedos ganhados de uma única vez? Entrega-se tudo para o filho? Ou guarda-se e libera 1 brinquedo por semana?
Para a alegria da minha filha, ela também ganhou um presente da prima. E desde que entreguei este único presente, ela brinca, tira, chacoalha, traz para perto para me mostrar, enfim, ela brinca até dizer chega. Foi quando pensei nos pais que administram 100 brinquedos.
Muitos podem achar que o amor dos pais é proporcional à quantidade de brinquedos que uma criança possui. Ou das roupas novas e caras, sinal de uma criança bem cuidada.
A sociedade que se baseia em rótulos diz que “sim”.
Estou um pouco atrasada com as novidades, mas mês retrasado, eu mudei para um apartamento de 2 dormitórios. Quando a minha filha completou 1 ano de idade, eu comecei a procurar um apartamento de 2 dormitórios para que nós (eu e meu marido) tivéssemos novamente um quarto só nosso.
Demorou alguns meses e já estávamos no nosso novo apartamento (estamos morando de aluguel, desta vez). Quando fiz a mudança, eu não sabia que estava grávida.. ou seja… carreguei sofá, mesa, cama, encaixotei caixas e carreguei muito, mas muito peso. Ainda bem que o bebê está bem.
A nova casa tem a sala grande, mas os quartos são bem pequenos, pois nos 2 quartos já tem guarda-roupa embutido. Como o guarda-roupa foi instalado na parede que tinha a maior extensão, impossibilita algumas coordenações de móveis para otimizar o espaço. Talvez se soubesse da gravidez no momento da mudança, poderia ter escolhido um apartamento com quartos um pouco maiores? Talvez. O fato é que já estamos morando nesse apartamento, e como vocês me conhecem, o desafio agora é esse: criar 2 filhos onde no quarto só entra 1 cama de solteiro rsrs.
Minha filha hoje está com 1 ano e 4 meses, isso significa que até o nascimento do bebê, ela terá 2 anos de idade, já que estou grávida de 3 meses.
Como na minha primeira gravidez, os dias têm demorado para passar por conta da minha pressão baixa e enjôos. A parte boa é que depois que essa fase passar, vou poder curtir a minha gravidez com a minha filha e meu marido.
Minha filha fica passando a mãozinha, dá uns tapinhas e uns beijinhos na minha barriga, além de enfiar o dedo no umbigo e dar risada com tudo isso.
Algumas pessoas podem até achar “alternativo” o tipo de vida que levo e/ou a forma como quero criar meus filhos. Podem achar que eu tenho que comprar mais coisas, gastar mais, mas o importante é que eu e meu marido compartilhamos da mesma opinião, o que fortalece ainda mais nosso casamento.
Não vou copiar o texto neste post porque acho que o autor merece a leitura no próprio site, mas gostaria de comentar os tópicos (são 12):
1.) Você matriculou seu filho em uma escola que o prepara para o mercado de trabalho
Não. Não quero que minha filha se encaixe no mercado de trabalho. Como mãe, quero oferecer a liberdade e incentivo para ela decidir o que ela quer fazer. Aliás, esse é um dos motivos dela frequentar a creche municipal, ao invés de uma creche privada, pois sou daquelas que acredita no ensino público. Sei que não é simplesmente jogar seu filho na escola e achar que só os professores têm responsabilidades. Estudei a vida inteira em escola pública e quero coloca-la na creche municipal e na escola pública, ter maior diversidade racial e sócio-econômico. Provavelmente teremos que ser mais participativos, quem sabe ajudar a pintar a parede da escola, manter uma comunicação ativa com a comunidade local. Muitos me desencorajam dizendo que isso é puro romantismo, que não vai dar certo, mas eu acredito nas pessoas e acredito que isso pode dar certo.
2.) Você leva seu filho no shopping para passear
Eu e meu marido não passeamos mais no shopping, porque sabemos que shopping é o paraíso do consumo. Quando queremos passear, passeamos no parque, na rua, em qualquer lugar, menos no shopping.
3.) Você permite que ele tenha mais coisas que o necessário
Nós temos apenas o necessário. Isso faz com que a minha filha também não tenha mais coisas que o necessário, apenas o suficiente. Aliás, ela tem poucos brinquedos e roupas.
4.) Você acredita que ajuda seu filho quando executa tarefas simples pra ele
Vou dar um exemplo simples… quando minha filha era uma bebê, aprendeu a rolar e estava com o rostinho enterrado no colchão. Fiquei observando bem de perto para que não acontecesse nada com ela, mas deixei que ela se esforçasse um pouco para sair daquela situação, pois ficava pensando que seu a ajudasse sempre, ela não saberia o que fazer se ela enterrasse o rosto de madrugada, dentro do berço. Dar autonomia e independência também é tarefa dos pais.
5.) Você ensina seu filho a valorizar as coisas pelas marcas que elas carregam
Estou em processo de mudança, pois andei descobrindo que marca não é sinônimo de qualidade. Antes, eu não sabia disso porque não tinha condições financeiras de comprar marcas caras. Por isso sempre achei que marca cara era sinônimo de qualidade. Hoje vejo que muitas marcas são sinônimos de status do que de qualidade.
6.) Você não ensina seu filho a receber doações
Quando eu era mais nova, eu sempre recebia roupas das amigas da minha mãe. E adorava. E eu ganho roupas das filhas das minhas amigas. Por isso acredito que para a minha filha receber doações será algo natural.
7.) Você faz da alimentação por frutas e legumes algo pontual
Muito pelo contrário, aqui em casa quase não entra produtos industrializados. Um dos últimos itens industrializados que utilizamos em casa é o molho de tomate e caldo de galinha.
8.) Você o deixa ver televisão
Nós não assistimos televisão em casa. Temos uma televisão, mas só assistimos filmes e seriados. Isso aconteceu graças à NET. Nós tínhamos TV a cabo, e depois de um tempo, pedimos para retirar a TV a cabo e ficar somente com a TV aberta. Qual não foi a surpresa quando percebemos que eles arrancaram inclusive a antena coletiva do nosso prédio? Ficamos impossibilitados de assistir até canais abertos. E isso acabou sendo o passo que faltava para deixarmos de assistir televisão.
9.) Você não educa seu filho com uma medicina preventiva
Em casa eu tento alimentar a minha família de forma saudável, com alimentos naturais e frescos, não faço uso de remédios de forma frequente. Acredito que quanto mais um corpo for saudável, menos precisa-se de remédios.
10.) Você incentiva que seu filho tenha ídolos
Eu não tenho ídolos. Pra mim, herói é uma mãe que carrega um filho de 6 anos no colo, um pai que é mãe ao mesmo tempo, um médico que não esqueceu o seu juramento e trata seus pacientes da forma mais humanitária possível. Meus ídolos não são cantores, jogadores de futebol, modelos, milionários. Meus ídolos são pessoas simples. Quero ensinar isso para a minha filha.
11.) Você ensina as suas crenças para ele
Cada pessoa tem uma crença em relação a religião, modo de viver, trabalho, etc. Cada pessoa precisa descobrir as suas crenças e respeitar as diferenças. Inclusive respeitando a decisão dos filhos de qual crença irá seguir ou não irá seguir.
12.) Você não coloca em prática o que ensina para ele
Fala que não tem dinheiro, mas seu filho vê você gastando em shopping. Fala que não tem tempo, mas seu filho vê você fofocando com a vizinha. Os filhos são observadores. Por isso estamos sempre tomando cuidado para que o nosso discurso seja o mais coerente possível.
Eu, que era viciada em televisão, noveleira assumida, consegui parar de assistir e confesso que não sinto mais falta.
Após mais de 16 meses sem assistir televisão, olha as coisas que eu percebi:
a vontade de fazer compras por impulso cessou completamente. Não assistir televisão significa não ter acesso a comerciais que vendem perfumes, tênis, promoções de eletrodomésticos… Não assistir comerciais, significa não sentir pressão para comprar ovos de Páscoa, presente para o Dia dos Namorados, não ficar nem sabendo das “promoções imbatíveis”… Não assistir novela significa não saber a roupa que está na moda, a cor do esmalte do momento e os acessórios mais pedidos de uma determinada atriz famosa. E sem todas essas influências, passei a me preocupar em roupas que fiquem bem no meu corpo, independentemente da moda do momento.
depois que parei de assistir televisão, fiquei mais crítica e observadora. Comecei a ler notícias que antes não eram veiculadas na mídia, ou era passada de outra forma. E percebi como a mídia induz e (até mesmo) manipula as notícias. Notícias que leio pela internet de uma forma, é passada de outra forma pela televisão, ou simplesmente não é passada. Noticiam sobre coisas que julgo não ser importantes para desviar a atenção dos problemas importantes. Pode uma coisa dessas?
a maioria da mídia popular é de direita. Globo, Veja, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Abril, Record, Isto É, SBT… Aprendi a ler conteúdos de esquerda para saber os dois lados da história, para finalmente tirar a minha própria conclusão. Antes, eu assistia aos telejornais e interpretava aquilo como verdade absoluta. Hoje vejo que não é bem assim.
Já ouvi dizer que a televisão nos deixa mais burros… não posso afirmar que é uma verdade, mas no meu caso, após mais de 1 ano sem assistir televisão, percebo que estou muito mais atenta às coisas que acontecem ao meu redor.
Hoje eu procuro as notícias que julgo ser importantes para mim.
Sendo que antes, era a televisão que selecionava as notícias que julgava ser importante para mim.
Queria compartilhar com vocês uma coisa que tenho percebido com uma certa frequência.
– As pessoas estão reclamando mais. –
Quando se reclama por muito tempo, reclamar vira costume, e é disso que temos que tomar cuidado.
E para tentar administrar melhor a minha vida (sem reclamar tanto), gosto muito de trabalhar com o conceito causa e conseqüência (causa e efeito / ação e reação).
Antes de fazer alguma coisa, sempre paro e penso: se é causa ou se é conseqüência.
Por exemplo: se percebo que tenho ficado irritada durante os meus dias, tento avaliar a causa da minha irritação. Não adianta fazer massagens, fazer terapia, tomar remédios se a causa da minha irritação é o trabalho. Enquanto não resolver a causa da irritação, não adianta gastar energia na conseqüência.
Quantas pessoas você conhece que está insatisfeita no relacionamento? Continuar com uma pessoa, mesmo não amando só para não se sentir sozinho? Pense assim: se quer ter como conseqüência uma família, precisa avaliar se está com a pessoa certa. Permanecer com uma pessoa que você não ama, só para não ficar sozinho pode até solucionar o problema de imediato, mas a longo prazo, estará sozinho, pois a chance de ter uma família unida diminui se não houver amor.
Quantas pessoas você conhece que reclama do salário baixo, mas anda de carrão, mora em um bairro caro, coloca os filhos numa escola cara, comendo em restaurantes toda semana (ou até mesmo todo dia)? Talvez o problema todo não seja o salário baixo (que nem é tão baixo assim), e sim o padrão de vida.
Para quebrar esse círculo, antes de mais nada, é muito importante fazer uma avaliação crítica do problema. Fazer diagnóstico se é causa ou consequência não é tão simples como parece. Exige paciência, pois muitas vezes não dá para distinguir com clareza a origem do problema.
O conceito food truck, que era para oferecer comida boa a um preço camarada, virou gourmet. Duas pessoas gastam em torno de R$80,00 (lanche e refrigerante) nos food trucks espalhados pela cidade de São Paulo. E detalhe, come-se em pé.
Os apartamentos também viraram gourmet, com cozinha gourmet, varanda gourmet e espaço gourmet.
As pipocas caramelizadas e o brigadeiro gourmet com chocolate belga.
A gourmetização também chegou no café. Fico impressionada com a criatividade de adjetivos utilizados para descrever as cápsulas de café para enobrecer (e muitas vezes encarecer) o nosso café “blend de Arábicas da Colômbia finos e individualmente torrados, desenvolve uma acidez suave, com notas típicas de frutas vermelhas e vinho”…
As papinhas para bebê também viraram gourmet. Agora tem versão orgânica, light…
Apesar dos excessos de gourmetização, tento seguir o caminho contrário, valorizando a simplicidade.
Tenho um cargo de diretoria onde trabalho, mas vou ao trabalho de transporte público. Também não uso carro oficial da instituição (apesar de estar disponível) quando vou a outra filial, vou de ônibus.
Levo minha marmita todos os dias para almoçar.
Na minha sala, gosto de ficar descalça durante o expediente de trabalho.
Enquanto meus colegas usam Pandora e Vivara, me auto-denomino a “rainha da 25 de março”.
Não vejo necessidade de igualar um padrão de vida só para me encaixar no grupo ou de gourmetizar a vida só para tentar mostrar aos outros que a vida pode ser melhor que a do colega.
Vivemos um período em que muito se valoriza a gourmetização da vida cotidiana e excesso de exibicionismo ao invés da simplicidade da vida.
Se não tivéssemos a quem mostrar ou contar, será que continuaríamos comprando uma roupa cara e confortável ou pagaríamos uma roupa pela metade do preço, igualmente confortável?
Será que teríamos aquele carrão que apertou o orçamento familiar ou compraríamos um carro popular que atende a necessidade de ir e vir?
Será que continuaríamos comprando jóias se não pudéssemos mostrar para ninguém?
São perguntas que devemos fazer a nós mesmos. E podemos nos surpreender com as respostas, ao perceber que muito do que fazemos é para tentar impressionar os outros.
Por muitas vezes meu marido insistiu para que eu divulgasse esse blog entre o círculo de amigos que nós temos. Em todas as vezes eu recusei.
Uma revista já entrou em contato comigo para pedir uma reportagem sobre pessoas que levam uma vida minimalista em cidades grandes. Eu aceitaria, desde que não tirassem minha foto, nem divulgassem meu nome completo. A revista não aceitou as minhas condições e pra mim estava tudo bem. Prefiro continuar no anonimato.
Pra mim, esse blog é um pequeno tesouro. É onde me encontro e encontro pessoas parecidas comigo. Não tenho necessidade de divulgar, nem de ser conhecida, ou reconhecida.
Poucas pessoas do meu convívio sabem que tenho este blog. Poucas pessoas sabem que levo um estilo minimalista. Poucas pessoas sabem que guardo dinheiro. Poucas pessoas sabem que sou feliz com pouco. Poucas pessoas sabem da minha felicidade.
Vivemos num mundo onde tirar uma selfie e postar nas redes sociais para mostrar (ou provar) como é descolada/amada/inteligente/sofisticada/rica virou normal.
A cada ano que passa, tenho a absoluta certeza de que o segredo da felicidade, é ser feliz em silêncio.
Como vocês sabem, estou tentando descomplicar cada vez mais a minha vida e a rotina que me cerca. Tenho avaliado que muitas das nossas dores de cabeça e falta de tempo vêm das decisões erradas que tomamos ao longo do dia de forma inocente e muitas vezes inconsciente.
Um simples passeio por uma loja de enxovais para cama, mesa e banho pode trazer mais trabalho no seu dia-a-dia como pode ler neste post.
A compra de um lindo carrinho de bebê super equipado pode fazer com que o carro precise ser trocado (por um modelo com um porta malas maior), pagar um IPVA mais caro, um seguro mais caro, ter um gasto maior de gasolina, mais dívidas.
Comprar roupas de tecido chatinho vai fazer com que eu passe mais tempo com o ferro de passar roupa.
Casas muito decoradas com bibelôs, lembrancinhas de viagens, objetos de decoração pode ser lindo. Mas haja paninhos para tirar a poeira de tudo.
É um exercício tentar simplificar a rotina, sem prejudicar o resultado final.
Tenho feito algumas coisas que podem até deixar algumas pessoas de cabelo em pé, mas é inegável que minha vida anda leve mesmo com uma bebê em casa.
– Muitas das minhas roupas não precisam ser passadas a ferro, pois são peças de tecido molinho que não amassam. Roupas que fico em casa também não são passadas.
– Também não passo toalhas de banho, lençol, fronhas, panos de prato.
– Quando lavo as cortinas, protejo os ilhoses em um saco e coloco na máquina de lavar roupa. A máquina lava, enxagua e centrifuga pra mim. Ao invés de estender no varal, eu já coloco a cortina de volta no bastão para secar desse jeito e abro bem as janelas para arejar. O próprio peso da cortina úmida vai deixando o tecido bem esticado (essa eu aprendi com a minha mãe).
– Sempre que for lavar a louça, eu guardo a louça anterior, pois geralmente está seca ou quase seca. Desta forma, o próprio tempo faz o trabalho de enxugar as louças.
– Também decidi gostar das pessoas que gostam de mim, já que ficar agradando pessoas que nem gostam tanto de mim era muito cansativo. Hoje eu penso assim, se a pessoa fica brava comigo ou não faz questão da minha amizade, quem está perdendo é a pessoa, porque eu sei que sou uma pessoa super legal e muito amiga. Depois que passei a pensar desta forma, parei de ficar chateada, ou magoada. É um direito que a pessoa tem, mas reservo o meu direito de ser indiferente também.
– Eu tenho um vestido lindo, de tecido super leve. Toda vez que bate um vento ou pegava o metrô, tinha que segurar a barra da saia para não levantar. Até que comecei a colocar um shortinho preto. Pronto! Eliminei uma preocupação.
– Se o mercado está caro (e está mesmo!), ao invés de reclamar, eu prefiro analisar de que forma posso gastar o mesmo valor sem comprometer na variedade e qualidade dos alimentos.
– Se o metrô aumentou, faço algumas contas até descobrir que o bilhete mensal não sofreu reajustes, passando a compensar e muito no meu caso. Pequenos trechos que eu costumava fazer a pé, agora faço de metrô, e ainda economizo tempo.
– Se percebo problemas no meu serviço, tento resolver o problema, mas quando vejo que as decisões não dependem de mim, paro de me preocupar e me preparo para adaptar à nova situação.
Sabe, são esses pequenos incômodos do dia-a-dia que eu tento resolver. E quando percebo, a minha vida está mais leve.
Parecem ser pequenas tarefas, pequenas preocupações, que quando juntas, tem um poder de nos deixar com rugas no rosto.
A gente tem o costume de falar que a vida é complicada demais. Mas já parou para pensar que muitas vezes somos nós que complicamos a vida?
A minha filha ainda é pequena demais para entender o que é o consumismo, mas gosto de mostrar para ela as minhas “invenções”. Uma garrafinha vazia com várias pedras de bijuteria dá um efeito lindo e vira um chocalho. Alterno o tamanho das garrafas e o conteúdo para ter barulhos diferentes, com arroz, milho, feijão…
Gosto de imaginar que ao me ver criando coisas a partir do nada, ela também irá aprender a se divertir usando a imaginação.
As crianças de hoje estão muito acomodadas em serem servidas. Os adultos precisam entretê-las o tempo todo. Um videogame, assistir televisão, mexer no celular, ter palhaços em festa…
Claro que não dá pra isolar os nossos filhos da realidade tecnológica existente hoje, mas se eu puder prolongar a infância, já vou ficar feliz.
Reclamamos de que as crianças de hoje não sabem brincar sozinhas, que estão viciadas em televisão, vídeo game e celular. Será que são as crianças ou somos nós que incentivamos? Outro dia o filho da minha prima que tem 6 anos veio fazer uma visita em casa. Quando chegou a hora de ir embora, ele disse que tinha gostado de um brinquedo da minha filha e veio me pedir todo envergonhado. Sabe o que ele queria? Uma garrafa vazia com um pouco de milho cru. Era esse o brinquedo que ele tinha gostado tanto e veio me pedir. As crianças de hoje continuam sendo crianças.
Brincar de bolinha de sabão, de seguir as formigas, pegar um cabo de vassoura e lençol e transformar em uma cabana, jogar bola, brincar de esconde-esconde, um graveto que vira varinha de condão, uma caixa vazia vira um carrinho, criar castelos de areia, brincar de adivinhar o formato das nuvens…
Perceberam que tudo o que falei não envolve dinheiro? Não gastar dinheiro se torna consequência das coisas que acredito.
E também porque meu lema é “comprar é mais fácil, criar é muito mais difícil”.
Sempre ouço amigas e colegas reclamando que os maridos não ajudam em casa. Ou que até ajuda, mas a divisão das tarefas não é tão equilibrada, sempre pesando mais para o lado da mulher.
Já parou para pensar que talvez isso possa ser uma consequência das nossas atitudes?
Toda vez que uma criança do sexo masculino é reprimida pelos familiares ou amigos de brincar de casinha, de pentear o cabelo de uma boneca, vesti-la, segura-la no colo, coloca-la para ninar, brincar de passar roupa, andar com carrinho de supermercado, etc., intimamente, estamos falando que estas atividades não são adequadas para um homem, e sim, são tarefas exclusivas da mulher.
Esta criança cresce aprendendo de que não pode gostar de rosa, de flores e de laços. E cresce sabendo que há distinção de tarefas para homens e mulheres.
Ao definir tarefas desta forma, eu acredito que a chance desta criança se tornar um homem que não irá ajudar nas tarefas de casa serão maiores.
Imagine comigo: um menino que brinca de boneca pode se transformar em um futuro pai que dará colo para o seu filho. Um menino que brinca de fazer trancinhas nas bonecas, saberá naturalmente fazer tranças no cabelo da sua filha. Um menino que brinca de passar a roupa e limpar a casa, aprende desde pequeno que essas tarefas não são exclusivamente femininas. São tarefas dos dois.
Nós impomos que menino vista azul e menina rosa. Que menino brinca de carrinho e a menina de boneca. Que menino tenha uma caixa de ferramentas e a menina um kit de panelas. São estereótipos criados há muitos anos e continuamos sustentando, e pagamos um preço muito alto depois.
Será que estamos colaborando para perpetuar uma sociedade machista? Precisamos avaliar com carinho, pois a infância é o primeiro passo onde podemos mudar essa percepção.
Aqui em casa quem tem habilidade para pintar parede, trocar o chuveiro, montar um móvel, usar a serrote e a furadeira sou eu.
Já o meu marido é muito caprichoso nas tarefas de casa como lavar o banheiro, limpar a casa, lavar a louça, etc.
Ele não é menos homem por gostar de uma vassoura, nem eu sou menos mulher por ter uma caixa de ferramentas. Tentamos não criar estereótipos. Cada um executa o que faz de melhor.
Quem sabe não chegou a hora de dar uma boneca para o seu filho? Ou um carrinho para a sua filha?
Hoje gostaria de falar sobre as escolhas da nossa vida.
Não sei se já pararam para pensar que quando escolhemos um caminho a percorrer, renunciamos aos outros caminhos existentes?
As pessoas me perguntam como eu consigo juntar dinheiro, como eu consigo viajar com frequência, como eu consegui quitar meu apartamento tão rápido.
E quando eu começo a explicar de que forma consegui juntar dinheiro, geralmente volta uma resposta malcriada assim:
“Ah, mas se eu também colocasse meu filho na creche pública, se também não tivesse carro, se também não tivesse TV a cabo, se também morasse num apartamento de 1 dormitório como você, eu também conseguiria juntar dinheiro.”
Pois é. Para todas as escolhas que fiz, houveram inúmeras renúncias. Só que as pessoas no geral querem juntar dinheiro, mas não querem renunciar a nada. A culpa geralmente é do salário baixo, nunca do estilo de vida que leva.
Não sei quantas vezes imaginei que se tivesse um carro as coisas seriam mais fáceis? Ou quantas vezes me imaginei em uma casa um pouco maior com alguns cachorros correndo pelo quintal? Mas daí eu lembro que antes disso tudo acontecer, precisávamos ter uma segurança financeira. E para isso, tivemos que renunciar a várias coisas. Não é uma decisão tão simples, mas achamos mais importante poupar agora que os filhos são pequenos, pois sabemos que quando eles crescerem, os gastos tendem a aumentar.
Acredito que a oportunidade que temos para juntar dinheiro é agora. Agora que minha filha ainda não reclama se usa roupa ganhada, que não tem mesada, que não tem viagens com as amigas, que ela ainda não me pede um curso de inglês ou de violino, cursinho, etc.
Pagamos um preço por essas escolhas. A cada coisa nova que entra em casa (um carrinho de bebê, uma banheira, um brinquedo um pouco maior), é uma luta para achar um cantinho sem que a casa fique com ar bagunçado. Precisamos participar ativamente das reuniões dos pais para colaborar com o desenvolvimento educacional das nossas crianças na creche (o que eu acho fantástico, diga-se de passagem). Cada passeio que fazemos tem que ser planejado com muita antecedência para nada dar nada errado, já que não temos carro.
O segredo todo está em ver o lado bom das escolhas que fazemos.
Um apartamento pequeno? Poucos objetos para limpar, fácil de organizar, fica aconchegante, condomínio baixo, IPTU baixo…
Não tenho carro? Não preciso pagar estacionamento, não preciso procurar vaga para estacionar, pagar IPVA, seguro obrigatório…
Por isso na hora em que percebermos que alguém tem algo que não temos, não podemos nos esquecer de que existe uma probabilidade grande daquela pessoa ter renunciado a algo (de que muitas vezes não estamos dispostos a renunciar).
Se pensarmos rápido, mas bem rápido mesmo, provavelmente falaríamos de forma automática que sucesso é quem tem bastante dinheiro, muitas posses, um emprego de visibilidade ou estabilidade que garanta um salário gordo todo mês. Ou seja, está sempre ligado a dinheiro e ostentação.
Sucesso significa ter “êxito, bom resultado”. Não sei dizer a partir de quando a palavra sucesso se tornou tão capitalista, pois ao fazer uma busca no Google Imagens por “success” a maioria das imagens são de homens de terno sorrindo com os braços para cima em sinal de vitória.
Parece que a sociedade dá mais valor para quem obtém sucesso financeiro. E o sucesso como um pai de família? Sucesso por ter superado uma doença? Sucesso por ter uma família unida? E será que sucesso amoroso tem uma importância tão grande e recebe admiração como quem obteve sucesso financeiro? Meu marido acha que alcançar sucesso no amor é muito mais difícil do que alcançar sucesso profissional. Quantos casais você conhece que vivem um amor pleno?
E quando falo em sucesso no amor, não estou falando somente do amor entre 2 pessoas. Estou falando também de descobrir a própria vocação e fazer o que ama. Esse é o verdadeiro modelo de sucesso em que acredito.
É preciso ter coragem para ter sucesso na vida, pois muitas vezes a gente tem que ir na contramão do que o mundo inteiro acredita.
Precisamos tomar cuidado no que damos importância hoje, para não arrependermos amanhã.
Sempre faço a seguinte pergunta:
Se eu morrer amanhã, qual decisão eu me arrependeria menos?
Ter trabalhado muito, ou ter amado muito?
Por isso devemos constantemente reavaliar se a nossa vida está de acordo com o que acreditamos, pois se não corrigirmos a tempo, pode ser tarde demais.
Outro dia meu sobrinho estava em casa e saiu o assunto de que ele queria virar adulto para não precisar obedecer.
Expliquei que ele estava enganado, pois quando viramos adulto, precisamos obedecer mais pessoas além da nossa mãe, como o chefe do seu trabalho, as leis do nosso país, etc.
E fui procurar na internet a definição de cada fase da nossa vida. E descobri que a Organização das Nações Unidas, a Organização Mundial da Saúde e o Estatuto da Criança e do Adolescente não entram em um consenso em relação a idade de criança adulto, idoso, etc, resolvi tomar como média as idades de cada fase, visto que é só para uma questão de exemplo:
Temos 5 fases na nossa vida:
Bebê: 0 a 2 anos de idade
Criança: a partir de 2 a 12 anos de idade
Adolescente: a partir de 12 a 20 anos de idade
Adulto: a partir de 20 a 60 anos de idade
Idoso: a partir de 60 anos de idade
Convertendo em duração de cada fase, ficaria assim:
Bebê: duração de 2 anos
Criança: duração de 10 anos
Adolescente: duração de 8 anos
Adulto: duração de 40 anos
Idoso: duração de 15 anos (considerando a expectativa de vida de 75 anos de idade – IBGE 2013)
Neil Fiore, especialista em produtividade pessoal falou que tempo “é um recurso não-renovável. Uma vez gasto, e se você gastá-lo mal, ele se vai para sempre”.
Meu sobrinho tem 7 anos de idade. Isso significa que ele já usou 50% da sua “fase Criança”. Falei pra ele que a fase em que ele está é uma das que são mais curtas… Mais 5 anos e ele será um adolescente. E nunca mais poderá voltar a ser criança. Quando expliquei isso pra ele, ele percebeu que tem que ser mais criança, aproveitar essa fase para brincar muito, porque esse tempo não voltará nunca mais.
Por isso quando vejo um bebê vestido de homenzinho ou de um bebê vestido de mulher, eu não consigo entender. Um bebê que nem sabe andar que está de sapato, uma criança que deveria estar com seus brinquedos está usando salto alto e celular. Um adolescente que tem responsabilidade de um adulto.
Temos tão pouco tempo para desfrutar cada fase da vida, mas a pressa e a ansiedade faz com que sempre olhemos para onde queremos chegar, ao invés de aproveitar o momento. E quando chegamos na fase lamentamos por não ter aproveitado melhor a infância.
Por isso ao invés de sonhar com o futuro ou lamentar pelo passado, tente-se concentrar no hoje.
~ Yuka ~
Desde que descobri que estava grávida, uma coisa sempre ficou martelando na minha cabeça. Creche pública ou privada?
Durante a minha gestação, ouvi muitos comentários dos amigos e colegas que me davam “dicas” para não colocar a minha filha numa creche pública. Descaso, medo, distância da casa, flexibilidade de horário, enfim, eram vários os motivos.
Eu sabia de uma coisa: não dava para ter uma opinião de uma coisa que eu não conhecia. E por isso pedi para o meu marido fazer a inscrição assim que minha filha nasceu, em uma creche municipal do bairro, para aguardar ser chamada. A fila era longa (posição 302), e com a dúvida pairando no ar dela não ser chamada a tempo, fiz a matrícula em uma creche privada para garantir a vaga. Mas eis que após 6 meses de espera ao término da minha licença-maternidade, minha filha foi contemplada com uma vaga.
Eu e o meu marido estudamos a vida inteira em escola pública. Desde a pré-escola até a universidade. Esse fato pesou muito na hora da escolha. Outra coisa que notamos é a falta de diversidade racial nas creches particulares do bairro. Queríamos uma escola inclusiva, não uma escola somente de brancos, mas de brancos, negros, amarelos, pardos. Também queríamos estar perto de famílias de nível-social e econômico variado, pois acreditamos que conviver com as diferenças é um grande começo para ter mais paciência e tolerância com o próximo.
Para a minha filha que não terá festa em buffet, não terá presentes caros, nem usará roupas de marca, estar inserida na creche municipal será fundamental para não criar um ambiente de ostentação e inveja, pois é difícil explicar para uma criança porque a amiguinha dela tem uma Barbie de R$300,00 e ela não; porque a amiga foi pra Disney e ela não.
E para quem ainda tem dúvidas (ou medo) de uma creche municipal, segue a comparação:
1.) Minha filha tem uma pele extremamente sensível. Um xixi mal limpo e logo dá uma bela de uma assadura, mas ela nunca teve assaduras na creche.
2.) A mochila dela volta todos os dias com 2 a 3 peças de roupas trocadas. E todas ainda estão cheirosas, somente um pouco suadas, ou seja, não deixam ela com roupa suada o dia todo.
3.) Todas as professoras têm curso superior e são formadas em pedagogia.
4.) Uma mãe estava oferecendo uma bolacha recheada para seu filho de 4 meses e resolveu oferecer para outra criança que estava olhando. A coordenadora pedagógica pegou a bolacha das duas crianças e falou que naquela creche, este tipo de alimento não era permitido.
5.) Outro dia meu marido foi buscá-la um pouco mais cedo e viu uma das professoras de peruca azul, óculos de maluca, batucando um tamborim para entreter os bebês de 4 a 10 meses, enquanto as outras professoras alimentavam os bebês. O esforço de todas as professoras é nítido e emociona qualquer pessoa.
6.) Também quando eu já estava deixando a minha filha na creche e indo embora, vi de relance a professora segurando a minha filha no colo e beijando a cabecinha dela. Não preciso nem falar como isso aqueceu o meu coração. Há creches particulares que visitei que se orgulhavam de não segurar os bebês no colo, mas nesta creche em que minha filha está matriculada, dão colo, abraço, beijos…
7.) Os bebês dormem em colchonetes, no lençolzinho dela que levo de casa semanalmente.
8.) Bebês que tiverem no máximo 2 faltas o mês recebem 5 latas de 400g (o que dá 2 kg) de leite em pó Nestogena (Nestlé) todos os meses.
9.) Têm 5 refeições por dia, com cardápio super variado de legumes, verduras e frutas, tendo inclusive acompanhamento nutricional. Não preciso levar leite, nem nenhum tipo de comida na creche.
10.) Após a aprovação da lei 16.140/2015, escolas e creches municipais de São Paulo estão começando a receber produtos orgânicos na merenda escolar.
Eu cheguei a visitar várias creches particulares. E a que eu fiz a matrícula a comida era natural, mas não era orgânica. O almoço e jantar eram incluídos, mas precisava levar o leite, as frutas, os lanchinhos. Na verdade, tinha que levar tudo, desde a mamadeira, copo de treinamento, brinquedos, até pano perfex, álcool em gel, caneta para tecido e retroprojetor, etc. E ainda teria que pagar uma mensalidade de R$1.500,00. Todas as creches que pesquisei na região onde moro estavam nesta faixa: entre R$1.300,00 a R$1.700,00 o período integral.
Depois que descobri que a fama ruim de uma creche municipal era preconceito das pessoas, fico pensando no interesse político por trás de todo o movimento para denegrir a imagem de uma creche e uma escola gratuita. Quem definiu que somente escola paga é escola boa?
Se você ainda tem dúvidas ou medo de uma creche pública, um conselho que dou é: não tenha pré-conceitos e vá matricular seu filho e tire a sua própria conclusão. Acredito que há muitas creches boas, mas também muitas creches que não são boas, por isso é importante avaliar e analisar cada caso, mas tenha em mente uma coisa: o que é importante não são as paredes brancas ou o parquinho novo. O importante é ver se as crianças são bem cuidadas e se estão felizes.
Nestes últimos 3 anos, desde que passei a organizar a festa de Natal da minha pequena família, percebi que sempre ficava muito cansada à noite. Também pudera, as compras para abastecer a geladeira começavam 1 semana antes, as sobremesas eram preparadas no dia 23, e no dia 24 passava o dia inteiro cozinhando. Chegava à noite cansada, suada, nem dava vontade de me arrumar para comer. Acabava não aproveitando as conversas da hora da ceia por conta do cansaço.
E percebi que muitos dos nossos rituais natalinos foram importados de outros países:
Papai Noel com casaco pesado e suas renas, trenós: Suécia;
Pinheiro decorado com flocos de neve: norte da Europa;
Panetone: Itália;
Peru: EUA.
Por isso não vi problemas em criar os rituais da minha família.
Pensando nisso, este ano, ao invés de seguir a tradição, resolvi inovar. Trocamos a ceia pelo almoço, e a preparação da comida não podia ser mais simples. Ao invés de um peru, fizemos um churrasco. E na hora da tradicional ceia, fizemos um jantar gostoso, mas simples. Não houve bebida alcóolica, nem troca de presentes. O que teve bastante foi agradecimento pelas conquistas deste ano.
Conclusão: senti muito menos cansaço, já que a churrasqueira acabou fazendo o meu trabalho de cozinhar. À noite, deu tempo de sentar para conversar, assistir um filme e atender os telefonemas dos amigos e familiares. Achei muito menos trabalhoso e pude aproveitar melhor cada momento.
Definitivamente foi o meu melhor Natal.
Desejo a todos os leitores deste blog um fim de ano maravilhoso.
Na minha opinião, esse excesso de exibição é um saco.
Sem perceber, a maioria das pessoas colaboram e sustentam esse sistema vicioso que é o excesso de exibição ao postar a vida nas redes sociais com o intuito de enaltecer o próprio ego e fazer auto-promoção para mostrar o quanto é feliz, que tem uma família unida, filhos maravilhosos e perfeitos, ou que está no aeroporto prestes a viajar, que freqüenta um restaurante bacana, mostra foto do seu amor eterno, dos seus vários “amigos”… É uma vida narcisista. É uma competição silenciosa de quanto mais curtidas, mais “popular” a pessoa se torna.
Comprar (ou ganhar) algo e postar nas redes sociais, traz status. Viajar e mostrar as fotos dos momentos especiais, provoca inveja. Doar sangue e tirar uma foto para postar nas redes sociais faz de você uma pessoa altruísta. Fazer (ou receber) declarações de amor nas redes sociais torna você uma pessoa especial.
Olha meu namorado novo! Olha o anel de noivado que eu ganhei! Olha o carro que eu comprei! Olha pra onde eu viajei! Olha como pareço ser inteligente! Olha como pareço ser feliz!
As pessoas vão criando uma imagem do que você quer que as pessoas pensem. Acham você rico, acham você extrovertido, acham você aventureiro, acham que tem uma vida perfeita, etc, mas muitas vezes o que se publica não condiz com a realidade.
Parece que as pessoas levam uma vida que parece ser uma eterna festa, uma felicidade ininterrupta, uma alegria exagerada.
Eu conheço muitas pessoas que parecem ser felizes nas redes sociais, mas que na vida real não é bem assim.
Eu sempre tive muita clareza de que a vida das pessoas não é um mar de rosas como parece ser. Por isso, quanto mais discreta é uma pessoa, mais valiosa ela se torna pra mim. Um rico que não ostenta, recebe o meu respeito. Um marido que cuida da esposa ajudando nas tarefas de casa ganha um milhão de pontos a mais do que um marido que faz declaração de amor em público. Uma pessoa que faz trabalho voluntário sem divulgar isso para ninguém, merece a minha admiração.
Ao invés de viver de postagens para PARECER feliz, prefiro me concentrar na vida real para SER feliz.
Como vocês sabem, ainda estou no início da jornada que é ser mãe. Nesses 6 meses, posso dizer que gastei muito pouco com a minha filha.
Afinal, quanto custa ter um filho desde o momento em que se sabe que estamos grávidos até o bebê completar 6 meses de idade? Um filho custa caro ou são as pessoas que “gourmetizam” e transformam a gravidez em um comércio e torna o processo custoso? Já imaginou que filhos podem não custar tanto assim? O pediatra da minha filha sempre fala que o mercado achou uma ótima forma de lucrar com a vaidade e com a insegurança dos pais. Chorando muito? Compre uma chupeta. Medo do seu filho regurgitar? Compre um colchão especial. Compre um carrinho tipo nave espacial, uma mamadeira mesmo o bebê tomando somente leite materno. Coitado do filho que não tem um quarto decorado, um bebê com certeza ficaria muito chateado se não tiver um berço novo e paredes em cor pastel. E se a mãe aceitar roupinhas usadas? O que as pessoas irão pensar?
Em meio a esse mar de produtos, filtrar as informações e perceber o que é realmente necessário depende da percepção dos pais.
Até agora, a lista das coisas que NÃO comprei é muito maior do que a lista das coisas que comprei. Também quero deixar bem claro que é uma lista pessoal, pois sei que muitas mães compraram e acharam super útil alguns itens que eu não senti falta.
ENXOVAL PARA BEBÊ MINIMALISTA (O QUE NÃO COMPRAR)
Eu pequei algumas listas que achei na internet e coloquei os meus comentários (e não coloquei aqui o que eu comprei para não gerar confusão).
Maternidade
lembrancinha: sei que é tradição as mamães oferecerem lembrancinha na maternidade, mas eu não fiz porque eu não queria aquele vuco-vuco de pessoas na maternidade. Eu sabia que queria ficar tranquila no quartinho curtindo cada detalhe da minha filha que tinha acabado de conhecer.
bolsa maternidade: para a maternidade, levei uma mala de viagem pequena, pois precisei colocar a roupinha da bebê, as minhas roupas e a do meu marido. E no dia-a-dia (passeio, ida ao pediatra), uso uma mochila para ficar com as mãos livres.
penhoar: como meu pijama não é aberto, eu não comprei, mesmo estando na lista da maternidade.
concha para seios: não sei para que serve e nem fiz questão de pesquisar.
calcinhas pós-parto: outro item que não achei necessário. Eu já usava calcinha de grávida, continuei usando até a minha barriga diminuir de tamanho.
cintas ou bermudas compressoras: idem ao item anterior.
roupa para saída da maternidade (da mãe): fui para a maternidade de madrugada, descabelada e sentindo dor, qualquer roupa que eu estivesse na saída, seria muito melhor do que a roupa que entrei. Não achei importante comprar uma roupa só para eu sair da maternidade.
roupa para saída da maternidade (da bebê): a não ser que eu ou a bebê seja uma celebridade, não vejo muito sentido em comprar uma roupa para saída de maternidade só para ir para casa.
Amamentação
poltrona de amamentação: já sentei em algumas poltronas, achei bem apertado. Eu amamento no sofá, na cama, sentada, deitada, em qualquer lugar da casa e em qualquer posição.
almofada de amamentação: quando dou de mamar sentada, uso travesseiro e almofada, mas a posição que minha filha mais gosta é mamar deitada. E eu aproveito para descansar (pois também estou deitada) enquanto ela mama.
Quarto
quarto decorado: que quarto? Compartilhamos o nosso quarto com ela. E mesmo se tivesse um quarto para ela, não teria coragem de deixa-la dormindo sozinha.
berço desmontável: não achei necessário.
saia de berço: na minha opinião, só junta poeira.
kit berço: o berço fica lindo, mas dizem que é bem perigoso.
travesseiro: outro item considerado perigoso.
travesseiro antissufocante: nem sabia que existia.
posicionador para dormir: também não sabia que existia.
fronha: se não tem travesseiros, não terá fronhas.
móbile: eu mesma fiz um.
tela mosquiteiro: não achei necessário.
colchão anti-refluxo: a não ser que ela tivesse problema de refluxo, o que não foi o caso.
travesseiro anti-refluxo: idem ao item anterior.
trocador: como o trocador ocupa uma superfície, preferi eu mesma fazer um trocador portátil.
tapete EVA: temos um colchonete de casal para ela ficar brincando na sala.
manta térmica: outra coisa que nem sabia da existência.
abajur infantil: usamos o abajur que já temos no criado-mudo.
guarda-roupa: separamos um espaço para ela no nosso guarda-roupa.
cômoda: idem ao item anterior.
lixeira: utilizamos a lixeira que já tínhamos em casa.
babá eletrônica: eu utilizo um aplicativo no celular que desempenha muito bem a função.
luz noturna: dormimos os três na escuridão total.
Higiene e Saúde
loção para bebê: pele de bebê é tão macia, tão cheirosa, não senti necessidade.
hidratante: idem ao item anterior.
perfume: idem ao item anterior.
óleo de massagem: idem ao item anterior.
talco: sabia que talco é pedra moída? Eu uso amido de milho para passar no bumbum da minha filha (só de vez em quando).
lenços umedecidos: uso algodão umedecido em água. Lenço umedecido só na hora de passear.
pomada para assadura: acho que quanto mais se usa, mais o bebê se torna dependente deste produto, pois a pele não cria resistência. Eu parei de usar e a minha filha dificilmente tem assaduras. Só passo o creme de tratamento quando necessário.
pote para guardar algodão: uso uma lata bem bonita que ganhei na maternidade.
pote para bastonete: uso o próprio pote do bastonete.
vasilha para despejar água morna: uso um pote que eu já tinha em casa.
garrafa térmica: idem ao item anterior.
bandeja ou cesto para organizar itens de higiene: idem ao item anterior.
aspirador nasal: não achei necessário.
fita adesiva: até agora não entendi porque esse item está em tantas listas de enxovais, já que a maioria usa fraldas descartáveis em seus bebês.
termômetro para banheira: não achei necessário.
antiderrapante para banheira: não achei necessário, pois não saio do lado dela nem por 1 segundo.
bolsa térmica para cólicas: eu mesma fiz uma bolsinha utilizando arroz, seguindo os sites americanos.
vacinação: o Brasil possui uma das mais completas vacinas do mundo. Damos no posto de saúde.
Alimentação
mamadeira: não comprei porque dou leite e suco em copinho. E do copinho irei direto para o copo de treinamento.
esterilizador de mamadeira: idem ao item anterior.
aquecedor de mamadeira: idem ao item anterior.
pinça para mamadeira: idem ao item anterior.
Roupas
laços e arcos na cabeça: achei desnecessário. Muitas vezes, confundem a minha filha com menino. Nem ligo.
sapatinhos: como ela não anda, não achei necessário comprar.
roupas de passeio: O “uniforme” dela é composto por basicamente alguns bodys e calças. É a roupa mais confortável, na minha opinião. Nada de vestidinhos que ela teima em morder a barra ou sapatos apertados que prejudicam a mobilidade.
chupeta: não dei chupeta. As pessoas acham um horror porque minha filha chupa o dedo. Já foi comprovado em vários estudos (é só procurar na internet) de que o dedo é muito menos prejudicial do que até mesmo a chupeta ortodôntica, além de não prejudicar na amamentação.
prendedor de chupeta: idem ao item anterior.
porta-chupeta: idem ao item anterior.
cesto de roupa suja para bebê: eu lavo as roupinhas dela junto com as nossas roupas.
sabão em pó especial para bebê: uso mesmo sabão em pó para as minhas e para as roupas dela.
não furei a orelha dela + brinco de ouro.
Outros gastos
não ofereço remédio de forma desnecessária, pois acredito que o corpo precisa aprender a combater algumas doenças. Se vejo que ela está com febre, mas animadinha, fico monitorando. É incrível como muitas vezes a febre passa depois de algumas horas.
não fiz mesversário, não vou dar festas de aniversário em buffet, gosto mais das festas tradicionais, em casa de vó, etc.
livros sobre como cuidar dos bebês: cada bebê é único. O que funciona para um filho, pode não funcionar para o irmão dele. O melhor ensinamento é a observação. Observando, aprendemos os pequenos sinais que os bebês dão.
brinquedos: ela está na fase em que fica encantada com tampa plástica, controle remoto, livros coloridos.
comprar/trocar de carro
comprar/trocar de apartamento: depois que uma mãe ou pai comprar todos os produtos listados acima, até entendo a necessidade de mudar para um apartamento maior.
Agora imagine o tempo que eu economizo não precisando tirar a poeira do abajur infantil, da cômoda, lavando e passando o kit-berço, a saia para o berço, a tela mosquiteiro, não lavando as roupas separadamente. No tempo que eu ganho não passando perfume, óleo, talco, loção, hidratante na bebê. No espaço que sobra em casa para minha filha brincar ao não ter um guarda-roupa ou uma cadeira de amamentação no meio do caminho, e no (muito) dinheiro que economizei. Com essas pequenas-grandes atitudes, percebi que no fim dos 6 meses, sobraram 3 coisas: tempo, disposição e dinheiro.
Na minha opinião, o fato de não comprar as coisas impostas pela sociedade do consumo (com a aprovação quase que unânime da população) não significa que eu ame menos, ou que eu não me importe com a minha filha. Muito pelo contrário. Eu não preciso provar o meu amor pela minha filha (ou pela minha mãe ou pelo meu marido) comprando objetos. Quando eu decido não comprar alguma coisa, é porque analisei bem e vi que eu não preciso daquele item. Eu não compro alguma coisa por vaidade, do tipo “o que as outras mães vão achar se ela não estiver bem arrumadinha?” Gosto de colocar uma roupa que eu sei que ela está confortável.
Eu quero ensinar para a minha filha outros valores: o valor do amor, o valor da gratidão, estimular a criatividade, valorizar as diferenças, a ter tolerância. E por coincidência (ou não), são coisas que não envolvem dinheiro.
Só para ter em números… pesquisei na internet o preço (peguei sempre o preço médio disponível) de todos os itens que não comprei. O valor que eu economizei foi de R$8.327,07, só nos primeiros 6 meses do bebê. Se eu somar os possíveis gastos dos items da categoria Outros, nem sei quanto sairia (troca do apartamento, compra de um carro etc).
Eu não gosto de gastar mal o meu dinheiro. E eu tenho certeza que um bebê ainda não sabe se gosta de rosa ou azul, se quer morar em um apartamento maior, se quer usar uma roupa de marca…
Eu gosto de gastar bem. E pra mim, gastar bem é frequentar bibliotecas para dar acesso a livros e incentivar a leitura e a imaginação, é ir em parques e praias para deixar correr, brincar, se sujar… é ir em centros culturais, exposições e eventos infantis para ter mais experiências, encontrar os amigos para aprender a ouvir opiniões diferentes e brincar com outras crianças. Ao invés de comprar brinquedos sofisticados, sentar no chão e mostrar como fazer um castelo de areia, ensinar a nadar… olha só, mais uma vez, para ter tudo isso, não preciso gastar muito dinheiro. Eu gasto tempo, porque na minha opinião, tempo é um bem muito precioso, pois segundo Neil Fiore, especialista em produtividade pessoal, tempo “é um recurso não-renovável. Uma vez gasto, e se você gasta-lo mal, ele se vai para sempre”.
Hoje o post é uma reflexão do quanto somos influenciados pela mídia e também pelas pessoas.
Durante a minha licença maternidade descobri o prazer de cuidar da minha vida (porque no trabalho, cuido da vida dos outros), arrumar a casa, cuidar do marido, passear com a minha filha, curtir os meus artesanatos. E também o prazer de ter TEMPO para pensar na vida.
A maioria de nós, trabalha de 8 a 10 horas por dia, sobrando pouco tempo para o lazer. Esse lazer muitas vezes é transformado em assistir a televisão. Só que: televisão = propaganda. Nós não assistimos ao o que queremos, e sim ao que “eles” querem.
Não ter tempo para pensar é o maior triunfo das indústrias. Se estamos sempre cansados e sem tempo, acabamos por não questionar, pois não pensamos na conseqüência daquela atitude. Somos movidos em massa, somos como um rebanho.
Aprendemos desde cedo que não podemos questionar as autoridades, que devemos obedecer. Não há diálogos nas escolas e no trabalho, muitas vezes só monólogos dos professores e chefes.
Há alguns anos, comprei uma bolsa de uma marca que eu considero cara, com a justificativa de que era uma bolsa de qualidade. Hoje não vejo o por quê de ter comprado, e vou explicar o motivo.
Quando vou em eventos da minha área, vejo a maioria das mulheres usando uma bolsa desta marca. E depois que percebi isso, sinceramente, sinto um certo mal-estar. É como se todas nós fossemos ovelhas, tão previsíveis, com comportamentos tão padronizados.
“Compre essa marca”, “essa marca é um luxo”, “essa marca é para poucos” e daí gastamos nosso salário em coisas que nos trazem status. Quantas vezes não compramos um objeto pensando em nos promover (mesmo que seja de forma inconsciente)? A maior prova disso são os logotipos visíveis, por exemplo, da bolsa que falei agora há pouco.
Eu considero que eu me antecipei ao ter comprado a bolsa. E doei porque não me identifico mais com esta marca. E desde então quando vou em eventos e reuniões, uso uma outra bolsa que eu tenho, esta, por sua vez, não ostenta a marca.
Eu não quero mais seguir o rebanho.
E você, quantas vezes não comprou algo só porque seu colega/amigo/parente tem algo e você desejou ter também? Já parou para pensar se era realmente o que você queria? Ou será que foi induzido por querer ter status ou fazer parte de uma “tribo”?
Toda vez que eu estou no meu trabalho e vejo o sol, os passarinhos cantando e vejo que o tempo está bom, fico me perguntando o que estou fazendo dentro de um escritório…
E comecei a me perguntar o por quê de trabalharmos 8 horas por dia.
Segundo este site, na Revolução Industrial (século 18) as fábricas funcionavam sem parar. Para tornar tudo o mais eficiente possível, as pessoas tinham que trabalhar mais, entre 10 a 16 horas. Até que uma pessoa chamada Robert Owen começou uma campanha de que o ideal era “oito horas de trabalho, oito horas de lazer, oito horas de descanso.” As empresas perceberam que apesar de ter reduzido as horas de trabalho, a produtividade dos trabalhadores manteve estável, incentivando outras empresas a adotarem o mesmo padrão de 8 horas de trabalho.
E desde então, trabalhamos 8 horas por dia.
Agora que estou com uma filha, fico matutando isso na minha cabeça… demoro 30 minutos para ir ao trabalho, mais 30 minutos para voltar (que eu agradeço de joelhos, pois para quem mora em São Paulo, o “normal” é demorar 1 hora, 1 hora e meia só para ir ao trabalho). Somando as 8 horas de trabalho e 1 hora de almoço, fico fora de casa por um período de 10 horas. E quem ficará com a minha filha nessas 10 horas? Uma outra pessoa.
Trabalhamos 10 horas por dia sem ver a luz do dia. Trabalhamos 10 horas por dia para ter dinheiro o suficiente para que uma outra pessoa cuide dos nossos filhos.
Muitas profissões só existem por causa da bagunça que fazemos com o planeta. Se fossemos honestos, não precisaríamos de advogado, juiz, promotor, … Se fossemos honestos não precisaríamos de polícia, delegado, carcereiro, espião… Se não tivéssemos o costume de consumir e ostentar tanto, não precisaríamos de tantos shoppings, tantas indústrias, tanto desmatamento, tanta poluição, não geraríamos tanto lixo… enfim…
Acabamos construindo uma sociedade muito doentia.
Como eu tento fugir disso tudo?
Primeiro: Não assistindo mais televisão. Desta forma, EU controlo o que assisto, e não ELES. Não assistir a propagandas comerciais me fez perceber que não sinto mais “falta” de produtos novos, pois nem fico sabendo da existência deles. Isso é ótimo!
Segundo: Não freqüentando mais shoppings. Olhar as vitrines dos shoppings faz ter vontade de consumir mais e mais, mas será que precisamos mesmo comprar?
Terceiro: Lendo notícias alternativas. As mídias atuais (Globo, SBT, Record, Veja, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, UOL, CBN, Jovem Pam, Gazeta, IG, Terra, Yahoo, etc) são todas da direita, ou seja, na maioria das vezes, lemos apenas jornais com apenas um ponto de vista. Gosto de ler jornais da esquerda para saber o outro lado e a partir daí, tirar a minha própria conclusão.
Quarto: Tento sempre questionar o por quê de algumas teorias. Por que trabalhamos 8 horas? Quem inventou o dinheiro? Por que as pessoas falam que bebê tem medo do escuro se no útero não tinha luz? Pois já percebi que muitos de nós repetem algumas tarefas, simplesmente porque não nos foi ensinado questionar.
Copiei um parágrafo do blog Clube dos Poupadores que define muito bem a escravidão disfarçada.
“Em todos os países, a grande massa populacional é educada para desejar a segurança abrindo mão da prosperidade. As escolas e universidades foram construídas para formar bons funcionários. O professor faz o papel do chefe. Os alunos devem aprender a obedecer o chefe, respeitando regras e executando as ordens dadas pelos professores. Os estudantes são treinados a decorar as informações sem questionar. Passamos muitos anos fazendo provas para aprender como executar tarefas exatamente da forma que foram ensinadas, sem perguntas e dentro de um tempo limitado. O nosso desempenho é medido através de provas e notas, usando critérios que depois serão utilizados nas empresas para avaliar o trabalho que fazemos.
Já percebeu que você esqueceu de quase tudo que aprendeu na escola? Tirando ler, escrever e fazer cálculos básicos, esquecemos de anos de estudos. Isso não fará muita diferença. Dentro das empresas, as pessoas irão decorar processos, serão treinadas, irão respeitar regras e terão que executar tudo que for mandado, exatamente como foi mandado, sem questionamentos. Se você aprendeu a fazer isso na escola, parabéns, o objetivo era esse mesmo, você provavelmente é um bom funcionário.”
Agora pare para pensar um pouco. Não é de se questionar a maneira como vivemos hoje?
Hoje queria falar um pouco sobre o que eu acho sobre padrão de vida. E para exemplificar isso, vamos analisar essas 2 famílias, que ganham o mesmo salário:
Família 1:
mora em um apartamento de 2 dormitórios
mora em um bairro popular
possui carro popular
filhos estudam em escola de bairro
Família 2:
mora em um apartamento de 3 dormitórios
mora em um bairro mais caro que a família 1
possui carro mais caro que a família 1
os filhos estudam em escola mais cara que a família 1
Qual destas famílias você acha que vive melhor e que possui mais dinheiro?
Ao olhar somente a aparência, todos iriam dizer que é a Família 2, já que mora em um bairro mais caro, possui um carro mais caro e os filhos estudam em uma escola mais cara. Somando a facilidade de crédito imobiliário, financiamento de carro, empréstimo consignado e cheque especial, dá para elevar (e muito!) o padrão de vida.
Só que as pessoas nunca imaginariam que essas duas famílias recebem o mesmo salário, pois a família 2 possui um padrão de vida bem mais elevado.
Quanto mais posses VISÍVEIS, mais importante e invejada a pessoa se torna.
A sociedade que nós mesmos construímos valoriza e reconhece a aparência e o status não através do que a pessoa é, e sim através do que a pessoa possui.
Eu não quero viver em um Padrão de Vida que não posso sustentar. Quero viver com Qualidade de Vida. E eu aboli essa forma de viver de aparência porque percebi que não há um fim. Quanto mais se ganha, mais se gasta. E quanto mais se gasta, mais o padrão de vida aumenta, só que não necessariamente a qualidade de vida aumenta na mesma proporção. Por isso precisamos aprender a ter gratidão pelo que já conquistamos, e não pelo que falta.
Não é porque todo mundo compra apartamento na planta que eu preciso também comprar um apartamento novo. Posso muito bem comprar um apartamento usado e reformar aos poucos.
Não é porque todo mundo tem um carro (principalmente depois que tem um filho) que eu também precise ter um carro. Posso comprar uma cadeirinha para instalar na minha bicicleta e ter a mobilidade que tanto desejo.
Veja bem o que eu quero dizer. Nós não precisamos ser iguais. Não é preciso elevar o padrão de vida só porque a dos colegas são altos. Será que elevar o padrão de vida é para impressionar outras pessoas?
Sabe qual é a parte boa de não ostentar? Ninguém sente inveja da sua vida. E isso tira o peso das costas pra viver de uma forma leve, porque ninguém cria expectativas em relação à sua forma de viver.
“Muitas pessoas gastam dinheiro que não tem, para comprar coisas que não precisam, para impressionar pessoas que não gostam.” – Will Rogers
Como sou toda prática e desencanada, sempre gostei muito de testar algumas teorias (principalmente quando alguém falava para mim com muita ênfase) para facilitar a minha vida. E hoje queria compartilhar a minha experiência sobre:
1.) grávida não poder comer ovo cru porque pode dar salmonella:
Quando faço ovo frito, gosto de comer a gema bem crua e desde que eu nasci, nunca peguei salmonella. Perguntei para o meu obstetra e ele falou que o que pode acontecer é me dar uma diarréia, mas que isso não se transmite para o feto. Conclusão: comi normalmente durante os meus 9 meses de gestação e continuo ótima.
2.) grávida não poder comer peixe cru:
Ora, até parece que as mulheres do Japão param de comer peixe cru durante a gestação. Continuei comendo o meu sashimi e sushi. Claro que não comprava os peixes em qualquer esquina, apenas em um supermercado que sempre tem peixe bem fresquinho.
3.) grávida não comer verduras cruas para não contrair toxoplasmose:
Essa eu acho que tem razão. Parei de comer verduras cruas em restaurantes e até mesmo na casa dos amigos. Mas continuei comendo em casa, depois de muito bem higienizadas.
4.) lavar a roupa do bebê separado com sabão especial
Acho que deve ter alguns bebês com pele sensível, mas não foi o caso da minha filha. Lavo as roupas dela junto com as nossas desde o primeiro dia que ela chegou em casa. Eu sempre fico pensando se na época das nossas avós (que era normal ter 10 filhos), elas lavavam as roupas de cada filho separadamente?
5.) passar as roupas e fraldas com ferro de passar para reforçar a higienização
Como eu moro em apartamento, não há muitos insetos que possam pousar nas roupinhas e fraldas enquanto seca no varal. Por isso não vejo necessidade de passar as roupas a ferro com o intuito de higienizar. Só passo se a roupa estiver amassadinha.
6.) deixar uma luz fraca acesa durante a noite, pois bebê tem medo do escuro
Eu nem sabia dessa até a minha filha completar 1 mês. Nós três dormimos no escuro total e ela nunca reclamou. E mais… até onde eu sei, não havia luz dentro do útero…
7.) menina usa rosa e menino usa azul
Como eu ganho bastante roupinhas dos bebês das minhas amigas, tenho roupas de várias cores… Lembro que a primeira visita dela ao pediatra, foi em um dia que fez muito frio. E a única roupa bem quentinha que ela tinha era azul. Ela foi de azul na sua primeira consulta.
8.) hidratante e perfume
Bebê já tem um cheirinho tão gostoso e uma pele tão macia… não achei necessário.
9.) furar a orelha
Não furei a orelha dela porque acho que quem tem que decidir se vai querer ter um furo é ela.
10.) evitar sair antes das vacinas
As vacinas oferecidas pelo Governo, são doenças controladas, por isso acredito que ela não vá pegar coqueluche andando na rua. Claro que não fui ao shopping ou no cinema, mas fui passear e também fui a restaurantes.
11.) colocar pouca água na banheira para não afogar
Aprendi isso na maternidade, mas imagina o frio que ela deve passar? Ela chorava em todos os banhos. Até que enchi a banheira até a borda. Ela nunca mais chorou, muito pelo contrário, distribui sorrisos na hora do banho.
Depois que descobri o minimalismo, eu aprendi a abrir mão de muitas coisas.
1.) tenho um guarda-roupa com poucas roupas, apenas com peças curingas. Tenho poucos sapatos, poucas bolsas, poucos acessórios;
2.) deixei de assistir televisão. Assisto filmes, programas, seriados pelo computador e não sou obrigada a assistir a programação pré-estabelecida dos canais de televisão. Deixei de sofrer manipulação descarada da mídia e de propagandas que me incentivava a comprar coisas que não quero;
3.) joguei fora pessoas que não me faziam bem;
4.) abri mão de ter um carro, mas não abro mão do conforto. Quando preciso, ando de táxi.
5.) abri mão de me mudar para um apartamento maior, mesmo grávida (pelo menos por enquanto).
Enfim, a lista é bem longa. Mas só queria mostrar que mais importante do que abrir mão de certas coisas, é saber quais são as coisas que eu não abriria mão.
E descobri que:
1.) não abro mão das qualidades dos itens que possuo (não importo em ter menos, mas gosto de qualidade);
2.) não abro mão da minha felicidade. E isso inclui um casamento feliz. Por isso não abro mão de viajar, namorar, passear com meu marido. Nunca considerei isso como gasto, e sim como investimento.
3.) não gosto ser mão-de-vaca. Gosto de saber a diferença entre prioridade e supérfluo, saber quando gastar e quando economizar.
Sabendo as minhas necessidades e prioridades, fica muito mais fácil dizer NÃO para as pessoas.
Para provar que para ser feliz, muitas vezes, só é preciso mudar o ponto de vista, publico a história do meu marido:
Meu marido em 2010:
Pesquisador, emprego instável, sem carro, nem carta de motorista e reclamava de tudo: desde notícias da televisão até de pessoas andando na rua. Um ranzinza incorrigível, um ser amargurado que sempre enxergava o copo meio vazio. Seu apelido no trabalho: garoto-enxaqueca. Reclamava que pessoas preguiçosas tinham melhores oportunidades que ele, que ele era merecedor da vaga de um concurso que tinha acabado de ser preenchida por um colega, se sentia inferior por não ter um carro, de não ter um emprego com carteira assinada, blá blá blá.
Estamos em 2015:
Meu marido continua sendo um pesquisador, continua com o seu emprego instável, continua não tendo carro, nem carta de motorista (mas comprou uma bicicleta). Só que ele é bem humorado e otimista. O que mudou de lá pra cá? Ele aprendeu a enxergar o lado bom da vida, a enxergar o copo sempre meio cheio.
Ele percebeu que sendo pesquisador, tinha flexibilidade de horário, que é uma mão na roda principalmente se tivermos filhos. Estou no oitavo mês de gravidez e eu tive o privilégio de ter meu marido me acompanhando em TODOS os meus pré-natais e ultrassons. Não tem carteira assinada, mas também não precisa pagar INSS e assim, ele consegue escolher a melhor aplicação financeira para garantir um retorno financeiro seguro no futuro. Não tem carro, mas quem precisa de um carro quando se mora numa região privilegiada com várias opções de transporte público? Aliás, não ter carro nos faz economizar, nos faz ter possibilidades de fazer boas viagens todos os anos.
Outro dia ele falou: – A minha vida melhorou tanto depois que começamos a ficar juntos.
E eu provoquei: – Mas o que mudou na sua vida? Pois você continua com o mesmo emprego, com os mesmos problemas…
E ele respondeu: – O que mudou, foi a minha maneira de enxergar as coisas. Me tornei uma pessoa mais leve.
E você? De que forma enxerga sua vida? Copo cheio ou copo vazio?
Muitas pessoas dizem que o maior sonho é ser feliz. Mas mais especificamente, o que é ser feliz para você? Para muitos, é ter uma casa própria, ter um carro esportivo, um emprego dos sonhos, ter um filho, ter dinheiro… Para mim, há muito tempo, não é mais o dinheiro, não é um emprego dos sonhos, nem ganhar na mega-sena (claro que eu quero ganhar o suficiente para poder pagar minhas contas, comprar algumas coisas, fazer algumas viagens). Será que depois de comprar uma casa, um carro, mudar de emprego, casar e ter um filho a felicidade será tão plena assim? Conheço muitas pessoas que tem tudo isso acima, e que não são felizes. Então o que é ser feliz? Para mim, é SER. Ser gentil, ser uma pessoa melhor, ser atenciosa, ser generosa, estar presente, ser amiga, ser amada. A felicidade do TER é mais fácil de ser reconhecida pela sociedade (fulano se deu bem no novo emprego, olha que carrão ele comprou, que sortuda arranjou um bom partido, que apartamento lindo eles compraram, e por aí vai), enquanto a felicidade do SER é simplista, não-mensurável. Acredito que a felicidade do TER, é uma felicidade passageira, momentânea, enquanto a felicidade do SER é mais duradoura, mais nobre. O maior exemplo é quando recebemos um aumento de salário. No mês seguinte, o aumento já se incorpora no salário e não sentimos que ganhamos tanto. Aquela sensação de felicidade passou e esperamos pelo próximo aumento, ou melhor, pela próxima felicidade. Antes de aprender a pensar desta forma, eu comprava muitas coisas, talvez para tentar preencher um vazio que sentia dentro de mim. Mas conforme a proporção do SER passou a ser maior que o TER, as coisas, os objetos, o poder, a ostentação se tornaram supérfluos. E o maior segredo, é não se comparar com os outros. Se seu colega passou no concurso, que bom pra ele. Se seu vizinho trocou de carro, que faça bom proveito. Não queira ter o que os outros têm. Cada um tem a sua própria necessidade. Cada um sabe onde mora a felicidade. ~ Yuka ~
Por muitas vezes, durante muitos anos, talvez durante a vida inteira, eu sempre ouvi o que as pessoas tinham para me contar, mesmo se isso me fizesse mal.
Uma fofoca cá, uma maldade aqui, uma inveja ali, um desabafo acolá.
Às vezes as pessoas ao desabafar alguma coisa, despejam os problemas em cima da gente e depois quem tem que carregar aquele fardo somos nós.
Ouvir alguém falar sobre outra pessoa, com a nítida sensação de que é pura inveja é uma sensação muito pesada para mim e me custa ouvir, pois aquilo me dói. Dói porque começo a fazer julgamentos ou da pessoa que está falando mal, ou da pessoa que está sendo falada.
E ao perceber o mal que me fazia, aprendi a dizer “não, não quero ouvir isso”.
Quando percebo que alguém começa a falar sobre um assunto (geralmente sobre outra pessoa) que vai me fazer mal, falo com jeitinho, mas firme a ponto de não precisar falar 2 vezes: “por enquanto acho melhor eu não saber notícias sobre isso porque da última vez que conversamos fiquei muito nervosa e estou querendo me poupar de qualquer nervosismo para não alimentar raiva em relação a esse assunto”. Pronto. Recado dado. Geralmente a pessoa pede desculpas.
Se é difícil de fazer isso? Ô se é! Mas é só no começo. Depois a gente se acostuma a se poupar, pois a gente aprende a respeitar os próprios limites e sentimentos.
O minimalismo não é apenas o desapego de objetos. É também o desapego de emoções que nos fazem mal, com o intuito de encontrar paz, simplicidade, amor, liberdade e respeito.