Abrindo espaço para a alegria

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Vou iniciar este texto falando sobre felicidade e alegria.

Considerando que felicidade é um estado de espírito constante, construído pela soma das diversas atitudes, já faz uns bons anos que eu sinto felicidade quando observo a minha vida.

Sinto felicidade quando vejo minhas filhas crescendo saudáveis, quando as duas se tornaram a “parceira da bagunça” uma da outra. Quando vejo que meu marido continua me apoiando e me amando por todos esses anos, quando percebo que tenho bons amigos do meu lado, quando vejo que não tenho mais preocupação financeira. Sinto gratidão quando vejo que me dou bem com a família do meu marido, quando percebo que sou bem querida no ambiente de trabalho, quando vejo que minha família me ama do jeito que eu sou, com todos os meus defeitos e manias.

A soma desse conjunto de fatores tem sido a minha definição sobre a felicidade.

Já a alegria, é a emoção do momento, assim como a raiva, tristeza, medo.

O meu foco ultimamente tem sido aumentar os momentos de alegria.

E aí, quando vou em busca da alegria, inevitavelmente, esbarro com a minha criança interior.

Como tudo, as coisas que acontecem na nossa vida pode ter um lado bom e um lado ruim. Falo especificamente em relação à minha saúde mental na pandemia. Após me recuperar do baque, eu percebi que algumas coisas da minha vida poderiam melhorar, identificando o que estava me incomodando. 

E esse incômodo, era o meu passado. Por conta da história da minha vida, eu sempre evitei olhar para trás, focando em ter um futuro melhor. Faço isso desde criança, então acabei ficando muito boa não só em planejar, mas também de executar planos. Foi desta forma, aliás, que conquistei muitas coisas.

Ano passado, alcancei um marco importante da Independência Financeira, que coincidiu também com a fase em que minha saúde mental declinou.

Foi fazendo terapia que eu decidi dar uma chance para a minha criança interior se manifestar. Esta criança interior, ignorada durante todos esses anos por não querer lembrar que um dia fui tão duramente machucada, finalmente pôde-se manifestar, e eu, finalmente estou podendo ouvi-la, aceitá-la, acolhê-la, amá-la.

Todo esse processo está me permitindo ter a autocompaixão, como mencionado em um post anterior.

E para celebrar essa fase em que me encontro, tenho feito diversas coisas que me trazem alegria e que me reconecta com a minha criança interior.

Ainda pretendo escrever posts detalhados sobre cada “alegria”, mas abaixo, segue um panorama geral:

1.) Reativar o ateliê: mas desta vez, de uma forma diferente…

2.) Inscrição no Congresso da Felicidade (sabia que tem um congresso internacional sobre o tema felicidade?)

3.) Hospedagem em um hotel sozinha de tempos em tempos para um retiro individual

4.) Adesão ao Bullet Journal

5.) Desenhar

6.) Aprender técnicas de aquarela

7.) Aprender técnicas de caligrafia

8.) Mindfulness (atenção plena) e meditação

Por muitas vezes, lembro do vídeo, onde Steve Jobs fala que a vida é uma sucessão de “ligue os pontos”.

“Claro que ligar os pontos futuros era impossível na época da universidade, mas ficou bem claro ao olhar para trás, 10 anos depois. De novo: você não pode ligar os pontos olhando para a frente. Você só pode ligá-los olhando para trás.” Steve Jobs

Vale a pena assistir (tem legenda em português):

A síndrome do pânico que eu tive no ano passado, foi algo que impactou demais na minha vida, mas a partir daquele episódio, aconteceram diversos “ligue os pontos”, que só ficou claro ao olhar para trás.

No meu pior momento, fui em busca de ajuda.

Fui atendida por uma médica, que ao me ver desolada, recomendou o livro Autocompaixão; além de um psicólogo e psiquiatra.

Li o livro recomendado, e iniciei a terapia, que tem me ajudado a desatar alguns nós do meu passado.

Iniciei a prática do mindfulness e meditação, pois achei importante.

E vejam só, minha filha mais velha tem muita ansiedade, hoje eu consigo detectar estes sinais nela (por eu ter tido as crises de pânico), ajudando a praticar mindfulness e meditação com ela. Ao ter compaixão por mim, pude acolher mais as minhas filhas.

Para relaxar e aproveitar o momento presente, comecei a desenhar, como quem não queria nada. Os traços do desenho foram desabrochando, e com isso, lembrei das minhas habilidades e facilidade em desenhar. Em pouco tempo, estava desenhando mandalas e desenhos botânicos.

Então parti para o Bullet Journal, que nada mais é do que “um método de organização pessoal desenvolvido pelo designer Ryder Carroll. O sistema organiza agendamentos, lembretes, listas de tarefas, brainstorming e outras tarefas organizacionais em um único bloco de anotações”.

Foto: Success Aesthetics

E eis que surge a vontade de treinar caligrafia.

Foto do site: The Petite Planner

Ultimamente, estou com vontade de aprender técnicas de aquarela. Ao buscar inspirações no Pinterest, o que eu vejo na minha frente? Ilustrações botânicas com lindas caligrafias.

Fonte: Pinterest da @kmsrn

Lembrei que eu tive muita vontade de fazer meu convite de casamento desta forma, mas na época, achava que não sabia desenhar, nem escrever bonito, nem tinha dinheiro para contratar alguém para fazer as ilustrações, então desisti.

Só que agora estou numa fase diferente. Sei desenhar e estou treinando caligrafia. Unindo estas duas técnicas, somando a técnica de aquarela que eu quero aprender, sei que no final, sairá um produto que irá me satisfazer muito.

Ao relembrar os prazeres da infância, estou podendo retomar as coisas que gostava de fazer, o que gera momentos de alegria, além de poder fazer as pazes com a minha criança interior, e de quebra, consigo ajudar a minha filha e o melhor, a mim mesma.

A vida realmente tem sido um ligue os pontos.

~ Yuka ~

24 Comments on “Abrindo espaço para a alegria”

  1. Bom dia, Yuka!!!
    Lindo e profundo seu texto, reflete exatamente como o filósofo Epíteto conceitua a felicidade. “ Felicidade é um verbo. É o desempenho contínuo, dinâmico e permanente de atos de valor. Nossa vida é construída a cada momento e tem utilidade para nós e para as pessoas que tocamos.”
    Vi esse conceito numa palestra da filósofa Lúcia Helena Galvão e desde então incorporei à minha maneira de viver a felicidade.
    Sua vida tem muita utilidade para mim, tenho imenso carinho pelo que você transmite.
    Grande abraço,
    Bete

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    • Oi Investidor, nós, que vivemos uma vida mais regrada financeiramente em busca de um objetivo maior, precisamos reconhecer a importância de equilibrar a vida, muitas vezes espartana, com a alegria de não deixar de viver o momento presente. Um grande beijo!

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  2. Feliz por ter ver melhor a cada postagem!
    Como sempre, maravilhosas reflexões…bem no estilo do Deus grego Janus: olhando para trás para olhar para frente.
    Cuide bem da sua criança, ela precisa e merece (como todos nós), e em troca ela vai te trazer coisas que você sequer imagina…ao menos foi assim comigo.
    Ah, qual foi o autor do livro sobre compaixão?
    Beijos e uma semana repleta de alegria!

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    • Oi Diana, sim, aos poucos vou melhorando, hoje consigo ver que a crise de pânico acabou sendo boa para mim. Naquela época vivi momentos de pavor, não quero sentir aquilo nunca mais, mas hoje tenho consciência de que foi importante passar por aquilo para definir novas prioridades. A autora que escreveu o livro que eu li foi Kristin Neff, uma das autoridades sobre este assunto. Um beijo.

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  3. Oi Yuka!
    Saudades de comentar por aqui, mas não parei de ler seus textos 🙂

    Fico feliz de ver que está se reerguendo e dando a importância para um sentimento tão importante que a gente negligencia na vida adulta: a alegria!
    Me identifico com o processo porque estou fazendo aulas de canto e me sinto tão infantil aprendendo algo novo. Não sei porque atribuímos uma conotação negativa a algo infantil às vezes. Tão bom ser infantil.

    E para fechar, esses dias, no meio de um filme, ouvi uma frase que me marcou muito que dizia “a felicidade que não dura se chama prazer”. Bom né?

    Beijos!

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  4. Mais uma vez, de um jeito ou outro, me sinto muito conectada com vc. Um mês atrás comprei um caderno de caligrafia e começamos aqui em casa a implementar o momento do desenho com os filhos (do qual eu geralmente não participo porque trabalho das 7-16 e das 18-20 e sábado 1 hora). Mas a caligrafia e pintar mandalas é o que me mantém conectada com a família. Ano passado tive que passar por uma cirurgia (minha sei lá que número já) e novamente passarei pelo menos por duas. Pintar com as crianças, sentar com elas pelo menos 15 minutos para ter esses momentos é uma das poucas coisas que me fazem seguir. Tem muita coisa que nos puxa para traz. É preciso que, conscientemente, abramos esse espaço para a alegria. Sempre. Não importa quanto tempo. Isso faz que a vida valha a pena.

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    • Oi Rafa,
      Decidi me hospedar sozinha, porque depois que se tem filhos, ficar em silêncio é algo quase raro rsrsrs, e alguém tem que ficar com as crianças, no caso, o maridão rsrsrs.
      Eu deveria ter feito isso mais cedo, porque me fez muito bem. Sempre fui uma pessoa que depois de um dia cheio, gostava de me recolher, ficar em silêncio.
      Meu marido por exemplo, trabalha 2 dias na semana em casa, então não sente essa necessidade, porque as crianças estão na escola, eu estou no trabalho, e ele consegue ficar sozinho.
      Beijos.

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  5. Pingback: Abrindo espaço para a alegria – Love Beyond Life

  6. Pingback: Hospedagem em um quarto de hotel para o meu retiro | Viver Sem Pressa

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