Minimalismo

Minimalismo e vaidade: como administrar

maquiagem minimalista

Uma leitora me pediu um post sobre minimalismo nos cuidados pessoais.

Aqui no Brasil, fomos acostumadas desde a infância com a ideia de que é normal as pessoas nos servirem e a terceirizar alguns serviços por considerarmos barato. E isso se reflete também nos cuidados pessoais: manicure, pedicure, hidratação no cabelo, escova de cabelo, limpeza de pele, sobrancelha, depilação, esfoliação da pele, massagem relaxante. Acho legal ir no salão de vez em quando para dar um mimo para nós mesmas, mas não vou com frequência, pois acredito que consigo me cuidar de casa.

Vou compartilhar aqui o que tem funcionado pra mim.

UNHAS

Eu aprendi a fazer as unhas em casa. No início arrancava uns bifes, mas depois de um tempo, passei a fazer melhor do que as próprias manicures.

DEPILAÇÃO

Há alguns anos, eu comprei um pacote de depilação à laser por um preço muito barato, naqueles sites de compra coletiva. Como são 10 sessões, e as sessões vão ficando espaçadas porque os pelos vão nascendo cada vez menos, eu ainda tenho algumas sessões para fazer.

LIMPEZA DE PELE

Eu acabo fazendo em casa mesmo, uso um esfoliante, e alguns truques caseiros como usar gelatina incolor para tirar cravos (que funciona de verdade!!!). O legal é ir testando algumas receitas caseiras, muitas coisas funcionam super bem.

CABELO

Atualmente, não pinto mais o meu cabelo, mas tinha uma época da adolescência que eu pintava de vermelho em casa. Claro, tudo na vida tem um limite, e a gente tem que descobrir o nosso limite. Se você vai pintar de loiro, descolorir, fazer mechas ou algo parecido, eu não tentaria economizar nessa parte, a não ser que eu soubesse exatamente o que eu estava fazendo.

MAQUIAGEM

Eu já fui a louca da maquiagem. Comprava muitas maquiagens, e o pior, tinha encasquetado nas maquiagens gringas. Era M.A.C., Givenchy, Clinic, Artdeco, Dior, Shiseido… haja dinheiro.

Não contente em comprar 1 blush, comprava 4, 6 blushes, e demorava anos para terminar de usar, isso quando jogava no lixo por causa da validade dos produtos. O mesmo acontecia com as bases, hidratantes e esmaltes.

Hoje, posso dizer que ainda gosto muito de determinadas marcas, e continuo comprando. Só que eu compro 1 produto de cada vez, como explico nesse post. Se eu quero comprar um delineador, eu espero terminar o que estou usando no momento, para depois comprar. No início foi difícil fazer disso um hábito, mas hoje me acostumei. Nem preciso dizer que estou economizando muito dinheiro com isso, né?

Outra coisa que me ajudou MUITO, foi deixar de seguir as blogueiras do YouTube. Sério, não saber os produtos lançados todos os meses, ajudou muito a não ter vontade de comprar. Se assistiu um canal do YouTube e encontrou um batom com uma cor irresistível? Ótimo, coloque na sua PRÓXIMA lista de compras. Quando o seu terminar, vai lá e compra.

ROUPAS

Eu tenho roupas que gosto de verdade. Quando se tem roupas boas, de qualidade, bom caimento, boa costura, que são macias e que nos deixam bonitas (e que não necessariamente são caras), começamos a entender que não precisamos ter um guarda-roupa abarrotado. Antes, eu tinha muitas roupas, mas eram roupas compradas em promoção, ou que tinha visto em um catálogo e que ficava lindo (na modelo, óbvio, não em mim), ou comprava porque “não estava fazendo nada”.

Se antes eu tinha 300 peças de roupas (ou até mais, se duvidar…) e me sentia insatisfeita com o meu guarda-roupa, e hoje tenho poucas roupas e me sinto satisfeita, é porque eu tenho um guarda-roupa adequado para mim. Tenho calças que me deixam bem, camisas boas e confortáveis que nem preciso passar a ferro (olha que maravilha), vestidos, etc.

Para chegar a este ponto, eu precisei me conhecer melhor. Qual é a tonalidade da minha pele? Quais são as cores que combinam comigo? Quais são as cores que as pessoas geralmente elogiam quando estou usando? E assim, fui fazendo uma lista do que considerava um guarda-roupa ideal. Com a lista pronta, fui eliminando do meu guarda-roupa todas as peças que não faziam mais sentido e complementando com as que eu ainda não tinha. E foi assim que aos poucos construí um guarda-roupa minimalista.

Outro dia uma colega que trabalha comigo falou que meu trench coat era lindo e perguntou onde eu tinha comprado. Ela ficou surpresa quando eu falei que não era novo e que já estava comigo há 6 anos. E ainda parece novo!

Hoje não sinto necessidade de sair comprando roupas, nem seguir tendências.

SAPATOS

Utilizo o mesmo critério das roupas. Eu não tenho 5 botas pretas. Só tenho 1. Não tenho 5 sapatos pretos. Só tenho 1. E assim por diante.

Aqui tem um post publicado há alguns meses sobre como ter um guarda-roupa minimalista. Vale a leitura.

Resumindo…

As coisas que eu consigo fazer em casa, eu mesma faço. Uma das poucas coisas que eu pago para alguém fazer é cortar o cabelo e ir no podólogo de vez em quando. De resto, eu continuo comprando as coisas que quero comprar, independentemente do preço, mas não acumulo mais. Eu continuo usando os batons da M.A.C. porque gosto da textura, da mesma forma que continuo importando do exterior a base para pele de uma marca coreana, porque gosto da tonalidade na minha pele.

Se compro um hidratante, uso até o fim. Se compro um delineador, uso até o fim para somente quando estiver bem no finzinho, comprar um novo.

Então posso dizer que hoje, estou rodeada com as maquiagens que gosto, com as roupas que gosto, com a bolsa que gosto, com os sapatos que gosto, e não deixo de me cuidar, só porque não frequento salão de beleza. É desta forma que tenho administrado a minha vaidade com a vontade de gastar.

~ Yuka ~

 

 

Dinheiro, IF e FIRE

Mesada na fase adulta: um método para ter educação financeira

Woman Putting Coin In Piggy Bank

Aqui em casa, desde que eu e meu marido começamos a morar juntos, decidimos que todo o dinheiro que entrasse em casa seria nosso, e não meu ou dele. Isso significa que o meu salário é nosso, o salário dele é nosso, o meu vale-alimentação é nosso, o meu décimo terceiro salário é nosso, e assim por diante.

A partir do momento que nosso salário virou “proventos da família”, percebemos que não teríamos mais dinheiro individual. E aí surgiu a ideia de termos uma mesada.

Sim, mesada. Mesada na fase adulta.

Funciona da seguinte forma:

Todos os meses, quando recebemos o nosso salário no início do mês, somamos os proventos e pagamos todas as contas: conta de luz, gás, aluguel do apartamento, condomínio, plano de saúde, fatura do cartão de crédito etc. Depois, cada um separa uma parte para os gastos do celular, transporte (no caso, metrô) e finalmente, a mesada. O que sobra na conta, é tudo destinado aos nossos investimentos.

Na prática, é assim: meu marido recebe o salário, separa a parte que lhe cabe (celular, transporte e mesada) e transfere tudo para mim. Eu pago todas as nossas contas, separo o que é meu (celular, transporte e mesada) e transfiro tudo para os nossos investimentos. É bem prático e fácil.

Essa mesada, que é uma porção bem pequena do nosso salário, pode ser gasto no que a gente quiser.

Meu marido é o que fica mais feliz com a mesada. Fala com um brilho nos olhos e com uma emoção de que nunca na vida tinha ganhado uma mesada.

Sinto um pouquinho de vergonha quando estamos numa cafeteria e ele cisma que quer pagar pra mim, e acaba falando em voz alta e empolgante “pode deixar que eu vou pagar com a minha mesada!!!”. Afeeeee eu peço pra ele ser discreto, ninguém precisa saber que ele tem uma mesada com quase 40 anos de idade.

A nossa mesada não recebe reajustes anuais há pelo menos 4 anos, o que já virou até um desafio entre nós. Para nós, o valor está ok, não passamos vontade, nem necessidade. A decisão de não fazer reajustes no valor da mesada, é porque além de não sentirmos necessidade, temos o projeto de alcançar a independência financeira o mais rápido possível. Sabemos que quanto mais a mesada for gorda, mais futilidades iremos comprar (entenda como futilidade, coisas que não estamos precisando).

Como nós somos bem frugais, o mais incrível é que sobra mesada. E aí acabamos gastando na pipoca que a nossa filha quer comer na rua, num almoço com amigos, nos passeios de fins-de-semana com a família. Meu marido adora pastel e chama os amigos para almoçar pastel toda semana. Já eu, gosto de passear na 25 de março e ficar comprando quinquilharias e matéria-prima para fazer artesanatos.

Claro, às vezes queremos comprar coisas um pouco mais caras que a mesada do mês não supre. Nesses casos, ou pagamos com o “dinheiro da casa” e fica como um presente, ou parcelamos para que a compra caiba no orçamento da mesada.

Tem sido muito bom cada um ter um dinheiro livre para gastar, sem ter que ficar dando satisfação ao outro. Nós temos consciência de que esse sistema de mesada é o que tem nos proporcionado a oportunidade de fazer investimentos volumosos todos os meses.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Gaste dinheiro onde você gasta tempo

dinheiro tempo

Apesar de gostar de economizar, também gosto de gastar bem, principalmente onde gasto bastante parte do meu tempo.

Geralmente, quando compro algo, costumo avaliar quanto tempo usaria aquele determinado item por dia.

Na minha cabeça, funciona da seguinte forma: não compensa comprar algo caro, se sei que vou usar somente algumas vezes por semana ou por mês.

Gosto de comprar coisas de qualidade e de conforto para os itens onde gasto tempo da minha vida.

Alguns itens onde gasto um pouco mais em prol do conforto:

Cama

Das 24 horas por dia, quanto tempo passamos dormindo na cama? 6 horas? 8 horas? São muitas horas por dia. Ao invés de comprar um colchão “maomeno”, prefiro comprar um de qualidade, principalmente porque alguns colchões possuem durabilidade superior a 10 anos.

Celular

Quanto tempo passamos olhando para o celular? Eu confesso que passo bastante tempo. Não só navegando na internet, mas principalmente porque toda a minha rotina de organização está dentro do meu celular. Eu uso a agenda, o bloco de notas, listas, aplicativos que me auxiliam nas finanças pessoais, aplicativos de bancos, tudo sincronizado e organizado para não me perder. Ouço audiobooks e assisto conteúdos para meu aprimoramento pessoal no YouTube. Então prefiro ter um celular de minha preferência, mesmo que o valor seja um pouco mais elevado. Outro dia uma colega insinuou que meu celular era muito caro. E eu perguntei para ela quantas vezes ela já tinha trocado o celular nos últimos 5 anos? Duas, três vezes? Eu não troquei nenhuma vez. Funciona perfeitamente e pretendo ficar com ele por mais alguns anos. Agora, se fizer os cálculos, quem está gastando mais no celular, eu ou ela? Tenho certeza que não sou eu.

Sapato

Sapato é uma coisa que eu parei de economizar. Na verdade, durante anos da minha vida, como minha mãe não tinha dinheiro, eu usava muito sapato ganhado. Quem usou ou usa roupas doadas sabe que tamanho é a última coisa que a gente pode reclamar. Ou seja, apesar do meu pé ser do tamanho 36, eu usava 35, 37 e até 38. E isso machucava demais o meu pé. Depois que comecei a ganhar o meu próprio salário, passei a comprar sapatos confortáveis que possuem um preço justo. Como não tenho zilhões de pares de sapatos, gosto de comprar os que considero bonitos e confortáveis.

Fogão, frigideira, etc.

Fogão é outra coisa que eu não economizo. Durante anos, usei aqueles fogões mais baratos, onde a chama do fogo era bem irregular. Nem sei quantas vezes a chama do forno havia se apagado sem eu perceber, enquanto estava assando um bolo. Também passei a usar frigideiras boas, e essa combinação frigideira vs fogão é tudo de bom. É uma das coisas, que se bem cuidada, duram mais de 10 anos.

Sofá

Outra coisa que me deixa feliz é quando sento no meu sofá. Antes, eu tinha um sofá de 2 lugares, pequeno, que era suficiente só para mim. Depois meu marido chegou, casei, e o sofá pequeno continuou entre nós durante muitos anos. Quando a minha primeira filha nasceu, o sofá ainda estava lá, mas já achávamos pequeno demais. Hoje temos um sofá bem grande, que cabe 4 pessoas lindamente (na verdade dá para sentar umas 6 pessoas). Fofo como deve ser, grande e confortável, vai durar muitos e muitos anos.

Eletrônicos

Costumo comprar eletrônicos como televisão, computador, bateria, de marca reconhecida. Essa semana um colega estava falando que acabou queimando um celular novinho, porque tinha comprado uma bateria recarregável de marca duvidosa. Além de ter perdido dinheiro com a bateria que não funciona, queimou o celular. Duplo prejuízo.

Esses são os itens que eu definitivamente não gosto de economizar. Em todos os outros lugares, eu penso duas vezes antes de gastar demais.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Minimalismo

Mottainai: uma filosofia japonesa sobre desperdício

mottainai

Não posso dizer muito sobre a cultura de outros países, mas sei que Japão e Alemanha possuem uma cultura bem forte de evitar o desperdício.

Aqui no Brasil, percebo que as pessoas julgam (mal) quem luta contra o desperdício. É mais bem visto deixar sobras de comida no prato do restaurante, do que pedir para embrulhar para levar para a casa. É mais estiloso comprar uma bermuda nova, do que transformar aquela calça velha em uma bermuda. É mais fácil jogar fora a camiseta manchada, do que tingir com uma cor escura e continuar usando por mais alguns anos. É melhor avaliada a pessoa que sempre vem trabalhar com roupas diferentes, do que aquela que sempre vem com as mesmas roupas.

No Japão, existe uma palavra que eu gosto muito: mottainai.

Ela não possui tradução para o português, mas no Wikipedia, tem um trecho em que Hitoshi Chiba, autor do documentário Restyling Japan: Revival of the ‘Mottainai’ Spirit, tenta explicar um pouco sobre o conceito:

Muitas vezes ouvimos no Japão a expressão mottainai, que vagamente significa “desperdício”, mas em seu sentido pleno transmite um sentimento de temor e apreço pelas graças da natureza ou a conduta sincera de outras pessoas. Existe uma característica entre os japoneses de tentar usar algo por toda a sua vida efetiva ou continuar a usá-lo por repará-lo. Nesta cultura de carinho, as pessoas vão se esforçar em encontrar novas casas para posses que eles não precisam mais. O princípio mottainai estende-se à mesa de jantar, onde muitos consideram rude deixar mesmo um único grão de arroz na tigela.

No eCycle também tem uma definição bem legal:

As práticas que integram o espírito mottainai podem ser adotadas por qualquer um. São ações simples que evitam o desperdício de todo e qualquer recurso. Um pequeno gesto muito valorizado no Japão (e que é um primeiro passo para incluir o mottainai em sua vida) é não deixar nem um grão de arroz no prato (pegue porções pequenas; se não for suficiente, repita, mas não jogue comida fora). O Japão enfrentou períodos muito difíceis, como guerras, fomes e terremotos, e se desenvolveu em um território com recursos naturais escassos. A prática do mottainai foi essencial para a sobrevivência e para o crescimento do país, sendo uma das bases da cultura japonesa. O espírito ecológico e a prática da sustentabilidade, assim como o consumo sustentável, são formas de adotar o mottainai como filosofia de vida. Qualquer país iria se beneficiar ao seguir o exemplo do Japão, mas adotar o mottainai não precisa ser uma ação institucional. Na própria cultura japonesa foram as pequenas ações cotidianas (resultado de privações) que fizeram do mottainai um estilo de vida adotado por todo o país.

O mottainai não é apenas sobre desperdício de comida, de roupa, de dinheiro. É sobre desperdício de tempo, de talento, de oportunidades.

Podemos dizer mottainai, quando estamos jogando comida fora, pois esse alimento poderia estar alimentando outra pessoa que está passando fome neste exato momento.

Podemos dizer mottainai, quando estamos desfazendo de uma roupa que ainda está em condições de uso, mas que não queremos mais usar, porque simplesmente enjoamos.

Podemos dizer mottainai, quando percebemos que uma pessoa é completamente desorganizada. Dá uma sensação de que está desperdiçando tempo precioso da vida fazendo coisas desnecessárias.

Podemos dizer mottainai, quando há talento desperdiçado. Aquela pessoa que você enxerga um talento incrível fazendo coisas repetitivas de escritório.

Como vê, o conceito mottainai é muito mais profundo e belo, onde nada mais é do que uma filosofia que promove o respeito à vida.

~ Yuka ~