Auto-Conhecimento

Substituindo hábitos para abandonar o celular

Após escrever dois posts sobre a minha decisão de me desconectar, recebi muitos comentários sobre como isso também afeta a vida de vocês.

Há algumas semanas, terminei de ler o livro “Ansiedade, como enfrentar o mal do século: a Síndrome do Pensamento Acelerado, como e por que a humanidade adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos”.

O livro, que tem poucas páginas e de fácil leitura, fala como o excesso de estímulos da qual estamos todos imersos, causa a Síndrome do Pensamento Acelerado.

A Síndrome do Pensamento Acelerado “caracteriza-se por uma grande dificuldade pessoal em relaxar a mente, acalmar e organizar os pensamentos, e uma busca incessante de informações e estímulos. O Excesso de informações, decorrente principalmente do ritmo acelerado dos grandes centros urbanos, satura o córtex cerebral, produzindo uma mente hiper pensante, agitada, impaciente, com bloqueio criativo e baixo nível de tolerância.” Fonte

O autor do livro discorre algumas das causas da Síndrome do Pensamento Acelerado:

  • Excesso de informação
  • Excesso de atividades
  • Excesso de trabalho intelectual
  • Excesso de preocupação
  • Excesso de cobrança
  • Excesso de uso de celulares
  • Excesso de uso de computadores

É justamente esta vida moderna, com excessos de estímulos que aumenta a ansiedade. Não é à toa que o autor afirma que a ansiedade é o mal do século.

Após iniciar meu projeto de “pular fora do barco” do excesso de estímulos, entendi 2 coisas:

1.) Todos só olham para o celular

Semana passada, aproveitando que estava sozinha, fui tomar café na padaria, coisa que não faço há 2 anos. Pedi pão na chapa e café com leite. Enquanto meu pedido não chegava, fiquei olhando ao redor.

Fiquei abismada como todos, TODOS, estavam olhando para o celular.

Olhavam para o celular enquanto comiam. Digitavam no celular enquanto comiam. Até mesmo pessoas que estavam acompanhadas, digitavam algo no celular enquanto falavam com a pessoa que estava sentada na frente.

Fiquei horrorizada ao perceber que assim como eu, eles também estavam tomando café, mas ninguém estava presente.

Aliás, somente duas pessoas estavam presentes: eu e uma senhora bem idosa. Só.

Se você parar para observar, será comum ver pessoas andando na rua e olhando para o celular, atravessando a rua sem prestar atenção no que está fazendo, cansei de ver pessoas dirigindo e olhando o celular ao mesmo tempo. Quando vou no parque levar minhas filhas para brincar, todos os pais estão olhando para o celular. Balançam seus filhos, enquanto olham para o celular. A maioria das pessoas estão sempre com o celular nas mãos.

Que mundo doido.

Olhando essas cenas diariamente, eu reforço para mim mesma que não quero essa vida para mim.

2.) O encanto da simplicidade aparece SOMENTE quando reduzimos o excesso de estímulos

Outro dia estava tentando explicar para o meu marido sobre a impressão que eu estava tendo de que minhas sensações estavam mais aguçadas, após a redução no uso do celular.

Não sei se vocês já fizeram jejum de açúcar. Eu lembro da primeira mordida que dei em uma fruta, após semanas sem açúcar. Fiquei emocionada de como uma fruta poderia ter um sabor tão intenso de doce, ser tão suculenta. Não é que eu não soubesse que a fruta era doce, claro que eu sempre soube. Mas era como se agora fosse muito mais doce, mais intensa, mais gostosa.

Eu percebi o quanto a fruta é verdadeiramente doce, quando deixei de comer tanto açúcar.

Da mesma forma, nós nos encantamos pela simplicidade, QUANDO deixamos de estimular excessivamente o cérebro.

Será que perceberíamos que as nuvens estão se movendo lentamente, que a brisa serena está balançando levemente as folhas das árvores, que a grama, aparentemente inerte, está cheia de vida com insetos minúsculos andando de lá para cá? Será que perceberíamos as ondas circulares cada vez que um peixe encosta na superfície da água?

Se estamos acostumados com shoppings com suas cores e iluminações vibrantes, assim como a tela do celular piscando e nos estimulando sem parar, de que forma seria possível apreciar e aquietar a mente com uma paisagem monótona na nossa frente, como um pasto?

Como eu sei que é difícil se afastar do celular quando o vício já está instalado, um dos truques é substituir por novos hábitos, e não simplesmente parar de mexer no celular.

Eu mesma fiz isso. Claro que cada um precisará garimpar os seus próprios substitutos de acordo com os interesses. No meu caso, ter 3 substitutos foram suficientes para mim:

Substituto 1 – ter um caderno para fazer anotações

Foto retirada do site da A.Craft

Eu utilizo a agenda e os cadernos da A.Craft, acho lindo, carrego todos os dias na minha bolsa.

Anoto todas as tarefas que preciso fazer, anoto também algumas informações importantes, lugares que quero conhecer. Serve para quando me sinto produtiva. Mas eu sabia que só esta agenda não seria suficiente para largar o celular. Então decidi voltar a ler livros físicos, ao invés de livros digitais.

Substituto 2 – ter um livro sempre comigo

Foto retirada do Pixabay

Ando com um livro para tudo quanto é lugar: na bolsa do trabalho, quando vou para o parque, quando vou na casa da minha mãe, etc. O livro serve para quando quero me distrair, informar, expandir meu conhecimento, e principalmente, para me entreter. Mas havia momentos em que eu não queria ler um livro, pois só queria relaxar, sem pensar em nada. Aí precisei de um terceiro substituto.

Substituto 3 – ter um caderno de desenho

Há anos (ou melhor, décadas) que eu não desenhava. Mas resgatei esse hobby do fundo do baú das minhas memórias. E não é que eu ainda continuo gostando de desenhar? Passei a carregar o caderno também na minha bolsa (que agora deve pesar uns 3 kg). Eu desenho quando não quero pensar em nada, quando quero esvaziar minha cabeça, quando quero me acalmar. Desenhar me faz relaxar, para mim, é quase como uma meditação.

Quando sinto vontade de mexer no celular por não estar fazendo nada, eu escolho uma dessas 3 coisas, e fica tudo bem.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Qual o melhor dia para ser feliz?

destino

Para mim, sempre foi o dia de hoje.

Como muitos de vocês sabem, tive uma infância bem difícil. E por conta disso, eu sempre olhei para frente e avante, sabia que não podia ficar me lamentando do dia de ontem, e que o melhor dia para ser feliz era o dia de hoje.

Há alguns anos, quando eu e o marido estávamos começando a falar se teríamos filho ou não, ele disse que só queria ter filhos depois que tivesse passado em um concurso público e tivesse comprado um apartamento.

Eu respondi com a seguinte frase “ih, então a gente não vai ter filho nunca”.

Porque decidir esperar a lua se alinhar com as estrelas para casar, para ter um filho, para mudar de emprego, para ser feliz… bom, então melhor sentar e aguardar até não sei quando.

Inconscientemente, nós acabamos fazendo isso.

Achamos que há momento certo para ser feliz.

Achamos que tudo será diferente quando alcançarmos algo que queremos muito.

Que só conseguiremos fazer tudo que queremos quando aposentarmos, ou quando atingirmos FIRE.

Mas não é bem assim.

O certo é valorizar o dia de hoje, aprender a se divertir mesmo com todos os perrengues, ir equilibrando todos os pratos simultaneamente.

Já guardei jogo de louças para usar apenas em momentos especiais. Hoje uso todos diariamente.

Deixava de usar uma roupa para usar apenas em ocasiões especiais. Hoje saio da loja usando a roupa nova.

Deixava as melhores toalhas para as visitas. Hoje uso as melhores para a minha família.

Sempre temos vários pratos que estão girando ao mesmo tempo: o prato da família, o prato dos filhos que demandam atenção, o prato do casamento, do trabalho, o prato do hobby, da saúde, etc.

São tantos pratos que é importante focar nos pratos que são prioritários, e deixar cair todos os pratos que não são prioridade.

Manter os amigos, fazer pequenas viagens, ler muitos livros, descansar mais.

Permita-se ser feliz.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

“Tchau” mundo digital, “oi” mundo analógico

Calma, não serei radical a ponto de excluir a tecnologia, nem a vida conectada da qual estamos imersos.

Este post é uma reflexão de tudo o que estou vivendo no momento, mais especificamente desde que a pandemia iniciou. Assim como a sua vida, a minha também nunca mais foi a mesma.

Eu fui uma das pessoas que foi impactada negativamente pela pandemia, entrando para a estatística de brasileiros com ansiedade.

Comentei em posts anteriores que na pandemia, pela primeira vez, tive depressão. Essa depressão evoluiu para crises de ansiedade, que evoluiu para um ataque de pânico e aí tudo o que eu conhecia do mundo normal desabou.

Com a minha saúde mental abalada, a minha família teve que me acolher e me dar suporte, para que eu pudesse superar diversos momentos difíceis.

Passados 2 anos, hoje, consigo descrever melhor toda a tempestade que passei. Quando estamos no olho do furacão, não conseguimos compreender a razão dos fatos, apenas sobrevivemos.

Geralmente, quando acontece algo muito importante na minha vida, uma mudança interna igualmente importante acontece dentro de mim.

Assim foi na minha adolescência. Eu decidi prestar vestibular fora da cidade onde morava para me livrar dos abusos da minha irmã. Isso acabou me proporcionando um mundo totalmente novo para mim.

Assim foi com o divórcio do meu primeiro casamento. Eu era workaholic e vivia abarrotada de coisas e não sabia definir prioridades. Foi quando aderi ao minimalismo e aprendi a definir o que era importante e jogar fora todo o resto que não era importante.

Assim foi no nascimento da minha primeira filha. Eu entendi que eu era uma escrava moderna pagadora de contas e decidi que seria livre. Foi quando entrei de cabeça na jornada FIRE (Financial Independence, Retire Early).

Na pandemia, não poderia ter sido diferente.

Passado o turbilhão emocional, eu tive que refletir novamente as escolhas que eu estava fazendo na minha vida, e uma das coisas que eu passei a avaliar foi em relação ao excesso de informação que está constantemente ao nosso redor. Na pandemia, o meu tempo de uso de celular aumentou consideravelmente.

O smartphone é um computador disponível 24 horas na palma da nossa mão. Ele é o nosso despertador, telefone, computador, televisão, máquina fotográfica, caderno, agenda, livro, aparelho de som, gravador de vídeo, vídeo game, álbum de fotos, calculadora…

Ele nos magnetiza, nos envolve, nos vicia.

Não sou psicóloga, nem médica, nem neurocientista. Então vou explicar aqui com as minhas palavras o que eu entendi após a leitura de textos sobre o malefício que causamos ao nosso cérebro por estimular de forma excessiva, despejando diariamente um volume grande de informações.

A tecnologia evoluiu muito nesses anos. Os algorítimos, as cores, os brilhos, todos esses estímulos foram milimetricamente calculados para nos atrair, com o único intuito de que consumamos cada vez mais produtos, serviços e informações, já que hoje, nosso tempo de conexão na internet virou um dos produtos mais desejados pelas empresas.

Para isso, grandes empresas de tecnologia analisam e aprimoram cada vez mais o funcionamento de neurotransmissores cerebrais para nos causar dependência.

Outra coisa preocupante é em relação ao sequestro da atenção. É rotineiro ver pessoas checando o celular enquanto conversa com alguém, quando está na reunião de trabalho, quando está dirigindo… Estamos a todo momento checando as notificações do celular enquanto fazemos outras atividades. Esse ato aparentemente inocente é um dos fatores que prejudica a saúde mental.

Vamos imaginar nosso cérebro como uma massa de energia. Quando estamos conversando com um amigo, essa energia se concentra em um local do cérebro, fazendo conexões neurais. Ao desviar a atenção para a tela do celular, essa energia se dissipa, e se acumula novamente, desta vez para concentrar na mensagem do celular. Ao retornar para a conversa, a energia se dissolve da mensagem do WhatsApp e se acumula novamente na conversa com o amigo. Como todo esse processo acontece de forma automática e rápida no nosso cérebro, não enxergamos o prejuízo. Mas precisamos entender que o cérebro refaz todas as conexões, fazendo esforço extra (mesmo sem parecer) para retomar a atividade anterior, gerando cada vez mais estímulos.

Outro ponto importante é que quando olhamos o celular, liberamos um neurotransmissor chamado dopamina, que dá aquela sensação de alívio e bem-estar. Assim como tudo nesta vida, o cérebro também se acostuma com a dose de dopamina e com o tempo, “pede” cada vez mais dopamina. Ou seja, se antes a dopamina era liberada com alguns minutos de uso de celular, hoje, precisamos aumentar o tempo de uso para ter a mesma sensação de bem-estar.

O cérebro não consegue mais desligar, nem descansar, pois mensagens e alertas surgem a todo momento tornando esse ato de checar o celular a nova rotina. Diariamente, recebemos inúmeros bombardeios no celular, uma mensagem nova, um vídeo novo, um podcast novo, tweet, e-mails, notícias intermináveis… Bom, se há estresse, há ansiedade, ou seja, junto com a dopamina, também é liberado o hormônio do estresse e entramos em um loop infinito. Não é à toa que a ansiedade se tornou o mal do século.

Eu adoro tecnologia, mas também reconheço que o excesso gera consequências desastrosas na nossa vida.

Desde o surgimento do smartphone, uma das coisas que sempre me recordo é justamente do período anterior. Eu era mais presente e mais consciente, mesmo fazendo atividades cotidianas. Quando eu ouvia música, eu apenas ouvia música. Fechava os olhos e prestava atenção na voz e na canção. Quando eu lavava louça, eu só lavava louça. Quando deitava na grama, eu ficava olhando apenas as nuvens se movimentando. Quando eu pendurava as roupas no varal, eu sentia o sol ardido que insistia em queimar a minha nuca.

E finalmente entendi, que se não conseguimos estar conscientes lavando louça, também não estaremos conscientes quando estivermos conhecendo uma das sete maravilhas do mundo.

Dada a introdução, agora vou contar as decisões que eu tomei para mudar a maneira que eu vivo a minha vida:

Tirando a cor do celular

Como disse acima, tudo no celular foi elaborado de forma estratégica, para ficarmos o máximo de tempo possível com os olhos grudados na tela do celular. Aquela notificação numérica na cor vermelha que aparece nos apps do celular avisando que chegou uma mensagem nova, também tem um intuito, serve para nos incomodar, passar a mensagem de alerta.

Quando li essa reportagem da CNN que falava sobre como passar menos tempo diante da tela do celular, eu imediatamente aderi e tirei a cor do meu celular, deixando tudo em escalas de cinza.

No primeiro dia de uso, deu um click na minha cabeça quando estava tirando fotos das minhas filhas. Ao ver as fotos em preto e branco, eu entendi que o que deve ser colorido não é o que está dentro do celular, e sim, a nossa vida real.

Com a tecnologia avançando cada vez mais, muitas vezes, parecemos mais bonitos na foto graças aos filtros. A água do mar parece mais cristalina e azul do que presencialmente graças às edições. A foto da comida que tiramos parece ser mais apetitosa do que realmente é graças à iluminação. E com isso, a vida real vai se tornando cada vez mais sem graça, enquanto a vida virtual começa a parecer mais interessante. Que perigo.

Com as imagens do meu celular em preto e branco, é como se eu conseguisse distinguir claramente o que é real e o que não é real. Eu tiro foto das minhas filhas, e vejo tudo cinza. Olho para as minhas filhas e vejo-as coloridas, assim como deve ser. Esse simples ato me faz lembrar diariamente que a vida real e que as coisas que são importantes estão aqui do lado de fora.

Após um tempo usando o celular em escalas de cor cinza, consigo perceber como o celular era estimulante e como as cores gritavam para chamam pela minha atenção.

Temos que ter consciência de que estamos lutando a todo momento contra uma máquina que foi feita para escravizar nosso tempo.

Após colocar o celular no modo cinza, vi vários benefícios. Como não consigo mais distinguir se a pessoa leu ou não a mensagem que eu mandei pelo WhatsApp, a necessidade de ficar checando o celular diminuiu. As notificações em vermelho que antes chamavam tanto a minha atenção também ficaram discretas e de repente, aquela urgência em responder as pessoas diminuiu. O meu senso de urgência mudou.

Sem notícias e podcasts

Eu costumava ouvir notícias e podcasts logo assim que eu acordava. Gostava de ouvir algo enquanto me arrumava para ir ao trabalho, ou dentro do carro, mas eu decidi parar para dar uma folga para o meu cérebro e hoje quando quero escutar algo, escuto música.

Sei que não podemos e nem conseguiríamos dar as costas para a internet. Longe de mim fazer isso, pois assim como você, eu também adoro estar conectada.

O que estou tentando fazer é apenas sair do automático para estar mais consciente.

Se antes eu ouvia ou assistia qualquer coisa de forma aleatória, hoje, eu penso muito bem antes. Eu realmente quero ouvir? Pra qual intuito? E quando passei a fazer essas perguntas, a maioria das coisas perderam valor para mim e eu passei a ter menos interesse em notícias que não terão nenhuma utilidade para mim.

Retornando para livros físicos

Vocês sabem o quanto eu adoro meu kindle…

Mas andei percebendo que para as minhas filhas que são pequenas, o kindle é como se fosse um tablet, elas não entendem que aquilo que parece tanto como um tablet, é na verdade igual a um livro físico.

Se estou num parque lendo meu kindle, será que no inconsciente, elas acham que estou na internet?

Pensando nisso, comecei a recomprar livros físicos, e posso te falar? Como é bom folhear as páginas.

Retornando para agendas e cadernos de papel

Eu sempre gostei muito de escrever no papel. Quando era mais nova, gostava de colecionar papel de carta, lápis, adesivos, diários, anotações de tarefas, mas parei de fazer isso na adolescência com o surgimento do celular.

Eu me adaptei tão bem com a tecnologia, que acabei me desapegando do papel, e passei a organizar toda a minha vida de forma digital.

Passei mais de 20 anos sem nem lembrar o quanto papel e caneta me acalmava, o quanto me fazia bem.

Hoje eu tenho diversas agendas, cadernos, adesivos, canetas coloridas, e nem consigo acreditar como consegui ficar tanto tempo sem.

Crianças e televisão

Agora que elas entraram na rotina da escola, não deixo mais elas assistirem televisão livremente. Elas assistem um pouco antes de dormir, talvez 15 minutos, 20 minutos no máximo.

Para quem acha que elas morrem de tédio quando estão sem televisão, ledo engano. Elas se divertem muito mais. É incrível como a criança tem a capacidade para inventar brincadeiras.

Vejo que escassez controlada traz benefícios, pois estimula a criatividade. Como sempre dizia a minha mãe, “se não tem, inventa”.

Outro benefício que eu não imaginava, foi que ao desligar a televisão, elas começaram a ter interesse na cozinha.

Minhas filhas de 4 e 6 anos acabaram aprendendo a utilizar faca para cortar e picotar legumes. Lavam frutas, montam a salada e arrumam a mesa do jantar.

Sem redes sociais

Continuo sem Facebook, Twitter, Instagram etc. É a melhor decisão que eu poderia ter tomado.

Mantenho o WhatsApp e acesso o YouTube.

No YouTube, avaliei de forma bem rigorosa e reduzi os canais que seguia. Deixei de seguir todas aquelas pessoas que postavam com uma frequência alta, e também deixei de seguir pessoas que postavam sempre conteúdos similares que não agregavam mais nada na minha vida.

O WhatsApp eu uso para conversar com minha família e com os meus amigos, mas quase não compareço nos grupos grandes, pois entendi que é melhor eu estar presente para a minha família, do que estar presente para colegas.

Sem celular nas refeições e no carro (para entreter crianças)

Em casa, não utilizamos celular nas refeições, nem mesmo quando estamos no restaurante. Dá trabalho, pois a criança quer sair da cadeira antes da hora, mas entendemos que hora de comer é hora de comer, é momento de diálogo e interação com as pessoas.

No carro também pensamos da mesma forma. Eu lembro quando fizemos as primeiras viagens de ônibus, quando minha filha falava que estava com tédio. Eu disse para ela olhar para a janela e contar quantas árvores tinham na estrada rsrs.

Sempre achei o tédio algo importante e que deve fazer parte da nossa vida.

Vejo crianças e adultos que não sabem mais lidar com o tédio. Não sabem mais aguardar o ônibus, não sabem mais aguardar o amigo, não sabem aguardar uma fila, não sabem ficar sem fazer nada. A qualquer sinal de tédio, pega-se o celular.

Lazer ao ar livre

Depois que saímos de São Paulo, nosso lazer se tornou muito mais ao ar livre, do que dentro de construções. Dificilmente vamos ao shopping, e quando vamos, vamos para comprar algo específico e já vamos embora.

Como não vamos com frequência, as luzes das lojas começaram a incomodar os nossos olhos. Sei que parece coisa de gente que mora na roça, mas são tantas luzes e estímulos intensos que acabamos nos cansando muito rápido.

Meditação

Consegui retomar minha meditação e tem sido um momento importante para esvaziar a mente e estar consciente.

Gosto de meditar de manhã, e quanto consigo, em alguns intervalos enquanto estou no trabalho.

Ouvir mensagens de áudio e vídeos na velocidade normal

Há alguns meses, o WhatsApp implementou uma ferramenta que permite acelerar o áudio.

YouTube também possui esse recurso de aumentar ou diminuir a velocidade do vídeo.

Após usar esses recursos durante um tempo, eu parei de fazer isso, porque entendi que há tempo para as coisas acontecerem. Não quero simplesmente ouvir um vídeo na velocidade rápida, porque isso me fez perceber que eu comecei a ficar impaciente quando as pessoas falavam de forma vagarosa, além de eu mesma começar a falar mais rápido.

Outras ações

Em posts anteriores, compartilhei que comecei a imprimir fotos em álbuns ao invés de manter as fotos apenas no computador ou na nuvem.

Quando estou em algum parque, tento me concentrar no que está acontecendo ao redor, prestar atenção no vento que bate no meu rosto, nas folhas das árvores que balançam, nas formigas que andam apressadas.

Quando vejo um grupo de amigos em silêncio, todos entretidos no próprio celular; quando vejo casais nos restaurantes em silêncio, cada um falando com uma pessoa no celular; quando vejo crianças anestesiadas assistindo televisão, tablet, celular…

Eu reforço a minha vontade de recuperar hábitos da década de 80 e 90 por 3 motivos: para desacelerar o tempo, viver o presente e ensinar minhas filhas que o mundo real é este que vivemos.

Eu desejo que minhas filhas tenham habilidades físicas e motoras, habilidades sociais, habilidades de comunicação, de negociação, empatia com pessoas. E sei que elas não vão conseguir se estiverem imersas no mundo virtual.

Quero dormir bem. Quero ter tempo e não estar exausta para os filhos. Quero ter disposição para fazer exercício físico. Ter tempo para ler, descansar, conversar, encontrar os amigos, ter tempo para ter um hobby.

O tempo só tem uma única direção. Uma vez gasto, acabou. Não temos possibilidade de guardar o tempo para ser usado depois.

Para finalizar, compartilho um vídeo que resume bem o que escrevi.

~ Yuka ~