Desde criança, eu aprendi que tinha que estudar. Mesmo não entendendo as matérias, não entendendo para que serviria a fórmula de báskara, não tinha o direito de questionar o professor, cabia a mim decorar e tirar uma nota boa o suficiente para passar de ano.
Depois tive que escolher uma curso para frequentar a faculdade. Nos meus 16 anos de idade, na idade da indecisão, nem sabia direito o que eu deveria fazer, mas uma coisa me disseram: quem não estuda, não vai para a frente. E eu queria ir para a frente, então escolhi um curso qualquer, não muito difícil para entrar, e ingressei numa faculdade pública.
Comecei a trabalhar cedo, mas os mais experientes sempre falavam para eu estudar mais para prestar um concurso público, pois a estabilidade seria o melhor presente que eu poderia ganhar. E assim o fiz.
Eu, que gostava tanto de ler, quando passei a trabalhar por 8 horas, vi que não sobrava mais tanto tempo assim para o lazer, muito menos para a leitura, e passei a assistir mais televisão, pois era mais fácil e (principalmente) rápido assistir um telejornal do que ler um jornal, era mais fácil assistir um filme do que ler um livro inteiro. E eu comecei a ser induzida pelas propagandas e passei a ser uma consumista.
Com essa falta de tempo, passei a desejar loucamente que o fim de semana viesse logo, então o relógio resolveu me ajudar e as semanas começaram a passar rápido. Só que não foram só as semanas que passaram rápido. Os anos passaram tão rápido que quando vi, já tinha 25. Quando percebi, já estava com 35.
Também comprei um apartamento financiado, pois todos compram, é um símbolo para a vida adulta. Financiei em 30 longos anos, pois dinheiro de aluguel, que isso, é um dinheiro jogado no lixo, enquanto as parcelas do financiamento é um dinheiro pago para você mesmo.
Foi só quando minha filha nasceu que eu saí dessa hipnose. Eu estava seguindo a manada, como uma zumbi, fazendo o que todos mandam fazer, sem questionar, de que trabalho deve ser o nosso sobrenome, e a família… bom, família a gente cuida no tempo que sobra.
Hoje minha cabeça está completamente diferente. Passei a avaliar com cuidado que vida quero levar, e comecei a estudar finanças para sair dessa armadilha do consumo e mais uma vez, descobri as inúmeras mentiras contadas pelas pessoas e mídias.
Sempre ouvi dizer que rico é desonesto. Rico ficou rico puxando tapete dos outros e pisando em cima das pessoas. Ouvi também que é bonito ter dívidas, que é normal gastar o dinheiro para desestressar, afinal, o trabalho é duro e merecemos um mimo. Se pagou uma jóia em 12 vezes, isso é sinal de esforço, de merecimento. Se compramos uma bijuteria de 10 reais, é coisa de pobre.
Repetem o que a mídia bombardeia sem nem ao mesmo questionar se aquela informação é verdadeira. Bom, se passou no Jornal Nacional, deve ser verídico, né?
Sei que cada um tem o seu tempo para sair da hipnose. Eu mesma demorei 34 anos para finalmente entender como eu era manipulada pelo sistema. Alguns percebem mais cedo, outros, morrem sem nunca ter percebido isso.
Ouço muitas pessoas pobres repetindo discurso de gente rica. Ouço muitas pessoas defendendo teorias que se aplicadas, vão prejudicar a elas mesmas.
Não acredite em tudo o que você lê por aí. Não acredite em tudo o que se repetem por aí. Durante muitos anos, eu acreditei em todas as mentiras que me contavam, sem nunca ao menos questionar se aquilo era realmente válido para mim. Analise se aquela teoria, se aquele discurso serve para você.
Muitas vezes, você vai se surpreender ao perceber que a maioria das regras não servem para você.
~ Yuka ~