Minimalismo

Estafa infantil e a semana cheia de compromissos

Fotos grátis de Alinhe os dedos

Essa semana, recebi um telefonema de que minha filha mais velha havia ganhado uma bolsa de estudos para fazer cursos complementares. Perguntei que tipo de cursos estavam disponíveis e a pessoa me disse que havia de informática, robótica entre outros.

Só que comecei a lembrar que durante a semana, já temos pouco tempo juntas. Depois lembrei que as aulas seriam online, ou seja, no computador. Passado a a minha empolgação inicial, agradeci e recusei a bolsa explicando que minha filha era pequena demais para ficar mexendo em computador.

Ela já fica em uma escola de período integral e tem aulas de informática, música, inglês, artes. Também é estimulada a falar japonês, porque eu e minha mãe conversamos em japonês.

Eu sou a favor da criança ter oportunidades, mas tudo tem seu momento certo. Nesta idade em que elas estão, eu prefiro que elas brinquem, baguncem e socializem.

As crianças estão cada vez mais precoces, com comportamentos similares aos adultos, sempre com celular na mão, estressados, ansiosos, se vestindo e se comportando como adultos.

Fui até procurar na internet se existia a palavra “adultização”, e não é que existe?

“A adultização é o processo de querer acelerar o desenvolvimento das crianças para que se tornem logo adultas. A adultização provoca perda da infância, da socialização, da coletividade e do mais importante, a fase do brincar livremente.” Fonte Portal Raízes

É natural que com a idade, elas percam a inocência de enxergar através dos olhos de uma criança. Aquela curiosidade em saber para onde a formiga está indo, de querer saber qual o sabor da chuva, de achar que a lua está nos seguindo… tudo isso tem limite de idade para acontecer.

As crianças são seres inquietas e curiosas. E muitos pais abrem mão da criança ser criança para transformá-las em atletas do mercado profissional.

Com o tempo, descobrimos que a formiga é suja, que a pomba traz doença, que a chuva incomoda, que ficar com meias molhadas não é legal, que precisamos trabalhar para pagar as contas, e que mesmo não querendo, nossas semanas serão preenchidas com tarefas profissionais e obrigações domésticas.

Não é de hoje que algumas mães vêm compartilhar para mim que seus filhos de 5 anos já sabem ler e escrever, que já fazem diversos cursos, já sabem mexer no celular, fazem download de aplicativos no tablet etc.

Bom, minha filha que acabou de fazer 7 anos ainda não sabe ler e escrever. Está sendo alfabetizada agora na escola, pois está na primeira série do ensino fundamental. E apesar das cobranças e comparações externas, não tenho pressa, pois sei que ela está aprendendo no seu tempo.

Na escolinha, vejo crianças maquiadas, com batom na boca, delineador nos olhos e unhas pintadas.

Já faz um tempo que eu desenhei em uma folha, a linha de tempo de uma pessoa: a fase bebê, criança, adolescente, adulto e idoso para mostra-la como a fase em que ela se encontrava neste momento, era curta e que logo ela entraria numa outra fase. Ao ver aquela curtíssima linha da infância, ela se convenceu de que deve aproveitar a infância, deixando de lado curiosidades que poderão ser exploradas mais tarde, que ela poderá se maquiar mais tarde, mas não poderá voltar a ser criança.

Minhas filhas podem não saber o que a maioria das crianças hoje sabem. Mas elas sabem de muitas coisas que as crianças de hoje não sabem.

Talvez antes dos pais se preocuparem em adultizar os filhos, deveriam formar pessoas. Antes de aprender um novo idioma, a criança deveria aprender a falar obrigado, por favor, com licença. Antes de fazer diversos cursos, a criança poderia aprender a ter modos na mesa, a ser responsável pelos seus brinquedos, ensinar a doar brinquedos que não usa mais.

Eu sou a favor de formar humanos com corações melhores.

– Yuka –

Minimalismo

A Jornada FIRE e como acontece as mudanças na rota

Antes de mais nada, estou em débito com as pessoas que comentaram nos dois posts anteriores a este, mas esta semana deixo tudo em dia, tá?

Bom, continuando o post da semana passada “Por que eu desisti de procurar pelo emprego perfeito“, hoje eu vou contar o desmembramento de todo meu raciocínio até chegar na decisão de me manter no emprego.

Em 2015, nasceu a minha primeira filha.

Junto com o nascimento dela, nasceu também a vontade de parar de trabalhar, para poder ficar perto dela.

Claro que não consegui, pois não tinha grandes reservas financeiras, e eu não poderia simplesmente me afastar do trabalho por 1 ou 2 anos para curtir a minha bebê.

Assim que retornei da licença maternidade por livre e espontânea obrigação, meu leite secou, e por mais que eu tentasse e insistisse, não consegui mais amamenta-la. Esse foi um dos grandes fatores da minha frustração ao retornar ao trabalho, já que eu senti como se algo tivesse sido arrancado de mim.

Apesar da minha filha já ter iniciado a introdução alimentar, era eu que não estava preparada emocionalmente para romper este laço de amamentá-la de forma complementar.

Foi só nesse momento que eu compreendi como eu estava presa no sistema, e que esse “algo” que eu sentia que havia sido arrancado de mim, era a LIBERDADE.

Descobrir sobre a existência do termo FIRE – Financial Independence Retire Early – abriu novos horizontes para mim. Foi como se um clarão no céu tivesse iluminado o meu caminho. Para minha sorte, não tive nenhum trabalho para convencer o marido. Com fogo nos olhos e muita determinação, mostrei o gráfico dos juros compostos para ele, e esses dois fatores já foram suficientes para convencê-lo de que o plano aparentemente utópico de aposentar cedo poderia sim, ser possível.

Desde então, passaram-se alguns anos. Minha segunda filha nasceu, o patrimônio cresceu.

Hoje eu posso dizer que tenho uma tranquilidade financeira jamais sentida.

Desde o início da jornada FIRE, conforme o patrimônio crescia, meu sentimento em relação ao trabalho também se transformava junto. Só que ainda não estava tão claro como está hoje para mim. Tenho convicção de que alguns fatores foram essenciais para que meu pensamento mudasse em relação ao trabalho:

A Pandemia

A pandemia começou em março de 2020, e minha empresa permitiu o teletrabalho. Fiquei mais tempo em casa do que gostaria, somado com a sobrecarga do trabalho, entrei em depressão. Durante esse período que foi bastante nebuloso para mim, fui bastante acolhida pela minha equipe, que suportaram minhas constantes crises de choro.

A sexta-feira que sempre foi um dia especial para mim, já não tinha mais graça. O fim-de-semana que eu fazia coisas bacanas também tinha perdido a graça. A sexta-feira parecia segunda-feira, e sábado se parecia com qualquer dia. Antes da pandemia, eu programava meus dias para aproveitar melhor, mas estando todos os dias em casa, isso também havia perdido a graça.

Tudo bem que estou falando de um período que foi difícil para todos nós, e sei que não posso comparar uma vida FIRE com a vida da pandemia. Mas o fato é que eu tive a oportunidade de trabalhar em casa por 1 ano e meio, e eu odiei. Definitivamente, home-office não funcionava para mim.

Retornar ao trabalho presencial foi muito bom. Foi muito bom reencontrar o pessoal do trabalho. Foi muito bom ter a rotina estabelecida novamente. Era como se eu tivesse recuperado uma parte de mim que havia ficado para trás.

Ter tempo disponível demais não era tão bom quanto imaginava. Eu percebi que quando eu tinha menos tempo, acabava me organizando melhor durante a semana. Desempenhar bem as atividades “obrigatórias”, fazia com que as atividades de lazer se tornassem mais intensa, mais prazerosas.

Quando comprei uma máquina Nespresso em 2013, tomar café havia se tornado um evento. Mas quando passei a tomar com uma frequência alta, o Nespresso acabou perdendo a graça, pois se transformou em um café comum. Eu e o marido, ao percebermos isso, deixamos de tomar todos os dias e passamos a tomar apenas nos fins de semana, porque não queríamos perder essa sensação de “ai que café gostoso”.

E foi exatamente isso que aconteceu comigo em relação ao trabalho. Eu não queria que minha sexta-feira perdesse a graça, que meus finais de semana não fossem aproveitados ao máximo, não queria achar que tenho tempo suficiente e ficar empurrando todos os meus projetos para fazer um dia, talvez.

O vídeo do Takeshi Yoro

Takeshi Yoro é Professor Emérito do Departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Tokyo. Foi por acaso que o vídeo de 8 minutos dele foi sugerido para mim. O professor fala em japonês, NÃO RECOMENDO que assistam o vídeo utilizando o tradutor, pois a tradução está sem pé nem cabeça.

Segue uma pequena transcrição do vídeo:

“Eu tenho uma opinião a respeito do trabalho.

Sobre o que queremos fazer…

Esta frase que aparentemente simples e clara, na verdade, carrega muitas complexidades.

Quando decidimos escolher um determinado trabalho ou profissão, na maioria das vezes e na maior parte do tempo, somos obrigados a fazer todo e qualquer tipo de atividade.

Eu decidi ser médico por querer atender pacientes, mas em pouco tempo entendi que paciente não se escolhe, são eles que vêm até nós. Se surge um paciente com infarto, não posso falar que não quero atendê-lo. Também não posso deixar de atender pessoas saudáveis que fingem estar doentes.

Então se eu decido por uma especialidade médica, por exemplo anatomia humana para não ter que atender estes pacientes, logo começo a entender que também não posso fazer só o que eu gosto e o que convém.

Quem decide pela especialidade anatomia humana, também faz pesquisa. Para fazer pesquisa, preciso de doação de corpos, e esta doação, pode acontecer a qualquer momento. Como as doações são escassas, não posso falar que não aceito doações no Ano Novo. Também não posso pedir para a pessoa morrer em horário comercial.

Por mais que eu goste de anatomia, preciso entender que outras atividades que não gosto também faz parte do pacote. Ou seja, para fazer o que gosto, também tenho que aceitar as coisas que não gosto de fazer.

Partindo deste pressuposto, o que é mais fácil, trocar de emprego a todo momento ou mudar a mentalidade?

Quando aceitamos isso, conseguimos distinguir de forma clara as atividades que gostamos e as atividades que não gostamos no trabalho.

Então eu finalmente compreendi que era indiferente fazer o que eu gostava e fazer o que eu não gostava, porque no final, era a mesma coisa:

  • trabalhar no que gosto também faz com que eu tenha atividades das quais não gosto
  • trabalhar no que não gosto também faz com que tenha atividades das quais gosto

Eu demorei mais de 10 anos para entender isso.”

~ tradução livre e adaptado de uma palestra do Takeshi Yoro ~

E é bem isso que aconteceu no meu trabalho.

Eu tenho algumas coisas das quais não gosto no trabalho, mas tenho muito mais coisas que gosto. E entendi que caso eu saia do trabalho atual e vá para uma outra área, também terei coisas que gosto e coisas que não gosto, com o agravante de que posso não suportar as coisas que não gosto, enquanto no meu trabalho atual, eu aceito bem as coisas que não gosto.

Filhos em idade escolar

Com as crianças em idade escolar e o marido em pleno vapor no trabalho, não posso sair viajando por 1 ou 2 anos como se eu fosse uma pessoa solteira.

Enquanto elas forem pequenas e dependentes, minha prioridade será sempre a família.

Fugir nem sempre é a melhor opção

Houve tempos em que eu não queria estar no trabalho, eu queria mudar de emprego, eu queria ficar em casa sem fazer nada.

Já enfrentei pessoas difíceis no trabalho, projetos difíceis, e a única coisa que eu queria era fugir dali para ter paz.

Mas eu permaneci (porque não tinha outra opção).

Passados alguns anos, olho para trás e consigo perceber que estar no trabalho em fases difíceis, me fez aprender a lidar com o diferente, a conversar e aceitar pessoas com pensamentos diferentes. Tive que lidar com as minhas inseguranças, enfrentar meus medos. Compreendi que quando se estende a mão primeiro, a maioria das pessoas também estenderão a mão quando você precisar. Me ensinou a ter paciência, a respeitar o tempo do outro, de que não tenho controle sobre tudo.

Fiquei pensando que se eu tivesse largado tudo para evitar sofrimento, eu não teria todas as percepções e experiências que eu tive. Será que eu teria amadurecido tanto?

Não preciso sair do emprego, só preciso de férias

Se eu tivesse pedido demissão do meu emprego para viajar por algum tempo, eu sei que em alguns meses, teria enjoado das viagens e iria querer a minha rotina de volta.

Quando viajei para o Japão para ficar 30 dias, no vigésimo dia já estava querendo ir para casa, porque tomar decisões todos os dias cansa. Decidir o roteiro turístico do dia, a hospedagem da semana que vem, verificar os pontos turísticos da cidade, descobrir os bairros que devem ser evitados, sair de casa todos os dias para conhecer algo novo, conhecer pessoas novas todos os dias, tudo isso sai da rotina e se torna exaustivo. Tanto que meus últimos 5 dias de viagem, eu fiquei passeando só pelo bairro, não queria mais conhecer lugares novos, nem fazer viagens longas para conhecer outras cidades.

Tem gente que gosta, mas eu sei que não conseguiria.

Foi aí que eu percebi que eu não precisava pedir demissão do emprego, eu só preciso de férias.

Aceitar que temos mais dos nossos pais do que gostaríamos

Todos nós temos comportamentos oriundos do histórico da nossa vida. Muito desse histórico determina o que somos hoje.

Ter visto a minha mãe passando necessidade, quando de repente virou viúva aos 35 anos de idade com 3 filhas pequenas, afetou a minha percepção em relação ao dinheiro, quando minha primeira filha nasceu.

Eu lembro de ter falado repetidamente a mesma frase que minha mãe sempre falou, que nós não ficaríamos desamparadas financeiramente, caso ela morresse, que conseguiríamos terminar os estudos e fazer faculdade, pois estava juntando dinheiro suficiente para isso.

Eu também tenho esse mesmo sentimento em relação às minhas filhas, pois desde que elas nasceram, tive medo da história da minha mãe se repetir comigo.

Após alguns anos poupando boa parte do salário, a tranquilidade financeira que sinto hoje me traz paz por saber que em caso de minha ausência, minhas filhas não ficarão desamparadas.

Sinto paz em saber que eu e meu marido teremos uma vida financeira confortável e promissora.

E finalmente a cereja do bolo…

Outro ponto crucial nessa jornada FIRE, foi chegar num valor de patrimônio que me fez entender que estou no trabalho PORQUE EU QUERO, e não PORQUE PRECISO. Quando minha filha nasceu há 7 anos, eu voltei para o trabalho depois da licença-maternidade, porque precisava do dinheiro, não porque eu queria. Já quando voltei a trabalhar depois de tomar a vacina da COVID-19, eu voltei porque eu queria, não porque precisava. Ter essa consciência fez total diferença para mim.

A mesma coisa havia acontecido com o meu marido há alguns anos. Ele não gostava do trabalho, mas conforme nosso patrimônio foi crescendo e quando ele percebeu que já recebíamos renda passiva superior ao salário dele, algo dentro dele mudou. Ele não se sentia mais intimidado com as ameaças do chefe, pois estava no controle. De repente, percebeu que estava gostando do trabalho.

E agora, isso aconteceu comigo também. Quando o dinheiro passou a não ser o protagonista do motivo de eu acordar cedo todos os dias, as coisas ficaram mais leves.

Os desavisados podem até pensar que andei, andei, andei e voltei para o mesmo lugar, de que continuo no trabalho, mas tenho que discordar. Eu sou uma pessoa completamente diferente de 7 anos atrás, apesar de estar ainda no mesmo trabalho.

Há uma frase da qual não sei a autoria, de que o tempo é como um rio. Nós nunca podemos tocar na mesma água duas vezes, porque a água que já passou, nunca passará novamente.

Faço essa relação também comigo. Eu entrei nessa jornada de uma forma, e conforme fui trilhando o caminho, aprendi muitas coisas, minhas percepções sobre a vida mudaram um pouco, a minha relação com o trabalho também mudou, a minha forma de encarar o dinheiro também mudou.

Eu vi transformações e evoluções no meu comportamento.

A minha ideia inicial era ser FIRE aos 50 anos. Depois de alguns anos, os cálculos me mostraram que era amplamente possível ser FIRE aos 45 anos. E recentemente, depois de algumas contas, descobri que se ajustasse a minha carteira para geração de renda passiva, eu poderia declarar FIRE a qualquer momento, aos 40 anos de idade.

Eu poupei um patrimônio razoável em um curto espaço de tempo, uma proeza que eu não sei se seria capaz de repetir a dose.

Para mim, foi crucial ter entrado nessa “batalha” interna do FIRE. Digo batalha, porque foi exatamente isso que eu fiz. Eu reduzi custos, com o desafio de não reduzir qualidade de vida. Investi todo e qualquer dinheiro extra, décimo terceiro, restituição do imposto de renda, trabalho extra do marido, moeda que encontrava perdida no fundo do bolso… Devorei diversos livros em tempo recorde. Eu era um trator em busca de textos de pessoas que estavam na mesma situação que eu, vivendo e respirando a jornada FIRE.

O minimalismo também foi essencial para a minha permanência saudável na vida FIRE, pois foi com o minimalismo que eu aprendi a aumentar os gastos em coisas que eram importantes para mim, e a reduzir drasticamente em coisas que não eram importantes. Atribuo a minha satisfação durante a jornada FIRE e a ausência de grandes frustrações e sensação de escassez graças a esse estilo de vida, de reduzir custos em coisas desnecessárias e viver de forma abundante nas coisas necessárias.

Hoje, vivo numa casa repleta de coisas que me dão prazer, que me dá sensação de paz e de aconchego, sem coisas em excesso, apenas com coisas que amo.

Eu já fiz tudo o que eu poderia fazer, agora, o tempo se encarregará de multiplicar o que eu comecei.

Ainda não preciso usar o patrimônio para viver, pois pretendo continuar trabalhando.

Enquanto isso, vivo como se nada tivesse mudado na minha vida, mas seguindo muitos dos ensinamentos do livro Die With Zero.

Foi graças à leitura deste livro que eu decidi mudar para um apartamento que comportasse alguns dos nossos sonhos: poder reativar meu ateliê onde faço artesanato e costura. Poder organizar uma oficina para mim (aliás, minha mais nova aquisição é uma serra elétrica para cortar madeiras).

Meu marido também tem seu tão sonhado escritório, um quarto só para ele para ele trabalhar em paz, curtir sua música e quem sabe, até mesmo retomar a tocar bateria, afinal, agora temos espaço suficiente para abraçar todos os nossos sonhos que estavam no modo “pausa”

Hoje tenho uma vida confortável e um futuro promissor, graças à jornada FIRE.

~ Yuka ~

Minimalismo

Por que eu desisti de procurar pelo emprego perfeito

Desde que alcancei um determinado valor de patrimônio e de renda passiva, o dinheiro passou a não ser mais uma preocupação na minha vida.

Se antes eu estava com a ideia fixa para ser FIRE (Financial Independence Retire Early) para poder sair do emprego, hoje, a situação mudou.

Não que eu tenha paixão pelo que faço, mas sinceramente? Eu gosto do meu trabalho. Gosto de me arrumar para ir ao trabalho, de encontrar as pessoas, gosto das atividades que desempenho, gosto da forma que a minha equipe interage comigo, gosto de receber meu salário todos os meses, do local onde fica meu trabalho (bem localizado e de fácil acesso), gosto de ter a minha rotina bem estabelecida.

Quando eu ainda tinha uma meta financeira a ser alcançada, o dinheiro ocupava um lugar importante na minha vida. Eu gostava de fazer os fechamentos mensais, de calcular rendimentos, descobrir quanto de renda passiva estava recebendo, quanto tempo faltava para ser FIRE, além de acompanhar o desempenho da bolsa brasileira e americana.

Após a descoberta de que eu já tinha acumulado patrimônio suficiente, a vontade de sair do emprego começou a diminuir e comecei a enxergar todas as coisas positivas do meu trabalho. Não que eu já não soubesse das coisas positivas, mas com o tempo eu entendi que eu não estava mais trabalhando porque precisava, e sim porque eu queria. Não era mais obrigação, poderia sair a qualquer momento se assim eu desejasse. Trabalhar tinha se transformado em algo opcional, ou seja, eu estava no controle.

Foi aos poucos que eu entendi 2 coisas:

1.) Eu não preciso procurar por um emprego perfeito

Porque convenhamos, qualquer emprego que eu fosse escolher, sempre, sempre terei prós e contras.

A questão é quais prós eu quero, e quais contras eu aceito. No meu trabalho atual, eu tenho muito mais prós do que contras. Reconheço que qualquer outro emprego que eu procurasse, teria muito mais contras do que prós.

2.) Posso ter diversas habilidades e não preciso transformar um hobby em uma profissão

Eu já tive diversos hobbies que poderiam ser transformados em atividades remuneradas.

Desde educação financeira, reforma de imóveis, lettering, scrapbooking, jardinagem, cartonagem, confecção de bijuterias, sabonetes artesanais, lembranças de casamento e de maternidade, corte e costura, patchwork, edição de vídeos, sei fazer pequenos trabalhos de marcenaria, além de claro, desempenhar atividades da minha área de formação acadêmica… e olha que eu não contei nem metade das coisas que gosto de fazer.

O que eu percebi é que posso continuar fazendo tudo isso sem transformar em obrigação, sem transformar em trabalho. Posso costurar quando eu quiser, posso fazer bijuterias com minhas filhas, fazer pequenos móveis para mim, comprar um imóvel, reformar e vender, porque é isso, eu não preciso ser uma única pessoa, não preciso ter uma única paixão, nem uma única habilidade. Posso ter diversas paixões, em momentos distintos da minha vida.

Eu ainda tenho vontade de fazer um curso de cerâmica artesanal, aprender a técnica de soprar vidro, pintura em aquarela…

Então ao invés de focar no que eu não tenho, ou no que eu ainda não encontrei, ou o que as pessoas querem que eu encontre, eu estou focando no que está na minha frente. E na minha frente, eu tenho um trabalho agradável, uma família incrível que me admira e me acolhe, tenho um ateliê que me permite fazer (quase rs) tudo que eu quero. Eu crio coisas, porque isso faz bem para mim, faz bem para a minha saúde mental, é quando entro em flow (quando experimento uma sensação de plenitude, de satisfação e nem percebo o passar do tempo, nem o barulho externo).

Se eu transformasse meus hobbies em trabalho, ele se transformaria em obrigação. Este blog só funciona bem, porque não é obrigação para mim.

Ao invés de ir em busca de um emprego perfeito (que nem acredito que exista), eu preferi transformar o setor em que trabalho da qual sou responsável, em um local agradável, com pessoas que se importam com o bem-estar coletivo.

Assim, quero deixar bem delimitado que trabalho é trabalho, e hobby é hobby. Quero que muitas das atividades que faço atualmente por hobby, continue me oferecendo felicidade e leveza.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Você prefere ser RICO (qualidade de vida) ou PARECER RICO (padrão de vida)?

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Outro dia, conversando com uma amiga, surgiu o assunto de um conhecido que era rico. Morava em um apartamento bonito, viajava todos os anos para o exterior, tinha uma profissão consolidada, o carro do ano…

E fiquei pensando… isso pode até ser a definição de um rico, mas será que a pessoa é rica de verdade? Ou ela só parece ser rica? Afinal, é só prestar um pouco mais de atenção para perceber que há muitos pobres que parecem ricos.

Quem apenas parece ser rico, costuma viver um padrão de vida acima do que a renda permite. Gasta o dinheiro em coisas mensuráveis, já que o intuito é mostrar, provar para os outros o “sucesso” que alcançou, afinal, esse tipo de sucesso é muito visível. Gasta o dinheiro elevando o padrão de vida, pois acredita que assim, está aumentando a qualidade de vida.

Só que uma coisa é padrão de vida, e outra coisa é qualidade devida.

Quem tem um padrão de vida elevado, pode até trazer status, mas não necessariamente, qualidade de vida,

Quem tem uma qualidade de vida elevada, não necessariamente tem padrão de vida elevado, nem pode trazer status.

No momento que compreendermos a exata diferença entre os dois, saberemos se estamos gastando dinheiro em qualidade de vida ou padrão de vida.

Cada pessoa tem o seu próprio entendimento sobre qualidade de vida.

Tem gente que gasta dinheiro comprando apartamentos cada vez maiores, carros cada vez mais potentes, roupas cada vez mais caras. Só que essas coisas não necessariamente trazem qualidade de vida.

Veja que o problema não é morar em apartamentos de alto padrão localizados em bairros nobres, ter plano de saúde com cobertura total, dirigir carros exclusivos, usar roupas de grife, ou ir em busca de entretenimento de luxo.

O problema é fazer isso sem ter condições reais, ou seja, viver uma vida de aparência, para impressionar os outros.

Aprender a gastar dinheiro em coisas que aumentam a qualidade de vida pode trazer benefícios para a vida toda, mas é preciso compreender que é algo pessoal, ou seja, cada um terá que descobrir o que significa qualidade de vida.

Para algumas pessoas, qualidade de vida é morar numa casa com quintal grande. Para outras, qualidade de vida é poder morar em um bairro bom de uma grande capital.

Eu por exemplo, sempre mantive um padrão de vida abaixo do que eu poderia ter, mas sempre fui em busca para ter uma alta qualidade de vida. Hoje não preciso me preocupar com dinheiro, tenho um casamento saudável, moro numa casa que me traz bem estar, moro em um bairro agradável, tenho um trabalho que sou respeitada, estou com a saúde em dia, tenho meus amigos, gosto do meu estilo de vida e tenho consciência do caminho que trilhei para chegar onde estou atualmente.

Agora, tem gente que mesmo depois de saber exatamente a diferença entre padrão de vida e qualidade de vida, ainda assim vai preferir escolher viver no padrão errado, fingindo viver uma vida que não é dela.

Tem pessoas que escolhem viver para manter o padrão de vida. São pessoas que tornaram escravas do consumo, do estilo de vida que criou.

Para essas pessoas, só há uma frase para compartilhar: bem-vindo à corrida dos ratos.

~ Yuka ~

Minimalismo

Questionar a rotina é o primeiro passo para viver com menos

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Nós crescemos e somos inseridos em um ambiente de constante estímulo ao consumo. Somos incentivados a comprar e descartar, comprar e desperdiçar, comprar sem precisar.

O consumismo em excesso é algo que precisamos manter distância, porque as indústrias nos manipulam demais, nos fazendo consumir da forma errada: ressaltando nossas fragilidades, medos, sensação de escassez e de urgência, além da sensação de pertencimento.

Nos fazem desacreditar nas nossas forças, jogam nossa autoestima no chão com o objetivo de consumirmos cada vez mais.

Para quem quer viver com menos, questionar a própria rotina pode ser um início interessante.

Um dos questionamentos mais simples que podemos fazer é por que devemos ter tantas roupas no guarda-roupa, se só temos apenas 1 corpo? Veja que quando temos roupas em excesso, o guarda-roupa tende a ficar mais bagunçado, mais amarrotado, difícil de encontrar as peças. Temos mais trabalho, mais roupas para lavar, mais roupas para passar, mais espaço para armazenar.

Passar roupa é outra coisa que podemos avaliar se é tão necessário. Passar lençóis, as fronhas, as toalhas de mesa, panos de prato, roupas de casa, pijama… Por que precisamos passar lençol, fronha, se na primeira noite que dormimos, tudo já fica amarrotado?

Por que insistimos em usar sapatos de salto alto se sabemos que são desconfortáveis? Para ficarmos 10 cm mais alta? E qual a vantagem de parecer mais alta? Eu tinha uma chefe que usava saltos altíssimos no trabalho, ela falava que usava porque era confortável, que parecia um chinelo para ela, mas ela sempre andava escorando nas pessoas, e na sala dela, estava sempre descalça, massageando a sola do pé. Tudo isso em nome da beleza.

É claro que as indústrias nunca incentivariam para que resgatássemos um móvel antigo na casa da vó para restaurar. Não querem que compremos roupas de segunda mão, por isso a moda é tão cíclica, criam a necessidade de estarmos sempre em dia com a moda.

Se não temos dinheiro à vista, será que precisamos tanto comprar um carro financiado, um imóvel financiado, pagando juros altíssimos para os bancos?

Será necessário mesmo dar e receber presentes em datas criadas por outras pessoas que apenas tinham o intuito de lucrar a própria empresa? Comprar mesmo não tendo dinheiro, mesmo não precisando de nada, mesmo nem sendo tão íntima daquela pessoa…

Será que é normal passar tanto tempo limpando a casa? E se tivéssemos menos coisas? Não seria mais fácil passar um pano em um cômodo livre de bagunça?

Quando permitimos que os outros ditem o que devemos fazer para alcançar a felicidade, entramos na armadilha do consumismo em excesso. O resultado disso? Menos tempo, mais pressão, menos dinheiro, mais preocupação, mais comparação.

Fazer questionamentos é um ótimo exercício para ir em busca da própria felicidade.

~ Yuka ~