Se quer viver de forma diferente dos outros, é necessário fazer coisas diferentes hoje

Quando eu ainda falava para as pessoas sobre aposentadoria antecipada, eu percebia sempre um padrão no comportamento.
As pessoas queriam desesperadamente aposentarem cedo, alcançar FIRE (Financial Independence, Retire Early), mas não queriam abrir mão de absolutamente nada. Queriam viver igual a todo mundo, com carro na garagem, com apartamento grande e reformado, comendo em restaurantes diariamente, comprando diversos itens todos os fins-de-semana, além de claro, não quererem estudar por conta própria.
Mas se você quer viver de forma diferente dos outros, será necessário fazer coisas diferentes hoje.
Enquanto a maioria achava que era normal não poupar dinheiro, ou poupar até 10% do salário, eu decidi que iria poupar 70%.
Enquanto a maioria continuava achando que era normal se aposentar com 65, 70 anos, eu decidi que iria me aposentar quando eu bem entendesse.
Especificamente falando do meu caso, acredito que foram 3 fatores que influenciaram muito:
1.) O trabalho do marido
Meu marido tem um trabalho com contratos que variam em torno de 1 a 2 anos.
Isso significa que de uma hora para outra, nós podemos perder a renda dele. E por isso nós nunca nos achamos no direito de aumentar os gastos de forma descontrolada, pois não sabíamos o dia de amanhã.
O que poderia ser péssimo para a maioria das pessoas, acabou se mostrando como uma grande oportunidade para nós.
Sempre tivemos medo de não conseguirmos manter o padrão de vida que estabelecemos para nós.
Uma das formas de controlar o incontrolável (a renda do marido), foi centralizar todos os gastos da nossa família apenas no meu salário. Todo o salário dele vai para investimentos. Quando o salário dele aumenta, aumentam os aportes. Quando o salário diminui, diminuem os aportes. E se a fonte secar (o que nestes 12 anos que estamos juntos, nunca aconteceu), os aportes seriam mais comedidos, mas constantes, mesmo contando apenas com o meu salário.
2.) Os dois remando juntos na mesma direção
Toda vez que meu marido fala “sem você, não estaríamos onde estamos hoje”, eu veementemente discordo.
Se ele não tivesse concordado com a minha ideia de ser FIRE, de aceitar entregar todo o seu salário todos os meses para mim para que eu pudesse fazer aportes generosos até a nossa filha mais velha completasse 6 anos de vida, de aceitar sorrindo quando comecei a enxugar os gastos, nada disso teria sido possível.
Foi de comum acordo que decidimos não aumentar o padrão de vida por alguns anos. Sabíamos que era melhor apertar naquele momento, para ter conforto daqui a alguns anos, do que ter conforto por alguns anos e passar necessidade a vida inteira.
3.) O minimalismo como um grande aliado
Há diversos tipos de armadilhas do consumo: armadilhas financeiras, armadilhas da moda, da educação, do medo, da beleza, da ostentação, do medo…
O minimalismo trouxe diversos benefícios na minha vida. Um dos benefícios foi ter permitido dar um basta em medos que são inseridos na nossa cabeça.
Isso acontece porque o minimalismo nos obriga a parar de olhar para a vida dos outros para focar na própria vida. É como se não tivéssemos mais muleta para fazer escolhas, pois teríamos que parar de olhar a vida dos outros para encarar a própria.
Não é uma tarefa fácil, pois temos que colocar a cabeça para funcionar para tomar decisões próprias, descobrir o que gostamos e principalmente o que não gostamos.
A médio prazo, essa decisão trouxe benefícios imensuráveis: aprendi a fazer boas escolhas, a viver com as coisas que eu realmente valorizo e que são importantes para mim. Isso acabou eliminando o sentimento de escassez e a sensação de gratidão se tornou presente, porque aprendi a olhar para a abundância que já tinha na minha vida.
Fazer as próprias escolhas, me permitiu não ter redes sociais, mesmo todo mundo estando presente. Não precisando de aprovação dos outros nas redes sociais, permitiu que eu pudesse ser autêntica nas coisas que eu gostava, e com isso, novamente o minimalismo veio à tona.
Quanto mais eu me conhecia, menos compras erradas eu fazia e mais o dinheiro sobrava. Sobrava, não porque eu estava deixando de gastar, afinal, eu continuava gastando. A diferença é que eu comecei a gastar melhor o meu dinheiro, em coisas que trazia felicidade para mim, e não para os outros.
E aí vem uma sensação de satisfação, de felicidade, de segurança financeira, sem a necessidade de mostrar para os outros. Os benefícios são reais, mas a experiência é individual.
Essa decisão tomada lá atrás, permitiu por exemplo, que eu comprasse um carro em agosto de 2021, utilizando apenas os dividendos que havia recebido naquele ano.
Então sempre que possível, lembre-se da frase: se quer viver de forma diferente dos outros, é necessário fazer coisas diferentes hoje.
~ Yuka ~
Yuka,
E mesmo com tanta informação de qualidade na internet sobre Educação Financeira e Investimentos,
a maioria das pessoas ainda acredita que o “normal” é se aposentar com 60, 65 anos. Sei que cada um tem seu tempo de aprendizado, mas muitos nunca entenderão que não precisa ser assim.,
“Quanto mais eu me conhecia, menos compras erradas eu fazia e mais o dinheiro sobrava.”
Muito legai a sua frase! Parabéns por ter conseguido. Quanto mais nos conhecemos, mais tendemos a gastar melhor e com que realmente importa para nós.
Boa semana!
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Oi Rosana, pois é, as pessoas já colocaram na cabeça que irão se aposentar aos 60 anos (o que eu não acredito que será nessa idade, quando chegarmos a nossa hora de se aposentar). Tem tanto conteúdo disponível, informações que há 10 anos não estava tão acessível assim. Como digo para minha filha de 5 anos, de que não posso fazer o trabalho de mastigar e engolir a comida por ela, da mesma forma, não posso pegar o dinheiro da pessoa e investir por ela. Ela tem que querer fazer isso. Beijos.
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Resultados diferentes exigem atitudes diferentes. É isto!
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Oi Estevam, sim, e as pessoas costumam se incomodar quando pegamos um outro caminho rsrsrs. Beijos.
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Ótima semana.
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Bom dia!
O ponto central é a palavra “hoje”…afinal, amanhã acordaremos mais dispostos, felizes, disciplinados,saudáveis e econômicos…pena que amanhã nunca chegar e hoje continua sendo hoje rsrsrs
Ou fazemos no hoje, mesmo em condições adversas ou não fazemos.
Uma ótima semana a todos!
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Oi Diana, é isso mesmo, sempre temos que fazer hoje, mesmo que seja por 30 minutos, vai fazer uma diferença enorme lá na frente. Beijos.
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Oi Yuka, te acompanho desde o começo da pandemia e a cada post vejo mais maturidade e venho concordando mais e mais (como se fosse possível). Estou com 29 anos e iniciando minha jornada FIRE. Seus posts me ajudam muito, não só nisso como na forma de enxergar o mundo e refletir sobre o que realmente é importante.
Obrigada por compartilhar tanto!
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Oi Lala, é muito gratificante ver que pessoas jovens como você, iniciando a jornada FIRE. Digo isso, porque iniciar a jornada mais jovem há diversos benefícios, entre eles, os juros compostos que terão tempo suficiente para fermentar seu patrimônio, além de que o custo de vida de uma pessoa jovem é bem mais baixo do que o custo de vida de uma família com filhos. Fico muito feliz em saber que acompanha o blog há 2 anos, e espero que continue por aqui por muito tempo. Um grande beijo! Sucesso na sua jornada.
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Estou seguindo como você, o mais consciente possível, dentro das minha possibilidades. Só tenho a agradecer o quanto você contribui para este processo…bjssssssssssss
Dri
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Oh minha linda, obrigada pelas palavras. Beijão.
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Mesmo nos dias corrido, tento na medida do possível vir comentar (as vezes eu consigo kkkkk) nas suas postagens, tenho vontade até de interagir com todos os comentários rs. A cada domingo fico na espera de uma nova postagem.
Yuka, você é uma pessoa que admiro muito…e que bom o foi através do artesanato que te encontrei neste mundão !!!
bjs
Dri ❤🥰🌻😘🤗
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“Casais inteligentes enriquecem juntos”. Já escreveu Gustavo Cerbasi, rsrsrs.. Meus parabéns, e sem dúvida a parceria foi fundamental no seu processo.
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Sim, meu marido foi a minha alavanca, acreditou em mim quando nem eu acredita direito em mim rsrsrs. Beijos.
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Oi, Yuka!
Sabe, quando focamos somente naquilo que precisamos e substituímos os luxos caros pelos baratos (mas com qualidade), percebemos o quão desnecessárias são as normas sociais vigentes de estilo de vida.
É como você falou no texto sobre percebermos a abundância que já existe em nossas vidas…
Gratidão por compartilhar sua vivência e seu conhecimento conosco!
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O mais importante é você entender procurar entender quem é você e o que é faz sentido pra você.
A base é essa.
Quantas pessoas não jogam a vida literalmente fora, tentando se enquadrar. Tentando se enquadrar se perdem em vícios (álcool e outras drogas), se forçam a se relacionar com pessoas que não acrescentam, namoros sem propósito, casamentos sem propósito, profissões da moda, modismos em geral…
Muita gente está perdido hoje porque não procurou se encontrar lá atrás. Aliás a maioria nunca procura porque pode dar um certo trabalho.
Mas tudo tem consequências e as financeiras ainda geralmente são as menos piores. Piores mesmo são o tempo perdido e a energia física e emocional jogadas fora.
Ou mesmo a saúde comprometida com hábitos como citei acima (vícios) e outros comportamentos destrutivos consigo mesmo.
Infelizmente a maioria só se dá conta disso em momentos de crise ou mesmo na “velhice”. Aí cai a ficha da inutilidade de muitas coisas, das falsas expectativas etc etc.
É mais comum vermos idosos com esse tipo de conversa do que jovens ou pessoas de meia idade.
Não porque necessariamente idosos sejam mais sábios, nem sempre são. Mas sim porque já viram um filme que os mais jovens não acabaram de assistir pra saber como termina.
Obs; Não sou idoso, tenho menos de 40 anos, mas já me toquei dessas coisas a muito tempo e não precisa ser um gênio pra isso, basta estar aberto para observar e refletir sobre si mesmo e a vida.
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Oi Anon, somos ensinados a sermos todos iguais, padronizados, esses dias estava conversando com uma amiga a respeito disso. Ela é vegana, está grávida, não quer usar fralda descartável no filho e está recebendo muitos julgamentos. Estávamos conversando de que quando fazemos algo diferente, o outro começa a se justificar o por quê de também não fazer determinada coisa, mas em nenhum momento estamos impondo ou nos sentindo superior por fazer algo. Lembro de um post da Elsa do Sempre Sábado, que quando falou para a família que pararia de trabalhar porque tinha alcançado FIRE, alguns familiares começaram a justificar porque eles não parariam de trabalhar, sendo que em nenhum momento ela estava falando deles, e sim, dela rsrs. Beijos.
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Oi Suely, sim, muitas das coisas ditas essenciais, são desnecessárias. E o que é essencial para um, pode ser desnecessário para o outro. Daí a importância de se olhar para dentro, ao invés de olhar para a fora como costumamos fazer. Um grande beijo.
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Antes tarde do que nunca, em 2022 tive essa epifania. Não tenho esposa (nem marido rsrs), mas esse impulso, motivado por um futuro incerto, me fez retomar essa frugalidade presente que vivo “desde sempre”.
Meus amigos me consideram um “pão-duro por excelência”, mas eles não entendem o tanto de sangue, suor e lágrimas que é criar uma reserva gorda o suficiente ao menos para atropelar as crises que vêm um dia e outro também, em nossa realidade.
Conhecer o seu site me dá um alívio, ao saber que não sou tão radical no controle de gastos, mas quero dobrar essa meta, partindo do próximo bimestre…
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Oi Iwaki, posso te afirmar que os “apertos” que passei, foram muito bons. Cheguei na fase da colheita (apesar de ainda não precisar colher, já que continuo trabalhando) e hoje me sinto muito mais leve, sabendo que posso curtir a minha vida. Aos poucos, o meu estilo de vida começou a mudar com o estilo de vida dos colegas que eram abastados. Eu e minha família temos feito viagens a cada 3 meses, fora outros passeios ao longo do mês, e sei que isso é impossível para os colegas que antes me chamavam de mão de vaca. Tudo isso está sendo possível porque eu enxuguei gastos há 10 anos, e deixei o dinheiro fermentar durante todos esses anos. As crianças estão crescendo e para mim é um prazer (e alívio) poder pagar por certos cursos e lazer. Continue com a mão fechada, rsrs, chegará um momento que não precisará mais fazer isso, enquanto que os que criticaram, terão que economizar, mas não por vontade, e sim, por necessidade. Beijos.
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Me identifico muito na parte de que rede social faz a gente ser muito mais consumista. Eu mesmo me pego fazendo coisas para postar! É patético falar isso mas infelizmente é a verdade…
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Olá anon, não é patético não, é algo global, virou algo natural fazer isso. Tudo na nossa vida hoje, nos leva a ter uma rede social. Meus amigos me mandam alguns links do Instagram pra me mostrar algo que eles gostaram, e eu simplesmente não consigo acessar, porque não tenho uma conta. É que eu já desencanei em relação a isso, mas é como se eu fosse um patinho fora d’água. Beijos.
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