Auto-Conhecimento

Relembrando os prazeres da infância

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Nesses últimos meses, tenho permitido descansar mais, (re) conhecer e cultivar pequenos prazeres.

Um pouco desse reflexo, vocês já devem ter percebido aqui mesmo no blog, pois em alguns domingos, não há postagens de textos.

Falando sobre reconhecer e cultivar os pequenos prazeres, eu sempre gostei muito do universo do papel.

Quando criança, colecionava papéis de carta, lápis e canetas. Gostava de ficar só observando, organizando os itens por cores e tipos.

Na adolescência, passei a gostar de escrever em diários e a fazer listas de afazeres.

Foi nessa fase também que comecei a revirar sebos da minha cidade. O dono do sebo, era um senhor de barba branca, que sempre recomendava ótimos livros. Foi com ele, aliás, que aprendi a devorar livros, costume que tenho até hoje.

Ainda na adolescência, aprendi diversas técnicas com papel, como scrapbooking, cartonagem, encadernação.

Quando entrei para o mercado de trabalho, fui engolida pela correria da vida moderna e muitas das coisas que gostava ficaram para trás.

Contei para vocês que há alguns meses, tive depressão e crises de pânico, em parte por causa da pandemia, em parte, por causa do trabalho.

Passado a pior fase, achei bom relembrar quais eram as coisas que gostava de fazer, e recuperar justamente as coisas boas que por algum motivo ficaram para trás. Ora por falta de tempo, ora por falta de dinheiro, ora por falta de espaço físico, ora por falta de oportunidade ou iniciativa.

E resolvi que não iria mais me distanciar do papel.

Justo eu, que fui do livro físico para o livro digital.

Que adora a agenda eletrônica.

Que ama ter todas as listas e documentos na palma da mão (no caso, dentro do celular).

Toda essa integração digital aconteceu, porque gosto muito de uma vida com praticidade.

Mas estou numa fase que nem tudo precisa ser prático, principalmente se são coisas das quais tenho apreço. Algumas coisas podem sim, não ter a praticidade do mundo moderno.

Nos próximos posts vou falar um pouco sobre essa minha nova fase da qual estou aproveitando muito.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Cultivar a consciência

Quando eu estava grávida, fiquei impressionada com a quantidade de mulheres que também estavam grávidas. Era no trabalho, na rua, no metrô, uma coisa bem maluca.

Quando minha filha nasceu, foi a vez de ver só famílias andando com carrinhos de bebê. Até pensei…. hum, nada anormal, afinal, todas aquelas mulheres grávidas também tiveram seus filhos. Mas mesmo assim, ainda era incrível a quantidade de bebês de colo que eu avistava.

Quando comprei meu carro, vocês já devem imaginar… eu só via o modelo e a cor do meu carro circulando pela cidade toda.

Todos esses exemplos que citei, são coisas que sempre estiveram à minha volta, mas passavam despercebidos por mim. A partir do momento que comecei a prestar atenção, devido à fase de vida que me encontrava, elas se destacaram, sobressaíram.

O nosso cérebro funciona desta forma para tudo.

A nossa mente alterna entre o divagar e o concentrar. Quando nossa mente está divagando, ela não está concentrada. Da mesma forma, quando a nossa mente está concentrada, ela não está divagando. Isso significa que não conseguimos concentrar e divagar ao mesmo tempo. Ou estamos concentrados, ou estamos divagando.

Todo o tempo que divagamos, é quando estamos vivendo no piloto automático.

Esses dias fechei a porta do meu apartamento, girei a chave, e fui para o trabalho. Quando meu marido foi sair de casa, viu a porta quase encostada no batente, mas aberta. Detalhe que a lingueta da fechadura estava para fora, o que comprova que eu girei a chave, com a porta aberta. Ficou claro que eu estava no piloto automático.

Quando estamos no piloto automático, não temos consciência. Por isso, muitas das atividades requer atenção dupla… será que desligamos o forno? Trancamos a porta do carro? Onde deixamos o carro estacionado?

Eu sempre tive muito medo de entrar no piloto automático em momentos indevidos. Sempre que saio com as minhas filhas, coloco na minha cabeça que estou saindo com 2 crianças. Quando mudo a rotina, deixo alarme no celular para não correr o risco de esquecer algo importante.

Faço tudo isso, porque estar consciente nos tempos atuais, é um desafio, principalmente, porque o celular faz de tudo para tirar a nossa atenção. Quantas pessoas você conhece que enquanto conversa com você, desvia o olhar para o celular toda vez que ele vibra? O pior não é o celular vibrar, mas a quantidade de vezes que a pessoa olha para o celular toda vez que vibra, enquanto conversa com você. É desconcertante.

É alarmante a quantidade de pessoas que estão no piloto automático em momentos que deveriam estar conscientes.

Conversando com os amigos e olhando para o celular.

Trabalhando e olhando para o celular a cada 10 minutos.

As crianças brincando no parque, enquanto todos os pais olham para o celular.

Atravessando a rua olhando o celular.

Andando de bicicleta e olhando o celular.

Dirigindo e olhando o celular.

Cada vez mais, reforço o discurso de que estamos caminhando para um lugar da qual ainda não temos ideia do tamanho do prejuízo que tudo isso está causando na nossa vida.

O que tenho tentado fazer nestes últimos meses é, aos poucos, recuperar a consciência de pequenas coisas cotidianas.

Quando estou escovando os dentes, estou escovando os dentes.

Quando estou tomando banho, só penso no banho, na temperatura da água, na sensação boa que ele me traz.

Quando estou fazendo anotações na minha agenda, concentro todas a minha atenção neste ato.

E assim, de atividade em atividade, procuro os campos vazios (divagações) e tento preencher com o presente (estado de consciência).

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Permitindo ter autocompaixão

Se há algo que sempre funcionou muito bem para o meu autodesenvolvimento é a leitura de bons livros no momento certo da vida. Os títulos dos livros sempre surgem de todas as formas possíveis em momentos oportunos, sempre quando busco por respostas.

Foi lendo o livro Manual de Mindfulness e Autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo, que eu entendi como sou dura comigo. Lendo um dos capítulos, eu até pensei: “Ai credo, como sou cruel comigo”.

Me considero uma pessoa tranquila e compreensiva com terceiros. Sou uma chefe compreensiva, uma filha compreensiva, mãe, esposa e amiga compreensiva.

Também costumo receber acolhimento de todos os lados, no ambiente de trabalho, no ambiente familiar, dos amigos, inclusive aqui no blog, como muitos de vocês já devem ter percebido.

Apesar de estar envolta em um ambiente aparentemente favorável, não sei ser gentil comigo mesma. A cobrança não é externa, é interna, é autocrítica, sou rígida apenas comigo. Que coisa, não?

Quer um exemplo? Quando estou descansando, fico com dor na consciência de que poderia estar dando atenção para as minhas filhas. Se faço um jantar meia boca por estar cansada, fico pensando que poderia ter caprichado mais na comida. Sempre me cobro achando que eu devo me esforçar mais para ser uma mãe melhor.

O detalhe é que todo esse julgamento é somente meu e para mim, já que ninguém reclama.

Descobrir algo que nos incomoda é importante. Mas reconhecer esse incômodo e fazer esforço para mudar é algo que requer consciência.

Vou dar um exemplo. Muitos sabem que precisam aprender sobre investimento e guardar parte do salário. Sabem… mas é muito difícil mudar algo que já está enraizado na forma de pensar e agir.

Quando nos conscientizamos, entendemos nosso modos operandi, reconhecemos que temos muito o que aprender e evoluir.

Foi assim que eu compreendi o significado da palavra autocompaixão e a importância dela. Entendi que posso acolher minhas fraquezas e abraçar todas as partes de mim, incluindo as negativas. Já entendi, e estou tentando aplicar na minha vida, não é fácil, já que estou no processo de aprendizagem e de me conscientizar.

Como experiências passadas e a forma como fomos criados podem dificultar a autocompaixão, confesso que não será uma tarefa fácil me acolher, a não me julgar, a permitir alguns sentimentos como cansaço, frustração de não poder oferecer mais, deixar de lado o perfeccionismo, sem que meu autojulgamento me assombre.

Que eu permita estar cansada.

Que eu permita descansar.

Que eu permita falhar.

E que eu aprenda a me acolher.

E vocês, conseguem praticar a autocompaixão?

~ Yuka ~