Minimalismo

Viver de aluguel: vivendo melhor, mas gastando o mesmo valor

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A ausência da publicação de um post no domingo passado teve um bom motivo: eu fiz uma mudança residencial. Sim, de novo.

Bom, eu moro de aluguel desde que saí da casa da minha mãe para fazer faculdade. Na época eu tinha 17 anos e hoje tenho 40.

Eu até comprei um imóvel para morar em 2013, mas acabei casando e tive 2 filhas, então decidi vender e voltar a viver de aluguel.

Ou seja, só tive imóvel para morar por um curto período de tempo.

Morar num imóvel próprio, tem as suas vantagens, claro. Mas morar num imóvel alugado também tem as suas vantagens.

Eu gosto de morar de aluguel por conta da fase de vida em que me encontro. Não gosto de não ficar amarrada em um único lugar, de não ter mobilidade. Gosto de poder mudar de bairro, de cidade, de poder escolher o tamanho da casa conforme a necessidade do momento. Gosto de saber que se surgir um vizinho chato, posso me mudar. Que se eu perder a vista do meu apartamento por causa da venda do terreno para uma construtora, posso me mudar. Para mim, tudo isso é libertador.

Não sou contra ter um imóvel próprio, só acho que para o momento em que vivo atualmente, vejo mais vantagens de morar de aluguel.

Esses dias, estava dando uma olhada de forma bem despretensiosa sites de imobiliárias, e um anúncio saltou nos meus olhos, pois era bom demais pra ser verdade.

Um imóvel amplo, com ótima distribuição dos cômodos, numa rua muito bem localizada, sendo anunciada por praticamente o mesmo preço que pagava (combo aluguel e condomínio).

Eu seria louca se não agarrasse essa oportunidade, peguei o telefone na hora e falei com o corretor de imóvel. Fomos visitar o imóvel, e assim que chegamos em casa, encaminhei os documentos para a imobiliária. No dia seguinte, a documentação já havia sido aprovada, e aa mesma semana, fui assinar o contrato.

A essa altura da leitura, vocês devem imaginar que tenho um parafuso a menos pela rapidez que as coisas aconteceram. Afinal, não estamos falando de uma mudança pequena, estamos falado de uma mudança residencial em família.

Não sei vocês, mas eu sempre tive mais medo de arrepender das coisas que eu não fiz, do que das coisas que eu fiz.

Mesmo quando faço escolhas erradas, consigo compreender que foi um aprendizado e viro a página sem ficar muito abalada ou com dor na consciência.

Só para vocês terem uma ideia de como foi boa essa troca:

IMÓVEL ANTESIMÓVEL DEPOISNOTA
60m2100m2Muito mais espaço para circulação.

2 quartos3 quartosOs quartos são realmente grandes.
Quarto 1 – Se antes cabia somente o guarda-roupa e a cama das crianças, agora, além da cama e guarda-roupa, poderão ter escrivaninhas individuais para estudar e ainda sobra bastante espaço para circulação.
Quarto 2 – No quarto de casal, que é muito grande para ter somente a cama e o guarda-roupa, decidi que irei reativar meu amado ateliê.
Quarto 3 – Esse quarto é o menor de todos, será o escritório para o marido.
Cozinha sem móveis planejadosCozinha com móveis planejados + mesa retrátilA nova cozinha, além de ser totalmente planejada, possui uma mesa retrátil. Essa mesa é muito útil, pois além de servir como apoio na preparação dos alimentos, serve para fazer refeições rápidas, além das minhas filhas poderem ficar perto de mim, desenhando ou estudando.
Banheiro sem marcenariaBanheiro novoO banheiro é todo branquinho, bem atual, mas tem uma bancada de pedra que está desgastada. A proprietária autorizou fazer a troca da bancada e do gabinete. Com isso, o banheiro ficará novinho em folha.
LavanderiaLavanderia maiorA lavanderia também tem um tamanho bem bacana, toda branquinha.
VarandaVarandaA varanda tem mais ou menos o mesmo tamanho.
Boa localizaçãoMelhor localizaçãoO novo apartamento é ainda melhor localizado, mais perto de todas as lojas e serviços que costumamos utilizar, além de ser bem abastecida de restaurantes.
5º andar1º andarPensa na alegria de poder morar num apartamento onde não terei vizinho de baixo que é sensível a barulho. Embaixo do nosso apartamento fica o salão de festas do prédio, então minhas filhas finalmente poderão correr, pular, brincar de bambolê, de Lego, sem a necessidade de ficar em cima do “tatame de lutador de muay thai” que eu deixava bem no meio da sala.

Todo esse upgrade, pagando praticamente o mesmo valor que eu pagava no outro imóvel. Era ou não era uma oportunidade imperdível? Agarrei com todas as forças e pulei de alegria (mesmo!) quando consegui assinar o contrato do novo aluguel.

Ao contrário do que muitos podem pensar, mudança residencial não é uma tarefa difícil para mim, porque sempre enxergo como uma oportunidade para renovar os ares da casa, desapegar de coisas que perderam valor, faço lista de todas as coisas que quero fazer na casa nova.

Como sei desmontar e montar móveis, pintar paredes e mais outras coisas, não preciso depender de terceiros para fazer as instalações na nova residência, o que reduz bastante tempo e custo.

Só quis compartilhar essa história, para mostrar que nem sempre apartamento maior significa gasto maior. Tendo paciência, e dando uma boa procurada em sites de imobiliária de tempos em tempos, dá para pegar boas distorções do mercado.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Minimalismo

Minimalismo é sobre ter o que nós mais queremos

Quem quer adotar o minimalista não precisa se preocupar com privação. Não é este o princípio, pelo menos para mim.

No Japão, eu vejo que o minimalismo tem uma interpretação mais radical. Muitos deles não têm cama, dormem no chão, e quando têm, tentam se explicar que “apesar de serem minimalistas, escolheram ter uma cama”. Acho isso no mínimo esquisito, pois não consigo entender qual o problema de buscar mais conforto, ao invés de focar exclusivamente na redução de objetos.

No Brasil, vejo que muitos interpretam minimalismo como pobreza. Justificam o estilo de vida simples como minimalismo. No minimalismo, vive-se com menos por uma opção de escolha, já a pobreza não é uma opção de escolha.

Já eu, gosto do minimalismo equilibrado, sem entrar muito em rótulos ou em caixas. Gosto de pensar no minimalismo como uma busca do que é essencial para cada um, ou seja, é uma jornada interna.

Significa aprender a fazer escolhas melhores e escolhas conscientes.

Significa se conhecer melhor, buscar o autoconhecimento, descobrir o que faz feliz, independentemente da opinião alheia.

Vou compartilhar uma história com vocês.

Em 2010, há exatos 12 anos, eu fui para Vancouver, no Canadá, para um intercâmbio.

Lá, fiz amizade com o pessoal que dividia a casa, e uma coisa ficou muito evidente logo na primeira semana de convívio… esses alunos tinham um poder aquisitivo maior que o meu. Eles compravam muitas roupas, muitos souvenirs, fizeram muito mais passeios pagos do que eu, almoçavam todos os dias em restaurantes caros.

Na verdade, quem tinha o poder aquisitivo maior eram os pais desses alunos, pois a viagem era financiada por eles. Quando o dinheiro acabava, os alunos ligavam para os pais, e pronto, mais dinheiro entrava na conta bancária.

Já eu, que não era financiada por ninguém, tive que focar no que era essencial: estudar inglês e fazer passeios que não eram tão caros.

Chegando na última semana do intercâmbio, entrei em uma loja da Apple pela primeira vez e comprei o que há muito tempo queria: um MacBook.

Neste momento, os meus colegas que estavam juntos, falaram que eu era muito rica por comprar um MacBook assim, à vista, e que eles não tinham condições de comprar.

Na época eu apenas sorri e nem tentei explicar, afinal, eu teria que explicar tudo em inglês. Mas quando trago essa situação para os dias de hoje, vejo que se encaixa bem no conceito do minimalismo, que é justamente ter o que mais queremos.

Eu não queria roupas novas, não queria comprar souvenirs… eu fui até o Canadá para aprender inglês, conhecer a cidade, fazer novas amizades e se possível, voltar para o Brasil com um MacBook. O que esses meu colegas não entendiam é que eu também não tinha muito dinheiro, aliás, tinha muito menos do que eles, já que eu não tinha quem bancasse meus luxos, mas a diferença é que eu priorizei o que eu mais queria.

Eu voltei para o Brasil muito satisfeita pela experiência do intercâmbio e muito feliz pela nova aquisição.

Alguém que não conhece a história por completo, pode focar em todas as coisas que eu não tive: não tive almoços em restaurantes descolados, não voltei com a mala abarrotada de roupas importadas, nem voltei com lembrancinhas para todos os colegas do trabalho. E assim, erroneamente, podem achar que minimalismo é sinal de miséria, de escassez.

Mas quando se conhece a história completa, descobrimos que minimalismo não é sobre escassez, é justamente o oposto, é sobre definir prioridades para focar no que é mais importante.

Gosto de entender o motivo das minhas escolhas e aceitar as renúncias que vêm junto com as escolhas que faço. Desta forma, consigo fazer cada vez mais escolhas melhores e ter uma vida cada vez mais consciente.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Dinheiro, IF e FIRE · Minimalismo

Se quer viver de forma diferente dos outros, é necessário fazer coisas diferentes hoje

Quando eu ainda falava para as pessoas sobre aposentadoria antecipada, eu percebia sempre um padrão no comportamento.

As pessoas queriam desesperadamente aposentarem cedo, alcançar FIRE (Financial Independence, Retire Early), mas não queriam abrir mão de absolutamente nada. Queriam viver igual a todo mundo, com carro na garagem, com apartamento grande e reformado, comendo em restaurantes diariamente, comprando diversos itens todos os fins-de-semana, além de claro, não quererem estudar por conta própria.

Mas se você quer viver de forma diferente dos outros, será necessário fazer coisas diferentes hoje.

Enquanto a maioria achava que era normal não poupar dinheiro, ou poupar até 10% do salário, eu decidi que iria poupar 70%.

Enquanto a maioria continuava achando que era normal se aposentar com 65, 70 anos, eu decidi que iria me aposentar quando eu bem entendesse.

Especificamente falando do meu caso, acredito que foram 3 fatores que influenciaram muito:

1.) O trabalho do marido

Meu marido tem um trabalho com contratos que variam em torno de 1 a 2 anos.

Isso significa que de uma hora para outra, nós podemos perder a renda dele. E por isso nós nunca nos achamos no direito de aumentar os gastos de forma descontrolada, pois não sabíamos o dia de amanhã.

O que poderia ser péssimo para a maioria das pessoas, acabou se mostrando como uma grande oportunidade para nós.

Sempre tivemos medo de não conseguirmos manter o padrão de vida que estabelecemos para nós.

Uma das formas de controlar o incontrolável (a renda do marido), foi centralizar todos os gastos da nossa família apenas no meu salário. Todo o salário dele vai para investimentos. Quando o salário dele aumenta, aumentam os aportes. Quando o salário diminui, diminuem os aportes. E se a fonte secar (o que nestes 12 anos que estamos juntos, nunca aconteceu), os aportes seriam mais comedidos, mas constantes, mesmo contando apenas com o meu salário.

2.) Os dois remando juntos na mesma direção

Toda vez que meu marido fala “sem você, não estaríamos onde estamos hoje”, eu veementemente discordo.

Se ele não tivesse concordado com a minha ideia de ser FIRE, de aceitar entregar todo o seu salário todos os meses para mim para que eu pudesse fazer aportes generosos até a nossa filha mais velha completasse 6 anos de vida, de aceitar sorrindo quando comecei a enxugar os gastos, nada disso teria sido possível.

Foi de comum acordo que decidimos não aumentar o padrão de vida por alguns anos. Sabíamos que era melhor apertar naquele momento, para ter conforto daqui a alguns anos, do que ter conforto por alguns anos e passar necessidade a vida inteira.

3.) O minimalismo como um grande aliado

Há diversos tipos de armadilhas do consumo: armadilhas financeiras, armadilhas da moda, da educação, do medo, da beleza, da ostentação, do medo…

O minimalismo trouxe diversos benefícios na minha vida. Um dos benefícios foi ter permitido dar um basta em medos que são inseridos na nossa cabeça.

Isso acontece porque o minimalismo nos obriga a parar de olhar para a vida dos outros para focar na própria vida. É como se não tivéssemos mais muleta para fazer escolhas, pois teríamos que parar de olhar a vida dos outros para encarar a própria.

Não é uma tarefa fácil, pois temos que colocar a cabeça para funcionar para tomar decisões próprias, descobrir o que gostamos e principalmente o que não gostamos.

A médio prazo, essa decisão trouxe benefícios imensuráveis: aprendi a fazer boas escolhas, a viver com as coisas que eu realmente valorizo e que são importantes para mim. Isso acabou eliminando o sentimento de escassez e a sensação de gratidão se tornou presente, porque aprendi a olhar para a abundância que já tinha na minha vida.

Fazer as próprias escolhas, me permitiu não ter redes sociais, mesmo todo mundo estando presente. Não precisando de aprovação dos outros nas redes sociais, permitiu que eu pudesse ser autêntica nas coisas que eu gostava, e com isso, novamente o minimalismo veio à tona.

Quanto mais eu me conhecia, menos compras erradas eu fazia e mais o dinheiro sobrava. Sobrava, não porque eu estava deixando de gastar, afinal, eu continuava gastando. A diferença é que eu comecei a gastar melhor o meu dinheiro, em coisas que trazia felicidade para mim, e não para os outros.

E aí vem uma sensação de satisfação, de felicidade, de segurança financeira, sem a necessidade de mostrar para os outros. Os benefícios são reais, mas a experiência é individual.

Essa decisão tomada lá atrás, permitiu por exemplo, que eu comprasse um carro em agosto de 2021, utilizando apenas os dividendos que havia recebido naquele ano.

Então sempre que possível, lembre-se da frase: se quer viver de forma diferente dos outros, é necessário fazer coisas diferentes hoje.

~ Yuka ~