Minimalismo

A abundância de uma vida simples

Esses dias, navegando na internet, acabei encontrando um texto lindo, escrito pelo Marcos Piangers, da qual me identifiquei tanto.

Compartilho abaixo o texto, espero que gostem.

Boa leitura:

A abundância de uma vida simples

Eu vejo as pessoas na internet mostrando carro novo, casa nova, viagem na primeira classe. Eu acho divertido, cada um faz o que quer da própria vida. Mas, se quiserem minha opinião, acho cafona. Acho foto na frente de carro importado cafona. Acho foto de casal se beijando na frente do pôr do sol cafona. Acho vídeos de internet de gente que vai me ensinar a ficar milionário cafona (apesar de sempre assistir até o final, vai que, né?).

Vejo a hashtag #enquantoelesdormemeutrabalho e acho cafona. Acho hashtag cafona, acho não dormir cafona, acho não almoçar cafona, acho o clube das 5 da manhã cafona. Enquanto os outros dormem, eu durmo feliz. Gosto de dormir, gosto de tomar café da manhã com minhas filhas, gosto de conversar com calma com elas e só olhar o celular depois das 9. Eu gosto de almoçar com calma em família, de levar minhas filhas na escola a pé, de sair para fazer feira uma vez por semana, de correr na ciclovia todo fim de tarde. Gosto de fazer tudo isso sem postar uma única foto em nenhuma rede social. Acho muito agradável.

Se as pessoas soubessem a riqueza que tem numa vida simples, não perderiam tanto tempo mostrando pros outros uma vida de ostentação. Se as pessoas soubessem da abundância que existe numa vida frugal, uma vida sem muitos sonhos de consumo, um aluguel baixo em uma rua arborizada, um apartamento velho porém ensolarado, a nossa bagunça faz qualquer lugar virar nossa casa.

A vida fica mais simples quando você tem o mesmo fogão há mais de dez anos, o mesmo sofá há mais de dez anos, e está satisfeito com isso.

Alguém vai dizer: “mas isso é pensar pequeno, isso é uma vida medíocre”. Respeito absolutamente a opinião, mas por favor, respeite a minha.

Pra mim, vida medíocre é não dormir, não almoçar, não ver os próprios filhos crescendo. Pra mim, uma vida absolutamente medíocre é uma vida de imagem pros outros, uma vida descolada da sua verdade interior. Estamos aqui do outro lado. Dormindo oito horas por dia, levando os filhos na escola enquanto conversamos, lendo livros comprados no sebo.

Não viver nos erros do passado, nem na ânsia do futuro. Viver o agora, agradecer o que se tem e celebrar quem está conosco. As coisas que mais importam na vida não são coisas.

Texto escrito por Marcos Piangers

Auto-Conhecimento · Minimalismo

O que você quer MENOS? E o que quer MAIS?

Os anos de 2020 e 2021 foram períodos de rebuliço para muitos de nós.

Como já comentei nesse post, tive depressão durante a pandemia. Essa depressão evoluiu para um quadro de ansiedade que me fez repensar em todas as minhas prioridades novamente.

Digo novamente, porque fazer revisão de gastos e fazer revisão de prioridades, são coisas que precisamos fazer sempre, de tempos em tempos.

A única direção que a sociedade tem seguido é aumentar o consumismo, aumentar as distrações, o estresse, as obrigações e a falta de tempo.

Ir contra essa direção, é ir contra a maré de tudo o que vemos e sentimos, uma pequena tentativa individual de tentar melhorar a qualidade de vida, mesmo com todos os percalços do dia-a-dia.

Quero começar esse ano com MENOS auto-cobrança, para viver com MENOS estresse, com MENOS tensões, MENOS complicações.

MENOS internet, MENOS exposição, MENOS tralhas.

MENOS obrigações, MENOS pessoas tóxicas, MENOS sorrisos forçados.

Busco para o ano de 2022 MAIS qualidade de vida, MAIS presença, MAIS liberdade.

Quero poder ter MAIS ócio, MAIS criatividade, MAIS espontaneidade.

MAIS sinceridade, MAIS dedicação, MAIS essência.

Quero ter MAIS paciência, MAIS silêncio, MAIS tempo livre.

MAIS livros, MAIS amigos, MAIS família e MAIS amor.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Minimalismo

Desacelerar é uma escolha diária

Estou de volta! Feliz 2022 a todos, estava de férias e aproveitei para me desligar um pouco da internet. Espero que todos estejam bem. Aos poucos vou respondendo os comentários que recebi durante este período, ok?

Em agosto de 2020, compartilhei neste post que estávamos nos mudando de São Paulo para uma outra cidade em plena pandemia, com o intuito de trazer mais qualidade de vida para as nossas filhas.

Apesar de ainda gostar bastante de São Paulo, sair da metrópole nos deu uma outra visão em relação ao lazer para as crianças. Em São Paulo, costumávamos levar as crianças em parques (todos sempre lotados, diga-se de passagem), e também em shoppings quando havia atrações infantis.

Depois de 2 anos morando fora de São Paulo, compreendemos o quanto o lazer para as crianças era escasso na capital, e que o lugar delas não era dentro de um shopping ou em um parque ou pátio com chão concretado.

Quando vi minhas filhas tendo nojo de andar descalças na grama ou de mexer na terra, percebi o quanto elas haviam se adaptado ao chão de cimento.

Foi aí que eu entendi que lazer para as crianças era ter um local para elas correrem de forma livre e segura, com os pés descalços na grama, na areia ou na terra, com muitas árvores com folhas e gravetos no chão, insetos, lagos com peixes, além de playground com os tradicionais escorregador, balanço, trepa-trepa e brincar com outras crianças.

Temos levado as crianças para os diversos parques espalhados pela cidade para jogarem bola, pular corda, andar de bicicleta, jogar badminton, fazer um piquenique com direito a lanchinho, suco, frutas, deitar na toalha e ler um livro.

Hoje, elas não têm mais medo de subir em árvores, de tomar um banho de chuva de verão, de pegar gravetos e folhas do chão com pequenos insetos, até mesmo cutucar um formigueiro com gravetos com direito a levar as mordidas das formigas.

Outra coisa é que quando morava na capital, apesar de ter o costume de levá-las para os parques, tanto os pais dessas crianças, como as próprias crianças, brincavam de forma isolada. Aqui onde moro, as crianças se aproximam naturalmente. Em menos de 5 minutos, as crianças estão brincando juntas, crianças de todos os tamanhos e fico feliz em saber que minhas filhas terão além dos amigos da escola, os amigos do bairro.

No início, tomávamos o café da manhã em casa para depois irmos aos parques. Depois começamos a sair de casa carregando o café da manhã dentro de uma sacola para tomar no parque. Só que isso começou a evoluir num outro nível, porque as crianças também não queriam ir para casa almoçar. Elas queriam continuar brincando com os novos amigos, mesmo o relógio marcando 16h, eu e o marido passando mal de fome.

Foi aí que decidimos aderir à farofada.

Aqui, os pais já fazem isso, alguns chegam nos parques com cadeira de praia, chinelo no pé, isopor com bebidas e comida, já pensando em passar o dia inteiro na praça, assim como acontece nas praias.

No início, eu achava engraçado vê-los chegando todos equipados como se estivessem na praia, mas conforme fomos acostumando com a cidade, começamos a entender o motivo… as crianças brincam pra valer, e dá dó de interromper a brincadeira para almoçar em casa. Foi quando meu marido murmurou, de que bem que a gente também poderia comprar uma cadeira de praia e uma caixa de isopor.

Ele também se rendeu à farofada.

Em um mundo tão acelerado, com pessoas cada vez mais doentes, com a ansiedade tomando conta dos nossos dias (inclusive em mim), desacelerar se torna uma escolha diária.

Tudo para evitar ser engolida por esse mundo tão veloz, que não para nunca e recrimina quem não quer mais estar ocupado, quem não quer mais subir de cargo, quem não quer ter mais ascensão na carreira (e aumentar ainda mais as responsabilidades), quem não se importa em ganhar menos dinheiro, e só quer ter um pouco de paz e tempo para prestar atenção na própria respiração.

Nessas horas, eu abro minha bolsa térmica para pegar uma bebida, sentada na minha toalha de piquenique que encomendei especialmente para este fim, afundo meus pés na grama perto de onde as crianças estão brincando e brindo o ócio com o meu marido.

Viva a farofada! Que 2022 seja um ano mais leve para todos nós!

~ Yuka ~