Uma pessoa comentou que durante muito tempo, buscou incessantemente a felicidade.
Essa busca era motivada para preencher o buraco que ela sentia.
Primeiro, achou que era porque não tinha um imóvel próprio. Conseguiu comprar um imóvel e reformou de acordo com o seu gosto.
Mas ainda faltava algo.
Depois achou que era porque não tinha um filho. E nasceu um filho lindo. Mas ainda faltava algo.
Não sabendo como preencher esse vazio, comprou roupas, conheceu várias pessoas, fez diversas viagens, se deparou novamente com catálogos de imóvel e quis acreditar que se tivesse um apartamento com varanda gourmet, a felicidade finalmente bateria na sua porta. Ela chegou a financiar a compra desse imóvel, até que a ficha caiu.
Foi nesse momento que eu recebi a ligação dela. Ela começou a me explicar que finalmente tinha compreendido porque eu, apesar de morar em um apartamento alugado, não ter carro, andar com as roupas de sempre, meus amigos de sempre, com minhas filhas usando roupas de segunda mão e frequentando escolas municipais do bairro, parecia feliz e satisfeita.
Na época, ela comentou que era porque eu tinha um amor verdadeiro para compartilhar. E por ter esse amor correspondido, poderia ser feliz até embaixo da ponte com o meu marido.
Tenho que concordar que ter alguém para compartilhar a vida, que nos respeita e que nos ama, torna a jornada da vida mais leve e divertida.
Mas há um outro porém que eu acabei não compartilhando com ela.
Eu sempre tive a certeza de que minha felicidade não poderia ser terceirizada nem por pessoas, nem por coisas.
Quando eu era solteira e vivia sozinha no meu apartamento, eu era feliz.
Quando eu estava recém-divorciada, e vivia um dos momentos desafiadores da minha vida, eu também sabia que no momento oportuno, eu juntaria os cacos, voltaria a sorrir e ser feliz novamente.
Meu marido já até comentou de como ele tem certeza de que eu seria uma pessoa igualmente feliz, mesmo se a gente não tivesse se esbarrado nesta vida.
Enquanto pessoas sonham em encontrar a “metade da laranja”, sempre questionei que raio era essa metade, já que nunca me considerei metade de nada.
Eu queria encontrar sim alguém, mas alguém por inteiro, porque eu sou uma pessoa por inteiro.
A verdade é que para ser feliz, não precisamos de pessoas perfeitas do nosso lado, não precisamos de empregos perfeitos, apartamentos lindos, carros novos, smartphones do ano, bancadas de mármore.
Ou seja, a minha felicidade nunca esteve condicionada ao meu casamento, nem por posses materiais. Minha felicidade não depende se estou amando alguém, se tenho ou não tenho filhos, se tenho posses materiais ou não.
O que precisamos não está do lado de fora. Está do lado de dentro.
Eu carrego o meu lar dentro de mim, porque sei que o que é mais importante, está sempre dentro de mim.
E esse é um dos motivos de conseguir levar uma vida sem posses. Compreendo que algumas pessoas sentem a necessidade de ter uma casa para fincar raízes, um local para alimentar e fermentar as suas memórias.
Já eu, prefiro a liberdade de poder me locomover. Sei que minhas filhas terão boas lembranças dos nossos momentos, e não da casa. Elas saberão reconhecer o cheiro do nosso lar em qualquer lugar que estivermos, toda vez que cookies deliciosos estiverem saindo do forno. Não importa se essa casa é alugada ou se é própria, se é a casa onde elas deram os primeiros passos ou qualquer outra casa.
Afinal, lar, é onde está o meu coração.
~ Yuka ~