Minimalismo

Detox digital: o início (parte 1)

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Em primeiro lugar, tenho uma notícia maravilhosa: minha filha nasceu. Nasceu de parto normal, saudável, linda e calma (pelo menos por enquanto rs). E junto com o nascimento dela, veio a tão esperada licença-maternidade que vai me ajudar a levar esse projeto de fazer o detox digital adiante.

Há 15 dias, eu tive de me afastar do trabalho para repousar, pois corria sério risco de ter um parto prematuro. Apesar de soar estranho, foi muito difícil ficar deitada o dia todo. Minha cabeça fervilhava a mil por hora, só que meu corpo estava em repouso absoluto. E isso gerou uma onda de ansiedade nunca experimentada por mim. Apesar de estar deitada, percebi que não estava presente, não estava conseguindo aproveitar o repouso, pois ficava com a sensação de que estava perdendo tempo.

Faz alguns meses que sinto uma certa ansiedade e estafa (será esta a palavra mais adequada?) de ver tantas notícias a todo momento e sempre ter o que fazer.

Sinto uma pressão (que não vem de ninguém, vem de mim mesmo) em acompanhar os sites de notícias, de fofocas, das melhores receitas culinárias, dos melhores blogs, dos melhores vídeos etc.

E com todo esse excesso a única palavra que vem na minha cabeça é essa: estafa.

Me sinto saturada de ler muito, em acompanhar as notícias, ver tantas informações transbordando em sites, mas se não leio, dá uma sensação de que estou perdendo algo… Alguém já sentiu algo parecido com isso?

Eu sei o que estou passando. É overdose de informação. É isso acaba trazendo ansiedade, bate aquela preocupação de não ter tempo para acompanhar tudo que é “importante”.

A televisão (teoricamente) faz com que você seja um ouvinte passivo. Ou seja, a televisão escolhe o que você vai ouvir, o que você vai ver nas propagandas.

A internet já é ao contrário. Você vai atrás das informações, das notícias que você quer ver. E se não tomar cuidado, acontece uma overdose…

Eu sou uma pessoa muito curiosa. Gosto de procurar vídeos de como se produz algodão-doce, como foi construída a pirâmide do Egito, de descobrir como as abelhas constroem favos em hexágono, como é feito um lápis, de que forma é feito um batom, enfim, coloque muita imaginação, que estou sempre procurando na internet uma resposta.

A causa desse excesso é a falta de controle e disciplina da minha parte. Por isso decidi fazer um detox digital que nada mais é do que me livrar dos excessos informacionais.

Eu não tenho a intenção de me desligar completamente da internet, afinal a internet me conecta a este blog e também é de onde me atualizo com as notícias do mundo.

Eu vou nos lugares e observo que as pessoas estão tão grudadas na tela do smartphone que não percebem o que está acontecendo ao seu redor.

No metrô, não percebem um senhorzinho de cabelo branco mal conseguindo ficar em pé… Não percebem uma grávida com um barrigão de 9 meses, não cedem os assentos… não por má vontade, mas simplesmente porque estão conectados na internet, mas desconectados da vida real.

Em restaurantes, vejo casais sentados juntos, mas separados na alma, cada um com seu smartphone. Um falando pelo WhatsApp e a outra pessoa jogando Candy Crush.

Olhando essas cenas, tive a certeza de que não quero entrar nesta estatística.

Nos próximos posts vou descrever melhor de que forma está caminhando o meu detox digital.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Filhos livres e independentes

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Desde que minha filha aprendeu a andar, ela faz algumas tarefas de casa, como por exemplo:

  • leva a própria fralda suja para a lixeira do banheiro
  • quando voltamos do supermercado, ela ajuda a levar alguns pacotinhos para a cozinha
  • ajuda a guardar os brinquedos na caixa
  • tira as roupas da máquina de lavar roupa para eu estender no varal
  • quando estamos varrendo a casa, ela sai correndo procurar a vassourinha pequena dela e começa a varrer junto com a gente

E por aí vai.

Eu já pensava bastante sobre o assunto, pois algumas pessoas do meu trabalho falavam em tom de brincadeira de que eu estava incentivando a exploração infantil. Mas a decisão de escrever um post veio quando o meu marido também ouviu esse tipo de comentário no trabalho dele, só que desta vez, de que ele estava sendo machista ao ensinar tarefas domésticas para a nossa filha.

Como já disse em posts anteriores, eu não fico chateada, nem irritada, nem sinto nada com estes comentários, pois sei que as pessoas não falam na maldade, elas falam por falar, falam sem pensar muito. A parte boa disso tudo é que me dá conteúdo para escrever aqui neste blog, o que é ótimo!

Então vamos lá.

Eu estimulo sim a minha filha a ajudar nas tarefas de casa. Como ela é muito pequena, tudo é muito divertido para ela. Ela adora desempacotar os itens quando volto do supermercado, abrir as caixas que vêm do correio, gosta muito de levar os pratinhos e copos de plástico para a mesa quando estou preparando o almoço, jogar lixo até a lixeira, etc. Tudo isso porque ela gosta muito de me imitar. Se estou varrendo a casa, ela também quer varrer. Se estou guardando os brinquedos dela em uma caixa, ela também começa a me ajudar. Se estou deitada descansando, ela vem correndo e encosta a cabeça no travesseiro comigo.

Eu não tenho muita ambição em relação a ela, de querer que ela seja médica, advogada, engenheira, astronauta.

Mas eu desejo muito 2 coisas: eu desejo que ela seja muito feliz, e desejo muito que ela seja livre.

E quando falo SER LIVRE, é no sentido mais amplo da palavra.

Se ela não sabe cozinhar, ela se torna dependente de uma mãe, de um cozinheiro, de um restaurante ou de alguém para cozinhar para ela.

Se ela não sabe limpar a casa, ela se torna dependente de uma empregada doméstica ou faxineira.

Se ela não sabe pregar um prego na parede, ela será dependente de uma pessoa que faça isso para ela.

Quando ensino a minha filha a cozinhar, limpar a própria casa, a ajudar nas tarefas de casa, (também pretendo ensiná-la) a poupar dinheiro, a administrar a casa, a rotina, a vida, a administrar as emoções, estou ensinando a minha filha a ser livre.

Eu não quero a minha filha dependente, nem por pessoas, nem por coisas. E isso não é nem de longe exploração infantil e/ou machismo por ensinar tarefas domésticas, já que mesmo se eu tivesse um filho homem, também ensinaria a cozinhar, pregar botão, varrer a casa, consertar chuveiro, etc.

Eu sempre dizia que devemos criar os filhos para o mundo, e não para ficar embaixo das nossas asas. Mas quando eu não era mãe, o que mais ouvia era “você fala isso porque não é mãe”. Hoje eu sou mãe e posso dizer que a minha opinião continua exatamente a mesma. Criamos os filhos para o mundo. Por isso a importância de estimular a criatividade, a independência e, principalmente, a liberdade dos nosso filhos.

~ Yuka ~

Minimalismo

Um minimalista com um iPhone

open_graph_logoEm blogs ou reportagens sobre minimalismo a gente sempre vê comentários de pessoas dizendo “ah, é fácil dizer que é minimalista com um iPhone e MacBook”.

A verdade é que muitas pessoas confundem o minimalismo com voto de pobreza.

E a partir desses comentários em outros blogs, comecei a analisar quando passei a NÃO desejar alguns bens de consumo, como roupas caras, bolsas de grife, carro, apartamento grande, etc.

Sabe quando? Foi quando meu salário aumentou e eu pude de fato comprar várias coisas.

E posso dizer que comprei muito (muita coisa desnecessária, diga-se de passagem)!

Foi com o tempo que eu passei a não comprar certas coisas, não por falta de dinheiro, mas por uma opção.

Mas só consegui perceber que não precisava de uma bolsa de marca quando finalmente pude comprar uma. Será que se eu não tivesse condições de comprar, ainda não teria vontade de tê-la?

Acho que é difícil convencer uma pessoa que nunca pôde comprar algumas coisas a ser minimalista. Claro que tem gente que consegue, mas tem gente que não compreende.

Talvez a pessoa queira ter muitas roupas, muitas coisas em casa, pois é a sua forma de definir felicidade.

Eu mesma só percebi os excessos, quando pude ter os meus excessos. Excessos em roupas, em sapatos, em bolsas, em acessórios. E afogada entre tantos objetos dentro de casa, percebi que não era isso que me fazia feliz. Que a minha felicidade não estava nos objetos. Me incomodava a bagunça, a sensação de sufocamento entre tantos objetos não utilizados.

Cada pessoa tem o seu tempo de compreensão e mudança. Às vezes demora 1 segundo para perceber esse consumismo em excesso, às vezes é necessário errar para aprender, às vezes só é necessário ver alguém errar para aprender com o erro dos outros.

E na maioria das vezes, a pessoa pode passar a vida inteira consumindo em excesso sem nunca perceber que não é isso que a faz feliz.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Matrix e a sociedade do consumo

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Você já assistiu o filme Matrix?

Num dos trechos mais importantes do filme, há uma cena em que Morpheus encontra-se com Neo para explicar que esse mundo em que vivemos, não é um mundo real. É um mundo criado pelo Sistema que controla a mente humana. Somos na verdade escravos desse Sistema. E Morpheus dá a oportunidade para Neo escolher tomar a pílula azul, que fará com que ele continue vivendo a vida de antes, superficial e de ilusão; ou escolher tomar a pílula vermelha, que dará a oportunidade de conhecer o mundo real.

Fico olhando a minha volta toda essa ostentação, carro importado, roupas de grife… Para quê? Para quem? Será que precisamos de tudo isso mesmo? Precisamos gastar nosso salário suado comprando um sapato de R$400,00? Será que andar em um carro popular torna uma pessoa menos importante do que aquele que anda de carro importado? Precisamos trabalhar tantas horas por dia? Voltar para casa enfrentando o trânsito, pedir uma pizza porque está tão exausta para cozinhar. E no dia seguinte, começar tudo de novo…

No blog Obvius, há um post que explica isso muito bem, como vê nos trechos a seguir:

“Como prisão tradicional, haveria repulsa e todos combateriam tal prisão. No entanto, quando se criam gaiolas enfeitadas e cheias de distrações, passamos a não perceber (ou não querer perceber) que, embora existam atrativos, ainda estamos em uma prisão. E como toda prisão, há controle, coerção e cerceamento de liberdade (…). Alguns indivíduos estão tão habituados àquela realidade que defenderão o sistema (…). Esse fato demonstra que a força do dominante consiste no nosso consentimento, uma vez que aceitamos uma realidade que nos é passada sem o menor poder de questionamento. Pelo contrário, procuramos aumentar a nossa dependência e alienação ao sistema, o que em uma sociedade de consumo obviamente demonstra-se pelo consumismo (…). Há de se considerar que o problema não é o consumo, mas sim, o valor simbólico que é dado às mercadorias (…), isto é, pela capacidade que certas mercadorias têm de elevar o indivíduo perante os outros (…). O que não percebemos (…) é que a nossa sociedade consumista, cria um exército de servos voluntários, que aceita os grilhões impostos pelos dominantes através da publicidade, como se fossem soluções mágicas de felicidade. Tomando suas pílulas azuis todos os dias, distanciam-se de si mesmos, e portanto, do autoconhecimento, tão necessário à libertação, já que, como dito, a libertação é individual e se o indivíduo não busca autoconhecer-se a fim de pensar de forma crítica o mundo que o circunda, torna-se impossível enxergar a Matrix (…). A coragem é o que permite que alguns homens lutem pela liberdade daqueles que se acham livres por poderem escolher entre o Bob’s e o McDonald’s (…). Pois como disse Goethe: não existe pior escravo do que aquele que falsamente acredita estar livre.”

Toda essa explicação anterior para dizer que eu tomei a pílula vermelha na minha licença maternidade. Foi quando a ficha caiu e descobri que há algo de errado com o mundo.

Quando tento conversar esses assuntos com algumas pessoas, muitas me acham doidinha, outras ficam indignadas dizendo que tudo isso é necessário para que não fiquemos no ócio, que precisamos gerar emprego, movimentar a economia do país, etc. Como se movimenta a economia quando 1% da população global detém mesma riqueza dos 99% restantes?

Será que estou errada quando critico esse Sistema que nós mesmos criamos e ajudamos a manter? Em achar errado uma sociedade que mais valoriza um jogador de futebol, uma socialite, um ex-BBB do que um pesquisador, um bombeiro ou uma vó que cuida do neto? Em achar errado ter que trabalhar 10 horas por dia quando o que mais queria era ficar com a minha filha que está doente? Ter que trabalhar por 10 horas seguidas quando se tem um ente querido internado com uma doença grave no hospital? Você acha isso normal? Eu acho isso muito errado. Muitas pessoas iriam dizer que “é só largar o emprego”. Só que estou presa nesse Sistema. Sou uma escrava desse Sistema. E não posso largar o emprego porque tudo nessa vida envolve dinheiro, inclusive remédio, internação e alimentação, já que basicamente meu dinheiro vai para 3 lugares: bancos, governo e empresas.

E você? Se tivesse opção para escolher, qual pílula escolheria? A vermelha ou a azul?

~ Yuka ~