O título do post acima é a mais dura realidade.
Para quem não conhece o termo, FIRE é um acrônimo do termo em inglês: Financial Independence Retirement Early que significa “Independência Financeira, Aposente-se Cedo”.
Pessoas que estão em “firing”, são pessoas que por motivos pessoais, aderem ao minimalismo e à frugalidade, poupando cerca de 30 a 70% do salário com o objetivo de se aposentarem cedo (geralmente aos 30, 40 ou 50 anos).
Entenda que neste caso o “aposentar” não significa que nunca mais irá trabalhar. Significa que terá a opção de trabalhar no que quiser (e se quiser), já que terá patrimônio suficiente para viver de renda pelo resto da vida.
Eu faço parte desse movimento e poupo cerca de 60% da receita familiar.
Reconheço que quem ganha um salário baixo, não tem a possibilidade de poupar uma grande fatia do salário como eu estou fazendo. Com o salário mínimo batendo quase R$1.000, sabemos que é praticamente impossível alguém viver com dignidade sobrevivendo com 40% do salário, o que equivaleria a R$400.
No meu caso, que recebo um salário interessante, aproveitei a oportunidade e não aumentei o padrão de vida ao longo dos anos, como todos ao meu redor fizeram.
Digo que poucos conseguem aderir ao movimento FIRE, porque as pessoas não estão dispostas a sacrificar prazeres de curto prazo em detrimento de um futuro melhor.
Os adeptos a esse movimento geralmente são pessoas minimalistas e frugais. São pessoas que curtem o estilo de vida minimalista, aproveitam a jornada até à aposentadoria, e não somente com a chegada do grande dia. Isso significa que o que as pessoas comuns enxergam como sacrifício, os FIREs enxergam como escolhas acertadas. Por serem adeptos ao minimalismo, conhecem a fundo suas necessidades reais e não cedem às necessidades impostas pela sociedade.
Vejamos um exemplo. Você compraria um cabo náutico? A maioria diria que não. Mas por que a resposta é não? É porque você não vê utilidade, não é mesmo? Não teria sentido em ter um cabo náutico, se você não pratica iatismo.
O minimalista vai a fundo utilizando sempre essa regra. Pessoas que aderem ao minimalismo, escolhem itens essenciais e fundamentais para a sua própria felicidade. Vou repetir o trecho da frase que acabei de escrever: “ESCOLHEM ITENS ESSENCIAIS E FUNDAMENTAIS PARA A PRÓPRIA FELICIDADE”. Ou seja, cada pessoa deve ir em busca do auto-conhecimento para saber o que é essencial para si. Infelizmente, posso dizer que a maioria das pessoas não buscam auto-conhecimento e por isso mesmo seguem a vida utilizando a régua alheia. Não é a toa que o sonho das pessoas se assemelham…
Voltando ao exemplo do cabo náutico, a mesma regra (de saber se é essencial ou excesso) vale para todas as escolhas que fazemos ao longo da vida. Quando é uma coisa discrepante, é fácil saber se é essencial ou não. Difícil é ter discernimento para os itens mais comuns, do nosso cotidiano. Eu já dei esse exemplo do fogão: eu tenho um fogão de 4 bocas, ao invés de 6, porque não cozinho utilizando as 6 bocas simultaneamente. Eu simplesmente não tenho coordenação, nem destreza para utilizar as 6 bocas sem queimar uma das panelas. Então por qual motivo gastaria meu dinheiro tendo um fogão maior, que além de ser mais caro, ocupa espaço da minha casa?
Esse pensamento é a base para todo o meu raciocínio: não tenho um tênis de corrida, porque eu só caminho pelas ruas da cidade. Não moro em um apartamento de 3 dormitórios, pois uso somente 2 quartos. Não tenho muitas roupas, porque simplesmente não dou conta de usar tudo durante o ano. Não tenho muitos itens de maquiagem, porque não consigo terminar de usa-los até a data do vencimento. Não tenho carro porque não julgo necessário.
Não tenho porque não quero. Não tenho porque não preciso. Ponto.
As pessoas se acostumaram com o excesso.
Querem morar em uma casa grande, mesmo usando a maior parte do espaço como depósito. Querem ter várias roupas no guarda-roupa, mesmo usando somente 20% do que tem nele. Pagam um plano de TV a cabo, mesmo passando a maior parte do tempo na internet. Moram em um apartamento de 3 quartos, sendo que utilizam um único quarto. Compram um carro modelo off-road, mesmo não pegando estrada com tanta frequência. Assinam mensalidade da academia, sendo que vai só algumas vezes por semana. Possuem um plano de saúde que abrange os melhores hospitais da cidade, mas sempre que precisa vai nos hospitais do bairro. Compram um celular novo, mesmo o antigo estar funcionando perfeitamente.
Compram sem necessidade, sem pensar, só pelo ato de gastar… Como podem ver, exemplos são infinitos.
Alguns atos que julgamos como normal: comprar presentes para outras pessoas, só porque a sociedade impôs. Ou até mesmo comprar roupas e quinquilharias para preencher o vazio interno… são atitudes que vão aumentando os gastos e elevando o padrão de vida até se tornar insustentável a longo prazo. Para essas pessoas, o dinheiro não traz felicidade, ele é apenas uma fuga.
Eu consigo investir quase 60% da renda familiar, porque sei exatamente onde gastar e onde poupar. Todas as escolhas que eu faço são pautadas em cima do meu objetivo de vida, e é justamente por saber onde gastar e onde poupar que eu e meu marido não sentimos escassez, e sim, abundância e gratidão.
Quando a gente aprende a gastar o dinheiro de forma inteligente, coisas boas começam a acontecer…
~ Yuka ~