Dinheiro, IF e FIRE

FIRE: nunca é fácil, mas vai ficando cada vez mais fácil

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Lembro dos primeiros anos que comecei a guardar dinheiro. Naquela época, era só colocar o dinheiro que sobrava no fim do mês na poupança, já que eu não sabia nada sobre investimentos.

A gente quando não tem um objetivo de vida, vai arranjando desculpas para torrar todo o dinheiro.

Eu comprava roupas novas todos os meses, comia na rua por preguiça de cozinhar, comprava presentes caros para colegas de trabalho, trazia lembrancinhas para todos ao voltar de uma viagem internacional…

Eu só mudei, depois que compreendi que quando gastamos de forma desnecessária, gastamos tempo da nossa vida.

“Inventamos uma montanha de consumo supérfluo, e é preciso jogar fora e viver comprando e jogando fora. E o que estamos gastando é tempo de vida. Porque quando eu compro algo, ou você, não compramos com dinheiro, compramos com o tempo de vida que tivemos de gastar para ter esse dinheiro. Mas com esta diferença: a única coisa que não se pode comprar é a vida. A vida se gasta. E é miserável gastar a vida para perder liberdade.” José Mujica

No início de tudo, eu e meu marido, juntávamos dinheiro daquele jeito sem compromisso nenhum. Depois casamos e praticamente zeramos nosso dinheiro por conta do casamento. Naquela época, eu tinha apenas o meu pequeno apartamento quitado de 1 dormitório.

Não tínhamos nenhuma meta em especial, mas comentávamos que podíamos comprar um carro e um imóvel próprio de 3 dormitórios daqui a alguns anos (a típica armadilha da classe média).

A nossa sorte, é que já éramos frugais e minimalistas. Mesmo sem grandes esforços, poupávamos 70% do nosso salário. Saíamos todas as semanas, comíamos bem, fazíamos anualmente de 1 a 2 viagens internacionais, principalmente, porque não tínhamos filhos.

Com o tempo, descobri que eu tinha a habilidade de gastar dinheiro em coisas que trazia felicidade. Gastava nos lugares importantes, e reduzia nos ítens supérfluos.  

Foi nessa época que eu engravidei da minha primeira filha. 

Minha filha nasceu e eu entrei de licença-maternidade por 6 meses. Sem nenhuma pressa, continuamos no apartamento de 1 dormitório. Dividíamos o quarto com ela, com o berço bem perto da nossa cama.

Foi durante a licença-maternidade que aconteceu o despertar. Eu não queria mais voltar a trabalhar, queria cuidar da minha filha. Não via mais sentido em ficar 10 horas fora de casa, sendo que havia uma criança que esticava os braços para mim, toda vez que eu me afastava.

Comecei a pesquisar sobre pessoas que se aposentaram precocemente e descobri por acaso o movimento FIRE (Financial Independence Retire Early).

Depois de devorar muitos conteúdos, estava convicta de que FIRE era para mim. Contei sobre o que eu tinha acabado de descobrir para o meu marido. Ele não só acreditou em mim, mas foi o meu maior incentivador. Para a minha sorte, embarcamos nessa jornada juntos.

FIRE espalhou na minha vida como um rastilho de pólvora, foi como um despertar para a vida. Mergulhei no mundo dos investimentos e em tempo recorde, havia lido praticamente todos os livros mais importantes sobre o assunto.

Antes do nascimento da minha segunda filha, fiz um planejamento para tentar poupar o máximo possível enquanto as crianças fossem pequenas. Percebi que o momento para guardar dinheiro era enquanto elas eram pequenas, pois a partir dos 7 anos, os gastos tendem a aumentar, ou seja, eu teria mais 6 anos pela frente.

Os aportes aumentavam mês a mês e junto com isso, fui descobrindo a alegria dos juros compostos.

O mundo dos investimentos foi muito generoso comigo e tive uma sucessão de sortes (entenda sorte como estar preparado, eu já tinha poupado e estudado muito!). Vendi meu imóvel num período de alta valorização, reinvesti esse dinheiro num período em que a renda fixa estava com taxas pré-fixadas de 19% ao ano. As ações subiram, os bitcoins subiram. E nesse meio tempo, ainda fiz compra e venda de outros imóveis e obtive lucros. Mas não se iludam, também cometi erros e perdi dinheiro.

Nove anos se passaram desde o primeiro parágrafo deste post.

Moramos de aluguel, continuamos sem carro, continuamos com o mesmo estilo de vida, aportando cerca de 70% da renda familiar.

No fim do ano passado, ao fazer a análise do meu balanço patrimonial anual, tive a grata surpresa de que os rendimentos totais recebidos já superaram os meus aportes.

Ou seja, do total do patrimônio que possuo atualmente, 40% do dinheiro veio do meu trabalho, do meu suor. E 60% veio dos rendimentos e do poder dos juros compostos.

Nestes 9 anos de investimento, a curva dos juros compostos já está relativamente íngrime, porque os aportes foram altos e constantes desde o início. E não digo que foram anos de sacrifícios, foram anos de escolhas inteligentes.

Daí o título deste post: FIRE: nunca é fácil, mas vai ficando cada vez mais fácil.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Vai continuar ignorando as vantagens dos programas de fidelidade?

cupons

Em 2015 eu publiquei o post “faça bom uso dos programas de fidelidade“.

Alguns programas de fidelidade, eu continuo usando, outros, já deixei de usar.

No ano passado, eu tive a paciência de anotar todos os centavos que pingaram na minha conta, referente aos programas de fidelidade. Desde janeiro até dezembro de 2019, anotei todos os valores que ganhei referente a todos os tipos de cupons, programas de recompensas, cashback, prêmios nos supermercados etc, para que eu pudesse compartilhar aqui no blog.

E para quem ignora os valores pequenos, porque acha que não vale a pena, eis que eu, vim provar por A+B, que se você não faz uso das vantagens dos cupons (ou qualquer outro tipo de vantagens que os programas de fidelidades oferecem), está deixando de ganhar dinheiro.

No total, eu recebi em 2019:

  • R$213,61 pelo Méliuz
  • R$90,19 antecipando parcelas do Nubank (todas as vezes que as lojas não davam desconto, parcelei e depois adiantei as parcelas para ganhar descontos)
  • R$477,08 pelo Nubank Rewards
  • R$1.068,00 pelo Programa Mais do Pão de Açúcar (ganhei cupons da Etna, da Natura, da L’occitani, compras no supermercado, ingressos de cinema etc)

Total: R$1.848,88

Além do valor acima, recebi créditos da Nota Fiscal Paulista e ainda vendi diversos objetos sem uso no site da OLX.

Essa é a maior prova de que de grão em grão, a galinha enche o papo.

~ Yuka ~

Minimalismo

Eu sei, mas não devia

Paisagem, Montanha, Nevoeiro, Pôr Do Sol, Céu, Nuvens

O texto abaixo, foi escrito pela Marina Colasanti, no livro “Eu sei, mas não devia”, da Editora Rocco, 1996.

Eu sei, mas não devia – Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

~ Marina Colasanti ~


E por mais triste que seja, é a pura verdade. E ainda vou além, a gente se acostuma a trabalhar doente, a esconder a dor de cabeça, a febre, o cansaço no corpo, tomando remédios cada vez mais fortes.

A gente se acostuma a aceitar tomar veneno todos os dias, em doses homeopáticas, quando aceitamos que o uso de agrotóxicos nos alimentos é algo normal.

Um dia a gente para de sorrir, para de contar piada, para de sentir emoções, passa a achar que expressar amor é coisa de gente cafona, e quando a gente percebe, a gente já morreu por dentro.

Eu tento a todo momento fazer o caminho de volta.

Pra eu nunca esquecer de dizer ‘eu te amo’ para meu marido e minhas filhas. Pra eu sempre lembrar que as minhas filhas existem pelo fato de eu amar muito o meu marido. Primeiro eu amei meu marido, e desse amor nasceram as minhas filhas.

Não quero esquecer nunca de sentir o calor de um abraço, a ternura do olhar, viver uma vida mais tranquila, com mais amor.

Eu não quero parar de sentir, nem parar de viver.

~ Yuka ~

 

 

Auto-Conhecimento

Como trazer o seu futuro para o presente

Eu sei que a maioria das pessoas, não foram encorajadas a pensar no futuro, muito menos incentivadas a fazer planejamentos. Somos imediatistas.

Apesar de saber que é difícil pensar em algo que nem aconteceu, e ainda por cima fazer um planejamento a longo prazo, eu tenho um truque que funciona bem.

Eu penso em mim velhinha…. com os meus 80, 90 anos de idade… e fico pensando que tipo de vida eu teria na minha terceira idade.

Quando contemplo o eu do futuro, vejo eu e meu marido cheio de rugas e cabelos brancos, felizes e saudáveis. Nossas filhas já são adultas e responsáveis, que me enchem de orgulho. Moro num apartamento confortável, do tamanho certo, nem grande, nem pequeno demais. Tenho tranquilidade financeira, que proporciona uma vida de muito conforto, o que permite fazer excelentes viagens na companhia dos meus bons e velhos amigos. Gosto muito de cuidar dos netos no meu tempo livre.

Ao ler o parágrafo acima, eu separo as frases em tópicos para facilitar:

“Vejo eu e meu marido…”

Ou seja, estarei com o meu marido. Para continuar feliz no meu casamento até os meus 90 anos, é preciso continuar cuidando do outro, conversar bastante, alinhar os interesses, tornar o casamento uma prioridade.

“… felizes e saudáveis”

Tudo bem que estou comendo de forma mais saudável, mas pratico algum exercício físico? Não. Então é algo que preciso pensar a respeito para tornar o meu corpo mais resistente.

“Nossas filhas já são adultas e responsáveis, que me enchem de orgulho”

Para que isso seja possível, não quero ter preguiça, quero continuar levando as crianças para brincar na rua, ler bastante livros, dar bastante atenção e amor.

” Moro num apartamento confortável”

Por essa frase já deu pra perceber que não faço questão de ter um imóvel próprio, desde que eu o transforme em um lar.

“Tenho tranquilidade financeira”

Já estamos no caminho certo para que isso se torne realidade.

“…permite fazer excelentes viagens”

No final do ano passado, voltei a estudar inglês, já que perdi a fluência. Vai ser bem útil nas minhas viagens internacionais.

“…na companhia dos meus bons e velhos amigos”

Taí uma coisa que eu quero melhorar. Apesar de ter os meus bons e velhos amigos de sempre, quero fazer novas amizades.

“Gosto muito de cuidar dos netos no meu tempo livre”

Para cuidar de netos, preciso ter disposição física. Mais uma vez, a necessidade de cuidar do meu corpo.

* * *

A partir destas constatações, elaborar metas se torna uma tarefa um pouco mais fácil. Cada item se transformará em uma meta (não do ano, mas meta da vida) que engloba as seguintes áreas da vida: casamento, saúde física e mental, filhos, estudar coisas novas, tranquilidade financeira, hobbies e relacionamentos.

É desta forma que trago o meu futuro para o presente.

Se eu quer manter o meu casamento feliz, o que eu tenho feito hoje para que isso se perpetue?

Se eu quero ter saúde na velhice, tanto mental como física, o que eu tenho feito?

Se quero ter filhas conscientes, educadas e bem criadas, o que tenho feito para que isso aconteça?

Se quero aposentar mais cedo, o que tenho feito para que isso seja possível?

Vai se surpreender como muitas vezes a resposta é um “Preciso melhorar” ou até mesmo um “Não estou fazendo nada”.

Vocês viram o meu caso em relação a saúde. Quero envelhecer com saúde, mas não tenho feito nada para que isso se torne realidade (já estou providenciando).

Se você quer criar o seu futuro, o segredo é pegar um grãozinho de areia hoje para criar seu castelo de amanhã.

~ Yuka ~