Minimalismo

Quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa.

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Twitter: @itslucasaguiar

Muitos de vocês já devem ter visto esta foto viralizar.

A vida está cheia de pessoas dando desculpas. A faculdade que fica para depois por falta de dinheiro. A academia que fica pra depois por falta de disposição. Os encontros com os amigos que ficam pra depois por falta de tempo. E desculpas após desculpas, não percebemos que a vida vai se esvaindo e o tempo vai passando…

Claro que não temos como viver pensando somente no agora, no imediatismo, mas de tudo o que queremos/precisamos fazer, quanto estamos adiando?

O encontro com o amigo que poderia acontecer neste fim-de-semana.

Aquela viagem de bate-volta, perto da cidade que poderia acontecer ainda neste mês.

Aquele restaurante que inaugurou faz 1 ano e que ainda não deu tempo de conhecer…

Aquele telefonema (ou uma mensagem de WhatsApp) dizendo que está com saudades da amiga, poderia acontecer neste exato momento.

A vida é muito curta para adiarmos tantas coisas boas.

Quando se vê, a vida já passou. Quando se vê, já é tarde demais.

Gosto muito do poema do Mário Quintana que descreve bem o que estamos passando:

O Tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…

Mário Quintana

~ Yuka ~

 

Minimalismo

Crie rotinas que tornam a sua vida melhor

Laptop, Café, Tabela, Ar, Fundo, Bebidas, Blog, Blogger
Todas as imagens deste post são da Pixabay.

A parte ruim da vida moderna é que a vida se tornou muito corrida.

Tão corrida, que a rotina nos atropela diariamente, mal dando tempo de aproveitar os pequenos prazeres da vida.

Se a rotina faz com que tudo se funcione no piloto automático, por que não fazer com que hábitos prazerosos também se tornem rotina?

E é com essa introdução que eu apresento as rotinas que tornam a minha vida mais leve:

Todo dia é dia de Café da Noite

Latte Art, Café, Café Com Leite, Gangneung

Para alguns pode soar absurdo, mas eu e meu marido tomamos nosso cafezinho da noite. Muitas vezes quando ele vai colocar as meninas para dormir, acaba dormindo junto. E aí lá vai eu acorda-lo para ter a minha companhia do café. Outro dia uma pessoa perguntou “você acorda seu marido às 23h pra tomar café?” Sim… é o momento mais gostoso do meu dia.

Quarta-feira é dia de filme

Pessoas, Mulher, Tv, Filmes, Televisão, Feminino, Feliz

Certo, tem semanas que simplesmente é impossível assistir algo, mas na medida do possível, estamos tentando resgatar esse costume. Quarta-feira é dia do meu marido fazer home-office, o que significa que quando chego em casa, ele já está me esperando, tornando o fim da nossa noite bem produtiva. É o dia que quando não assistimos um filme, nosso Café da Noite” dura 2,  3 horas…

Sexta-feira é dia de “Sexta-feira Feliz”

No post anterior, comentei sobre a Sexta-Feira Feliz que eu faço com as minhas filhas. Na volta da creche, diariamente, eu passo na frente de diversos comércios e ambulantes que vendem guloseimas, e sei que é uma grande tentação para as crianças (se até para o adulto é…). São lojas de doces, esfiharias, lanchonetes, sorveterias… fora os pipoqueiros, tem gente que vende açaí, milho cozido, tapioca, cachoro-quente etc. Minhas filhas pedem para comprar algo para comer na volta da creche, e eu sempre digo que não, mas permito que elas escolham 1 coisa às sextas-feiras. Isso fez com que elas tenham aquela ansiedade boa da chegada da sexta-feira, além de estarem aprendendo a ter paciência.

Fim-de-semana é dia de fazer bolo (ou qualquer outra coisa gostosa)

Biscoitos, Chocolate, Sobremesa, Doces, Bolo, Geada

Eu costumo reservar o fim-de-semana para fazer alguma coisa gostosa para a minha família. Além de um almoço caprichado, faço sempre alguma coisa para agradar meu marido e as crianças. Às vezes é bolo, um pão caseiro, uma focaccia, um brigadeiro, um bolinho de chuva, etc.

Quarta-feira e Sábado é dia de passar no mercado orgânico

Produtos Hortícolas, Jardim, Colheita, Orgânicos, Verde

Toda quarta-feira à noite (eu sozinha) e sábado de manhã (com a família toda) eu passo numa loja que vende somente produtos orgânicos que fica a alguns quarteirões de casa. Abasteço a minha geladeira e a fruteira com morangos, bananas, maçãs, brócolis, pepino, pimentão, tudo orgânico. É vida entrando dentro de casa. É consumo com propósito.

Almoçar em um lugar bem legal com a família 1 vez por mês

Pequeno Almoço, Alimentos, Comer, Refeição, Manhã

Eu tento escolher um lugar bacana para almoçar com a família pelo menos 1 vez por mês. Acho importante que as crianças aprendam a se comportar em local púbico, como em um restaurante. Que aprendam a esperar, aguardar pelo prato, a não sair da cadeira enquanto almoça, e para que descubram novos sabores…

Almoçar em um lugar bem legal só eu e meu marido 1 vez por mês

Pessoas, Homem, Mulher, Casal, Segurando As Mãos

A mesma coisa vale para mim e para o meu marido. Tentamos almoçar juntos, só nós dois, pelo menos 1 vez por mês. Acho importante esse momento que nós temos. Para isso, aproveitamos a quarta-feira que ele faz home-office. Como eu moro relativamente perto do meu trabalho, ele vai de metrô me encontrar e almoçamos em algum juntos.

Tomar banho junto com as crianças durante a semana

Durante a semana, tenho o costume de tomar banho com as minhas filhas. Quando eu só dava banho nelas, elas faziam birra, não queriam tomar banho, era uma tarefa árdua. Quando passei a tomar banho com elas, nunca mais tive esse problema. Elas adoram tomar banho comigo. Enquanto elas brincam dentro da bacia, eu dou banho e ainda tomo banho. A melhor parte é que agiliza muito, e todo mundo sai de banho tomado.

* * *

Essas são algumas das rotinas que eu tento estabelecer. Algumas (como a feira orgânica) são decisões recentes e portanto, iniciativas recentes. Outras, são mais antigas.

Para que as decisões acima se tornassem um hábito, eu precisei anotar durante semanas na minha agenda do celular para que eu não esquecesse. Todo início do mês, eu anotava na agenda “escolher restaurante para ir com marido”, “escolher restaurante para ir com as crianças”, “comprar orgânicos”, “qual filme assistir?”, entre outras anotações.

Meu marido sempre comenta que quando ele era criança, a mãe dele fazia compra no supermercado uma única vez por mês (por conta da inflação). Como a família dele não tinha muito dinheiro, ela liberava algum doce apenas nas sextas-feiras. Ele lembra desse período com muito carinho. E foi inspirado na mãe dele que eu criei para as minhas filhas a “sexta-feira feliz”, torcendo para que elas lembrem das nossas sextas-feiras felizes quando forem maiores… e também de todas as outras nossas rotinas.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Filhos e dinheiro: como temos lidado

mesada

Aqui neste texto, eu vou dividir a questão de dinheiro vs filhos em 3 partes. A primeira é como estamos lidando atualmente, depois como pretendo lidar com a mesada e depois sobre herança.

COMO ESTAMOS LIDANDO ATUALMENTE

Quando eu estava grávida, o gerente do meu banco entrou em contato para conversarmos sobre abertura de um plano de previdência privada para a minha filha. Ouvi atentamente toda a explicação, e no fim, saí da agência com uma única certeza: de que eu deveria me preocupar mais com a minha aposentadoria, e não com o plano previdenciário da minha filha. Entendi que se abro um plano no nome das minhas filhas, e se por algum motivo eu realmente estiver precisando do dinheiro quando elas completarem 18 anos (posso estar desempregada, doente etc), eu não poderei usar este dinheiro – a não ser que elas concordem em abrir mão – já que o dinheiro estará no nome delas.

Eu tenho muito claro para mim que as minhas filhas terão todo o tempo do mundo para conquistar a própria independência. Quando elas tiverem os seus 37 anos, – idade que eu tenho hoje – eu terei 71 anos. E por isso mesmo, sei que preciso pensar na minha tranquilidade financeira.

Vejo muitos pais pagando mensalmente uma previdência privada para os filhos, mas não terem uma reserva de emergência para si. Claro que acreditamos que os filhos irão nos ajudar em caso de necessidade, mas não podemos, nem devemos contar com essa possibilidade. E se eles estiverem desempregados? E se eles estiverem em dificuldades?

Considerando isso, atualmente, eu faço 2 coisas com as minhas filhas:

1.) quando elas vão ao supermercado comigo, às vezes deixo elas escolherem algo para levar até um determinado valor. Se querem levar mais de 1 coisa, precisam escolher qual item quer levar mais. Assim, já vai aprendendo desde cedo que não se pode ter tudo na vida, que a vida são feitas de escolhas e principalmente, renúncias. Por muitas vezes, vi (com muito orgulho) a minha filha mais velha franzindo a testa, quebrando a cabeça para decidir o que iria levar: uma barra de chocolate ou um saquinho de pipoca. E é exatamente esse exercício que eu quero que ela faça: de fazer escolhas.

2.) Outra coisa que eu faço com elas é a “sexta-feira feliz”. Toda sexta-feira quando voltamos da creche, deixo elas escolherem alguma bobeirinha pra comer, pode ser pipoca, sorvete, pirulito, milho cozido, passar em uma loja de doces, ou no supermercado, o que elas preferirem. Isso tem feito com que elas aprendam a esperar, a ter paciência. Quando elas pedem para comprar algo na segunda, terça, quarta ou quinta-feira, eu explico que “hoje” ainda não é sexta-feira. E elas compreendem. Ou seja, como elas sabem que em um dia da semana poderão comprar o que têm vontade de comer, não fazem birra quando digo “não”. Se eu nunca deixasse comprar, ou melhor, se elas não soubessem quando seria a próxima vez que conseguiriam comer o que têm vontade, talvez fizessem birra. Outra coisa que eu costumo falar é que “eu não estou falando que você não pode comer pipoca, só estou dizendo que não compraremos pipoca hoje, mas podemos fazer pipoca em casa”. Quero que elas saibam que se não podemos comprar, podemos fazer, podemos criar, podemos inventar, podemos substituir…

Essa prática de fazer a “sexta-feira feliz” nos trouxe um outro benefício: a de entrar em lojas de brinquedos, sem que eu precise comprar algo. Sim, elas não fazem birra nas lojas de brinquedos, nem na loja de doces. Eu já expliquei que elas ganham presentes 3 vezes por ano: no aniversário, no dia das crianças e no Natal.

Elas entram nas lojas, olham, brincam, “anotam mentalmente” o que querem, e depois saem das lojas sem fazer birra, pois sabem que ainda não é o momento certo para ganhar brinquedos.

Às vezes dou algumas moedas para comprarem pirulito na doceria do bairro. Outro dia minha filha mais velha ficou triste, porque percebeu que quando se compra o pirulito, fica sem a moeda. Expliquei que é assim mesmo, trocamos o nosso dinheiro por comida, brinquedos…

COMO PRETENDO LIDAR COM A MESADA NO FUTURO

Como as minhas filhas são muito pequenas, elas ainda não ganham mesada. Já ouvi dizer que o valor é muito subjetivo para cada família. Ele não deve ser pouco a ponto da criança desanimar por demorar demais para conseguir poupar para comprar o que quer, mas também não pode ser muito a ponto de achar que dinheiro cresce em árvore.

Cada família precisa avaliar o valor ideal, considerando as necessidades da idade.

Considerado o valor, eu pretendo dar um pouco a mais, mas isso porque tenho o intuito de incentivar a poupar desde pequenas. No início, claro, a criança não vai entender o que está fazendo, mas pretendo orientar a guardar de 30 a 40% do que recebe de mesada. Aos poucos essa prática vai se tornando natural.

No início, pretendo falar algo do tipo: “se você não usar o seu dinheiro por 10 dias, você terá uma moeda no décimo primeiro dia”, o que iria sugerir as noções básicas dos juros compostos. Afinal, o dinheiro “brotaria” três vezes por mês.

Quando estiverem alfabetizadas, e sabendo noções básicas de matemática, pretendo abrir conta em corretoras independentes para auxiliar nos investimentos, não com o meu dinheiro, e sim, com o dinheiro economizado das suas mesadas.

Claro que terá outras iniciativas, por exemplo, se me ajudarem a economizar na conta de luz, metade do valor economizado irá para elas, ou algo parecido.

Se elas souberem desde cedo, o que eu só descobri depois dos 30 anos de idade, com dedicação e foco, conseguirão alcançar a independência financeira ainda jovens.

SOBRE HERANÇA

Outra coisa que eu tenho muito claro na minha cabeça, é a ordem de prioridades: se os pais estão bem, os filhos ficarão bem. Sabe aquela orientação que recebemos quando embarcamos em um avião? Coloquem as máscaras primeiro e somente depois nos filhos? É basicamente assim que eu penso.

Isso significa que enquanto muitas famílias pensam em deixar um imóvel ou uma herança no nome dos filhos, eu penso no meu marido, e ele em mim.

Tenho a consciência de que sou um caso à parte por pensar mais no marido do que nas filhas se eu vier a falecer. Isso acontece, porque eu confio plenamente no meu marido e também confio na integridade dele, como pai e principalmente como pessoa. Tenho certeza de que meu marido faria de tudo, até o impossível, para que nunca falte nada para as nossas filhas.

Quero ensiná-las desde cedo a compreenderem que o dinheiro que nós estamos juntando para a aposentadoria, é nosso dinheiro: da mãe e do pai. Não serão delas. E por isso mesmo elas precisarão também pensar no próprio futuro. Não quero que elas cresçam achando que podem contar com o nosso dinheiro, pois já vi pessoas brigando sobre herança de pais que nem doente estavam.

Na minha casa, dinheiro definitivamente não é um assunto tabu.

~ Yuka ~

 

 

 

Dinheiro, IF e FIRE

Como curtir uma viagem e economizar ao mesmo tempo

Uma leitora perguntou semana passada em qual hotel eu havia me hospedado em Águas de Lindóia, e com isso resolvi escrever sobre esse assunto, pois sei que viajar está ficando caro para todo mundo.

Uma das táticas que eu uso é acompanhar de vez em quando o site do Groupon. A maioria das promoções, não são tão proveitosas, mas às vezes surge uma oportunidade no meio deles que vale muito a pena aproveitar.

Um exemplo disso é a hospedagem que comprei em Águas de Lindóia. Uma cidade perto de São Paulo, bem pequena e tranquila, perfeita para descansar.

Este foi o hotel que nos hospedamos (fotos do próprio hotel Mantovani):

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Paguei R$739 pelas 3 noites. Caro? Talvez sim, talvez não, já que caro ou barato é muito relativo, depende do orçamento disponível familiar.

Para mim, o preço foi bom.

1.) A primeira vantagem é que as crianças não precisavam pagar. E apesar delas não serem pagantes, o hotel nos ofereceu um quarto com 1 cama de casal com 2 camas de solteiro.

2.) Esta promoção valia para a baixa temporada, ou seja, de fevereiro até junho. Como teria um feriado no dia 1 de maio, resolvi emendar a segunda e terça-feira para tirar a minha “mini-férias”. Lembrando que uma viagem sem a promoção, eu pagaria o dobro do valor pago. Se fosse em alta temporada, pagaria o triplo do valor.

3.) Esse hotel oferece pensão completa, ou seja, café da manhã, almoço e jantar inclusos. Com isso, não precisamos nos preocupar com nada.

Agora vou desmembrar os números para clarear um pouco mais o título deste post:

As 3 noites para 2 adultos e 2 crianças (cortesia) custaram R$739. Significa que a diária para o casal seria de R$246,33. Por pessoa R$123,16.

Esse valor de R$123,16, se descontasse o café da manhã (R$20), o almoço (R$35) e a janta (R$35), daria R$33,16 a diária por pessoa. O valor do café da manhã e o almoço eu estipulei, mas acredito que até gastaria mais.

Isso sem esquecer que levei 2 crianças não pagantes que puderam dormir cada uma na sua cama, e apesar delas terem 2 e 4 anos, elas comem bem. Melhor impossível.

Agora pensa numa comida boa…. pensou? O restaurante deste hotel é ma-ra-vi-lho-so. Gente, de verdade, valeu cada centavo. A cidade é bem pequena, não tem muito o que visitar. Mas valeu muito por causa da comida, da hospedagem, da piscina aquecida com hidromassagem, dos funcionários educados, do paisagismo, dos diversos espaços disponíveis no hotel, a infra-estrutura, etc. Aliás, o hotel investe bastante no quesito paisagismo, e havia diversos lugares pra gente aproveitar e curtir a família. Eu que moro em São Paulo, às vezes só quero sossego.

Vocês acham barato uma diária de R$33,16 por pessoa? Eu acho rs.

É dessa forma que economizamos gastando. Fazendo a mesma viagem, no mesmo local que queríamos ir, mas fazendo escolhas inteligentes.

~ Yuka ~

Minimalismo

Minimalismo na visão de um leitor que tem 64 anos de idade

Esta semana, recebi um e-mail muito interessante de um leitor (que pediu para não ter seu nome divulgado) que tem 64 anos de idade, compartilhando sua experiência de vida sobre o minimalismo, acúmulos e desapegos.

“Olá Yuka, olá a todos que interagem neste Blog.

Venho há muito acompanhando as transições do modo de vida, assim posso relatar um pouco do cotidiano. Um amigo me disse certa vez: “Passamos a vida toda acumulando coisas, para na velhice passar a se desfazer delas… Então, parece óbvio, por que acumular?”.

Realmente é uma certeza: compramos terrenos em praias, chácaras, compramos carros, motos. Sempre pensando: vou construir, vou passar minhas férias ou até me aposentar. Aí, quando se aposenta, os conceitos mudam, queremos paz de espírito, tranquilidade, nenhuma preocupação de coisas que teremos que pagar pelo resto da vida como IPTU, IPVA, impostos e seguros em geral, quase não dormir à noite por isso.

Hoje, com 64 anos, posso dizer que realmente é difícil vender tudo que se acumulou, difícil de se desfazer do que se tem, isto até pelo fato de que, por sermos uma família grande, sempre moramos em casas grandes, atulhadas de coisas. Com o passar do tempo, sempre adquirindo muito, muito mais, construindo ou morando em casas maiores. Aí para se vender, além de demorar demais, não se encontra quem os compre ou pague o preço que se investiu. Basta passar pelos centros de muitas cidades e ver o número de imóveis abandonados, muitos em decadência a serem vendidos.

Quando envelhecemos, os filhos partem para suas carreiras “solo”, aí fica o vazio, aquela imensidão de casa, tantas coisas acumuladas e o que fazer.

Assim, eu e minha esposa, tomamos a decisão: saímos de uma grande casa, aportamos num pequeno apartamento, nos desfazemos de tudo que fosse possível e mantemos o mínimo para viver com tranquilidade. Quando se faz isso, tira-se um fardo dos ombros, não temos que nos preocupar mais com que não temos, isto porque não nos fará mais falta.

Para quê se ter uma casa na praia, chácara ou carro bom, se tudo que precisamos é ter uma condição que nos permita utilizar aplicativos de viagens, tantos para locomoção como para hospedagem, tudo está online, só precisamos de um celular que nos conecte.

Hoje precisamos sim de bom senso, saber buscar oportunidades, ofertas vantajosas e disponibilidade para utilizar tudo que nos rodeia, o consumismo desenfreado da humanidade (haja 1,99 nesta vida) os torna escravos deste consumo. Ser um passarinho seria a solução, isto é, viver o presente, acordar cantando e viver na alegria, cantar muito quando chove e valorizar tudo que a natureza nos oferece.

Quando envelhecemos, damos mais valor à saúde, ao presente, não temos pressa nem ansiedade pelo futuro, isto nos faz pensar e aproveitar mais a vida.

Assim, com toda vivência, mas ainda muito a aprender, posso dizer aos leitores: busquem, vivam uma vida mais simples, invistam em conhecimentos, economizem muito, poupem muito, consumam menos. Sua saúde, a natureza, o planeta e as pessoas à sua volta estarão melhores.”

A penúltima frase que o leitor escreveu, de que “quando envelhecemos, damos mais valor à saúde, ao presente, não temos pressa nem ansiedade pelo futuro, isto nos faz pensar e aproveitar mais a vida.” faz todo o sentido, principalmente para nós, minimalistas.

Quando passamos a focar no essencial e eliminamos o resto, estamos buscando justamente isso, dar mais valor ao presente.

Sem saúde física e mental, sem família, sem amigos, sem tranquilidade, a velhice não terá o seu brilho. Aproveitar a vida, é viver o presente, estar com pessoas, compartilhar histórias… E para isso, é preciso desacelerar.

Gostaria de agradecer o leitor por compartilhar a sua experiência.

~ Yuka ~