Auto-Conhecimento · Minimalismo

Estou saindo de São Paulo. Viva!

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Crédito da foto: Gabriel Ramos
@gabrieluizramos

Hoje quero compartilhar uma notícia com vocês… estou saindo de São Paulo.

Não, diferente da Sempre Sábado, não pedi demissão do meu emprego rsrs.

Então já devem imaginar que a cidade escolhida é relativamente próxima de São Paulo, pois apesar de hoje trabalhar remotamente por conta da pandemia, ainda acredito que um dia voltaremos a normalidade e trabalhar de forma presencial. Pelo menos é assim que quero acreditar.

Esse momento em que nos encontramos atualmente, acabou trazendo muitas reflexões para mim e para o meu marido.

Meu marido sempre teve vontade de sair de São Paulo. Desistiu de morar no exterior por minha causa. Desistiu de propostas de emprego em outros estados por minha causa. Mas quando ele citou uma determinada cidade, algo acendeu dentro da minha cabeça e surgiu a pergunta:

“Por que não?”

A cidade é próxima de São Paulo, minha mãe ainda conseguiria ver com frequência as netas, eu poderia continuar no meu trabalho, meu marido ficaria muito feliz, minhas filhas teriam mais qualidade de vida, praças e parques à disposição, uma cidade menor facilitaria inclusive a minha vida, já que poderia levar as crianças a pé para a escola, para a casa das amigas, passeios à lazer.

Inclusive, é uma cidade em que eu seria muito feliz sendo FIRE.

Conversamos sobre prioridades, do que era importante para nós.

Dei início à muita, muita pesquisa. Passei dias, semanas e meses verificando a viabilidade dessa mudança de cidade, afinal, mudar sozinha é uma coisa, mudar com a família é outra responsabilidade. Calculei rotas, distância para o trabalho, opções de condução, preço dos imóveis, qualidade e localização das escolas, taxa de criminalidade, a escolha do melhor bairro para quem não tem carro (porque ainda pretendo não ter um), a estrutura do bairro e o que ele proporciona em relação a qualidade de vida… e depois de tantas perguntas respondidas, finalmente, com frio na barriga, decidimos sair de São Paulo.

Decidido o bairro, olhei no Google Maps todos os serviços que costumo utilizar: supermercados, feiras de rua, farmácias 24 horas, locadoras de carros, academias, padarias, lojas de jardinagem, papelarias, hospitais, parques e praças, tudo que possa ser útil no meu dia-a-dia.

Após conhecer os principais serviços do bairro, gosto de morar bem no meio de todas as coisas que eu preciso, porque desta forma, tudo será perto da minha futura residência. Basicamente, coloco meu dedo no mapa e digo assim “vou morar exatamente aqui”. E com isso, tenho de 2 a 3 nomes de ruas específicas que desejo morar.

Depois que aprendi esse meu jeito particular de escolher imóveis, eu nunca mais escolhi um lugar para morar de forma aleatória. Eu não escolho minha casa por causa do prédio, se tem varanda gourmet ou academia. O meu principal critério sempre foi a localização.

Somente depois de escolher a rua (e em muitos casos, tenho nome da rua, e a quadra que quero morar), que inicio o monitoramento de oportunidades em sites de imobiliárias. Ou seja, quando vou buscar um imóvel, já conheço bem as ruas do bairro e sei inclusive o nome da rua que quero morar.

Tudo aconteceu muito rápido. Encontrei um imóvel bem na rua que queríamos morar, exatamente na quadra que desejávamos, com um valor abaixo do que esperávamos pagar. Em menos de 1 mês, tudo estava acertado, essa é a vantagem de morar de aluguel.

O meu futuro apartamento tem uma pequena varanda com vista livre, bate sol de manhã e à tarde, fica em uma rua bastante tranquila em um bairro muito, muito bem localizado.

Para quem acha que bairro bom, costuma ser caro, acertou. Daí a importância de não ficar acumulando tralhas dentro de casa. Imagine ao invés de alugar um apartamento de 100m2, alugar um de 60m2. Sai bem mais em conta.

Apesar da família ter dobrado de tamanho (antes era eu e meu marido, hoje somos em 4 pessoas) a cada mudança, o tamanho do caminhão que contratamos vai diminuindo.

Aliás, o tamanho da casa também tem diminuído. Antes eu morava em um apartamento que possuía quintal, num total de 120m2. Depois morei em um apartamento de 85m2. Hoje moro em um apartamento de 70m2. E apesar da imobiliária ter informado que o meu próximo apartamento tem 70m2, desconfiei que ele era menor, e levei uma trena para medir. Sim, ele tem 60m2.

Tendo menos coisas, conseguimos morar em um apartamento do tamanho da nossa real necessidade. Nem mais, nem menos. Não precisamos de um quarto extra para armazenar as tralhas, nem de uma cozinha grande, pois teremos somente o necessário. Isso significa que é possível morar em um apartamento menor do que a maioria das pessoas que possuem muitas tralhas. Se o apartamento é menor, paga-se menos pelo aluguel, menos pelo condomínio, menos energia (pois usamos lâmpadas de menor potência), menos móveis, menos produtos de limpeza, menos tempo limpando e arrumando a casa.

Durante alguns meses, enfrentaremos o período de transição, já que minhas filhas ainda frequentarão a creche de São Paulo (e não quero abrir mão, já que a creche é maravilhosa), mas assim que elas forem entrando no ensino fundamental, sei que as coisas vão se tornar cada vez mais fáceis, já que a tendência será concentrar tudo na cidade em que moraremos.

Com um sentimento de profunda gratidão, deixo meu apartamento em São Paulo. Guardarei ótimas lembranças desse período, pois fui muito feliz.

Na minha nova cidade, vou continuar fazendo tudo a pé. E é desta forma que eu consigo desacelerar o ritmo da cidade, aliando qualidade de vida e localização estratégica, pois já faz um tempo que eu percebi que a cidade desacelera quando a moradia tem localização estratégica.

Encerro este post com uma frase do marido:

Nós não seremos felizes no novo apartamento.

Nós CONTINUAREMOS sendo felizes no novo apartamento.

~ Yuka ~

Minimalismo

Por que é tão complicado viver uma vida simples?

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Viver uma vida simples vai se tornando um desafio a cada dia.

Mas por quê?

Porque temos a ingrata mania de complicar (e ainda achar que a culpa é do outro). Ponto.

Há 2 pontos que considero cruciais:

  • se importar com julgamento de terceiros
  • acúmulo de objetos/obrigações

Se importar com julgamento de terceiros

Claro que por vivermos em comunidade, imitamos o que os outros fazem para nos sentirmos incluídos. As indústrias/empresas/pessoas sabem muito bem disso e investem pesado em propaganda e marketing.

Consumimos para não sermos julgados. Usamos as roupas da moda, o relógio do momento, o celular recém-lançado, frequentamos os locais badalados e por aí vai.

Queremos mostrar para pessoas como somos felizes. Aliás, não queremos mostrar, queremos provar que somos felizes. Não basta mais se divertir em silêncio, queremos mostrar para os outros o quanto estamos e conseguimos ser felizes.

O jantarzinho do fim-de-semana se transforma em um super jantar romântico nas redes sociais. Aquela viagem para a praia num dia nublado se transforma praticamente numa praia do Caribe com a ajuda de aplicativos de edição. Ao invés de prestar atenção na comida do restaurante, a maior preocupação se tornou em tirar a foto perfeita, do melhor ângulo e iluminação para publicar em alguma rede social, e receber meia dúzia de curtidas.

Conheço pessoas que moravam perto do trabalho, e inventaram de comprar um imóvel em um bairro longe do trabalho, pois era o único local que dava para financiar. Pronto. Agora faz um trajeto de 1 hora a 1 hora e meia todos os dias, amassado dentro do transporte público. Ida e volta são 3 horas no trânsito, sendo que antes trabalhava tão perto. A pessoa chega cansada em casa, sem vontade de conversar, o humor muda, o dia já não é tão colorido como antes.

Agora com a pandemia, a renda encolhendo e vendo os amigos próximos perdendo emprego, surge a dúvida em relação àquele financiamento que parecia um negócio da China: “será que vou conseguir honrar as dívidas?”

As pessoas compram as coisas sem avaliar direito o seu uso…. compram um carro potente para andar nas ruas congestionadas de São Paulo; compram um apartamento de 3 dormitórios sendo que mora sozinho; aliás, moram em um condomínio que tem churrasqueira, piscina, academia, sauna, salão de festas, brinquedoteca, que você paga mensalmente para os outros usarem, mas você mesmo, usa pouco. Pagam uma academia com plano completo, sendo que usam somente a esteira para correr; equipam a cozinha toda, mas comem fora todos os dias.

E por se importar tanto com julgamento alheio e vivendo de aparências, se afasta do que é mais importante: da sua própria essência.

Acúmulo de objetos/obrigações

Sabe aquele quadro inocente que você comprou para decorar a casa? Parabéns, agora terá que tirar a poeira de tempos em tempos.

Sabe aquela roupa que você comprou sem pensar? Nem pensou direito se o tecido amassava ou não, e agora terá que passar as roupas, se quiser usa-la.

E aquele terno que você comprou para ir no casamento da sua prima? Agora terá que levar para a lavanderia pelo menos 1 vez por ano para oxigenar o tecido, se não quiser vê-lo manchado.

Aquele bibelô decorativo que comprou numa das viagens, parecia tão inofensivo, agora ele ocupa um espaço da mesa lateral do seu sofá, acumulando poeira junto com outros souvenirs. Já pensou como seria mais fácil limpar a mesa se a superfície estivesse desocupada?

E de item a item, coisas por coisas, as obrigações vão aumentando, até ter uma estafa mental.

Se você tem um relógio de parede que ganhou da sua vó, e toda vez que olha para o relógio lembra com muito carinho dela, vai fazer questão de tirar a poeira, e “perder” tempo cuidando do item.

Perceba que o problema não é ter as coisas, mas ter sem saber o motivo. Ficar tirando poeira de quadros sem sentido, de bibelôs sem significado, e de coisas em coisas, a gente acaba ocupando todo o nosso precioso tempo com essas coisas que não tem nenhum valor para a nossa vida.

E aí quando a gente percebe como a vida está preenchida com coisas que não valem a pena, até ficamos tentados em voltar atrás, e morar naquele bairro mais simples, alugar um apartamento menor, voltar a andar de transporte público e usar roupas de marcas populares. Mas o primeiro pensamento que vem é “mas o que os outros vão pensar de mim?”

É pensando nos outros que a nossa vida vai ficando cada vez mais complicada. São as nossas escolhas que torna a vida mais fácil ou mais difícil.

O André, do Viagem Lenta, já destacou em um post, o trecho do livro “Aquilo que realmente importa” que ele leu e que fez muito sentido:

Eu sempre gostei de pensar que quando a gente vem à vida recebe uma estrada desconhecida à frente e uma mala de viagem. E, exatamente por isso, é muito fácil acreditar que o objetivo de estarmos aqui é encher a mala ao máximo, como se isso fosse a prova irrefutável de que a viagem foi um sucesso.

Assim passamos a jornada nos preocupando em acumular posses e, percebemos aflitos que a mala nunca fica cheia o bastante. Então continuamos insistindo e a enchendo mais e mais e não notamos que com isso ela vai se tornando cada vez mais pesada e difícil de carregar. Quando nos damos conta, estamos a arrastando pelo caminho e perguntando por qual razão estamos tão cansados.

A verdade é que há um truque nessa mala: no final da estrada, descobrimos que ela não segue viagem conosco. A gente pode tentar preenchê-la com o que quiser, mas quando acaba a temporada aqui, tudo o que podemos levar é o resultado de nossas ações. A gente só leva da viagem a consciência da viagem que se fez. Todo o resto fica. A mala não é o objetivo, a estrada o é. Você pode aproveitar o caminho, ou se arrastar por ele. É uma questão de escolha.

Quem tiver interesse em ler o post do André que aborda um pouco sobre o livro, clique aqui.

Gostaria de convidar a leitura de um post do Aposente Cedo, sobre a sua experiência em relação aos excessos: Maximalismo: da quitinete à mansão. O post relata a impressionante capacidade dele e de sua esposa de reconhecer excessos e dar um passo para trás por um objetivo maior: a liberdade.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE · Minimalismo

Voando abaixo do radar

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Que a felicidade incomoda, não é mais segredo para ninguém. Além da felicidade, o sucesso dos outros também incomoda muita gente.

Eu aprendi com o tempo a voar abaixo do radar.

Isso significa que aparento ser bem menos do que de fato eu sou, ou do que possuo.

Não converso sobre investimentos com os outros, às vezes alguém resolve me dar conselhos financeiros, e eu ouço-os com atenção, mesmo sendo bem ruins, eu tenho preferido demonstrar desconhecimento e desinteresse sobre o assunto.

Moro num apartamento alugado onde as pessoas do meu condomínio não fazem ideia do meu objetivo de sair fora do sistema. Apesar de eu adorar meu apartamento, ele é mais modesto quando comparo com os apartamentos dos meus amigos.

Uso roupas simples, de marcas aleatórias, ando de transporte público.

No meu ambiente de trabalho, interajo com pessoas conformadas em terem que trabalhar até os seus 70 anos. Quando alguns (ou todos?) começam a lamentar a vida dura, de ter que trabalhar até morrer, de que temos o dever de gastar todo nosso dinheiro para aproveitar um pouco dessa vida sem graça, meu amigo (que eu ensinei sobre a independência financeira e foi um dos pouquíssimos que resolveu embarcar na mesma jornada) costuma me chutar embaixo da mesa para eu falar algo, mas eu não digo nada.

Com muito custo, compreendi que o diferente ofende, e o que faço (buscar a aposentadoria antecipada), beira algo próximo à aberração. Para os olhos dos outros, poupar parte do meu salário para o meu futuro parece ser algo muito, muito errado. E esse julgamento, não vem apenas de colegas, mas de amigos e familiares próximos.

E com isso, parei de compartilhar conhecimentos e comecei a voar abaixo do radar para não chamar atenção das pessoas.

Em hipótese alguma eu deixo de estudar, adquirir novos conhecimentos, conhecer novas pessoas. Eu continuo evoluindo. Eu só não compartilho isso numa roda de conversa.

Tenho achado mais fácil acharem que sou um deles do que mostrar que estou trilhando um caminho diferente.

Meu marido adora isso. Ele diz que é como se vivêssemos em um mundo paralelo, um mundo secreto, onde só nós dois compartilhamos desse segredo.

“Mostre menos do que tem e fale menos do que sabe” ~ William Shakespeare ~

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Minimalismo

O que você faz com as pedras do seu caminho?

Subir Ao Topo, Subir, Sucesso, Montanhismo, Montanha

Semana passada, uma leitora perguntou quais foram as estratégias que utilizei para mudar minha forma de pensar em relação a alguma coisa que eu queria muito.

Quando eu quero muito uma coisa, costumo pensar tudo de trás pra frente.

Eu penso como estarei e serei, no futuro.

E aí, como se eu estivesse rebobinando a fita (essa é para os antigos heim), vou voltando no tempo até chegar nos dias de hoje.

No caso da Aposentadoria Antecipada, depois que minha primeira filha nasceu, eu descobri o quanto queria ficar perto dela, mas não podia, pois tinha que trabalhar para pagar as minhas contas. Uma coisa óbvia, mas que me fez perceber o quanto eu não era livre como costumava achar. Depois de fazer diversas buscas pela internet, descobri a comunidade FIRE (Financial Independence Retire Early) e eu decidi um limite de idade para aposentar antecipadamente.

Por ter descoberto isso somente depois de me tornar mãe, não poderia parar de trabalhar enquanto elas fossem pequenas, mas saber que era possível parar de trabalhar muito antes da maioria das pessoas me animou muito. Tentei imaginar qual seria uma renda ideal, e assim, estabeleci um valor confortável para viver. Mas vocês sabem que sou muito prudente, e principalmente levando em conta que tenho 2 crianças em idade escolar, achei mais seguro dobrar esse valor. Num cenário com muita folga (vamos chamar de cenário pessimista: aportes baixos, juros baixos), eu poderia me aposentar quando minhas filhas tivessem 16 e 14 anos de idade.

Com o valor mensal (dobrado) desejado na cabeça, fiz o cálculo da Taxa Segura de Retirada de 4% para saber o montante total do patrimônio que eu deveria juntar. Quem tiver dúvida sobre esse cálculo, consulte aqui o artigo do Aposente-se aos 40.

Já ciente do valor do patrimônio total, peguei uma calculadora de juros compostos e fui ajustando as variáveis: 1.) o valor do patrimônio que eu já possuía, 2.) do tempo que eu tinha até a aposentadoria antecipada, 3.) a rentabilidade estipulada, e finalmente, 4.) os valores dos aportes.

Com isso, descobri qual era o valor que eu precisava aportar todos os meses, se eu quisesse aposentar mais cedo. Fui fazendo as contas até chegar dentro dos meus padrões orçamentários. Já com o projeto em andamento, meu papel era eliminar excessos e desperdícios, além de aumentar os aportes para antecipar a data da aposentadoria.

Algo parecido se repete nas outras áreas da minha vida, já escrevi sobre isso no aspecto pessoal: “Como trazer seu futuro para o presente“.

Quando sei onde quero chegar (futuro), não é difícil voltar no tempo até os dias de hoje (presente) para avaliar o que estou fazendo de errado. Assim, tenho tempo suficiente para corrigir minhas atitudes de hoje, para que o meu futuro se torne algo bem próximo do que imagino.

Se há algo que me incomoda e não mudo, meu futuro será uma bola de neve das atitudes não tomadas de hoje. E há uma grande pergunta que joga toda responsabilidade em mim:

“O que estou fazendo hoje para sair desta situação?”

Há 2 anos, publiquei um post com esse título exato: “O que você está fazendo hoje para sair desta situação?“.

Enquanto a resposta for “Nada” eu entendo que não tenho o direito de reclamar, porque não estou fazendo nada para sair daquela situação.

Outra coisa legal de se fazer é fatiar as grandes tarefas em tarefas minúsculas, tão pequenas que são fáceis de serem executadas.

Ou seja, é difícil pensar em algo grandioso como a independência financeira, mas não vamos esquecer que para isso acontecer, precisamos começar com o primeiro 1 real.

Pra mim, são como tijolinhos, um por um, vou assentando, sabendo que uma hora a minha “construção” estará pronta. Com as tarefas é a mesma coisa. Sei que no final de todas as tarefas pequenas executadas, provavelmente, terei grande chance de ter conseguido o que eu quero.

Quem tiver interesse, também já escrevi sobre isso: “Como um sonho pode sair do papel“.

Temos que usar os nossos erros (e os erros dos outros) como uma grande escola. Ter a capacidade de reconhecer os próprios erros e principalmente, ter a humildade para desaprender algo que aprendemos errado.

A dor e a raiva que sentimos podem ser transformadas em várias coisas, uma delas é ressignificar o sentimento ruim e usar como uma mola propulsora. Foi por querer fugir da violência sofrida em casa pela minha própria irmã que eu passei em uma universidade pública em outra cidade. Foi por não querer continuar mais no trabalho em que estava, que eu passei num concurso público concorrido. Foi por causa do meu divórcio que meu segundo casamento está sendo encarado de outra forma. Foi por querer ficar mais tempo com as minhas filhas que eu decidi pela independência financeira.

Os dias difíceis podem se tornar um combustível. Somos forçados a mudar, a ter mais garra, nos tornamos mais fortes, nor tornamos maiores.

Claro que tem muita gente que consegue fazer coisas fantásticas sem passar por dificuldades. Mas no meu caso em particular, as dores foram essenciais para o meu crescimento.

A gente sabe que a vida é um eterno recomeçar e que viver é um desafio. Pedras pequenas e pedras grandes fazem parte do nosso dia-a-dia. Claro que o caminho que seguimos bem que poderia ser mais reto, sem tantas curvas. Mas é o caminho que temos e podemos aprender muito com ele.

Podemos lamentar e reclamar. Ou podemos aceitar os erros, transformá-los em grandes aprendizados e por fim, ter orgulho do caminho que percorremos e da pessoa que nos tornamos.

~ Yuka ~

Minimalismo

Minimalismo: a nossa vida real nada instagramável

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Crédito da foto: Chompoo Baritone

“A nossa vida minimalista funciona bem para um Blog, mas não funcionaria para o Instagram.” Quem disse essa frase foi o meu marido.

Concordo 1.000%.

É muito legal ler que as nossas crianças usam roupas de segunda mão, mas quantos pais aceitariam que seus queridos filhos usassem roupas usadas? Minha prima e minha amiga dão as roupinhas para as minhas filhas. A minha filha é a terceira criança a usar a roupa, e a mais nova é a quarta criança, então já dá pra imaginar que as roupas não são tão novas.

Em um domingo de tarde, a única coisa que consigo prestar atenção é no cheiro do pão caseiro que está para sair do forno. Mas quantas pessoas se sentiriam satisfeitas com essa vida pacata? Será que muitas não prefeririam estar em um local mais estiloso?

É muito bom não ter carro, mas isso significa que nos dias de chuvas torrenciais, levamos as crianças para a escola de guarda-chuva e capa. Obviamente, chegamos ensopadas. E por isso mesmo, levamos peças extras para elas se trocarem na escola.

Falar que vai fazer uma festa simples em casa, significa pedir coxinha em cima da hora, fazer um bolo estilo vovó, pedir pro marido encher a bexiga, e cantar parabéns de forma desengonçada. Eu particularmente, acho isso o máximo. Adoro as fotos da minha família. Olhar as fotos (não só) das festinhas das minhas filhas é muito engraçado e me divirto demais. Há foto onde a aniversariante está de pijama, mas com chapéu de aniversário. Em outras, só de calcinha, e não sei por qual motivo, com o vestido na mão (mas com chapéu de aniversário na cabeça rsrs). Já perdi as contas de quantas vezes vi os docinhos da mesa pela metade, porque simplesmente algumas mãozinhas “assaltaram” antes de eu conseguir tirar as fotos. Será que os pais sentiriam orgulho dessas fotos? Eu sinto.

É responder para os outros que não ganhou nada no dia dos namorados (sim, tem gente que ainda faz perguntas sem noção), e nem ter a mínima vontade de justificar, porque simplesmente não faz sentido pedir algo se não estou precisando de nada.

Dizer que tem um guarda-roupa enxuto, significa usar as mesmas roupas com uma certa frequência. Eu e meu marido conseguimos passar muito, mas muito tempo sem comprar roupas. Quantas pessoas aguentariam se olhar no espelho com praticamente o mesmo guarda-roupa por anos e anos?

A vida real é muito mais sem graça do que parece.

E é justamente esta vida da qual me orgulho muito: uma vida nada instagramável.

~ Yuka ~