Minimalismo é sobre ter o que nós mais queremos

Quem quer adotar o minimalista não precisa se preocupar com privação. Não é este o princípio, pelo menos para mim.
No Japão, eu vejo que o minimalismo tem uma interpretação mais radical. Muitos deles não têm cama, dormem no chão, e quando têm, tentam se explicar que “apesar de serem minimalistas, escolheram ter uma cama”. Acho isso no mínimo esquisito, pois não consigo entender qual o problema de buscar mais conforto, ao invés de focar exclusivamente na redução de objetos.
No Brasil, vejo que muitos interpretam minimalismo como pobreza. Justificam o estilo de vida simples como minimalismo. No minimalismo, vive-se com menos por uma opção de escolha, já a pobreza não é uma opção de escolha.
Já eu, gosto do minimalismo equilibrado, sem entrar muito em rótulos ou em caixas. Gosto de pensar no minimalismo como uma busca do que é essencial para cada um, ou seja, é uma jornada interna.
Significa aprender a fazer escolhas melhores e escolhas conscientes.
Significa se conhecer melhor, buscar o autoconhecimento, descobrir o que faz feliz, independentemente da opinião alheia.
Vou compartilhar uma história com vocês.
Em 2010, há exatos 12 anos, eu fui para Vancouver, no Canadá, para um intercâmbio.
Lá, fiz amizade com o pessoal que dividia a casa, e uma coisa ficou muito evidente logo na primeira semana de convívio… esses alunos tinham um poder aquisitivo maior que o meu. Eles compravam muitas roupas, muitos souvenirs, fizeram muito mais passeios pagos do que eu, almoçavam todos os dias em restaurantes caros.
Na verdade, quem tinha o poder aquisitivo maior eram os pais desses alunos, pois a viagem era financiada por eles. Quando o dinheiro acabava, os alunos ligavam para os pais, e pronto, mais dinheiro entrava na conta bancária.
Já eu, que não era financiada por ninguém, tive que focar no que era essencial: estudar inglês e fazer passeios que não eram tão caros.
Chegando na última semana do intercâmbio, entrei em uma loja da Apple pela primeira vez e comprei o que há muito tempo queria: um MacBook.
Neste momento, os meus colegas que estavam juntos, falaram que eu era muito rica por comprar um MacBook assim, à vista, e que eles não tinham condições de comprar.
Na época eu apenas sorri e nem tentei explicar, afinal, eu teria que explicar tudo em inglês. Mas quando trago essa situação para os dias de hoje, vejo que se encaixa bem no conceito do minimalismo, que é justamente ter o que mais queremos.
Eu não queria roupas novas, não queria comprar souvenirs… eu fui até o Canadá para aprender inglês, conhecer a cidade, fazer novas amizades e se possível, voltar para o Brasil com um MacBook. O que esses meu colegas não entendiam é que eu também não tinha muito dinheiro, aliás, tinha muito menos do que eles, já que eu não tinha quem bancasse meus luxos, mas a diferença é que eu priorizei o que eu mais queria.
Eu voltei para o Brasil muito satisfeita pela experiência do intercâmbio e muito feliz pela nova aquisição.
Alguém que não conhece a história por completo, pode focar em todas as coisas que eu não tive: não tive almoços em restaurantes descolados, não voltei com a mala abarrotada de roupas importadas, nem voltei com lembrancinhas para todos os colegas do trabalho. E assim, erroneamente, podem achar que minimalismo é sinal de miséria, de escassez.
Mas quando se conhece a história completa, descobrimos que minimalismo não é sobre escassez, é justamente o oposto, é sobre definir prioridades para focar no que é mais importante.
Gosto de entender o motivo das minhas escolhas e aceitar as renúncias que vêm junto com as escolhas que faço. Desta forma, consigo fazer cada vez mais escolhas melhores e ter uma vida cada vez mais consciente.
~ Yuka ~
Essa premissa de escolhas mais assertivas está totalmente ligado a Educação Financeira, onde de “poupa” gastos inconscientes, ou seja, que não tem a ver com o que você realmente deseja, para se focar em seus sonhos e objetivos.
Se o cafezinho é importante pra você OK, bora, mas se não é, pra quê tomar?
Pra isso é necessário autoconhecimento.
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Oi Carolzita, é EXATAMENTE isso!!!! Por isso eu não entendo quando alguém fala que eu sou mão-de-vaca, porque eu sou econômica sim, mas nas coisas que eu não vejo importância. Por isso economizar é algo muito individual, muito mais psicologia do que economia. Se economizamos em algo que é muito importante para nós, nos frustraremos rapidamente com o novo estilo de vida. Beijos.
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A questão é que hoje as pessoas nem pensam antes de comprar.
Eu me considero minimalista de nascença, pois quase nunca comprei por impulso. Sempre tudo muito planejado. Na minha família o dinheiro era contado. Mas, mesmo hj com poder aquisitivo maior que meus pais eu não abandonei o hábito de pensar muito bem antes de comprar.
Já meu marido não consegue, e ele acha normal viver assim, sem se preocupar com o valor das coisas. Acaba comprando muitas coisas repetidas, não consegue voltar para casa sem uma sacola.
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Oi Anon, sim, pessoas não pensam na hora de comprar. Não sabem o que querem, nem sabem o que não querem. Por isso acabam sendo manipuladas facilmente. Sou parecida com você, tive uma infância com dinheiro contado, e mesmo hoje, após melhorar de vida, continuo pensando muito bem antes de comprar, para não sair rasgando meu suado dinheirinho. A diferença entre meu marido e eu, é que eu não tenho dó de pagar algo caro, quando é algo que quero muito e que sei que é de qualidade. Já meu marido, mesmo querendo muito, fica com dó de gastar dinheiro, e é isso que estou tentando explicar para ele, que quando já fizemos a lição de casa (de poupar por anos), o dinheiro passa a nos servir. Mas se ele continuar só acumulando e não comprando as coisas que ele quer, é ele que está servindo ao dinheiro. Beijos.
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Nunca me vi como minimalista (e nem procurei ler a respeito) mas me identifico com algumas posturas. Minha namorada diz ficar impressionada porque eu consigo rodar horas no shopping e ir embora sem comprar nada, e eu não compro simplesmente porque não preciso naquele momento.
Ao mesmo tempo, não economizo quando quero comprar equipamentos ou móveis que irão me proporcionar conforto e que sei que usarei bastante. Ela acha contraditório, eu acho que é uma questão de prioridades rsss. Abs!
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Eu não tenho paciência para compras, então passear no shopping nem é passeio para mim. Não gosto de procurar ofertas porque em geral eu compraria coisas que me seriam tão úteis. Mas isso veio forte de uns anos para cá, passei a priorizar tudo, em razão de um sonho que me afastaria do trabalho por uns bons anos. Aí passei a ver os gastos de outra forma, como algo que me dificultaria alcançar meu sonho, que se tornou plano. Menos comida, eu queria ser mais controlada com comida, mas sou muito gulosa kkkk
Talvez se as pessoas tivessem mais sonhos que se tornassem planos, fosse mais fácil priorizar. O que eu vejo são pessoas que sonham, mas sonhos que só ficam no plano das ideias.
Beijos a todos.
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Oi Diana, sabe que pra mim tem sido assim também? Passear no shopping é esquisito, pois como não costumo comprar nada por impulso, vou no shopping e muitas das vitrines não me atraem, principalmente, porque eu não sigo a moda (coisas da casa eu gosto de ficar vendo). A verdade é que quando sabemos o que eu queremos, entendemos todas as outras coisas de que não precisamos. Beijos.
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Oi Ficando Tranquilo, sou que nem você, também consigo rodar o shopping sem comprar absolutamente nada. Geralmente quando vou no shopping, é porque preciso de algo bastante específico, então vou na loja, compro, e depois mesmo rodando por horas, não sinto necessidade de comprar mais nada, pois sei que não estou precisando. Sua namorada acha que é contraditório, mas não é não, na verdade você é muito focado e sabe o que quer, e entende que comprando coisas de qualidade, usará por muito tempo, o que acaba gerando economia à médio, longo prazo. Beijos.
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Eu tenho esse mesmo ponto de vista, só tenho pouca coisa, e tudo que tenho, eu uso… Não tenho roupas encalhadas no armario que não uso há 3 anos. Mas para tudo o que compro, procuro coisas de qualidade (nem sempre caras, mas muitas vezes sim).
Por ex, tenho um tenis que uso no dia a dia, custou uns 500 reais. Mas vou usar durante uns 2 anos, umas 250 x em cada ano. custou R$ 1,00 por dia de uso! Não machuca o pé, me sinto bem nele.
Tenho 2 sapatos sociais, e não sinto falta de mais. Os 2 me bastam.
Tenho um carro (hoje em dia é um luxo, pelo custo). Apesar dos (altos) custos com combustivel, ipva, seguro, multas, revisão, depreciação (ultimo ano nem teve, mas isso é exceção), o conforto que me proporciona me faz ter um. Vou 2x/semana numa cidade proxima a trabalho, poderia ir de transporte publico, cptm, mas demoraria bem mais, teria que acordar de madrugada para chegar as 7:30 h lá. Pegaria sol e chuva. Poderia ser assaltada no trajeto a pé até o metrô. Nossa, talvez eu seja um pouco paranóica! kkkk
E o principal, para todos nós que somos pão-duro(a)s, é que tenho mais ativos ao não gastar com coisas superfluas. Por ex, 10 mil reais (não é muito dinheiro hoje em dia) vão te render mais de 1 mil em apenas um ano, em investimentos conservadores como cdb a 100% selic (vc acha em qualquer banco) ou lca/lci a 94% selic (bem melhor que o cdb anterior). Agora já está com ganho real (acima da inflação).
Na minha cabeça, isso é como uma torneira pingando dinheiro para você todo dia, sem vc precisar fazer absolutamente nada! Claro que isso numa situação como a atual, com a selic alta. Mas o ideal mesmo é ter ativos mais rentaveis e arriscados, como açoes e fiis…
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A maior vantagem da LCI/LCA é a isenção de Imposto. E de fato a volta da Renda fixa como opção de investimento tem suas vantagens, em especial as opções isentas de IR.
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Oi Grazziela, também sou que nem você, tenho poucas coisas, mas coisas de qualidade. E por ter coisas de qualidade, algumas pessoas podem achar que ou estou esbanjando, ou que sou rica rsrsrs. Mas não é nada disso, se colocássemos tudo na ponta do lápis, meus gastos seriam infinitamente menores, mesmo comprando coisas melhores, justamente por não comprar coisas desnecessárias e evitar compras por impulso. Um beijo!
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As vezes eu leio vc e sinto que tivemos uma espécie de vidas paralelas, hahaha. Em 2009 quebrei meu primeiro computador, comprado aqui no Brasil depois de dois anos de economizar. Já morava com meu depois marido e ele me levou até uma Saraiva para comprar outro pois o meu eu tinha destruido. Tinha uma oferta: um McBook que estava saindo de linha. O valor era quase o mesmo que um computador novo dos comuns. Como não tinha cartão de crédito, comprei a vista e ganhei um desconto de $200 o que fez que ficasse no valor dos comuns. Até hj só trabalho com Mac e quando quebrou depois de doze anos par não conseguir arrumá-lo, comprei um usado (que é o que tenho agora) não a vista mas parcelado em 3 vezes. Para mim o Mac é uma ferramenta de trabalho e me sinto muito confortável com ele, faço revistas, livrinhos, preparo aulas. Os meus alunos falavam para mim “está podendo, teacher” quando me viam com o Mac e até hj quando falo que tenho um Mac o pessoal acha que sou rica. Mas na verdade, eu escolho não gastar em certas coisas para poder ter acesso a um aparelho que para mim, faz toda a diferença na hora de trabalhar. Não é que gosto de coisas caras, eu gosto de coisas úteis. The Minimalists costumam falar que eles compram ou tem coisas que melhoram a vida deles, seja porque são úteis ou porque estéticamente eles gostam e os faz sentir melhor. Acho que essa é a questão: ser honestos quando vamos comprar algo e responder “para que?”. Bjs!
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Oi Bhuvana, eu também me sinto muito confortável com um Mac, tanto que desde 2010, toda vez que troco de computador ou de celular, eu compro desta marca. Uso por bastante tempo, já que são robustos e não quebra fácil. E é exatamente o que você escreveu, “eu escolho não gastar em certas coisas para poder ter acesso a um aparelho que para mim, faz toda a diferença na hora de trabalhar. Não é que gosto de coisas caras, eu gosto de coisas úteis.” Beijos.
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