Você precisa de quanto para viver bem?
Depois que comprei o meu apartamento, descobri que não gasto tanto e que não preciso de muito para ser feliz.
Na verdade, quase não gasto dinheiro no meu dia-a-dia, além do supermercado.
Pago minhas contas em dia, condomínio, luz, internet, previdência privada e gasto com coisas necessárias como transporte, celular, supermercado.
Aprendi desde criança a Ser, e não Ter. Principalmente devido às circunstâncias, já que não tínhamos dinheiro para comprar brinquedos, nem roupas, nem doces. Mas sabia construir os melhores castelos com caixa de papelão, ajustava as roupas que ganhava das primas com a máquina de costura e minha mãe preparava doces deliciosos apenas misturando farinha, açúcar, ovos e margarina. Nunca tive ninguém para arrumar a minha bagunça, nem diarista, nem faxineira, nem cozinheira, muito menos passadeira.
Aprendi desde cedo a costurar roupas, pintar paredes, usar a furadeira, montar móveis, até cabelo já cortei.
Quase não preciso contratar ninguém para prestar serviços. Por exemplo, sei fazer minhas unhas melhor que a manicure, sei instalar prateleiras, pintar paredes, arrumar a tomada, trocar chuveiro, cozinhar, instalar varão de cortina, costurar, fazer bijuterias, fazer artesanato e a lista é imensa, por isso paro por aqui. Se um dia ficar desempregada, fome eu não passo rsrs.
A questão toda não é que eu nasci sabendo. Eu aprendi fazendo. E o que eu não sei, eu aprendo, pergunto pra alguém, peço pra alguém me ensinar, aprendo na internet, no youtube. E me viro pra aprender. E gosto dessa ideia de cada vez, ser mais e mais independente.
Eu que sempre morei sozinha e trabalhei desde a adolescência, tinha dificuldades em agendar com um eletricista para trocar um chuveiro queimado, por exemplo. Tenho que ligar, combinar uma data, chegar atrasada ou faltar no trabalho para receber a pessoa em casa (que muitas vezes não chega no horário), pagar e ainda limpar a sujeira que a pessoa deixa pra trás. Acho muito mais fácil aprender a fazer e consertar logo. Demora menos tempo.
E fazendo desse jeito, quando percebi, estava gastando menos dinheiro a cada dia que passava.
Com o casamento foi assim. Olhei as lembrancinhas, as decorações, mas não me conformava com o preço alto e qualidade baixa dos produtos. Pensava comigo mesma, se eu fizesse, sairia muito mais barato e muito mais bonito. E dito e feito. O casamento foi perfeito. Não poderia ter sido melhor.
Também acho muito interessante a ideia de trocar serviços. Se eu sei instalar uma prateleira, não vejo problemas em instalar para alguém e esse alguém oferecer um suco pra mim. Ou eu faço a barra da calça de alguém e esse alguém passa algumas roupas pra mim. São troca de favores sem envolver dinheiro. Dá certo também quando você tem amigos com formações profissionais diferentes: arquiteto, advogado, pedreiro, massagista, contador, pintor, cabeleireiro, webdesigner, etc.
Mas vejo que as pessoas não estão acostumadas com essa forma de pensar. Acham que é normal pagar uma pessoa para fazer um serviço que teoricamente você tem condições de fazer. Já conversei com muitos amigos, mas a maioria acha que não tem habilidades que possam ser compartilhadas. Se conseguíssemos estimular as pessoas a trocarem favores, seria uma oportunidade de estreitar laços de convivência e de cultivar a solidariedade.
~ Yuka ~