Dinheiro, IF e FIRE

Filhos e dinheiro: como temos lidado – 3º post

Vamos continuar com a saga de tentar explicar o conceito de dinheiro para as minhas filhas (elas estão com 6 e 8 anos).

Para quem quiser ler os posts anteriores, estão aqui:

Filhos e dinheiro: como temos lidado – 1º post
Filhos e dinheiro: como temos lidado – 2º post

Há 2 anos, eu contei para elas que existia a “Caixa Mágica do Dinheiro”.

– “Essa Caixa Mágica faz brotar dinheiro. Coloco 1 moeda, e depois de um tempo, aparece outra moeda”.

Minhas filhas batiam palma, ficavam eufóricas. Para elas, era como se eu estivesse apresentando um show de mágica. Elas pediam para mostrar onde estava essa caixa e eu só dava risada, dizendo que no momento certo, apresentaria a caixa para elas. Fiz isso durante alguns anos, porque achava que elas ainda eram muito novas para lidarem com dinheiro. A intenção era só plantar uma sementinha na cabeça delas sobre os juros compostos.

Veja o que eu tinha escrito no 2º post sobre dinheiro:

“E se eu falar que se você colocar nesta caixa amarela, os seus 30 M&Ms continuarão sendo 30 M&Ms. Mas que se você colocar os seus M&Ms na caixa certa, deixar por um tempo sem comer, eles podem virar 60 M&Ms?”

Os olhos dela brilharam. E ainda perguntou:

“Onde mamãe? Qual é a caixa que eu tenho que guardar para que eu tenha mais chocolates?”

Pronto, o conceito dos juros compostos foi plantado nela.

Eu falei para ela que no momento certo, eu iria apresentar a caixa que faz isso.

Neste momento, é isso que tenho feito com as crianças.

Passados 2 anos, as meninas continuavam doidas para descobrir onde estava essa caixa mágica hahaha. De tempos em tempos, elas lembravam dessa conversa e me perguntavam sobre a caixa. Este ano, decidi comprar 2 pequenas caixas, uma para cada. Falei que a caixa verdadeira onde eu guardava meu dinheiro ficava em outro lugar, mas que eu explicaria o funcionamento da Caixa Mágica do Dinheiro utilizando aquelas caixinhas.

Expliquei que quanto mais velho o dinheiro fica, mais herdeiros eles tem, assim como acontece com os adultos: minhas filhas não tem nenhum filhos; já eu, tenho 2 filhas; minha mãe, além de filhas, tem genro, tem netos, etc.

– “Com o dinheiro, acontece a mesma coisa. A moedinha depois de um tempo, cresce, vira moedão e, que depois de um tempo, vira nota. E a nota, depois de um tempo, começa a gerar novas moedinhas e assim sucessivamente. Quanto mais notas velhas eu tiver, mais moedinhas nascem. E assim como acontece com as crianças, quanto mais dormem, mais crescem.”

Elas entenderam muito bem o conceito dos juros compostos desta forma.

Eu ainda não dou mesada, mas às vezes dou um dinheirinho, e acho legal que elas pedem para guardar na Caixa Mágica.

Engraçado que elas não pedem dinheiro para nós, pais. Elas se viram “fabricando” dinheiro. Na ânsia de querer colocar dinheiro na Caixa Mágica, as duas se juntaram para fazer pulseiras para vender na escola. E voltaram com uns 90 reais, vendendo 1 pulseira por 1 real. Até eu fiquei impressionada com a proatividade das duas.

Quando elas pedem pra abrir a caixa e olhar, eu coloco algumas moedas só para elas se animarem, e logo, já fecham, porque sabem que o dinheiro precisa descansar para multiplicar.

Também tenho ensinado as minhas filhas a gastarem bem, afinal, a vida não é feita só de poupar.

Esses dias, uma delas quis comprar uns cards do Pokémon. Ela ganhou alguns dos amigos, mas queria ter mais. Então sugeri usar o dinheiro que estava guardado. Mostrei as opções que achei mais vantajosas, e pedi para ela escolher. Ela foi eliminando um a um até sobrar 2 opções (método que ensinei para ela quando era bem criancinha), e no final, escolheu a opção que tinha uns cards especiais, ao invés de quantidade. Fiquei feliz dela ter ficado bastante satisfeita com a sua escolha.

Vou copiar aqui o trecho que escrevi no meu primeiro post sobre esse assunto: “quando elas vão ao supermercado comigo, às vezes deixo elas escolherem algo para levar até um determinado valor. Se querem levar mais de 1 coisa, precisam escolher qual item quer levar mais. Assim, já vai aprendendo desde cedo que não se pode ter tudo na vida, que a vida são feitas de escolhas e principalmente, renúncias. Por muitas vezes, vi (com muito orgulho) a minha filha mais velha franzindo a testa, quebrando a cabeça para decidir o que iria levar: uma barra de chocolate ou um saquinho de pipoca. E é exatamente esse exercício que eu quero que ela faça: de fazer escolhas.”

Eu percebo que esses pequenos exercícios do dia-a-dia que elas fazem desde que são muito pequenas, tem ajudado muito na hora de tomar as decisões hoje em dia.

Elas já entendem que nem sempre o mais caro é o melhor, nem que o mais barato é o melhor, que é preciso avaliar caso a caso.

Meu marido costuma fazer algumas compras erradas e ele acaba sendo o exemplo do que não fazer rsrs.

Ele comprou um fone bluetooth barato, deixou cair no chão e quebrou no mesmo dia, e olha que eu falei para ele comprar o melhor que existe no mercado, principalmente, porque música é algo muito importante para ele.

Também comprou uma sapatilha para bicicleta da China, e durou apenas 1 ano… Achou que durou muito? Que nada, a outra que ele tinha de uma marca muito boa, durou 8 anos.

Descobri recentemente que ele tinha comprou um relógio esportivo baratinho, e adivinhem? O relógio parecia de brinquedo.

A gente dá risada em casa, e meu marido também, e aproveitamos para utilizar essas situações como exemplo para as nossas filhas, que aprendem na prática de que forma podemos gastar bem o nosso dinheiro, sem aquele ar de seriedade.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Utilizando o “método compasso ” ao viajar com as crianças

Aqui em casa, desde que as crianças nasceram, eu criei o que chamo de Método Compasso na hora de viajar.

Antes de engravidar, eu e o marido fizemos diversas viagens nacionais e internacionais, mas depois que a minha primeira filha nasceu, eu estava exausta, e só queria descansar.

Logo depois, minha segunda filha nasceu, o cansaço físico e as noites mal dormidas continuaram.

Eu até queria viajar, mas não queria pegar longas estradas, viajar de avião, não queria conhecer cidades novas, só queria me hospedar em um hotel com uma boa cama e um bom chuveiro para descansar. Procurei um hotel relativamente pequeno, perto de São Paulo, que tinha uma piscina aquecida bem gostosa e percebi como aquela viagem havia feito bem para mim, e também para as minhas filhas. Elas eram pequena, então não precisavam de um lugar grande. Um hotel com um jardim bem cuidado e um pequeno playground foi mais do que suficiente.

Tem até um post que eu escrevi sobre esse tipo de hotel aqui.

Foi bem nesse período que eu comecei a avaliar que não compensava levar as minhas filhas, ainda bebês, em resorts (com piscinas gigantes, animadores infantis, passeio a cavalo, arvorismo etc), já que elas não tinham idade para aproveitar ao máximo o que era (muito bem) cobrado pelos hotéis.

Para explicar para o marido qual critério eu achava bacana para viajar com as crianças, eu usei a palavra “compasso”, e esse termo acabou pegando. Ou seja, conforme as crianças fossem crescendo, a perna do compasso que abrange regiões no mapa também aumentaria.

Enquanto as meninas eram pequenas, de 0 a 4 anos, viajamos para locais bem perto de São Paulo:

Conforme elas foram crescendo (atualmente estão com 6 e 8 anos), aumentamos também o raio das cidades que visitamos, como se utilizássemos mentalmente, um compasso.

Ano que vem, irei ampliar ainda mais o raio, adicionando regiões como Nordeste e Sul.

Quando elas estiverem com 9 a 12 anos, acredito que já estaremos viajando por todo o Brasil, incluindo alguns países da América Latina:

Quando elas tiverem de 12 a 14 anos, pode ser que inclua a América do Norte.

E depois Europa, Ásia, etc.

Para mim, fazer isso, é utilizar o conceito máximo de aproveitar muito bem o que é ofertado.

Lembra quando eu falei há muitos anos que eu tenho um fogão de 4 bocas, porque não sei pilotar 6 panelas simultaneamente? Ou seja, comprar um fogão de 6 bocas, era jogar dinheiro fora, porque 2 bocas não seriam utilizadas. Outro exemplo, pra que comprar um tênis de corrida com super tecnologia de amortecimento envolvida, se mal corre atrás de um ônibus? É jogar dinheiro fora, é aproveitar mal o dinheiro. Estou utilizando a mesma regra, só que aplicando em viagens.

Pra mim, não faz o menor sentido pagar resorts caríssimos com diversos tipos de entretenimento, se elas mal andavam, mal se socializavam com outras crianças. Era uma época em que eu mal sentia o sabor da comida, já que comia rapidinho para trocar de posto com o marido no cuidado de 2 bebês que ainda usavam fraldas, isso quando uma não começava a chorar para mamar bem na hora que eu ia dar a primeira garfada. Não valia a pena pagar caro por um restaurantes gourmet.

Assim, né? Quem tem dinheiro, faz o que quer. Mas quem tinha um objetivo bem delimitado com orçamento contado que nem eu, tinha que administrar bem o dinheiro para conseguir realizar todos os sonhos.

Claro que não pretendo usar essa regra a ferro e a fogo. Por exemplo, meu marido tem o sonho de participar do Tour de France, na categoria amador. Para ele participar desse torneio, não pode estar muito velho, já que precisa ter condicionamento físico para pedalar muito. Neste caso, não usarei a regra do compasso, e sim, a regra do livro Die With Zero, onde o autor explica que não podemos perder a oportunidade de fazer determinadas coisas em determinadas idades.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Como estão as minhas finanças, hoje

Desde que acumulei patrimônio suficiente, eu passei por algumas fases.

Primeiro veio a fase da gastança louca.

Não fiz nada de extravagante, mas de repente, fiquei com preguiça de fazer controle orçamentário e comecei a fazer inúmeras compras pequenas pela internet. E eis que depois de alguns meses, os gastos aumentaram consideravelmente.

O dinheiro ia embora, mas como meu salário entrava todos os meses na conta bancária, continuei não me importando, até que um dia, a fatura do meu cartão de crédito tinha superado o valor do meu salário. Eita.

Vi como era fácil aumentar os gastos quando a gente relaxa e deixa a coisa rolar solta.

Agora voltei a fazer controle orçamentário, mas desta vez, sem o rigor de antes.

A minha intenção no momento, é tentar manter o mesmo padrão de vida, para gastar mais em coisas que facilitam a rotina, além de claro, gastar em experiências que tragam boas memórias para a minha família.

Por já ter um bom montante financeiro, não tenho a pretensão de economizar tanto, seguindo a regra do livro Die with zero.

Bom, questão das finanças resolvidas!… até que…

… meu marido passou no concurso público dos seus sonhos.

Ou seja, agora nós temos:

– dinheiro já acumulado para uma tranquilidade financeira (investimentos)

– dinheiro para viver tranquilamente o hoje (salário do casal)

O dinheiro que está guardado continuará guardado por tempo indeterminado, crescendo com o efeito bola de neve.

Do salário que eu e o marido recebemos mensalmente, tem sobrado cerca de 50%. Ou seja, gastamos menos do que ganhamos, a fórmula perfeita para a tranquilidade financeira.

Como a ideia é continuar aportando, mas sem o rigor de antes, aumentamos o número de viagens por ano, aumentamos em gastos com saúde (academia, natação, alguns itens esportivos) os gastos em lazer, em bem-estar, em cursos, em livros e também em gastos que facilitam a rotina. Resumindo, quero aumentar os gastos das categorias: “felicidade”, “comprar tempo” e “mais saúde”.

Se antes, as economias pequenas eram muito importantes, hoje, já não as considero. Hoje não quero ganhar mais dinheiro, hoje quero ganhar tempo.

Eu tenho achado legal essa mudança de pensamento e de comportamento conforme as coisas vão acontecendo na minha vida. Quem me acompanha há um tempo, sabe que nem sempre foi assim. Houve uma fase que economizei cerca de 70% do salário e que qualquer valor, incluindo cashbacks, eram muito importantes pra mim.

Desde que alcancei a tranquilidade financeira, eu parei de acompanhar as notícias sobre investimentos, não faço mais o controle mensal da rentabilidade.

Eu basicamente entro na minha corretora 1 vez por mês e faço investimentos com o dinheiro que tenho disponível. Não fico (mais) olhando se a bolsa subiu, se a bolsa caiu, se o dólar está alto ou baixo.

A minha vontade agora é melhorar meu estilo de vida (praticar esportes, melhorar a alimentação, melhorar o sono, ter mais tempo para hobbies) e desacelerar o tempo para poder curtir as minhas filhas, o meu marido, minha família, meus amigos.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Em busca de uma vida imperfeita

Foto encontrada no Pinterest, sem fonte.

Ao longo destes meses que estive de férias do blog, fiz o máximo para abandonar a vida perfeita.

Eu sempre me esforcei para ser a filha perfeita, a esposa perfeita, a mãe perfeita, a chefe perfeita, a amiga perfeita…

Só que de uns tempos pra cá (olha eu colhendo os benefícios da terapia), eu percebi que isso exige de mim, e por isso, decidi que não queria mais ter uma vida perfeita.

Eu agora sou a mãe que tem preguiça, que chega em casa e deita no sofá.

Eu agora sou a amiga, que está com preguiça de falar com os amigos.

Eu sou a pessoa que relaxou na saúde e de quebra, deu uma boa engordada.

O problema é que como a vida inteira eu sempre fui meio que assim, a fazedora de tudo, eu percebi que estou numa fase em que alterno entre o tudo e o nada, entre o 8 e o 80, entre o quente ou frio.

Posso dar um exemplo da qual você vai entender.

Veja este blog. Eu antes, escrevia toda semana, faça chuva, faça sol, mesmo sem tempo, mesmo grávida com enjoo, mesmo com 2 bebês pequenas em casa, mesmo quando estava com depressão. Até que um belo dia, decido que não preciso ficar postando toda semana. E aí o que acontece? Eu sumo rsrs. De novo, oscilei entre o tudo ou nada.

Quem lembra quando eu era uma mãe que fazia cookies, bolos, tortas, fazia artesanatos, levava minhas filhas em parques todo fim-de-semana? Aí virei a mãe que não queria fazer mais nada. E agora estou buscando o equilíbrio… nem muito cá, nem muito lá.

Durante muito tempo, eu agradei demais os outros, e a maior prova foi ter convidado a minha irmã narcisista para o meu casamento, só para não entristecer a minha mãe. Gente, era o MEU casamento, eu poderia ter convidado quem eu quisesse, onde eu estava com a cabeça? Mas enfim…. já foi.

Às vezes, ainda sinto uma pontinha de saudade daquela minha animação e produtividade do passado, mas eu não quero mais ter a vida antes, entende? Eu estou preferindo levar a vida sem tantas grandes obrigações. Sem tantas anotações, sem tantos controles, sem tantas listas de tarefas. E para eu dizer isso, que sempre foi a louca das listas, é porque algo dentro de mim mudou.

Eu posso dizer com convicção que gosto mais da Yuka de hoje. Quando minhas filhas falam que estou preguiçosa, eu digo que sou mesmo, que gosto é de descansar e aproveitar a vida boa.

Vejo a casa revirada de brinquedos e aí faço o que? Deito na minha rede de balanço no meio da bagunça pra descansar, já que lutar contra é pior rs.

Toda semana, estou na minha aula de meditação com uma meia furada que mostra parte do dedo rsrs. Andar com meia furada era algo impensável para mim, mas atualmente, está tudo bem o meu dedão do pé me dar um oi.

Faço o que posso e tento aceitar o resto.

Esse meu novo comportamento também já está refletindo na criação das minhas filhas. Meu marido foi prestar um concurso há alguns meses e tínhamos combinado de que se ele passasse, faríamos uma festa surpresa. E uma delas perguntou… “Mas e se ele não passar?” E depois de pensar um pouco, ela mesma respondeu: “Bom, se ele não passar, a gente faz a festa do mesmo jeito, pois ele deu o seu melhor.” Que resposta mais linda, não?

Quando me despeço das minhas filhas para ir para o meu retiro individual de 1 dia, elas me abraçam e falam para eu aproveitar muito o meu dia de princesa e descansar bastante, pois hoje elas compreendem que eu também mereço ter o meu tempo de respiro.

Estou pegando mais leve no meu trabalho, sem exagerar na autocobrança, aprendendo aos poucos a ter mais autocompaixão.

Quando sinto que meu corpo está cansado, ou a mente exausta, tiro o dia para descansar, já que meu trabalho permite algumas folgas por ano.

E sabe qual a melhor parte de tudo isso? A vida continua, as pessoas ao meu redor continuam as mesmas, ou seja, nada mudou. As pessoas continuam gostando de mim, mesmo com toda essa minha imperfeição e que ficou mais fácil de viver.

E assim, de pouco em pouco, vou eliminando as minhas listas de tarefas intermináveis da qual tinha tanto apreço, tentando preencher os meus dias sem fazer de tudo, e sem tentar fazer o melhor.

~ Yuka ~