Dinheiro, IF e FIRE

Realize seus sonhos e ainda poupe todos os meses para a sua aposentadoria

Portugal, Lisboa, Europa, Europeu, Arquitetura, Capital

Há algum tempo, uma leitora fez a seguinte pergunta:

“Se só dispomos de R$1.000 por mês para investir e ainda não tenho reserva de emergência, mas tenho muitos sonhos, como poupar para uma viagem (curto prazo), a compra de um carro (médio prazo), compra de um imóvel (longo prazo) e fazer uma reserva para a independência financeira (aposentadoria, como quiser)? Devo dividir este valor em partes iguais ou proporcionais e começar vários investimentos, ou focar em um de cada vez? Porque se vou focar na reserva para a aposentadoria, isso quer dizer, que não poderei usufruir de uma viagem ou de ter meu imóvel? Não sei se ficou claro o que eu quero dizer, mas sinto que toda esta questão me paralisa, porque parece que se invisto em somente um sonho para alcançá-lo mais rápido, ou um pouquinho em todos, não chegarei a lugar algum.”

Eu achei essa dúvida maravilhosa, porque é a mesma dúvida que eu tinha quando estava iniciando meus investimentos. Só que no meu caso, eu não tinha ninguém pra perguntar e acabei aprendendo na base do erro mesmo.

Então fui lá nos comentários, resgatei a resposta, complementei mais um pouco, e resolvi postar aqui como um dos posts, pois tenho certeza que poderá servir de “guia” para muitas pessoas.

1.) A reserva de emergência é uma necessidade

Esse item, não há discussão. É uma necessidade.

Tente poupar todos os meses até conseguir juntar a quantia referente a pelo menos de 3 a 6 meses do seu custo mensal. Se ganha um salário de R$4.000, mas seu custo de vida é de R$3.000 mensais, tenha pelo menos R$9.000 na poupança. “Ah, mas a poupança não tem rendimento bom”. Não é para se preocupar com rendimento, a reserva de emergência é para conseguir resgatar o dinheiro numa situação hipotética de um domingo às 3h da madrugada.

Muita gente, na ânsia de começar a investir, já vai direto na corretora para investir nos CDBs, no Tesouro Direto, FIIs, ações etc. E isso é um grande erro. A reserva de emergência existe justamente para evitar que paguemos juros (do cheque especial) ou multa por resgatar um investimento antes da hora, por um surgimento de uma emergência. Se você for uma pessoa controlada, não precisa ter 6 meses a 1 ano do salário na reserva de emergência. Eu mesma, tenho apenas 2 meses de salário, mas toda vez que preciso usar uma parte do valor por qualquer motivo que seja, logo no mês seguinte, reponho o valor que retirei.

2.) O próximo passo é começar a investir

Eu preciso falar sobre 2 coisas:

1.) Você vai aprender errando. Isso será inevitável. A pessoa que não investe por medo de errar nos investimentos, infelizmente, nunca vai entender que é errando que se aprende.

2.) Escolhas deverão ser feitas. Sim, você não vai ter tudo nessa vida. Se seu salário for baixo, e você decidir ter um carro, pode ser que não dê para custear as viagens. E o motivo é muito simples: um carro custa caro, não só no momento da compra, mas para mantê-lo. O preço que pagaríamos em um carro, poderíamos investir na própria aposentadoria. E o preço para manter um carro, poderia nos custear 1 viagem internacional por ano.

Compreende quando falo em escolhas?

Não dá para ter tudo.

3.) Aprenda a fazer escolhas modestas (pelo menos no início)

Se quer viajar nos primeiros anos de aporte, opte por viagens nacionais, diria até regionais, no próprio Estado onde mora, evitando o período de alta temporada que é mais caro.

Se por exemplo, você consegue juntar R$1.000 por mês, crie metas. Esses R$1.000 mensais iriam para a conta da aposentadoria. Quando conseguir juntar R$15.000, dê um presente para você, fazendo uma viagem gastando R$1.000 para algum lugar perto da sua cidade. E dá pra viajar sim, nas férias passada eu mesma fui para Águas de Lindóia levando 4 pessoas por 3 noites, e paguei R$1.200 com tudo incluso (hospedagem, ônibus, 3 refeições por dia, etc).

Realizar sonhos é importante, porque é o que nos anima para economizar mais e rever os gastos, pois sabemos que chegando na meta dos R$15.000, poderemos gastar R$1.000 para curtir uma viagem.

Depois, cria-se a próxima meta: juntar mais R$15.000 para fazer uma outra viagem. Se demoramos para juntar o dinheiro, a viagem pode ser postergada em mais de 1 ano, 2 anos, só dependerá da nossa capacidade de poupar.

E é assim que realizamos os sonhos e juntamos dinheiro para a aposentadoria.

Vai ter uma hora, que você terá R$100.000 ~ R$300.000 investidos que renderão de juros aproximadamente de R$1.500 a R$4.000 por mês.

Concorda que nesse momento, você pode até pensar em fazer uma viagem internacional que não vai afetar o bolso?

4.) E o imóvel?

Referente ao imóvel próprio, eu prefiro aguardar alguns anos para comprar.

Pagar aluguel não é jogar dinheiro fora, por mais que as pessoas insistam nisso. Seria jogar fora se não juntasse dinheiro, mas se consegue guardar dinheiro, é só fazer uma pesquisa rápida no Google que vai entender a matemática por trás desta conta e que morar de aluguel é algo vantajoso na maioria dos casos.

Eu moro de aluguel e posso dizer que meus investimentos alavancaram depois que passei a entender isso.

5.) Mesada pra que te quero…

Não pense que só por que você tem suas metas de aposentadoria, ter um carro, um imóvel ou qualquer outro sonho, que nunca mais vai poder comprar alguma bobeirinha, almoçar com os amigos, comprar roupa, presente para os outros etc.

Estipule uma mesada mensal (de valor baixo, pelo amorrr). É com essa mesada que você vai poder almoçar com seus amigos, comprar alguma coisa que esteja com vontade, sem passar por grandes privações.

Esses pequenos mimos são importantes para conseguir manter o plano em pé, já que o sonho de ser FIRE é um projeto longo, muito longo. Conforme a conta de investimentos for engordando, a sua vontade de comprar coisas supérfluas começa a cessar e seus sonhos começam a se concretizar.

É um círculo virtuoso.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Meu plano para atingir FIRE

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Nem parece, mas já faz 8 anos que eu invisto meu dinheiro todos os meses, sem falta.

Na verdade, destes 8 anos, foram 3 anos poupando e 5 anos investindo.

Atualmente, eu invisto cerca de 70% da renda familiar. Muito? Sim, até pra mim. Eu nunca imaginei que um dia conseguiria poupar tanto, mas eu e meu marido além de sermos minimalistas, acreditamos firmemente no FIRE (Financial Independence Retire Early – Independência Financeira, Aposente-se Cedo).

Quem quiser saber mais sobre FIRE, há diversos posts no blog sobre esse assunto:

Em 2012, eu comecei economizando os 10% do meu salário. Só que conforme eu fui acostumando a viver com 90% do salário e a poupar os 10% restantes, fui revendo o orçamento, avaliando e substituindo os gastos, alguns eu consegui eliminar, e assim, passei a viver com 80% do salário, depois 70%, depois 60%. Quando recebia aumentos salariais (o que é raríssimo acontecer onde eu trabalho), mantinha o foco e poupava a diferença. E depois de tantos anos, a partir desse mês passei a poupar cerca de 70% da renda familiar, mesmo com o nascimento de duas filhas nestes últimos 4 anos.

Se nossas crianças já fossem adultas, eu e meu marido já seríamos FIRE, pois nós já alcançamos o valor que duas pessoas conseguem viver de renda passiva de forma confortável pelo resto da vida.

Mas como vocês sabem, eu tenho 2 filhas pequenas, e tenho consciência de que os gastos ainda irão aumentar ao longo dos anos. Terei gastos com escola, uniforme, roupas, cursos, lazer, viagens, alimentação, mesada… então o valor para alcançar a independência financeira da família é mais alto, considerando que quero uma vida confortável para 4 pessoas por um período muito, muito longo.

E AFINAL, QUAL É O MEU PLANO PARA ATINGIR FIRE?

Posso dizer que o meu plano está bem adiantado.

Se tudo sair como esperado, faltarão 8 anos para atingir FIRE.

Como já disse em posts anteriores, gosto de fazer projeções extremamente pessimistas, então eu projetei que daqui a 2 anos nós não aportaríamos mais nada. Meu marido está com um contrato numa universidade pública de professor visitante por 2 anos (daí a certeza de que ainda posso contar com a renda do marido até 2021). Depois desse contrato, não sei se ele conseguirá continuar na área da pesquisa, visto as decisões do governo atual em cortar o financiamento das pesquisas no Brasil. Por isso, considerei um cenário (que cá entre nós, é bem improvável de acontecer) que daqui a 2 anos, teremos APORTE ZERO por mais 6 anos. Ou seja, eu passaria a viver somente com o meu salário, e deixaria o patrimônio intacto por mais 6 anos, para engordar somente com o poder dos juros compostos.

Eis o resultado:

  • de hoje até 2021: aporte de quase 70% da renda familiar (2 anos)
  • de 2021 a 2027: aporte zero (6 anos)

Se a partir de 2021, eu não aportar mais nada, absolutamente nada, conseguirei ser FIRE em 2027, ou seja, daqui a 8 anos.

Minhas filhas terão 12 anos e 10 anos. Eu terei 46 anos.

COMO É POSSÍVEL ALCANÇAR FIRE COM APORTE ZERO?

Eu e meu marido tivemos um grande plano, antes da primeira filha nascer. Apesar de muitos falarem que filhos davam gastos, sabíamos que nos primeiros 6 anos, elas não dariam tantos gastos. Optamos em não gastar dinheiro com festas em buffet, álbum de fotos com fotógrafos profissionais, compra de roupas novas com frequência, creche particular, brinquedos fora de períodos festivos e viagens internacionais.

Eu e meu marido já viajamos juntos para diversos países como a Grécia, Holanda, França, Estados Unidos, Canadá, etc. Então resolvemos dar uma pausa nas viagens para o exterior durante 6 anos, primeiro porque achamos que vale mais a pena fazer viagens longas quando as crianças fossem maiores, e segundo porque daria uma acelerada no projeto FIRE.

Eu sempre soube que o maior gasto ainda estava por vir: educação, escola, saúde, cursos extracurriculares, viagens, experiências, alimentação… O valor da fralda, roupas e remédios esporádicos seriam valores até que controláveis, se comparado com o valor que passaríamos a gastar com todo o resto que vem junto com o crescimento das crianças.

Sabendo que bebê e criança não reclama se está usando roupa usada, se está usando roupa da moda, se ganhou brinquedo caro ou barato, eu e meu marido prometemos um ao outro que enquanto elas não completassem 6 anos, nós continuaríamos vivendo de uma forma frugal. Hoje minha filha mais velha tem 4 anos. E com isso acabou que coincidentemente juntando com o contrato de 2 anos do meu marido, já que ela terá 6 anos daqui a 2 anos, ou seja, o tempo que havíamos estipulado para permanecermos firme e forte na meta FIRE.

Colocamos a cabeça para funcionar e percebemos que as creches municipais de bairros de classe média alta possuíam vagas sobrando (porque a maioria dos ricos não querem colocar seus filhos em creches públicas), enquanto creches municipais de bairros de periferia estavam com filas gigantescas. Dito isso, nos mudamos para um bairro melhor e as crianças passaram a frequentar a creche municipal do bairro (o que para muitos seria considerado um gasto, para nós foi economia). Além disso, compramos brinquedos bons somente 3 vezes por ano (aniversário, dia das crianças e Natal), ganhamos roupas das filhas das minhas amigas e primas. Ao invés de comprar pronto, faço muitos cookies, bolos, pães, salgadinhos, tortas, coisas gostosas pra gente comer.

Apesar do orçamento enxuto, tomamos decisões inteligentes na hora dos gastos. Há alguns anos, meu marido quase comprou um óculos escuros de uma marca que ele nunca tinha ouvido falar, porque estava 50% mais barato do que o óculos que ele queria, um Ray-ban. Falei pra ele parar de fazer economia porca e comprar o mais caro, que é o que ele sempre quis. Passados 3 anos, ele está muito satisfeito com o óculos dele. Talvez se tivesse comprado o mais barato, ainda estaria com vontade de ter o modelo que ele sempre sonhou.

Uma situação semelhante aconteceu no mês passado, ele precisava comprar um casaco para ir trabalhar. Ficamos na dúvida entre um mais barato, um médio e mais caro. Após avaliar a boniteza do casaco, o tecido e durabilidade, optamos por comprar o mais caro, pois achamos que vai durar pelo menos 10 anos.

A minha vida é simples, não tenho luxo, apesar de ter bastante conforto. Moramos em um bairro bom, comemos alimentos orgânicos, temos plano de saúde, internet rápida em casa, mas além de termos colocado as crianças na creche pública, não temos carro, moramos de aluguel, marido vai de bicicleta pro trabalho e eu de metrô, levo marmita para o trabalho, não temos TV a cabo, nem frequentamos restaurantes renomados. São decisões muito acertadas que tomamos.

A contagem regressiva para aporte zero são de exatos 24 meses a partir deste mês. Em 2021, poderei passar a usar todo o meu salário (se assim eu desejar) para a educação das crianças, cursos, viagens, etc. Ainda não irei largar o emprego, porque a estratégia é engordar o patrimônio por mais alguns anos, mas poderei permanecer no aporte zero, pois já terei o montante mais que suficiente para gerar o efeito bola de neve.

E QUANDO CHEGAR O MOMENTO?

Bom, aí vou ver o que faço, mas acredito que irei pedir exoneração do meu serviço público.

Mas seguindo o conselho do Sr.IF365, não direi que será uma aposentadoria, e sim um período sabático, já que muitas pessoas torcem o nariz achando que vamos ficar sem fazer nada pelo resto da vida (e se eu não quiser fazer nada, qual seria o problema?).

Eu gosto muito dessa área de finanças, tenho prazer em ler tudo que é relacionado a finanças e investimentos. Talvez eu faça algo nessa área, talvez não. Eu só quero ter o tempo livre para fazer do mundo o meu parque de diversões. Eu sempre achei um desperdício uma pessoa ficar trancada em um escritório pelo resto da vida. Quero aprender diversas coisas, não quero me amarrar em um único trabalho.

Será o início de uma vida onde terei domínio sobre o meu próprio tempo. Poderei fazer o que eu quiser.

Serei livre, e o melhor, ainda jovem.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Procure e conviva com pessoas que alimentam a sua alma

Homens, Mulheres, Vestuário, Casal, Pessoas, Feliz

Quem são essas pessoas, afinal?

Não, não são pessoas que sempre concordam com você.

Não são pessoas que sempre passam a mão na sua cabeça.

Não são pessoas que sorriem para você.

Pessoas que alimentam a sua alma são raríssimas de encontrar.

São pessoas que você se sente bem mesmo no silêncio. São pessoas que querem realmente o seu bem (e por mais absurdo que possa parecer, tá difícil de encontrar). São pessoas que falam a verdade, mesmo quando você ainda não está pronto para ouvir, mesmo quando você sabe que é verdade, mas não quer acreditar. São pessoas que dizem a verdade, quando ninguém mais tem coragem de dizer.

São pessoas que esticam os braços para você, para ajudar a subir na vida. São pessoas que colocam os nossos pés no chão, mas ao mesmo tempo nos mostra o potencial que nem sabemos que possuímos. São pessoas que confiam no que falamos.

Depois que eu quis sair da matrix da classe média, e passei a não concordar em ter que trabalhar tantas horas para alguém, de ficar tanto tempo longe de casa, das crianças, do marido, de postergar cursos e hobbies que gostaria de fazer, percebi o quanto era difícil alguém acreditar no que eu falava, eu parecia um extraterrestre. Lembro até do meu marido falando como chegava a ser engraçado e inacreditável as pessoas não acreditarem em mim.

Afinal, onde estão as pessoas que acreditam na gente, no nosso potencial e nos ajudam a crescer como pessoa?

Em todos os lugares. Mas precisamos achá-las. Eu encontrei muitas dessas pessoas graças a esse blog.

Muitas dessas pessoas só estão aguardando a oportunidade de nos conhecer melhor. Pode ser o seu colega, a moça do caixa do supermercado, o professor da sua filha, a sua vizinha de apartamento, o colega da internet.

Eu tirei a sorte grande de casar com uma dessas pessoas.

~ Yuka ~

 

 

Dinheiro, IF e FIRE

A árvore que dava dinheiro

Aveia, Cereais, Campo, Alimentos, Grãos, Saudável

Há muito tempo, quando minha filha nasceu, eu ganhei uma semente.

Essa semente, não era uma semente normal que conhecemos. Era uma ideia. Uma ideia de que era possível ser livre, através da Independência Financeira. Até então, eu achava que aposentadoria era só após os 60 anos. Acreditava que era financeiramente independente. Eu pagava as minhas contas e vivia por conta própria. Esse era o meu entendimento sobre o conceito independência financeira.

Foi por um acaso que eu descobri que o termo Independência Financeira tinha um outro significado: na comunidade americana FIRE (Financial Independence and Retire Early – na tradução livre, significa Independência Financeira, Aposente-se Cedo) dizemos que alguém alcançou a Independência Financeira quando os rendimentos financeiros oriundos dos investimentos são suficientes para manter o seu estilo de vida, pelo resto da sua vida. Ou seja, a pessoa está livre para trabalhar no que quiser, mesmo que ele não gere nenhuma renda.

Muitas pessoas também ganharam a mesma semente, mas a maioria não acreditou que ela daria frutos e simplesmente jogaram fora.

Eu levei essa semente para casa e mostrei ao meu marido, que também acreditou que era possível germinar essa ideia para tornar real o nosso sonho de ser livre.

Antes de plantar a semente em qualquer lugar, eu estudei muito. Estudei qual seria o melhor local para a semente germinar, fincar raiz, multiplicar e produzir frutos.

E decidi plantar a semente em uma terra fértil, escolhendo um bom lugar para colocar meus ativos financeiros. Então eu abri uma conta em uma corretora financeira independente, ao invés de permanecer na comodidade que os bancos traziam. Meu marido me ajudou a regar, dia após dia, economizando nosso salário, ajudando a analisar o orçamento familiar.

Germe, Planta, Alimentos, Sementes, Crescer, Verde

Estava tão empolgada com essa nova possibilidade de viver e contei para muitas pessoas, muitas mesmo. Mas a maioria preferiu não prolongar a conversa, outras foram descrentes e algumas até debocharam de mim, dizendo que eu estava regando algo que não daria em nada, que eu era muito inocente por acreditar nisso, que eu acreditava numa utopia.

Eu ignorei todas essas pessoas e durante muitos anos, reguei a semente, cuidei da terra, tirei os insetos, aguei. Poupei todos os meses, fiz anotações no meu orçamento mensal, repensava os gastos, e não só aprendi a poupar, como aprendi a gastar o dinheiro de forma inteligente e finalmente a investir.

Percebi que não adiantava somente regar com água. Era necessário adubar a terra. Eu comecei a aumentar o tamanho do meu aporte, cortando gastos desnecessários.

Como sou funcionária pública, não tenho a opção de receber aumento por metas, nem ganhar participação de lucro, muito menos reajustes anuais para acompanhar a inflação. O que eu podia fazer e que estava ao meu alcance era descobrir onde estava gastando meu dinheiro e economizar no que podia.

 

Gota De Água, Regar As Plantas, Plug, Fundição, Água

Os primeiros anos foram os mais difíceis: cuidar de algo que ainda não era visível. Mas superado os primeiros anos, mais especificamente entre o quinto e sexto ano, percebi que a muda, antes tão pequena, estava crescendo cada vez mais rápido. Era o meu patrimônio crescendo.

Como a muda era pequena e frágil, eu precisava tomar muito cuidado para que qualquer vento não a derrubasse. Ficava atenta em não gastar meu dinheiro em coisas desnecessárias, consumir de forma irresponsável, não ir atrás das modinhas etc. Da mesma forma que muitos ventos derrubam as plantas que ainda são frágeis, também sentia isso na pele. Algumas pessoas questionavam o meu estilo de vida. Só que eu sempre soube onde eu queria chegar, sabia qual era o caminho que estava trilhando, sabia que eu tinha escolhido um caminho que poucos se aventurariam.

Jardins Da Baía, Flor, Planta, Singapura, Natureza

A árvore tem crescido e depois de tantos anos, finalmente os frutos começaram a brotar. Foi quando pude perceber que tinha feito a escolha certa no momento certo. Digo momento certo, porque eu e meu marido éramos jovens, não tínhamos filhos, nossos gastos eram pequenos. Os juros compostos começaram a surtir o efeito da bola de neve.

Quanto mais tempo eu deixava, mais a árvore crescia, mais o tronco engrossava e mais sólida ela se tornava, dando cada vez mais sombras e frutos frescos. Essa sombra, que antes mal me protegia, protegia agora a minha família do sol e da chuva.

Os frutos começaram a dar novas sementes e agora tendo o conhecimento e sabedoria do que fazer com as sementes, novas árvores começam a brotar.

Árvore, Paisagem, Campo, Filiais, Ecologia, Brilhante

Com novas árvores nascendo, pude começar a testar se algumas fórmulas funcionavam. Se algo desse errado com as novas sementes, sabia que as árvores antigas iriam me proteger dos períodos difíceis. Com isso, passei a ter mais coragem para arriscar, a ir atrás dos meus sonhos antigos. Se antes, o fracasso poderia acabar com a minha vida financeira, hoje, o fracasso nada mais é do que uma parte fundamental para o meu crescimento. E não posso deixar de concordar com a frase que ouvi outro dia: “o fracasso é o suor do sucesso”.

Uma única atitude tomada há muitos anos, de cuidar de uma semente, me trouxe segurança financeira para várias gerações.

Quem não conhece minha história de vida, se me conhecerem daqui a alguns anos, pode achar que eu tive sorte. Mas para usufruir desta sombra, eu fiz muitas escolhas. Fiz renúncias que a maioria das pessoas desdenharam.

Mas engana-se quem pensa que vivo uma vida de miséria e sacrifícios. Vivo uma vida de abundância, onde cada escolha reflete na decisão que eu acho mais importante, graças ao minimalismo. Minimalismo é sobre ter o que nós mais queremos. Minimalismo é saber o que é essencial e eliminar o resto.

Todas as decisões que eu tomei, entre gastar e economizar, fazer escolhas inteligentes e eliminando gastos desnecessários, culminaram na minha vida de hoje.

Deixei de assistir televisão, acompanhar as redes sociais, comecei a focar no que era importante. Também estudei nas madrugadas, enquanto dava de mamar para as minhas filhas, li diversos livros com uma luz baixa para não acordá-las. Já perdi as contas de quantas vezes adormeci de cansaço, na mesa do escritório, enquanto estava estudando.

Primavera, Árvore, Flores, Prado, Tronco De Árvore

Hoje a gente sabe o porquê disso tudo. A grande sombra da árvore que está se formando, foi fruto de uma decisão, de centenas de escolhas e milhares de pequenos esforços que fiz há muitos anos e que continuo fazendo. Não nasci em berço de ouro, sou assalariada, não ganho salário alto.

Daqui a poucos anos, eu e meu marido não precisaremos mais aportar. Nossos aportes se tornarão insignificantes se comparado ao rendimento que recebemos todos os meses. Os rendimentos continuarão sendo reinvestidos para engordar o patrimônio, até o momento que decidirmos parar de trabalhar.

Enquanto isso, toda a nossa renda oriunda dos salários poderão ser gastos para colocar as nossas filhas em uma escola de qualidade, continuar morando onde moramos atualmente, colocar as duas (no momento certo) em alguns cursos que achamos importante como música, esporte, idioma, além de proporcionar viagens e experiências.

As sementes estão aí, sendo distribuídas a todo momento. Quantas você já jogou fora?

Não seja como os outros, acredite ser possível.

Saiba que 2 coisas serão decisivas:

Decisão. Prioridade.

~ Yuka ~

Minimalismo

A vida se torna mais fácil quando temos menos coisas

Volkswagen, Aventura, Viagens, Vw, Jornada, Van

Já faz um tempo que eu percebi que a sensação de liberdade que eu sinto está diretamente ligada com a quantidade de coisas que eu possuo.

Eu já tive imóvel próprio, morei inclusive em uma cobertura. Descobri a duras penas a inveja que meu imóvel provocava nos outros moradores do prédio. Era uma encheção de saco pra tudo. Quando reformei, queriam entrar no meu apartamento sem a minha autorização, queriam ver o piso que estava colocando, que tipo de bancada havia instalado na minha cozinha, que tipo de churrasqueira havia construído.

Na época, esse meu apartamento estava com infiltração. Conversei com a moradora do andar de baixo e combinei com ela de que arrumaria o meu apartamento e depois arrumaria o dela. Paguei uma pequena fortuna para contratar uma empresa especializada para colocar manta dupla.

Eu vendi o apartamento há alguns anos e hoje eu moro de aluguel. Foi a melhor decisão que já tomei na minha vida.

Como as infiltrações me perseguem, no imóvel que eu moro atualmente, há também uma infiltração que está estragando o apartamento do andar de baixo. A única coisa que eu preciso fazer hoje é pegar o telefone e informar a imobiliária. O pedreiro disse que teria que quebrar o banheiro (reformado, por sinal) até descobrir o ponto exato da infiltração. Só imaginei no gasto que o proprietário terá com a reforma no banheiro. Já eu, não vou ter gasto algum.

Outra coisa, é que acabaram de vender para uma construtora, o terreno enorme que fica bem em frente ao apartamento que eu moro. Isso significa que a chance de perder o sol da manhã nas janelas da sala e dos quartos será enorme. E agora? Bom, se incomodar muito, é só eu mudar. Aliás, se o barulho e a sujeira incomodar também, é só eu mudar.

Eu também já tive um carro. Lembro das inúmeras vezes em que fiquei presa no engarrafamento de São Paulo, naquele calor infernal de 40 graus, no meu carro popular sem ar-condicionado (com as janelas fechadas por medo do assalto). Perdi as contas das vezes que chorei dentro do carro, por simplesmente não aguentar ficar tanto tempo presa dentro do carro por causa do trânsito.

Hoje, eu ando de metrô e Uber, e tenho o hábito de ler enquanto isso. Eu moro perto do meu trabalho, moro perto de supermercados, da escola das crianças, dos consultórios médicos, e com isso, a maioria das coisas consigo fazer a pé.

Eu não tenho uma bicicleta, mas eu já sei que o dia em que tiver vontade de andar em uma, vou alugar essas bicicletas que estão espalhadas pela cidade. Assim, não tenho a preocupação em limpar, fazer manutenção, encher os pneus…

Não tenho vestidos de festa no meu guarda-roupa… E é maravilhoso isso, porque eu sempre fui magra, mas depois engordei um pouco na minha gravidez, engordei mais um pouco na minha segunda gravidez e as roupas já não serviam mais… depois de uma reeducação alimentar eu consegui emagrecer tudo o que eu tinha ganhado nos últimos 4 anos. Se eu tivesse roupas de festa, com certeza teria perdido todos eles. Hoje, se eu precisar de um vestido de festa, alugo sem hesitar.

Adoro lavar meus sofás, colchões, almofadas e travesseiros com a máquina extratora. Essa máquina consegue tirar marcas e manchas profundas e é tudo de bom. Só que faço isso apenas 1 vez por ano. Eu não compraria uma máquina caríssima para usar apenas 1 vez por ano e deixar encostada 364 dias no depósito. Eu prefiro alugar. Ligo para a empresa e em algumas horas a máquina é entregue na portaria do meu prédio, tudo de uma forma muito simples.

Todas as minhas fotos estão salvas no Google Fotos e sincronizadas automaticamente do meu celular. Sei que se roubarem o celular, todas as fotos (que para mim, é uma das coisas mais importantes que eu tenho) estarão armazenadas em um lugar seguro.

Os livros preferidos também estão no Google Drive, quando quero rele-los, baixo no meu Kindle.

Tenho poucas roupas, o suficiente para usar todas com frequência e praticamente tudo combina com tudo o que eu tenho, então não perco tempo pensando se aquela saia combina com aquela blusa.

Brinquedos que minhas filhas não brincam mais, são vendidos em sites de desapego e com o dinheiro arrecadado, compro novos brinquedos. Bom para quem comprou por um preço de banana, bom para mim que tenho oportunidade de destralhar e reduzir.

As poucas coisas que eu tenho faz com que eu more num apartamento com tamanho razoável, nem mais, nem menos metro quadrado do que eu preciso. Não há um único lugar da casa que eu não use com frequência. E isso facilita tudo, desde a manutenção da casa, na limpeza e faxina, até no pagamento do condomínio, que geralmente é proporcional ao tamanho do imóvel.

Pra quê acumular?

Conforme desapego das coisas, as coisas mais importantes vão se sobressaindo, que são as pessoas e os momentos.

E com isso, a única certeza que eu tenho é que a vida vai se tornando cada vez mais fácil quando temos menos coisas.

~ Yuka ~