Auto-Conhecimento · Minimalismo

Desapego do mundo virtual

La lusinga dell'essere e il continuo ritorno - Sicilia Network

Escrevo este post no silêncio da noite, enquanto todos dormem. Este é momento que tento equilibrar minha mente, encontrar a paz, respirar o silêncio, avaliar minhas atitudes, colocar meus pensamentos no lugar.

Quando convivemos com crianças, ver uma simples foto de 1 ano atrás chega a ser algo impressionante.

As crianças crescem num piscar de olhos. Há um ano, um ser humano dependente de tudo, usando fraldas… e de repente, lá está a criança colocando a mãozinha na cintura expressando seus sentimentos.

É algo fascinante de observar, e só confirma como o tempo voa.

Quero compartilhar uma reflexão que tem me acompanhado quase que diariamente desde o início da pandemia.

Quanto tempo do seu dia você vive para você?

Nessa era da internet, é bem improvável que alguém consiga viver 100% desconectado.

Salvo raras exceções, isso deve ter agravado ainda mais na pandemia. Ou seja, consumir algo que outras pessoas produziram, se torna cada vez mais comum: notícias, sites, vídeos no YouTube, fotos no Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, Twitter, etc.

Olhar fotos de comida que os outros estão comendo em restaurantes. Contemplar as viagens paradisíacas que outras pessoas fizeram. Assistir os vídeos que outras pessoas produziram, o que as outras pessoas estudaram, o que as outras pessoas escreveram. Assistir os outros cozinhando, preparando refeições. Assistir pessoas dançando, fazendo esportes, jogando videogames.

Enquanto se permanece afundado no sofá de casa, o consumo excessivo das experiências de terceiros, que de nada acrescenta na vida, continua pela tela do celular.

Abdicar de viver a própria vida para ver a vida do outro através de uma tela. É para ‘isto’ que estamos trocando o tempo valioso da nossa vida? O tempo valioso que não podemos comprar de volta?

Gosto da seguinte pergunta: “Afinal, quanto tempo do meu dia eu vivo para mim?”

Enquanto o mundo se prepara para se tornar cada vez mais virtual, minha família se prepara para seguir mais uma vez, uma vida contrária à maioria.

Semana que vem, vou detalhar um pouco a minha trajetória invertida: do digital ao analógico.

~ Yuka ~

Minimalismo

10 dicas para simplificar a rotina

Paisagem, Montanha, Nevoeiro, Pôr Do Sol, Céu, Nuvens

1. Tenha menos coisas

Costumamos negligenciar este tópico, mas ter menos coisas, simplifica muito a rotina. Menos roupas no guarda-roupa, significa menos trabalho para escolher roupas, para lavar, estender, passar, dobrar, guardar. Ter menos objetos espalhados pela casa, significa menos poeira, menos sujeira, menos manutenção, menos responsabilidades, menos dor de cabeça, menos tempo gasto, mais dinheiro no bolso, mais tempo.

2. Ajuste as expectativas

Se não conseguimos manter uma cama posta, talvez seja bom só esticar o cobertor ou a colcha para deixar a cama arrumadinha assim que acordamos. Se não conseguimos passar tantas roupas por semana, talvez chegou o momento de comprarmos roupas que tenham tecidos que não amassam tanto. Nos dias de preguiça ou de cansaço, recorrer à alguma refeição congelada, ou até mesmo preparar algo simples como um lanche. Ajustar expectativas para não se frustrar, é algo que devemos estar sempre atentos.

3. Faça comida em dobro. E congele a metade.

O trabalho para cozinhar é o mesmo, o tempo praticamente não muda, a quantidade para lavar a louça não muda, o que muda é que ganhamos tempo, quando cozinhamos o dobro de quantidade. Fazer comida em dobro e congelar a metade é o que salva a minha rotina. Faço isso em diversas preparações das refeições.

4. Aprenda receitas que usam forno e panela de pressão

Quando estou com pouco tempo, faço macarrão na panela de pressão usando ingredientes congelados como o molho de tomate caseiro, a carne moída que já refogada, o caldo de legumes caseiro que sempre tem no congelador, o queijo que deixo já deixo ralado e por aí vai. Agora, quando quero preparar alguma coisa gostosa, mas não quero passar muito tempo na cozinha, gosto de usar o forno. Coleciono receitas que usam forno e panela de pressão para me ajudar a não ocupar tanto meu tempo na cozinha.

5. Aprenda a pedir ajuda

Eu tenho o privilégio de não ter que pedir ajuda em casa, porque meu marido é muito observador e solícito. Mas sei que meu caso é uma exceção, e não uma regra. Quando me deito um pouquinho na cama no meio da tarde por estar cansada, ele silenciosamente fecha a porta para as crianças não entrarem. Quando estou participando de reuniões virtuais longas, ele sempre aparece com uma xícara de chá com leite. Enquanto estou na cozinha preparando a comida, ele já vai arrumando a mesa, colocando pratos, talheres, copos, além de lavar toda a louça e limpar a cozinha.

Pedir ajuda é imprescindível, principalmente quando temos dependentes como filhos e pais idosos.

6. Pense grande, mas comece sempre pequeno

Eu sempre lembro da minha jornada FIRE (Financial Independence Retire Early). Planejei o improvável, tracei um plano, contei pro marido, e começamos a remar juntos na mesma direção. Fazíamos tudo juntos, cortamos tudo que não era importante para nós, e a passos curtos e constantes, fomos caminhando, e hoje, passados alguns anos, eu só tenho a agradecer por ter tomado essa decisão anos atrás.

7. Aproprie-se de listas para limpar a mente

Sou adepta de listas desde que aprendi a ler e escrever. E isso não mudou, mesmo na vida adulta. Aliás, só vejo vantagens de ter listas, tantos que listas continuam norteando minha rotina, limpando a mente, tirando o que está incomodando dentro da cabeça e ainda alivia a tensão.

8. Gaste menos do que ganha

Parece ser fácil, mas é difícil. Com as indústrias se tornado mais agressivas para incentivar cada vez mais o consumo desenfreado, e unindo a facilidade em parcelar as compras usando cartões de crédito, muita gente acaba se perdendo nos cálculos e acaba gastando mais do que deveria. Claro que a conta não fecha e as dívidas e o estresse começam a aumentar.

9. Faça menos coisas

Fazer menos coisas, significa definir o que é importante. Não dá para assistir todos os filmes, ler todos os livros, encontrar todos os amigos, viajar para todos os lugares.

Simplificar a rotina significa fazer escolhas conscientes de fazer menos. É definir a importância das coisas.

Talvez para você, que não gosta de passar roupa, seja escolher tecidos que não amassem tanto. Para você que não gosta de lavar louça, ter uma máquina de lavar louça pode ser uma boa alternativa. Para você que não gosta de enfrentar o trânsito, quem sabe morar perto do trabalho pode ser a solução.

Deixe a agenda mais livre para que você se sinta mais relaxado.

10. Aprecie o simples

Quando digo simples, são as coisas cotidianas do dia-a-dia.

Aprender a apreciar o sol da manhã entrando pela janela.

Sentir a a palma da mão esquentando em uma caneca com chá.

Apreciar o banho quente em um dia frio.

Desfrutar da sensação gostosa de tirar o sapato, depois de um dia de trabalho.

Saborear o almoço que saiu melhor do que o esperado.

Sentir o frescor de um lençol recém trocado.

Se alegrar ao ouvir a voz de um amigo querido.

Desfrutar do amor que sentimos ao abraçar quem amamos.

Para conseguir apreciar o simples, é necessário estar presente, concentrar-se nas próprias ações, no que está acontecendo ao redor.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Educação dos filhos: ensinando a vencer o sistema

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Vejo pais que colocam os filhos em escola intensiva desde os primeiros anos escolares… A criança tem 8, 9 anos, tem que concorrer a bolsa, tem simulado aos sábados, faz cursos de idioma, de instrumento musical, esporte aos sábados e domingos, tudo para entrar entrar em uma faculdade de renome, ter um emprego invejável, comprar casa, carro e constituir uma família.

Isso é sinal de sucesso.

Não que isso seja errado, mas meu foco é outro, quando falo sobre educar minhas filhas para vencer o sistema.

Quero que elas não se iludam em comprar coisas sem necessidade.

Eu não compro tudo o que elas me pedem. Elas não têm tudo o que elas querem no momento que elas pedem. Elas entram nas lojas de brinquedo, já sabendo que não comprarei nada, se não for em datas que estipulamos antes (aniversário, dia das crianças e Natal), então elas não fazem birra, não choram, pois é algo que já entendem que o combinado não é caro.

Como elas não terão acesso a todos os brinquedos que elas gostariam de ter, a alternativa que resta para elas é escolher bem qual brinquedo vão querer ganhar. São muitas dúvidas, muitos meses fazendo escolhas e mais escolhas, até chegar no brinquedo mais desejado, e claro, que tenha até o preço teto autorizado.

Minhas filhas entram nas lojas de brinquedo com felicidade, e não com cara emburrada, com frustração. Olham os brinquedos, escolhem com cuidado, e vão me mostrando as opções que estão gostando mais. Perguntam: “esse é muito caro?”

Para mim, amar é ensina-las a enfrentar o mundo real.

Claro que há pais que possuem condições financeiras para mimar seus filhos, inclusive de bancar seus fracassos financeiros quando adulto.

Eu não tive essa opção, então sempre soube que se fizesse besteira, eu teria que arcar sozinha, o que me fez crescer com responsabilidade em relação às minhas próprias atitudes.

O sucesso do outro pode não ter o mesmo significado para mim

Quantas pessoas ditas “bem sucedidas” estão felizes de fato?

Aliás, o que é ser bem sucedido para você?

Para muitos, ser bem sucedido é ter um emprego que paga altos salários, morar em uma mansão, ter um carrão, viajar sempre para o exterior, e por aí vai.

Sucesso pra mim é diferente.

Para mim, uma pessoa de sucesso é aquela que tem a capacidade de se sentir satisfeita com a vida que tem, sem ficar invejando a vida dos outros. Ser capaz de amar uma pessoa e sentir compaixão pelo próximo. Ter bons e fiéis amigos. Ser capaz de viver por conta própria sem incomodar os outros. Ter boa saúde mental, saúde física e saúde financeira. Ter autoconhecimento. Ter equilíbrio emocional.

Eu busco esse segundo tipo de sucesso para mim e também para as minhas filhas. Esse é o meu conceito de sucesso. E é em busca desse sucesso que eu tento educa-las.

Daí vocês começam a juntar o quebra-cabeça e entender, o motivo de eu ter colocado as meninas em uma escola pública do bairro. Vejam bem, não é uma escola pública qualquer, eu procurei uma escola pública de qualidade, onde podia ter mais chances de ter esse diálogo.

É neste convívio escolar que nossas filhas nos veem conversando com a diretora da escola, nos oferecendo para ajudar, a fazer parte da Associação de Pais.

É com o nosso exemplo que elas aprendem que a união faz a força, que um pai não faz nada sozinho, mas que juntando diversos pais, somos capazes de ajudar na manutenção da escola, equipar a sala de informática, comprar bons livros para a biblioteca, reaproveitar uniformes para os alunos novos.

Elas aprendem a negociar, a dialogar, a lutar pelos direitos e a reconhecer o quanto juntos somos fortes.

Há algum tempo, o Aposente Cedo fotografou o trecho do livro que ele estava lendo: Propósito, de Sri Prem Baba. Diego, peço licença para usar sua foto, da mesma forma que fez muito sentido para você, fez muito sentido para mim também:

livro

Coisas são coisas

Significa que não quero que elas achem que coisas são mais importantes que pessoas. Que ninguém pode se sentir mais importante por ter mais coisas.

Eu vejo pessoas tratando mal quem ganha menos, quem tem uma profissão menos valorizada pelo mercado. Vejo pessoas tratando de forma indiferente os porteiros do prédio, falando com desdém com os funcionários da limpeza, desvalorizando a pessoa que luta para sustentar a família vendendo bala no farol, e isso dói.

Tenho focado muito em 4 questões quando educo as minhas filhas: respeito, foco, escolhas e a importância de saber esperar para ter algo.

Precisam entender que ninguém é melhor do que o outro só por ter mais dinheiro ou mais posses.

Precisam entender que quem quer tudo, não faz nada direito.

Precisam entender que na vida precisamos fazer escolhas e aceitar as renúncias.

Precisam entender que é preciso ter paciência para ter algo.

Ensino sobre doar para os mais necessitados.

Ensino sobre compartilhar coisas.

Que não precisamos comprar por comprar, nem gastar por gastar.

Escrevi um post em 2019, contando um pouco da minha experiência sobre esse assunto. Quem tiver interesse, segue o link: A importância de ensinar as crianças a compartilhar

Presenteie com experiências

Ano passado, minhas filhas acabaram ganhando mais presentes do que eu gostaria (de familiares), e com isso, decidi perguntar se este ano, elas não gostariam de ao invés de ganhar um brinquedo, ganhar experiências para criar memórias em família, como ir num parque de diversões ou fazer uma pequena viagem. E para a minha alegria, as duas aceitaram.

Se colocar na ponta do lápis, comprar o brinquedo sairia bem mais em conta. Mas aqui, estou tentando ensinar que ao invés de ter, podemos sentir. Que ao invés de uma alegria solitária, a alegria compartilhada é muito melhor.

Para mim, tem muito mais valor um dia de muita animação em família do que pagar um brinquedo e depois de algumas semanas, ver esse brinquedo encostado em algum lugar da casa.

Claro que elas terão que trilhar o próprio caminho, esse, aliás, será a escolha delas.

Mas o que eu quero, é que elas tenham acesso à informação que eu não tive.

Não importa se elas vão seguir ou não os meus passos. Elas irão escolher o que elas querem, errar e acertar, mas pelo menos saberão que não há um único caminho a ser seguido. Não esse caminho da competição, não o caminho da ostentação, não o caminho do consumismo em excesso.

Quero apresentar o caminho que eu e meu marido temos trilhado há tempos: o caminho de viver com simplicidade e ter a liberdade de escolha graças à independência financeira.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Como as pessoas são céticas em relação ao movimento FIRE – Financial Independence and Early Retirement

Aeronaves, Double Decker, Oldtimer, Avião De Hélice

Posso afirmar com convicção de que ter descoberto sobre FIRE (Financial Independence and Retire Early) foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida.

Até então, eu levava uma vida comum. Morava em um pequeno imóvel próprio, e tinha pretensões de comprar um carro e um apartamento maior fazendo dívidas de financiamento.

Foi só quando descobri sobre investimentos e sobre FIRE que parei com essa ideia de que eu teria que sempre comprar algo, que poderia simplesmente acumular patrimônio, sem ter a obrigação de consumir.

Se antes eu e meu marido tínhamos preocupações e inseguranças com o dia de amanhã; com o tempo, conseguimos entender o que era ter o dinheiro trabalhando pra gente, e nossa vida começou a se tornar mais fácil.

Com o tempo, pudemos aumentar os gastos para criar mais memórias, mais momentos de lazer.

Eu tive a grande sorte de ter “acordado” em 2015, ano em que minha primeira filha nasceu. Foi nesse ano que descobri sobre FIRE, e desde então, muita coisa mudou. Naquela época, não era tão fácil encontrar conteúdos brasileiros sobre o tema, bem diferente de hoje, que há diversos blogs de qualidade, canais no YouTube, PodCasts, etc.

Se antes a falta de dinheiro poderia ser uma preocupação constante, essa preocupação tem diminuído a cada ano, graças ao orçamento controlado, aos aportes constantes e mensais, por ter feito bons investimentos e deixar o tempo agir para gerar juros compostos.

Pra quem já sentiu na pele a fragilidade e o medo de não ter dinheiro, a grande vantagem de estar na jornada FIRE, é sentir que a tranquilidade vai aumentando a cada ano.

Muitos podem achar que FIRE é sobre dinheiro, mas pra mim, nunca foi sobre dinheiro, e sim, sobre liberdade e tranquilidade.

Não há mais desespero, não é preciso ter pressa.

Enquanto pessoas continuam céticas ao mundo FIRE, eu sigo feliz nessa jornada solitária.

~ Yuka ~