Minimalismo

A farsa da televisão quebrada

Fonte: Pixabay

Em fevereiro deste ano, meu marido foi tirar um conector da televisão e esse conector quebrou. Meu marido falou “ih, quebrou!!!!” e minha filha mais velha, achou que era a televisão que tinha quebrado. Na hora, tanto eu como meu marido, achamos interessante a possibilidade de não termos mais televisão, e por isso, mantivemos esse cenário.

Já estamos quase entrando no mês de maio e continuamos com a “televisão quebrada”.

Hoje, eu queria compartilhar com vocês o meu relato de como não ter televisão está influenciando positivamente na rotina das minhas filhas.

Em primeiro lugar, a mudança mais significativa, foram as birras, que não existem mais. Sim, meus queridos, sem televisão, não há mais birra. Em parte, porque as horas de ócio delas aumentaram, ou seja, elas são obrigadas a estarem presentes, não há mais como fugir do momento presente. E estando mais presentes, elas curtem mais o tempo livre.

Nos primeiros dias, diziam que estavam com tédio, mas rapidamente se adaptaram à vida sem televisão e hoje se entretêm sem dificuldades.

Elas sempre me ajudaram na cozinha, mas agora, me ajudam muito mais. Minhas filhas tem 8 e 6 anos entram na cozinha com naturalidade, usam o fogão, fazem omelete sozinhas, picam e refogam os legumes, arrumam a mesa do jantar, colocam a toalha de mesa, os pratos, talheres e copos.

Já brincavam bastante, mas agora estão brincando mais ainda. São mestres em fazer objetos utilizando E.V.A. e cola quente, montam casas, móveis para bonecas. Também gostam de costurar usando uma máquina de costura, fazem bolsas, estojos, roupas para as suas bonecas. Também desenham bastante, constroem casas usando lençóis e cabos de madeira…

Gostam de ouvir música, de ler livros e gibis, de brincar de faz de conta, desenham, picotam papéis, fazem colares e pulseiras, escrevem no diário, brincam de dama, de xadrez, amam andar de bicicleta, pular corda, subir na parede do corredor…

Com a diminuição das birras, sobra mais tempo para reflexão e para a interação. Minha filha mais velha comentou esses dias que percebeu como é perda de tempo fazer birra ou ficar com a cara virada por orgulho, então decidiu que agora melhora de humor rapidinho. E está rápido mesmo rs. A outra reflexão que elas tiveram foi que a televisão roubava o tempo livre. Quando percebiam, o tempo já tinha passado, não tinham brincado tanto quanto gostariam e isso gerava frustração e raiva, ou seja, a tal da birra. Sem televisão, o dia tem passado mais devagar, o fim-de-semana dura mais tempo, conseguem aproveitar mais. Como elas gostam de dizer: “temos férias todo fim-de-semana”.

Em casa, costumo falar sobre o uso de celular para crianças, explico que já existem diversas pesquisas que comprovam que o uso indiscriminado do celular está trazendo ansiedade e depressão em crianças e adolescentes (em adultos também…). A pediatra das minhas filhas pede para que eu não dê um celular tão cedo, porque em todos os anos trabalhados como médica, nunca presenciou tantas crianças e adolescentes doentes, ansiosas, depressivas, tomando remédio e pasmem… tentando se matar.

Minhas filhas comentam que todos os seus amigos já possuem celular, alguns tem até canal no YouTube, e para o meu espanto, elas têm orgulho em dizer que elas são diferentes, que preferem curtir a infância sem celular.

Essa semana, enxergando benefícios de uma vida sem televisão, pediram para que eu a consertasse só no ano que vem, porque querem prolongar esse período offline.

Eu concordei…. sim…. “consertarei” só no ano que vem.

~ Yuka ~

10 comentários em “A farsa da televisão quebrada

  1. Os adultos nao conseguem controlar os seus tempos de tela, imagina as crianças. São os desafios da vida moderna, saber usar de forma proveitosa sem se prejudicar. É uma luta diária.

    beijo, Daniela

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    1. Oi Dani, pois é, celular é uma praga… mas não é só o celular, é a pressa, é a ansiedade, é fazer duas coisas ao mesmo tempo…. enfim, coisas do mundo atual…. beijos.

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  2. oi Yuka. Tivemos uma experiência parecida. De fato, ficamos com a televisão quebrada e só compramos outra 1 anos depois quando começou a copa do mundo. Foi uma experiência interessante.

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  3. Minha mãe era contra termos TV em casa, então eu e minha irmã crescemos sem assistir TV, imagina quanta criatividade tínhamos pra inventar brincadeiras e quantos livros líamos… atualmente não tenho TV em casa, fiquei sem TV alguns anos antes da pandemia e acabei não comprando outra, quando quero ver algum filme ligo o notebook e procuro nos streamings, e às vezes acabo nem vendo nada só de preguiça de ligar o notebook e procurar alguma coisa pra assistir, mais fácil pegar um livro pra ler hehehe.

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