Estafa infantil e a semana cheia de compromissos

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Essa semana, recebi um telefonema de que minha filha mais velha havia ganhado uma bolsa de estudos para fazer cursos complementares. Perguntei que tipo de cursos estavam disponíveis e a pessoa me disse que havia de informática, robótica entre outros.

Só que comecei a lembrar que durante a semana, já temos pouco tempo juntas. Depois lembrei que as aulas seriam online, ou seja, no computador. Passado a a minha empolgação inicial, agradeci e recusei a bolsa explicando que minha filha era pequena demais para ficar mexendo em computador.

Ela já fica em uma escola de período integral e tem aulas de informática, música, inglês, artes. Também é estimulada a falar japonês, porque eu e minha mãe conversamos em japonês.

Eu sou a favor da criança ter oportunidades, mas tudo tem seu momento certo. Nesta idade em que elas estão, eu prefiro que elas brinquem, baguncem e socializem.

As crianças estão cada vez mais precoces, com comportamentos similares aos adultos, sempre com celular na mão, estressados, ansiosos, se vestindo e se comportando como adultos.

Fui até procurar na internet se existia a palavra “adultização”, e não é que existe?

“A adultização é o processo de querer acelerar o desenvolvimento das crianças para que se tornem logo adultas. A adultização provoca perda da infância, da socialização, da coletividade e do mais importante, a fase do brincar livremente.” Fonte Portal Raízes

É natural que com a idade, elas percam a inocência de enxergar através dos olhos de uma criança. Aquela curiosidade em saber para onde a formiga está indo, de querer saber qual o sabor da chuva, de achar que a lua está nos seguindo… tudo isso tem limite de idade para acontecer.

As crianças são seres inquietas e curiosas. E muitos pais abrem mão da criança ser criança para transformá-las em atletas do mercado profissional.

Com o tempo, descobrimos que a formiga é suja, que a pomba traz doença, que a chuva incomoda, que ficar com meias molhadas não é legal, que precisamos trabalhar para pagar as contas, e que mesmo não querendo, nossas semanas serão preenchidas com tarefas profissionais e obrigações domésticas.

Não é de hoje que algumas mães vêm compartilhar para mim que seus filhos de 5 anos já sabem ler e escrever, que já fazem diversos cursos, já sabem mexer no celular, fazem download de aplicativos no tablet etc.

Bom, minha filha que acabou de fazer 7 anos ainda não sabe ler e escrever. Está sendo alfabetizada agora na escola, pois está na primeira série do ensino fundamental. E apesar das cobranças e comparações externas, não tenho pressa, pois sei que ela está aprendendo no seu tempo.

Na escolinha, vejo crianças maquiadas, com batom na boca, delineador nos olhos e unhas pintadas.

Já faz um tempo que eu desenhei em uma folha, a linha de tempo de uma pessoa: a fase bebê, criança, adolescente, adulto e idoso para mostra-la como a fase em que ela se encontrava neste momento, era curta e que logo ela entraria numa outra fase. Ao ver aquela curtíssima linha da infância, ela se convenceu de que deve aproveitar a infância, deixando de lado curiosidades que poderão ser exploradas mais tarde, que ela poderá se maquiar mais tarde, mas não poderá voltar a ser criança.

Minhas filhas podem não saber o que a maioria das crianças hoje sabem. Mas elas sabem de muitas coisas que as crianças de hoje não sabem.

Talvez antes dos pais se preocuparem em adultizar os filhos, deveriam formar pessoas. Antes de aprender um novo idioma, a criança deveria aprender a falar obrigado, por favor, com licença. Antes de fazer diversos cursos, a criança poderia aprender a ter modos na mesa, a ser responsável pelos seus brinquedos, ensinar a doar brinquedos que não usa mais.

Eu sou a favor de formar humanos com corações melhores.

– Yuka –

42 Comments on “Estafa infantil e a semana cheia de compromissos”

  1. Eh isso aí!! Parabéns!!
    Criança nesta idade tem mais eh que brincar!
    Fico pensando que nossa geração foi educada para passar no vestibular e trabalhar em uma carreira bem sucedida e me pergunto se nossos filhos farão faculdade! Novos tempos e criança precisa brincar !

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  2. Obrigada pelo blog Yuka … posso não comentar sempre mas leio todos os seus posts. Você é uma pessoa presente em minha vida. Felicidades pra vc e sua família.

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    • Olá Yuka. Concordo muito com sua reflexão. Eu voltei a ler seu blog há umas semanas. Fiquei um bom tempo sem entrar, pois tinha o hábito no trabalho, e afastada acabei me esquecendo. Agora que resolvi sair das redes sociais, me lembrei de procurar novamente. É incrível coko essas redes sequestram nossa atenção e nos tiram a autonomia de escolha do que leremos, não é? Achei uma ótima coincidência que vc escreveu há pouco sobre diminuir o uso do celular.

      Sobre as crianças, eu vinha me perguntando sobre a escolha da escola. Minhas filhas são um pouco mais novas que as suas (1a10m e 5 anos) e ainda fazem pré escola na rede pública. É excelente, e nós temos nos questionado sobre manter na rede pública x privada a partir do ensino fundamental. Lembro que você colocou elas na pre escola pública também, e seria super interessante se você compartilhasse seus pensamentos sobre isso.
      Abraço, Fernanda.

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      • Oi Fernanda, minha filha mais velha entrou para o ensino fundamental este ano, e eu consegui uma vaga numa escola pública, de período integral. Eu estou bem satisfeita, meu marido se candidatou para fazer parte da Associação Pais e Mestres, é uma forma de apoiar a escola, além de conseguir acompanhar as atividades. Não sei quando e se um dia irei migra-las para uma escola privada, vai depender muito do que eu for sentindo ano a ano. Beijos.

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  3. O humanidade, as sociedades em geral tem ciclos. A adultização das crianças já ocorreu em gerações anteriores, não é um fenômeno moderno.
    No passado era comum crianças e adolescentes trabalharem, se vestirem e se comportarem de forma parecida a um adulto.
    Até o início do século XX isso era comum. Tanto que com 18 anos o indivíduo já era visto plenamente como adulto, casavam-se cedo e com 25 anos já tinham 4 ou 5 filhos.
    O que mudou mais ao meu ver foi com relação as mulheres que eram mais reservadas e “preservadas”, mas casavam muitas vezes ainda menores de idade.

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    • Oi Anon, o que mais me preocupa nessa adultização atual, é sobre excesso de estímulos. É muito estímulo, muita informação, tanto que muitos adultos estão desenvolvendo ansiedade generalizada. E olha que eu pelo menos, sou de uma geração que nasceu sem internet. Fico pensando nessa nova geração, que já nasceu com internet… será que eles vão conseguir lidar com tantos estímulos?

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  4. Bom dia Yuka! Não deve ser fácil determinar o limite entre uma criação mais humana e prover as habilidades necessárias no mundo atual…ao mesmo tempo que considero que as crianças devem sim ter tempo para serem crianças e se desenvolverem naturalmente me preocupo que nossas crianças tenham condições de concorrer de igual para igual com as demais nas oportunidades que a vida nos apresenta…passar em uma boa universidade…desenvolver habilidades necessárias e desejadas pelo mercado para uma profissão “de sucesso”…andar pelas próprias pernas no futuro… todas essas são preocupações que todos nós temos e que podem concorrer com a filosofia do crescimento natural…Não deve ser fácil…

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    • VVI, tudo isso é verdade! Mas também, tem tempo para tudo e com o passar dos anos, as crianças vão mostrando os interesses que elas têm e podemos ir encaminhando a educação para esses lados. Claro que existem alguns aspectos importantes: por exemplo, hj saber inglês é quase uma obrigação, e depende de nós, pais, brindar essa oportunidade. Mas será que é necessário que façam inglês, robótica, futebol, música, desenho, etc? Acho que como pais temos que equilibrar as nossas preocupações para o futuro e escolher aquilo que sim, sabemos muito provavelmente será indispensável mas ao mesmo tempo, entender que não temos uma bola de cristal e o que hj é fato, amanhã pode não sê-lo. Sabe? Sou de um país onde não temos exame de ingresso na faculdade e quando terminei o ensino meio na escola pública, simplesmente fiz a inscrição na faculdade (pública) da minha escolha. Funciona assim para medicina, arquitetura ou qualquer outra área que vc queira. Então para mim é muito difícil de entender a pressão que passam meus alunos fazendo provas de 5 horas com 13 anos aos sábados se preparando para o vestibular. Talvez a gente deva começar a questionar esse sistema funil que existe no Brasil com mais força e quiça tenhamos no futuro gerações que possam desfrutar das suas infâncias e adolescencias sem pensar que ficarão sem chance porque não passaram uma prova. Um abraço!

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      • Boa noite Bhuvana! Entendo que forçar a criança a acelerar seu desenvolvimento pode ser um “tiro pela culatra”, mas infelizmente nosso sistema funciona através de diversas concorrências. É necessário prova para entrar em uma boa escola, depois prova para uma universidade pública e finalmente prova para concurso público ou processo seletivo para uma boa empresa. E para tudo isso as crianças/pessoas são treinadas para atingir os objetivos. Se uma pessoa quiser fazer Medicina no Brasil ou estuda absurdamente para passar em uma universidade pública ou vai pagar valores absurdos mensalmente durante o período do curso… Infelizmente nosso sistema tende a privilegiar os mais treinados, desconsiderando “formação social” da criança/adulto. Não acho o correto, mas infelizmente é como funciona. O equilíbrio entre as atividades extra-curriculares/cobrança e liberdade para um desenvolvimento natural é algo muito complexo e que tenho receio de não conseguir atingir para a minha filha…

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        • Mas o que seria sucesso? A educação de hoje treina para profissões que talvez não existam no futuro. Já temos uma epidemia de problemas mentais. O futuro vai demandar pessoas ainda mais capazes de mudar, reaprender e se adaptar. Acho que alguém emocionalmente saudável tem mais chance de navegar nesse mundo em constante mudança.

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          • Tanto que essa epidemia de problemas mentais é algo que me preocupa bastante. Tornou-se comum crianças tomarem remédios para desacelerar, para reduzir ansiedade, controlar a raiva, etc. O meu esforço atual é tentar criar uma “bolha de boas memórias” onde elas poderão voltar sempre que se sentirem ansiosas, é como se eu estivesse ensinando de que forma elas podem desacelerar utilizando ferramentas como desenho, pintura, andar na grama, ver as nuvens mudar de formas, leitura de livros etc.

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    • Oi VVI, realmente não é fácil determinar o limite de até onde ir com a criança, tanto que muitas vezes, falhamos, mas com a intenção de oferecer o melhor para os nossos filhos. Particularmente falando, eu acho que tudo tem o seu tempo certo de aprendizado. Eu percebo como minhas filhas são curiosas em descobrir coisas, e por isso continuo estimulando as descobertas. Ontem por exemplo, acharam fita dupla face em casa, e descobriram uma nova forma de fazer adesivos. Criaram diversos adesivos personalizados, e de quebra, arrancaram um pedação da tinta do batente da porta kkkkkk. Se minhas filhas fossem mais introspectivas, talvez eu colocasse em algum curso extra para estimular (minha filha mais nova é bem mais quietinha, mas a mais velha acaba incentivando muito nas brincadeiras criativas). Criar filhos não é uma tarefa fácil, e vejo que é uma preocupação constante de nós, pais. Um beijo.

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  5. Novamente, Yuka, seus textos coincidem com meus questionamentos atuais. Meus filhos fazem natação que a minha sogra presenteia todo mês por conta do pedido do alergologista (e eu tinha especial interesse que eles soubessem nadar pois sou de um vilarejo litorâneo ao qual pretendo voltar em algum momento), começaram aula de artes marciais uma vez por semana só eles dois (o endócrino recomendou para minha filha e consegui um lugar perto de casa que faziam aula particular pois como falei para o professor, não tenho interesse que eles compitam) e agora começam fono. Só tem um dia na semana que eles não fazem nada e me perguntaram se eu não pensava em um curso de idiomas ou na Kumon. Eles vão meio período na escola pois estou trabalhando de casa e não pretendo deixá-los o dia inteiro lá enquanto possa ficar com eles embora as pessoas me perguntem se não seria melhor eles irem o dia todo (meus filhos já disseram que não querem quando ouviram alguém falar isso, hehehe e olha que eles curtem a escola!). Tive mães falando comigo sobre trocar meus filhos de escola porque ainda não estão alfabetizados (eles farão 6 em julho e cursam o último ano de escolinha infantil). Eu sou professora de educação fundamental no meu país (lá só posso dar aula de 6-12 pois não fiz o professorado de educação inicial que é diferente) e professora de inglês. A Alfabetização nos países modelos como Finlandia ou Suecia salvando as diferenças com os nossos países começa com 7 anos, então qual a pressa? Vc pode introduzir uma nova língua desde cedo mas se não for numa escola bilingüe (mesma aula na língua nativa e na segunda língua) até uns 7,8 anos vc só introduz o novo idioma com musiquinhas, jogos e etc, coisa que a maioria das escolas já fazem. Não tem necessidade de aula extra até porque quem começa com 7 ou 8 em geral rápidamente alcança a quem já fez aulinhas antes. Vejo meus alunos da escola super exigidos e a última coisa que eu quero é que meus filhos fiquem sem tempo para brincar. Eles já fazem natação e artes marciais e fono por uma questão de saúde. Imagina somar idioma, robótica, Kumon, ou qualquer outra coisa. Quando brincam? Quando passamos tempo juntos? Quando tem a chance de serem crianças? E nós pais dessas crianças que trouxemos ao mundo? Tomara que no futuro tenhamos mais crianças felizes que super exigidas. (Desculpa o textão, este é um tema que particularmente me incomoda e mexe comigo pois trabalho com crianças e adolescentes que estão cansados e sofrendo as exigências às quais são submetidos).

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    • Esse tema é interessante, não tenho filhos, mas pra mim essa sobrecarga que algumas crianças enfrentam se deve a insegurança dos pais ou a falta de tempo para que os pais convivam com seus filhos ou até falta de interesse de pais e mães exerceram seus papéis de forma mais ampla.
      Acredito que uma minoria de pais realmente faz de forma bem feita essa inserção de seus filhos em atividades extra curriculares.
      Disso tudo vejo como interessante o aprendizado de outro idioma começando na infância, mesmo assim não é “obrigatório”, até porque temos capacidades intelectuais e talentos diferentes. Até por isso é complicado querer tratar todas as crianças de forma parecida.
      O que pega muitas vezes é o fato dos pais não poderem se dedicar mais aos seus filhos e todos esses compromissos são criados para “compensar” o fato de não serem tão presentes e aí há os pais que realmente não podem ser presentes e aqueles que não tem tanto interesse em ser presentes.
      E há também uma parcela de pais que colocam seus filhos nessas atividades pelo fato deles praticamente não terem contato com outras crianças fora da escola.
      É muito comum também o fatos de crianças estarem em escolinhas desde os primeiros anos de vida, antes da pré escola e primário e aí é por conta de pais e mães não poderem ficar com eles por terem seus empregos.
      Enfim, é um tema amplo. De mais nocivo aí considero duas coisas: A terceirização da responsabilidade pela formação das crianças dos pais para terceiros e a ansiedade, medos e expectativas que alguns pais colocam sobre seus filhos.
      Tem pais que acham que se seus filhos não forem bons ou os melhores em tudo o que fizerem é prqe são incapazes, fracassaram, outros tantos acham que se seus filhos não passarem em um determinado vestibular, a vida acabou…
      Em muitos casos, quem precisa de acompanhamento são os pais.

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      • Oi Anon, quando uma colega falou que seu filho de 5 anos já sabia ler e escrever, eu cheguei a sentir por um breve momento, uma pontada de medo de que minha filha estaria “atrasada” no aprendizado. Mas depois eu lembrei que ela não sabia ler e escrever, porque eu e meu marido havíamos feito uma escolha, de que ela ficaria numa creche que incentiva o brincar. E ela fez isso até os seus 6 anos de idade. Essa escola não tem carteira e cadeira (somente no refeitório), as crianças ficam descalças, andam por toda a escola livremente, conversam com os professores sobre as brincadeiras que querem fazer e discutem juntos sobre os próximos projetos. Correm pelo gramado, fazem piqueniques em dias de sol e aprendem a cuidar um do outro, já que a escola não faz separação por idade. Quando eu lembrei o motivo dela não saber ler ainda, eu fiquei tranquila. A gente se acostumou a sempre comparar com o outro, com a desenvoltura do outro, mas tenho me esforçado para enxergar meus motivos por trás de cada decisão. Eu por exemplo, fui uma criança que não ia tão bem nas aulas. Só depois de adulta que entendi como o sistema educacional é falho por tentar padronizar todos os alunos num tipo único de inteligência. Eu posso não ter uma determinada inteligência, mas tenho outros tipos de inteligência, então tento mostrar para as minhas filhas que tirar nota alta na escola não é tudo nesta vida, que há outras diversas habilidades que podem ser desenvolvidas, e que isso não faz a pessoa valer menos. Em casa temos ótimos exemplos, porque meu marido tem a inteligência lógico-matemática, enquanto eu tenho a inteligência espacial, interpessoal e intrapessoal (mas sempre fui chamada de burra na escola). Mas olha que contrassenso, na escola da vida, temos percebido que a minha inteligência tem sido mais útil do que a inteligência apreciada nas escolas (a lógico-matemática). Resumindo, acho que o ideal seria analisar e aceitar o tipo de inteligência que a criança tem, e não critica-la por não ter um tipo de inteligência. Alguns aqui podem achar absurdo o que eu vou escrever aqui, mas há duas frases que minha mãe falava para mim, por eu definitivamente não conseguir tirar notas altas: “Estude o suficiente para passar de ano, não precisa tirar nota alta.” e “na escola você vai mal, mas quando entrar no mercado de trabalho, você irá longe”. E foi justamente isso que aconteceu rsrsrs. Beijos.

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        • E o contrário muitas vezes tambem acontece, bons alunos vão mal no mercado de trabalho.
          A vida é multifatorial e multidisciplinar, há espaço para perfis e trajetórias diferentes sem que essas sejam consideradas erradas.
          Tem pais e mães que percebendo ou não fazem um verdadeiro terrorismo com os filhos, ao invés de ajudar, os sufocam e prejudicam sua alto estima e isso não é raro.
          Por isso que disse mais acima e repito, tem muitos pais e mães que precisam mais de acompanhamento do que seus filhos.
          É lógico que não sou contra ir bem na escola, muito menos que os pais incentivem seus filhos, mas fazer disso um instrumento para domar os filhos ou fazer disso a únca coisa importante da vida é uma grande irresponsabilidade.

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          • Sim, concordo. Conheço pessoas próximas de mim inclusive, que eram ótimos alunos e hoje estão frustrados, porque perceberam que nota alta na escola não fez deles uma pessoa extraordinária, e isso é difícil de engolir. Atualmente, acredito que seja interessante ter flexibilidade e resiliência, além de curiosidade em aprender novas habilidades, já que novas tecnologias não param de chegar, e vivemos em uma sociedade hiperconectada. Até meu marido me conhecer, ele também achava que um aluno deveria sempre tirar nota máxima, e que inclusive teria castigo se não fosse bem na escola. Até que ele me conheceu e ouviu o outro lado da história. Ele se rendeu e entendeu que nossas filhas não precisam se matar para tirar 10 nas provas, elas precisam se esforçar, claro, mas não serão castigadas se após todo esforço, não tirar uma nota alta. Concordo com você: “É lógico que não sou contra ir bem na escola, muito menos que os pais incentivem seus filhos, mas fazer disso um instrumento para domar os filhos ou fazer disso a única coisa importante da vida é uma grande irresponsabilidade.” Beijos.

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        • oi Yuka,

          A minha filha aprendeu a ler com 5 anos (5 e meio, na verdade). Na escolinha que ela estava, a metade das crianças foi para o primeiro ano já lendo. Eles não tinham o foco em ensinar a ler, mas ensinavam as letras e ela tinha muita curiosidade. A gente lia muito para ela, então foi meio natural isso. Ninguém nunca sentou com ela e ensinou, foi uma espécie de clique. Isso depende muito da criança, tem um amadurecimento que precisa acontecer. O esperado hoje é que as crianças aprendam a ler até o final do 2o ano, pois o primeiro ano no ensino fundamental de 9 anos corresponde ao antigo pré. Entretanto, ter aprendido a ler cedo não fez dela uma boa aluna, embora goste muito de ler e leia muito. Hoje ela está na 6a série e estamos ajudando muito ela a se organizar e estudar para as provas. Eu não espero que ela tire notas altas, mas acho que tem que tirar o suficiente para passar de forma tranquila. Mas, apesar de eu insistir muito nisso com ela, ela fica muito mal quando não vai bem. Na verdade, fica arrasada mesmo. Eu tento fazer ela entender que se ela se esforçou, fez o que tinha que fazer, está ótimo. Às vezes isso vai se refletir em um 10, às vezes não.

          E sim, ir bem na escola não faz ninguém ter sucesso na vida. Ajuda a passar no vestibular e em concurso público, mas é só isso. Inclusive, onde eu trabalho está cheio de gente que se acha boa demais para fazer o que tem que ser feito, pois sempre se achou melhor que os outros na escola porque tirava nota alta.

          Abraço,

          Daniela

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    • Oi Bhuvana, eu também já acho que passo pouco tempo com as crianças, já que durante a semana, nós 4 ficamos fora de casa o dia todo. Agora que reativei meu ateliê, elas têm passado um pouquinho do tempo comigo nesse espaço, já que virou a atração principal da casa rsrsrs. Estou achando bom, porque elas começam a descobrir desde cedo as maravilhas dos trabalhos manuais e de como isso alivia a tensão do dia-a-dia, além de diminuir ansiedade. Fico bastante orgulhosa ao ver minhas meninas fazendo as próprias pulseiras, mexendo com destreza a pistola de cola quente, fazendo desenhos muito bonitos. Criar e soltar a imaginação é algo maravilhoso. Um beijo!

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  6. Oi Yuka, boa noite,

    Esse assunto é complicado mesmo. Para as crianças pequenas que vão o dia inteiro para escola, fazer qualquer coisa extra fica bem cansativo. Quando a minha filha ficava das 8h30 as 17h30 na escolinha, uma época ela fez nataçao apos a escola e era um stress. Ela ficava exausta e fazia cada birra que era um pesadelo. Nao deu nada certo.
    Mas se a criança vai só meio periodo na escola e os pais tem disponibilidade de pagar e levar e buscar, e, principalmente a criança curte, fazer um esporte ou aula de música, eu acho legal. Agora que a minha filha está com 11 anos, só consegue fazer inglês, porque a escola tem sido bem pesada para ela, sempre tem muito tema e trabalhos para fazer.
    Eu entendo que os pais preferem ocupar os filhos com coisas variadas como uma forma de dar mais opções de desenvolvimento para eles e descobrir aptidões. Mas isso é bem bolha, é uma preocupaçao de classe media. Eu quando criança não fiz nada disso, minha familia era bem simples, eu passava as tardes vendo tv, a diferença é que agora passam as tardes no celular.

    Um abraço,

    Daniela

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    • Oi Daniela, também penso que nem você, criança que fica integral numa escola é complicado fazer qualquer curso extra. Agora, se a criança estuda meio período, acho legal fazer alguns cursos, se os pais tiverem condições financeiras e tempo para levar e buscar. Eu lembro que quando era criança, quando sentia tédio, eu ficava literalmente olhando para o teto, imaginando como seria morar em uma casa virada de ponta cabeça. Conseguia passar muito tempo concentrada, pensando só nisso. Me assusta a pressa que as crianças de hoje tem. Minha filha adora ficar com o controle remoto na mão, e acelera algumas partes do desenho que é monótona…. olha a situação. Beijos.

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  7. Yuka eu fui uma criança lotada de compromissos.
    Lembro que com 8 anos fazia balé, natação, pintura a óleo, aula de flauta, aula de jazz e já era nível intermediário no inglês. Minha mãe me usava como tradutora nos aeroportos, pensa no perrengue? Socorro. Lembro uma vez que fiquei bastante nervosa e com medo dos policias, pois não é responsabilidade de uma criança né?

    Meus pais trabalhavam demais e estavam se divorciando, então lotavam minha agenda para eu não perceber o que estava acontecendo.

    Uma vez, o pisca alerta da minha avó foi acionado quando uma babá comentou com ela que eu não sabia brincar. Minhas bonecas eram mudas. Eu não sabia direito o que tinha que fazer. Não sabia socializar com outras crianças. E não tinha unhas de tanto que eu roía!

    Eu tinha 8 anos quando eu comecei a fazer acompanhamento psicológico. A dinâmica lá era diferente do que eu pensava. Eu não gostava de conversar. Achava que estava lá pq era doente. Então a psicóloga passava cerca de 1h brincando comigo e me analisando sem eu perceber. Lembro que ela pedia pra eu mobiliar a casinha, decorar… e eu amava! As vezes a gente desenhava…
    Foram 2 anos que me ajudaram demais! Hoje não tenho hábito de roer as unhas e falo mais que a boca! Kkkkkkkk Sou super sociável, faço amizade até com o poste.

    Com base na minha infância, tento fazer diferente com minhas filhas. Sei que meus pais queriam o melhor pra mim, mas eu era exausta e só tinha 8 anos! Lembro que fui passar férias na casa da minha avó no interior e brincava com as crianças na calçada até quase anoitecer. Foi uma fase boa!

    Sei que os tempos mudaram, mas quero tentar proporcionar uma infância feliz pra minhas filhas. E eu me realizo junto com elas. Talvez eu não tenha brincado tanto quanto deveria. Então hoje uso elas de desculpa pra ir junto! Hahahahha A criançona! E elas amam que eu participo de tudo!

    Aqui no Japão temos muitos parques gratuitos, um mais incrível que o outro. Mas sabe o que minhas filhas gostam? De colher galhos soltos e folhas. Apelidamos elas de AgroGirls! Kkkkkkkkk
    Confesso que no começo achava muito esquisito, pois com tanto brinquedo legal, elas queriam brincar com mato. Mas criança é assim mesmo. Gosta de explorar o ambiente, a natureza… não cabe a mim escolher o que elas devem brincar. A roupa volta pura terra. Tenho dó da lavadeira aqui de casa, conhecida como eu mesma, rs! Mas uma infância sem sujeira e cicatrizes/ralados, não foi uma boa infância. Então deixo elas aproveitarem. Um dia como vc disse, vão descobrir que a terra é suja. As coisas não vão ter mais a mesma graça de hoje. Então vamos deixar elas serem crianças.

    Como sempre você me inspira! Beijão.

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    • Oi Tiemi, nossa, quantos cursos você fez quando era criança!!! Eu digo para o marido que nossas crianças já sentirão o mundo acelerado, isso será inevitável. Então meu desejo é que elas consigam aproveitar a infância enquanto ainda há tempo. Minhas filhas são que nem as suas, adoram colher galhos soltos. Gostam também de ficar organizando flores em cima dos muros, colhem sementes, fazem esculturas de areia, e como adoram brincar de água. Criança parece que já nasce conectada com natureza, conforme crescemos, nos afastamos daquilo que já fazia parte de nós. Beijos.

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    • oi Tiemi, o acompanhamento psicológico de crianças é sempre feito através de brincadeiras e jogos. Mesmo na pré adolescência eles ainda usam essa abordagem. Foi muito bom os teus pais terem percebido que você precisava de ajuda. Eu sempre digo que ser mãe é a coisa mais difícil que eu fiz na vida, e perceber o que faz bem ou mal para os filhos, mesmo que sejam coisas que você acha que seriam boas, é bem difícil, pois às vezes a gente tem que desconstruir o jeito que a gente vê o mundo.

      Um abraço,

      Daniela

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  8. Olá Yuka! É realmente assustador ver o movimento da adultização crescendo mais a cada dia. Parece que estamos em uma eterna competição.
    Meu blog é novo por aqui, mas a intenção é publicar textos jornalísticos de minha autoria, com ponderações sobre os mais variados temas.
    Se puder ler, seguir, curtir e compartilhar, será de grande ajuda!
    E claro, comente suas opiniões…

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