Dinheiro, IF e FIRE

O que vem depois da Independência Financeira?

Panorama, Alpes, Europa, Montanhas

Vou contar a minha experiência individual, então não considere isto como uma regra, são apenas devaneios pessoais.

Enquanto eu estava focada em FIRE (Financial Independence Retire Early), acumulando patrimônio, acreditava em uma linha de chegada, ou seja, conseguir alcançar um determinado valor de patrimônio.

Essa linha de chegada era como se fosse um grande divisor de águas, como se fosse o pico de uma montanha, o meu destino final, o fim de todos os problemas, o nirvana.

Eis que o patrimônio cresce e chego no valor que eu havia determinado, e aí descubro que depois da montanha… somente há mais montanhas.

A vida segue, as pessoas continuam ocupadas, cada um vivendo as alegrias e as dificuldades da vida.

Há os que confortavelmente vivem de renda. Há também os que decidem mudar de emprego. Alguns reduzem a jornada de trabalho, e outros, continuam trabalhando.

Se antes não via a hora de ser FIRE, hoje, a única coisa que desejo é que o tempo passe bem devagar, para que eu possa curtir a vida.

Passei a enxergar o trabalho de outra forma, vejo que trabalhar me faz bem.

Curtir a vida é aproveitar minhas filhas pequenas que amam estar comigo. Curtir meu casamento que é tão bom. Estar em companhia dos amigos. Curtir a vida sem sentir dores no corpo.

Isso só reafirma como o dinheiro não é e nem pode ser o centro da vida.

Ele deve ser a ferramenta que facilita, que traz conforto, segurança. Ele nos liberta de ambientes tóxicos, colegas tóxicos, de chefes assediadores (ou de subordinados assediadores), de sofrimento, de fazer algo que está contra os nossos princípios.

Acumular dinheiro faz com que alguns problemas desapareçam aos poucos… o medo de passar necessidade na aposentadoria, de não ter um atendimento decente no momento de alguma doença séria, o medo de ser demitido, de não ter comida na mesa, a situação política do país, o sobe e desce da economia, desemprego, inflação.

Ter dinheiro significa poder morar em um lugar mais seguro, ter tranquilidade para ter uma folga mental que faz querer viver mais tempo e com saúde. E viver mais tempo significa querer dormir melhor, melhorar a alimentação, pensar mais no bem estar, estreitar as amizades, fazer as pazes com o passado e ser saudável, já que a intenção é viver bem e por bastante tempo.

As dificuldades financeiras vão ficando para trás, e com isso alguns medos e ansiedade também vão sendo eliminados, o que faz com que consigamos focar em outras áreas da vida.

No meu caso, a independência financeira permitiu que eu parasse de ficar pensando no futuro e começasse a focar mais no presente.

O foco no presente veio também em momento oportuno, pois na pandemia, minha saúde mental deteriorou, afinal, ansiedade nada mais é do que ter excesso de futuro pelo que ainda não aconteceu, e excesso de pesadelos pelo que já aconteceu. É o medo de perder o controle.

Apesar de estar bem hoje, sei que preciso estar atenta para colocar a minha saúde em primeiro lugar.

Se antes eu justificava que precisava pensar no futuro devido a instabilidade financeira, hoje, não preciso mais ter essa preocupação, o que faz com que eu não tenha mais desculpas que eu dava para mim mesma.

Continuo gostando de economizar, afinal, não é porque não preciso pensar em dinheiro, que vou rasgar dinheiro, mas já não conto as moedas como gostava de contar antes, tanto em relação às quantias que sai (gastos) como não me importo mais com a quantia que entra (renda passiva).

Também comecei a gastar mais em lazer (livros, restaurantes, viagens etc), em conforto (carro, lava-louça, robô aspirador, etc), em saúde (plano de saúde melhor, natação, psicólogo, etc).

Parei de acompanhar o mercado financeiro, não sei mais as altas ou baixas da bolsa de valores, eu só junto tudo no início do mês (parte do meu salário e o que entra de renda passiva na conta da corretora) e invisto em algo de valor. É simples e monótono, assim como deve ser.

Só de parar de fazer esse acompanhamento mensal, já me deu uma boa desestressada, afinal, eu não preciso desse dinheiro investido hoje, não é o meu sustento ainda, então o que eu quero é que ele fique muito tempo adormecido para que os juros compostos faça o seu trabalho.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

A minha trajetória entre os tipos de FIRE

Quando eu ouvi pela primeira vez sobre FIRE (Financial Independence Retire Early), eu tinha uma bebê recém-nascida no meu colo. Foi um marco inesquecível na minha vida, já que a vontade de voltar ao trabalho era zero.

A gana para me libertar do sistema foi tão grande, que em pouco tempo eu devorei muitos conteúdos FIRE, li centenas de livros sobre investimentos e aprimorei meu controle financeiro. Aprendi a investir e também a economizar, já que no meu trabalho, tenho o agravante do meu salário não ter reajustes anuais por longos períodos, ou seja, apesar dos gastos terem a perspectiva de aumento, a receita diminui; uma péssima combinação.

Aprender a economizar nas coisas certas para gastar em coisas que eram importantes para mim, permitiu que eu continuasse com a mesma qualidade de vida, mas aumentasse os aportes. Eu já era bem controlada financeiramente, então não tive mudanças radicais no meu estilo de vida, mas a forma como eu passei a enxergar o dinheiro, e consequentemente, a investi-lo, mudou da água para o vinho.

Os bons resultados vieram relativamente rápido, por uma sucessão de acontecimentos. A renda fixa que estava dando taxas altas de retorno, o boom imobiliário, a renda variável que ainda não tinha começado a sua subida, aliado com muito estudo, consegui enxergar o poder dos juros compostos em alguns anos, e meu foco se consolidou em acumular patrimônio suficiente para ser FIRE.

Em 2020, eu alcancei o que podemos chamar de Lean FIRE.

Lean FIRE significa que você é independente financeiramente, pois consegue pagar todas suas despesas básicas.

Eu já consigo pagar todas as minhas despesas atuais, e não apenas as despesas básicas, o que me alçaria para o patamar de FIRE, mas como minhas filhas ainda são pequenas e os gastos estão aumentando, acho prudente me considerar no patamar de Lean FIRE. Além disso, nessa crise política e financeira que todos nós nos encontramos, meu patrimônio sobe e desaba numa velocidade impressionante, já que a maior parte dele é composto de renda variável.

Neste ano, comentei que li o livro Die With Zero onde o autor fala sobre a importância de não deixar alguns sonhos para depois, pois alguns eventos têm data de validade.

Depois da leitura do livro, eu percebi que eu seria uma ótima candidata a ser uma Coast FIRE.

Coast FIRE é quando você acredita que possui patrimônio suficiente para deixar rendendo durante alguns anos, enquanto você ainda tem o trabalho ativo.

Há alguns anos, eu escrevi um post falando sobre a minha estratégia FIRE, de que a partir do ano de 2021 (oh, esse ano!!!), eu poderia ficar 5 ou 6 anos sem aportes, e que mesmo assim, seria FIRE por conta do efeito bola de neve. Nessa época, eu ainda não conhecia o termo Coast FIRE, mas pensando agora, é exatamente isso que estou prestes a fazer.

Eu tinha escrito “a partir do ano de 2021”, porque em 2021, minha filha mais velha completaria 6 anos.

A partir dos 6 anos dela, eu tinha muitos planos. Sabia que viagens com crianças seriam mais tranquilas (só não contava que estaríamos no meio de uma pandemia). É uma idade em que a criança está aberta e começa a mostrar interesse para aprender coisas novas como esportes, instrumento musical, dança, ou qualquer outra coisa que ela tenha interesse.

A verdade é que após alcançar determinados marcos FIRE, eu me sinto livre.

Claro que ainda não chegou o momento de sair do trabalho pelos motivos citados acima (e sinceramente falando, após 1 ano e meio trabalhando de casa, trabalhar presencialmente está me fazendo um bem danado), mas eu me sinto livre por saber que não preciso me preocupar com a minha aposentadoria, de saber que se caso eu venha morrer, minha família não vai passar necessidade como minha mãe passou para criar 3 crianças pequenas.

Eu me sinto livre para proporcionar experiências para as minhas filhas, permitir “usar” meu salário sem precisar me preocupar se vai faltar amanhã. É como se o final do arco-íris estivesse agora entrelaçando os meus dedos…

Iniciei o projeto FIRE com 34 anos, e no meu planejamento inicial, eu iria alcançar a Independência Financeira bem mais tarde, mas com os bons ventos dos investimentos, esse prazo antecipou bastante.

Ter começado a estudar finanças, assim que descobri sobre FIRE e ter acreditado nessa “vida de utopia” como muitos dizem por aí, fez muita, mas muita diferença.

Aos 39 anos, cheguei no Lean FIRE.

Aos 40 anos, entendi que cheguei num ponto, que eu posso deixar meu patrimônio crescer por mais alguns anos e fazer o estilo Coast FIRE, talvez até completar 45.

Poderia também ser uma Barista FIRE.

Barista FIRE é quando você atinge a independência financeira, mas trabalha em um emprego tranquilo, muitas vezes de meio período, que oferece alguns benefícios como plano de saúde, ticket alimentação, seguro odontológico.

Ou até mesmo quem sabe, uma Fat FIRE daqui a alguns anos, apenas com o poder do tempo e juros compostos.

Fat FIRE é quando uma pessoa tem dinheiro suficiente para pagar suas despesas e ainda sobra para fazer o que deseja.

Acho que o importante nessa jornada FIRE é não se amarrar em uma única regra, pois é uma jornada longa, na maioria das vezes de 10, 15, 20 anos. É claro que conforme o tempo passa, começamos a ter uma percepção diferente do que tínhamos no início da jornada.

Muitos começam essa jornada solteiros, depois encontram um companheiro, casam, tem filhos, alguns se divorciam, porque viver é isso, temos sempre mudanças acontecendo na nossa vida.

Para mim, foi muito importante não ter me amarrado em um único conceito existente, nem de me colocar dentro de uma única caixa, e sim, ter adaptado os conceitos existentes para abraçar FIRE de acordo com a minha própria realidade e necessidade.

Eu tomei algumas decisões acertadas ao longo destes anos, vivi de uma forma um pouco mais modesta, mas nada absurdo aos olhos das pessoas, tanto que passo despercebida pelo meio em que vivo.

Eu nunca me senti privando de nada, pois eu sabia que estava fazendo algo muito importante, não só transformando a minha vida, mas a vida do meu marido e das minhas filhas.

FIRE sempre foi uma jornada para a liberdade, e é por isso que eu nunca enxerguei como uma jornada de sacrifícios, e sim, de escolhas inteligentes.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

De moeda em moeda, o dinheiro se multiplica

Investimentos-atrelados-a-inflacao-porquinho-de-moedas-com-pouco-dinheiro

Já assisti diversos YouTubers dizendo que ninguém fica rico economizando no cafezinho, torcem o nariz para quem faz economia pequena.

Mas eu enxergo 3 contrapontos nessa frase:

1.) Ninguém começa grande.

2.) O problema não é o cafezinho em si, mas os gastos que ele representa ao longo do ano, acumulado com outros gastos igualmente pequenos.

3.) Quando ignoramos valores pequenos, ignoramos também o valor do dinheiro.

Ninguém liga para um desconto de internet de apenas R$20. Mas não são R$20. Em um ano, são R$240.

Somado com aquela taxa de manutenção bancária de R$30 mensais, vezes 12 meses ao ano, dá R$360, só por não ter uma conta digital sem taxas.

E aquele Uber que pegamos por preguiça, sendo que poderíamos ir andando ou pegar transporte público. Supondo que seja uma economia de somente R$100 por mês, no final do ano já são R$1.200.

Aquela feira semanal que vamos, ao invés de gastar o valor costumeiro, poderíamos economizar R$20 semanais. São mais R$960 de economia ao ano.

Poderia ficar aqui dando 1 milhão de exemplos de onde poderíamos rever o consumo, mas para não cansa-los, vamos somar só estes poucos exemplos: R$2.760,00.

Esse valor poderia facilmente subir para 5 mil, 10 mil reais de economia ao ano, mas quem não se preocupa em economizar valores pequenos, também não vai perceber que está rasgando todo esse dinheiro fora.

A verdade é que ninguém começa grande. Todo mundo começa pequeno. Ninguém começa ganhando um salário alto. Quem fala que temos que ignorar valores pequenos, é porque esqueceu do tempo que ganhava um salário baixo.

Eu concordo que esse controle não precisa ser feito para sempre, mas é muito importante ter uma boa noção do quanto está sendo gasto, e quanto está sendo poupado, principalmente nos primeiros anos de investimento.

Eu sempre comento por aqui que a vida tem fases e ciclos.

Há determinadas fases em que é preciso poupar com mais intensidade, da mesma forma que há fases em que podemos afrouxar um pouco o cinto. Há fases em que entra mais dinheiro no bolso, enquanto há fases em que entra menos.

Comigo não foi diferente. Houve fases em que eu juntei moedas, poupei dinheiro que as pessoas negligenciavam dizendo que era dinheiro do cafezinho. Em cima dessas piadas disfarçadas de brincadeiras, eu poupei tudo o que sobrava, porque sabia que da mesma forma que há períodos que sobra dinheiro, há períodos que não sobra dinheiro, principalmente para quem não tem um salário tão alto.

Muitos influenciadores falam que não devemos nunca diminuir os gastos, e sim, aumentar a renda. Mas vamos ser realistas, não é todo mundo que tem essa facilidade de aumentar o salário.

Temos que reconhecer que podemos ter controle nos gastos, não na renda. E é por isso que meu foco sempre foi economizar.

Todo esse controle que eu tive foi essencial para entender para onde estava indo meu dinheiro. Afinal, “aquilo que não é medido, não pode ser melhorado”. Ou seja, se não sabemos onde está o cano furado, não temos como conter o vazamento.

Após anos poupando e investindo, e depois de acumular um certo patrimônio, cheguei numa fase que não preciso ser tão rígida no controle como era no começo, pois hoje sei quais são os meus ralos e aprendi com erros e acertos, a gastar dinheiro de forma inteligente.

Mas repito, para mim, economizar nas pequenas coisas foi fundamental.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Preparando-se para ser FIRE: criação de renda passiva

Van Miniatura Fundida Amarela Em Areia Marrom

Eu ainda tenho alguns anos pela frente para alcançar a tão sonhada Liberdade Financeira.

Mas conforme os anos vão passando e o patrimônio aumentando, sinto a necessidade de olhar para a minha carteira de investimentos com mais carinho, pensar qual estratégia funcionaria melhor para mim.

Há diversas estratégias espalhadas por aí, além da mais conhecida regra da Taxa Segura de Retirada de 4%.

Vou colocar aqui alguns posts muito bons sobre o assunto:

TSR no Brasil: 25 anos completos de histórico e projeção futura” – Blog AA40

TSR para o Brasil: um estudo sobre os primeiros anos de IF” – Blog Quero Virar Vagabundo

Renda Fire: alternativas para a regra dos 4%” – Kraucer’s Blog

Blindando a regra dos 4%” – Blog IFologia Pop

Depois de ler e pensar bastante, tenho pensado em me apoiar na criação de renda passiva com Fundo de Investimentos Imobiliários, os famosos FIIs.

Eu não concentraria num único tipo de ativo, ou seja, teria outras fontes de renda, como os dividendos das ações e também o aluguel do meu imóvel físico, mas gostaria de pagar as minhas despesas mensais com os FIIs.

Vale lembrar que Gleison do Sapien Livre usa esta estratégia (carteira previdenciária com FIIs) desde que declarou sua independência financeira, e acompanhei sua tranquilidade, mesmo nos períodos em que o mercado financeiro teve quedas pavorosas por conta da pandemia. Essa tranquilidade vem justamente por não precisar se desfazer de nenhum ativo que está descontado para pagar as contas do mês.

Mesmo quando os ativos perderem 30% ~ 50% de valor e parte da renda passiva mensal reduzir, graças à previsibilidade dos FIIs, temos mais chance de suportar com menos abalo psicológico, períodos longos e de grandes oscilações no mercado financeiro, pois não precisamos vender nenhum ativo.

O Diego do Aposente Cedo também utilizou esta estratégia quando iniciou sua vida FIRE (Financial Independence Retire Early) há poucos meses. A sua carteira está alocada em diversos ativos, mas as suas despesas básicas são pagas com folga pelos aluguéis dos FIIs.

Atualmente, minha carteira está 90% alocada em renda variável e 10% em renda fixa.

Isso aconteceu, porque eu basicamente zerei posição na renda fixa para comprar ações, no momento em que a bolsa estava batendo os seus 70 mil pontos, no início da pandemia em 2020.

E com a subida da bolsa, minha exposição em renda variável aumentou ainda mais.

A ideia agora é reduzir parte da minha carteira de ações e aumentar gradativamente a exposição em FIIs, até 30%. Eu já estava fazendo isso apenas com os meus aportes mensais, mas caiu a ficha recentemente que fazer esse rebalanceamento da carteira apenas com os meus aportes, demoraria muitos anos.

Quando chegar em 30% em FIIs, vou avaliar se aumento a exposição um pouco mais ou não, dependendo da renda passiva que o portfólio de FII irá gerar.

Eu não pretendo alocar 100% da minha carteira em FIIs, mas para quem tiver interesse, vale a pena a leitura do e-book gratuito do Rodrigo Medeiros, do Desmistificando FIIs e não esquecer que mercado imobiliário tem períodos de recessão e de expansão.

Ponto 1: FIIs para geração de renda passiva

Sabemos que as ações dão mais retorno do que Fundos de Investimento Imobiliário e renda fixa no longo prazo.

A renda fixa gera ótimas oportunidades se bem aproveitadas, e também dá uma sensação de segurança quando a carteira de ações desaba 30, 40, 50%.

Por esse motivo, tento manter pelo menos de 20% a 25% da minha carteira em Renda Fixa, apesar de atualmente estar em 10% pelos motivos citados acima.

De qualquer forma, meu foco hoje é na geração de renda passiva com FIIs, pela previsibilidade.

Ponto 2: Manter o imóvel físico para renda passiva futura

Já pensei por diversas vezes em desfazer do imóvel que atualmente está alugado, e transformar em FIIs, mas por enquanto, como o valor do financiamento é menor que o valor que o inquilino paga, vou mantê-lo, afinal, quem está pagando o meu financiamento é o inquilino.

Depois de alguns anos, a diferença do fluxo de caixa será um plus na renda passiva.

Ponto 3: Tentar uma TSR menor que 4%

Na regra dos 4%, eu teria que anualmente vender parte da minha carteira para compor a minha renda mensal.

Mas com a estratégia de geração de renda passiva com FIIs, pretendo não sacar nada do principal, e usar apenas os aluguéis dos FIIs.

Então resumindo, a minha estratégia será:

  • Aluguéis dos FIIs: servirá para pagar minhas despesas com folga
  • Aluguel do imóvel físico: inquilino paga o financiamento imobiliário
  • Dividendos das ações: reinvestir
  • Renda extra: reinvestir

Como pretendo pagar as despesas mensais com os aluguéis dos FIIs, vou deixar uma folga financeira de uns 20~30%.

Este valor que irá sobrar mensalmente, penso em colocar em algum fundo DI para ser gasto em viagens, lazer, ou qualquer outra coisa que eu ache importante.

O reinvestimento seria feito apenas com os dividendos das ações e de eventuais rendas extras.

Com essa estratégia, eu acredito que conseguiria ter mais chances de sobreviver a uma crise econômica (que a gente nunca sabe quando vai acontecer), já que a carteira de ações, stocks, renda fixa e reserva de emergência (eu ainda tenho uma previdência complementar da empresa que trabalho), estariam intactos, permitindo o crescimento saudável do patrimônio ao longo dos anos.

Em caso de uma crise extrema, inflação completamente descontrolada, tenho a opção de ir morar no imóvel que hoje está alugado.

Sei que não há um único caminho para alcançar a Independência Financeira, da mesma forma que não há um único caminho para definir o que é certo e errado em relação a renda FIRE.

É apenas uma das estratégias dentre as diversas estratégias, para o mesmo objetivo.

E você, já sabe qual estratégia irá utilizar para gerar sua renda FIRE?

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Diário de quarentena: meus investimentos

Café, Frio, Caneca, Quentes, Manhã, Bebida, Copa

Estou confinada no meu apartamento, assim como alguns de vocês.

A bolsa de valores sobe e desce loucamente todos os dias, mas surpreendentemente, estou muito, muito tranquila. Para quem tem curiosidade, até o momento, minha carteira desvalorizou -24%, mas continuo com a minha estratégia de sempre, que é de longo prazo.

Aproveitando os momentos em casa, estou tentando fazer algo útil e aprender coisas novas para não passar por essa fase que por si só é complicada, em branco.

Balanceamento da carteira de investimentos

Com a constante queda e colapso na bolsa de valores, e o meu patrimônio sendo jogado para baixo numa velocidade recorde, tenho tentado tirar algum aprendizado com toda essa volatilidade.

Muitas das coisas que estou passando neste exato momento, eu já sabia na teoria, mas nada como a vivência para ter uma compreensão melhor, para fazer ajustes na estratégia de investimentos.

Como a bolsa de valores só subia há alguns anos, confesso que estava tentada a aumentar a porcentagem da renda variável da minha carteira. Entretanto, a queda inesperada e constante da bolsa, numa velocidade surpreendente, me mostrou a importância da renda fixa, no meu caso, não para reduzir a volatilidade da carteira, e sim, para usar como uma grande reserva de oportunidades.

Depois de diversos aportes que fiz nas últimas semanas, minha carteira está basicamente 80% em ações brasileiras e 20% em renda fixa. Apesar de estar bem confortável com essa alocação, resolvi abrir o leque da diversidade e acrescentar Fundos de Investimentos Imobiliários e Investimentos no exterior.

Depois do rebalanceamento, a minha carteira continuará com boa parte em renda variável (75%), mas estará melhor diversificada:

25% Ações

Tenho 20 empresas na carteira, mas considerando o momento delicado, manterei as 20, mas continuarei aportando apenas em 10 empresas que considero sólidas, resilientes e vencedoras.

25% FII

Apesar de não gostar muito de FIIs, entendi que é importante ter um pouco de renda passiva. Atualmente tenho 3.

25% Stocks (investimentos no exterior)

Acabei de abrir uma conta no exterior. A carteira ainda está sendo montada, estou estudando e escolhendo as empresas, acredito que fecharei em 20 empresas.

20% Renda fixa

Depois de estudar sobre testamento e herança, entendi que em caso de falecimento do cônjuge, preciso ter 10% do valor total do patrimônio para desbloquear os bens: 4% seria para o ITCMD (imposto sobre doações e heranças) e 6% para advogado.

Para nos resguardar de possíveis dores de cabeça, cada um (eu e marido) manterá 10% em um CDB de liquidez imediata na conta bancária.

5% Reserva de Oportunidades

Esta reserva servirá para aproveitar futuras oportunidades.

Testamento e herança

Vou compartilhar o que eu descobri até o momento. Eu e meu marido casamos no regime de comunhão parcial de bens, apesar de eu ter tido um imóvel no meu nome quando era solteira, vendi e transformei em dinheiro após o casamento, então já parto do pressuposto que tudo é nosso, ou seja, que não tínhamos nada antes do casamento. Além disso, temos 2 filhas.

Se eu morrer SEM testamento, meu marido entra como meeiro (recebe 50% do que já pertence a ele) e minhas filhas como herdeiras, recebendo 50% restante (25% para cada uma). Ou seja, meu marido terá 50% do patrimônio preservado em seu nome.

Pela lei do nosso país, posso doar até 50% do meu patrimônio para qualquer pessoa.

Então irei fazer um testamento onde:

  • 50% já será do meu marido por ele ser o meeiro;
  • 50% restante (que é a parte que me cabe), doarei metade 50% (que equivale a 25% do total) para meu marido, e os outros 50% (que equivale a 25% do total) para minhas filhas.

Com isso, ele terá 75% do patrimônio preservado em seu nome.

Ele também irá fazer um testamento.

Ler livros

Ano passado eu li muitos livros. Esse ano ando na marcha lenta… estou tentando aproveitar essa fase de quarentena forçada para reler alguns livros dos quais gostei mais, apesar de estar bem complicado… é a arte da paciência tentar conciliar home-office com crianças enérgicas, confinadas dentro de casa há 11 dias.

Espero que todos vocês estejam bem.

~ Yuka ~

Minimalismo

A sua falta de interesse em investimentos pode custar muito caro

Menino, Sozinho, Sessão, Banco, Pôr Do Sol, Sol

Quando comento sobre investimentos com as pessoas, elas costumam ter uma desculpa na ponta da língua: vão começar daqui a algum tempo, talvez no ano que vem, quando conseguirem uma promoção, quando mudarem de emprego, quando terminarem de pagar as dívidas, quando as crianças crescerem etc.

O que elas não entendem, é que quando falamos de investimento, a cada ano postergado, a pessoa terá que trabalhar muito mais para alcançar a aposentadoria (ou tranquilidade financeira, ou independência financeira), já que receberá menos juros compostos.

Para quem não entende de investimentos, o parágrafo anterior não faz sentido nenhum, são apenas palavras soltas. Para quem entende de investimentos, significa ‘não dar valor ao dinheiro’, ‘rasgar dinheiro’, etc.

Desconsiderando a inflação, uma pessoa que ao invés de investir por um período de 30 anos, e resolve atrasar “apenas” 5 anos, achando que não vai ter tanta diferença assim no patrimônio final, terá uma surpresa desagradável. Esses 5 anos que a pessoa resolveu simplesmente ignorar, terá um efeito devastador no patrimônio, já que a diferença do valor acumulado entre uma pessoa que poupou por 25 anos e outra que poupou 30 anos será quase 50% menor.

E por quê toda essa diferença?

Por causa dos juros compostos.

INVESTINDO POR 25 ANOS INVESTINDO POR 30 ANOS
APORTE INICIAL R$ 5.000 R$ 5.000
APORTE MENSAL R$ 500 R$ 500
TAXA A.M. 0,80% 0,80%
VALOR ACUMULADO R$ 674.484,65 R$ 1.126.249,05

Reparem que a única variável que muda nos dois exemplos é o tempo investido, uma diferença de apenas 5 anos. O aporte inicial é o mesmo, a taxa mensal é a mesma, o valor do aporte mensal é o mesmo.

Essa única diferença de 5 anos, fez com que o valor acumulado, que seria de R$1.126.249,05, fosse reduzido para R$674.484,65.

Ou seja, por não ter investido R$30.000 (R$500 por 5 anos), a pessoa literalmente jogou no lixo R$421.764,40.

Vou dar outra informação que será chocante para quem não entende de investimentos.

Desse montante R$1.126.249,05, apenas R$185.000,00 foi dinheiro trabalhado do seu suor. Os outros R$941.249,05 foram juros compostos, ou seja, o seu dinheiro trabalhou para você.

Quem, em sã consciência, rasgaria 1 milhão de reais? Ninguém. Mas na prática, quando decidimos ignorar sobre a importância dos investimentos na nossa vida, a maioria da população rasga dinheiro todos os dias sem perceber.

Assustado?

Está na hora de correr atrás do prejuízo, antes que seja tarde demais.

Nota: Tem uma frase que eu não sei de quem é “Antes de correr, aprenda a andar. Tudo na vida tem sua hora, seu lugar”. Muitas pessoas me perguntam onde eu invisto, como consigo rentabilidades boas, só que esquecem que eu já faço isso há anos, esquecem que eu estudei todos os dias. Antes de querer se aventurar na renda variável, comece economizando parte do seu salário. Veja onde é possível enxugar gastos. Leia livros sobre investimentos, acompanhe blogs, sites e vídeos no YouTube sobre o assunto, comece devagar. Tudo tem o seu tempo. Eu não sei com qual educador financeiro você irá se identificar, então a alternativa que resta é pela tentativa e erro. Foi assim comigo, será assim com você. Faça a sua lição de casa, estude, há muitos conteúdos gratuitos. Só assim, irá entender como funciona o mercado financeiro e descobrir que investir não é difícil.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Como poupar 70% do salário

Lucro, Empresário, Finanças, Calculadora, Moedas

Hoje vou compartilhar o caminho que eu percorri até chegar num ponto de poupar cerca de 70% da renda familiar.

Para os que me seguem recentemente e acham que vivo na miséria, segue um panorama geral da minha vida: moro em São Paulo, em um bairro de classe média, a 1 quadra de uma linha de metrô, sou casada e tenho 2 crianças pequenas. Tenho plano de saúde familiar, apesar de não ter carro, ando de Uber e alimento minha família com alimentos orgânicos. Não sou empresária, nem ganho um super-salário.

E o que eu fiz para conseguir poupar cerca de 70% da renda familiar?

Lembrando que há uma série de fatores que faz com que a pessoa consiga (ou não) fazer o que eu vou compartilhar aqui, desde valor do salário, o custo familiar, se precisa ajudar alguém da família, o bairro que mora, a cidade que mora etc. Então avalie as dicas de acordo com a sua realidade, ok?

1.) Anote todos os gastos de forma minuciosa

Anote tudo, tudo, tudo, desde a bala Juquinha até o eletrodoméstico que precisou trocar. Sem anotação, não terá como fazer o diagnóstico da situação financeira. E sem diagnóstico, não dá para saber onde poupar e onde gastar. Faça disso um hábito.

2.) Crie grandes grupos de gastos

Agora que já temos listado todos os gastos, separe em grandes grupos.

Por exemplo:

Transporte = Uber, metrô, ônibus

Contas = aluguel, condomínio, luz, gás, internet, celular

Alimentação = supermercado, feira, açougue, padaria

Saúde = plano de saúde, remédios

Lazer = restaurante, cinema, viagem

Educação = escola, cursos, livros

3.) Faça uma análise de onde e como o dinheiro está sendo gasto

Agora que os gastos foram classificados em grandes grupos, você terá uma noção de quanto se gasta em cada grupo. Avalie onde está sendo gasto o seu dinheiro. Vai se surpreender o quanto gasta em lazer, o quanto gasta em alimentação e no transporte, ou até mesmo em coisas que nem julga ser prioridade. A partir do momento que entender onde o seu dinheiro é gasto, poderá avaliar como está sendo gasto. Será que o Uber está sendo utilizado mais do que o necessário? Será que está indo a restaurantes numa frequência muito maior do que o esperado por mês? Só você poderá ter essa resposta.

4.) Estipule cotas mensais

Estipule um valor mensal a ser gasto em cada grupo.

Se decidiu que o teto mensal para gastar na alimentação será de R$1.000,00, dê os pulos necessários para alcançar a meta. Vale ir na feira, eliminar desperdícios, procurar promoções nos supermercados, fazer estoque de alguns produtos que não são perecíveis etc.

Faça a mesma coisa em todos os outros grupos como Lazer, Transporte, Educação…

O truque é estipular um teto de gasto mensal. Quanto quer gastar na alimentação? E no transporte? E no lazer?

5.) Seu companheiro é do seu time, e não o seu adversário

Você deve conhecer aqueles casais que possuem tudo separado, conta separada, investimentos separados, um não sabe o que o outro faz com o salário que recebe.

Quando a gente une forças e passa a remar no mesmo ritmo, o barco anda muito, muito mais rápido.

Meu marido acredita tanto no meu projeto FIRE, que faz de tudo para me ajudar a tampar os ralos dos gastos desnecessários, para que possamos gastar em coisas que traz felicidade para a família.

6.) Comece poupando 10% (ou com qualquer porcentagem que conseguir)

Ninguém ‘normal’ consegue poupar 60% a 70% do salário assim, de cara (a não ser que a pessoa ganhe um super-salário). É um processo que demora anos, e também reconheço que não é todo mundo que conseguiria fazer isso, pois dependeria muito do valor que recebe de salário. Comece com 1%, 5%, 10%, e vá aumentando aos poucos.

7.) Toda vez que tiver um aumento de salário, finja que nada mudou e poupe a diferença que recebeu a mais

Vou dar um exemplo do que aconteceu mês passado. Meu marido foi contratado por uma Universidade e ele teve aumento salarial, mas nós continuamos com os nossos gastos de sempre, fazendo o que sempre fizemos. A única coisa que mudou na nossa rotina do mês anterior para esse mês foi no valor do aporte que aumentou.

8.) Toda vez que receber o 13 salário, poupe

“E vou pagar o IPVA como?”, “Vou viajar como?” Bom, temos o ano inteiro para planejar, então não conte com o dinheiro do 13. salário.

9.) Toda vez que receber restituição do imposto de renda, poupe

O mesmo conselho que o item anterior.

10.) Toda vez que alcançar a meta anterior, tente superar no mês seguinte

Faça avaliação constante para ver onde há ralos nos gastos. Aprenda a substituir os gastos, sem diminuir a qualidade. A intenção aqui não é economizar por economizar, e sim, eliminar apenas os gastos desnecessários.

11.) Faça revisão do orçamento sempre que puder

Eu faço sempre. Toda vez que o mês termina, eu avalio os gastos do mês anterior, e analiso onde eu abusei, se comprei coisas sem necessidade, se comi demais em restaurantes, se gastei além da conta no lazer… Fazemos essa revisão orçamentária com o único intuito de usar o dinheiro de forma inteligente. Às vezes, isso significa gastar mais no mês atual, por termos economizado muito no mês anterior.

12.) Aprenda a viver com o suficiente

Todo excesso gera desperdício. Não compre comida em excesso, não compre mais roupas do que consegue usar, não compre mais sapatos do que consegue calçar, não more em um apartamento grande que não consiga limpar sozinho. Avalie seus excessos e viva com foco no que é essencial para você.

13.) Aprenda a fazer as coisas por conta própria

Aprenda a consertar coisas básicas. Aprenda a cuidar da sua casa vendo vídeos no YouTube. Aprenda a fazer pequenos consertos na roupa. Aprenda a cozinhar pelo menos o básico. Aprenda a cuidar de si mesma (cuidar do cabelo, da pele, unha, pés, hidratação etc). Aprenda a limpar a sua casa.

E como arranjar tempo para fazer tudo isso se o tempo já é tão escasso?

Ué, é só deixar de acompanhar a vida dos outros pelo Facebook, Instagram, WhatsApp, assistir televisão ou perder horas navegando na internet, que tenho certeza que vai começar a sobrar mais tempo.

14.) Saiba a diferença entre padrão de vida e qualidade de vida

Padrão ou nível de vida se refere à qualidade e quantidade de serviços disponíveis a uma pessoa ou a uma população inteira. (Wikipedia)

Qualidade de vida leva em conta não só o nível de vida material, mas também fatores mais subjetivos envolvidos na vida humana, como lazer, segurança, recursos culturais, de saúde mental, etc. (Wikipedia)

Eu e meu marido aumentamos sempre a qualidade de vida, raramente o padrão de vida. As pessoas não entendem como a gente consegue viver bem e poupar bastante, mas o segredo é esse: colocamos como prioridade a qualidade de vida da família.

Ao invés de morar longe do trabalho e ter um carro, decidimos morar perto e eliminar o gasto do carro. Assim, com o dinheiro que eu não gasto com o carro, eu consigo pagar a diferença do valor do aluguel do meu apartamento em um bairro bom. O fato de morar em bairro bom acaba me permitindo economizar em outras áreas, como na escola e no lazer, já que há praças, parques, centros culturais, bibliotecas, SESC etc à disposição.

15.) Seja sincero: é necessidade ou ostentação?

Toda vez que eu compro algo, faço a seguinte pergunta: é necessidade ou ostentação? E não vale mentir, dizendo que algo é necessidade, sendo que é ostentação. Eu não tenho necessidade de ter, nem de ostentar, nem de mostrar, nem de provar. Eu tento viver a minha vida da melhor forma possível, e nem sempre isso significa abrir a carteira.

Posso dizer que eu e meu marido estamos muito satisfeitos com a vida que temos hoje.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Realize seus sonhos e ainda poupe todos os meses para a sua aposentadoria

Portugal, Lisboa, Europa, Europeu, Arquitetura, Capital

Há algum tempo, uma leitora fez a seguinte pergunta:

“Se só dispomos de R$1.000 por mês para investir e ainda não tenho reserva de emergência, mas tenho muitos sonhos, como poupar para uma viagem (curto prazo), a compra de um carro (médio prazo), compra de um imóvel (longo prazo) e fazer uma reserva para a independência financeira (aposentadoria, como quiser)? Devo dividir este valor em partes iguais ou proporcionais e começar vários investimentos, ou focar em um de cada vez? Porque se vou focar na reserva para a aposentadoria, isso quer dizer, que não poderei usufruir de uma viagem ou de ter meu imóvel? Não sei se ficou claro o que eu quero dizer, mas sinto que toda esta questão me paralisa, porque parece que se invisto em somente um sonho para alcançá-lo mais rápido, ou um pouquinho em todos, não chegarei a lugar algum.”

Eu achei essa dúvida maravilhosa, porque é a mesma dúvida que eu tinha quando estava iniciando meus investimentos. Só que no meu caso, eu não tinha ninguém pra perguntar e acabei aprendendo na base do erro mesmo.

Então fui lá nos comentários, resgatei a resposta, complementei mais um pouco, e resolvi postar aqui como um dos posts, pois tenho certeza que poderá servir de “guia” para muitas pessoas.

1.) A reserva de emergência é uma necessidade

Esse item, não há discussão. É uma necessidade.

Tente poupar todos os meses até conseguir juntar a quantia referente a pelo menos de 3 a 6 meses do seu custo mensal. Se ganha um salário de R$4.000, mas seu custo de vida é de R$3.000 mensais, tenha pelo menos R$9.000 na poupança. “Ah, mas a poupança não tem rendimento bom”. Não é para se preocupar com rendimento, a reserva de emergência é para conseguir resgatar o dinheiro numa situação hipotética de um domingo às 3h da madrugada.

Muita gente, na ânsia de começar a investir, já vai direto na corretora para investir nos CDBs, no Tesouro Direto, FIIs, ações etc. E isso é um grande erro. A reserva de emergência existe justamente para evitar que paguemos juros (do cheque especial) ou multa por resgatar um investimento antes da hora, por um surgimento de uma emergência. Se você for uma pessoa controlada, não precisa ter 6 meses a 1 ano do salário na reserva de emergência. Eu mesma, tenho apenas 2 meses de salário, mas toda vez que preciso usar uma parte do valor por qualquer motivo que seja, logo no mês seguinte, reponho o valor que retirei.

2.) O próximo passo é começar a investir

Eu preciso falar sobre 2 coisas:

1.) Você vai aprender errando. Isso será inevitável. A pessoa que não investe por medo de errar nos investimentos, infelizmente, nunca vai entender que é errando que se aprende.

2.) Escolhas deverão ser feitas. Sim, você não vai ter tudo nessa vida. Se seu salário for baixo, e você decidir ter um carro, pode ser que não dê para custear as viagens. E o motivo é muito simples: um carro custa caro, não só no momento da compra, mas para mantê-lo. O preço que pagaríamos em um carro, poderíamos investir na própria aposentadoria. E o preço para manter um carro, poderia nos custear 1 viagem internacional por ano.

Compreende quando falo em escolhas?

Não dá para ter tudo.

3.) Aprenda a fazer escolhas modestas (pelo menos no início)

Se quer viajar nos primeiros anos de aporte, opte por viagens nacionais, diria até regionais, no próprio Estado onde mora, evitando o período de alta temporada que é mais caro.

Se por exemplo, você consegue juntar R$1.000 por mês, crie metas. Esses R$1.000 mensais iriam para a conta da aposentadoria. Quando conseguir juntar R$15.000, dê um presente para você, fazendo uma viagem gastando R$1.000 para algum lugar perto da sua cidade. E dá pra viajar sim, nas férias passada eu mesma fui para Águas de Lindóia levando 4 pessoas por 3 noites, e paguei R$1.200 com tudo incluso (hospedagem, ônibus, 3 refeições por dia, etc).

Realizar sonhos é importante, porque é o que nos anima para economizar mais e rever os gastos, pois sabemos que chegando na meta dos R$15.000, poderemos gastar R$1.000 para curtir uma viagem.

Depois, cria-se a próxima meta: juntar mais R$15.000 para fazer uma outra viagem. Se demoramos para juntar o dinheiro, a viagem pode ser postergada em mais de 1 ano, 2 anos, só dependerá da nossa capacidade de poupar.

E é assim que realizamos os sonhos e juntamos dinheiro para a aposentadoria.

Vai ter uma hora, que você terá R$100.000 ~ R$300.000 investidos que renderão de juros aproximadamente de R$1.500 a R$4.000 por mês.

Concorda que nesse momento, você pode até pensar em fazer uma viagem internacional que não vai afetar o bolso?

4.) E o imóvel?

Referente ao imóvel próprio, eu prefiro aguardar alguns anos para comprar.

Pagar aluguel não é jogar dinheiro fora, por mais que as pessoas insistam nisso. Seria jogar fora se não juntasse dinheiro, mas se consegue guardar dinheiro, é só fazer uma pesquisa rápida no Google que vai entender a matemática por trás desta conta e que morar de aluguel é algo vantajoso na maioria dos casos.

Eu moro de aluguel e posso dizer que meus investimentos alavancaram depois que passei a entender isso.

5.) Mesada pra que te quero…

Não pense que só por que você tem suas metas de aposentadoria, ter um carro, um imóvel ou qualquer outro sonho, que nunca mais vai poder comprar alguma bobeirinha, almoçar com os amigos, comprar roupa, presente para os outros etc.

Estipule uma mesada mensal (de valor baixo, pelo amorrr). É com essa mesada que você vai poder almoçar com seus amigos, comprar alguma coisa que esteja com vontade, sem passar por grandes privações.

Esses pequenos mimos são importantes para conseguir manter o plano em pé, já que o sonho de ser FIRE é um projeto longo, muito longo. Conforme a conta de investimentos for engordando, a sua vontade de comprar coisas supérfluas começa a cessar e seus sonhos começam a se concretizar.

É um círculo virtuoso.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Os 13 erros que eu cometi nos investimentos

erros de investimento

A maioria das pessoas que eu conheço que não investem, é porque têm medo de cometer erros.

Se essas pessoas soubessem que errar faz parte do processo de aprendizagem, perderiam o medo que impede de ganhar dinheiro. Outro dia li em algum lugar que o fracasso é o suor do sucesso. E essa frase faz todo sentido, fracassar faz parte natural do processo de quem busca o sucesso.

Dito isso, hoje vou compartilhar os erros nos investimentos que cometi ao longo desses anos:

1.) Não ter começado mais cedo

Esse com certeza é o calcanhar de Aquiles de todo investidor. Se soubéssemos naquela época o que sabemos hoje, muitos de nós já seríamos financeiramente independentes. Maaaas, como a realidade nunca é cor-de-rosa, tento sempre lembrar da frase “antes tarde do que nunca”. Essa frase serve para os que estão começando a investir aos 40, aos 50, aos 60…

2.) Comprei Títulos de Capitalização

Fiz essa “cagada” com o primeiro salário de estagiária que recebi. Fui na agência bancária toda contente dizendo que queria investir, e o gerente muito gentil, me vendeu Títulos de Capitalização como se fosse o supra-sumo dos investimentos. Até que depois de alguns meses, descobri que o saldo total estava menor do que o valor inicial e só então entendi que título de capitalização não era investimento.

3.) Deixar o dinheiro na poupança por medo de perder dinheiro

Deixar dinheiro na poupança é a única certeza que temos que perderemos dinheiro por conta da inflação.

4.) Fiz uma Previdência Privada

Durante muitos anos, minha mãe sempre insistiu para que eu tivesse um plano de previdência privada. Para a época que a minha mãe contratou, o plano realmente poderia ser razoavelmente bom. Mas lá fui eu de novo cair no canto da sereia do gerente e saí do banco com um plano de previdência privada VGBL. Depois de alguns anos, já com o salário maior, me orientaram para alterar o plano para PGBL, mas teria que sacar todo o saldo para iniciar tudo de novo. Não preciso nem dizer que perdi uma parte do dinheiro para impostos e taxas.

5.) Fiz uma Previdência Privada para meu marido

Não bastasse eu ter colocado meu dinheiro na previdência privada, ainda obriguei meu marido a ter um. Só que depois de alguns meses, já mais educada financeiramente, vi que a rentabilidade era muito abaixo do esperado. Quando resolvi sacar, simplesmente perdemos 30% do montante total em impostos e taxas. Meu marido espumou pela boca nesse dia rs.

6.) Iniciei pagamento do INSS para o marido

Como meu marido era bolsista de doutorado e ele nunca tinha contribuído para o INSS, comecei a pagar INSS para ele garantir a aposentadoria. E depois de 1 ano eu mudei de ideia. Achei mais inteligente investir por conta própria.

7.) Aceitei ter uma conta Personnalité do Itaú

A condição para que fosse taxa zero era que tivesse investimentos na conta. E eu achava que meu dinheiro estava em boas mãos, até que um dia parei para fazer as contas, e descobri que o cafezinho estava me custando muito caro. Era muito mais inteligente da minha parte colocar o dinheiro no Tesouro Direto e ter rendimentos maiores, do que deixar no Personnalité e ganhar um descontinho na taxa da conta-corrente.

8.) Vendi as ações da Petrobrás e da Vale do marido

Eu simplesmente liquidei as posições das ações da Petrobrás e da Vale do marido, sem ao menos ter estudado sobre ações. Logo depois, as ações tiveram uma alta.

9.) Comprei ações de empresas sem estudar fundamentos

Esse é outro caso. Comprei ações de empresas que não tinham fundamentos, e a cotação não parava de cair, até que vendi.

10.) Vendi ações na hora errada

Quem compra ações utilizando o método Buy & Hold sabe que da mesma forma que compramos ações devagar, o ideal é sair devagar. Eu não fiz isso. Apesar de nessa época já saber como analisar empresas, eu simplesmente liquidei todas as posições quando no início o ano surgiu uma notícia que me desagradou da Qualicorp. Desde então, ele não para de subir, e só essa semana, deu uma alta de 35%…

11.) Vendi bitcoin…

De novo, o mesmo erro. Eu tinha comprado bitcoin quando a cotação estava a 9 mil reais. Ele começou a subir, subir, subir, até que chegou aos inacreditáveis 70 mil, e eu lá, firme, forte e feliz. Até que a cotação começou a cair, a cair, a cair, e eu vendi quando chegou nos 13 mil reais. Detalhe, depois que vendi, ele começou a subir de novo. Fiz a famosa “compra na euforia, vende no pânico”.

12.) Perdi dinheiro fazendo day-trade, operando com robôs

Meu marido é um santo. Cometi todos esses erros e a única coisa que ele faz é sorrir e dizer que só aprende quem erra. Eu perdi 35 mil reais fazendo day-trade… Sem comentários.

13.) Giro de patrimônio com imóveis

Ano passado comprei uns imóveis a um preço muito bom. Só que depois que comprei, vi o trabalhão que dá, gestão de imóveis, taxa de administração para imobiliária, além de ter que pagar imposto de renda sobre os aluguéis. Resolvi vender. Não foi bem um erro, já que tive lucro na venda, mas não posso negar o trabalhão que eu tive reformando o apartamento… poderia ter curtido a minha sombra.

Esses são os erros que eu lembro no momento, mas tenho certeza que já errei muito mais. Vê que errar faz parte da aprendizagem? Eu nunca tive um mentor, um guru que me guiasse para qual caminho deveria seguir. A cada erro cometido, uma lição aprendida. Então eu tenho muito orgulho dos erros cometidos e do que cada erro me proporcionou de aprendizagem.

E você? Quais erros já cometeu?

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

O ponto de virada: quando comecei a buscar a Independência Financeira

 

Nevoeiro, Amanhecer, Aves, Árvore, Estética, Pôr Do Sol

Acho que todo mundo que busca alcançar a Independência Financeira tem uma história boa para contar. Comigo não é diferente.

Desde que passei a ter um emprego, poupava um pouco todos os meses. Não tinha grandes objetivos, pensava em talvez comprar um carro e uma casa própria antes de ter filhos e só. Por justamente não ter objetivos financeiros, gastava meu dinheiro com facilidade, comprando roupas, presentes, restaurantes, viagens…

“Investia” o que sobrava no meu banco, e aconselhado por experientes gerentes, após recomendação de riqueza garantida, cheguei a ter título de capitalização e previdência privada, para “garantir um futuro tranquilo para mim e para as futuras gerações”.

A vida era boa (pelo menos eu achava assim) e tudo ia caminhando bem.

Até que minha filha nasceu e minha vida virou do avesso…

Não queria mais trabalhar, queria estar com ela. Não queria deixa-la na creche, nas mãos de pessoas que nunca tinha visto.

Chorei muito. Minhas amigas me consolavam dizendo que a vontade de trabalhar iria voltar até o fim da licença-maternidade. Mas essa vontade não voltou até hoje (e olha que minha filha mais velha tem 4 anos).

Comecei buscando respostas na internet colocando perguntas aleatórias como “como não precisar trabalhar”, “como viver de renda”, “como se aposentar mais cedo” etc. E foi aí que encontrei o termo FIRE (Financial Independence Retire Early) e tudo passou a fazer sentido.

Comecei fazendo umas contas no papel, depois fui para calculadora de juros compostos e ao ver o valor final, não conseguia acreditar nos resultados. Como assim, juntar 200 mil e ganhar 800 mil de juros compostos? Como assim, juntar 400 mil e ganhar 4 milhões de juros compostos? A única variável que mudava era o tempo. Quanto mais tempo, mais os juros compostos faziam o seu magnífico trabalho.

Descobri a TSR (Taxa Segura de Retirada) de 4%, muito comum entre FIREs, e com isso descobri o meu próprio número mágico para correr atrás.

Com a calculadora, vi que era altamente possível alcançar FIRE em alguns anos.

Mostrei para o meu marido (cético como todo físico) todo o raciocínio do Movimento FIRE, mostrei o meu plano, o resultado na calculadora, e vi seu rosto clarear. Sim, era a confirmação que eu precisava de que realmente era possível.

Desde 2010 eu e meu marido já poupávamos, e a partir de 2015 passamos a investir pesado. No total, são 9 anos de muita dedicação: 5 anos poupando e 4 anos sabendo exatamente para onde estamos caminhando e para onde queremos chegar.

Já ouvi mais de uma vez que precisamos escolher em qual década pouparemos mais e investiremos para garantir um futuro melhor.

Ao fazer uma simulação/previsão, percebi que a minha década de “sacrifício” já havia passado, já que estou no nono ano. Isso significa que a fase mais difícil já passou, sem nem ao menos ter tido essa noção de sacrifício.

Saber que em breve terei a minha liberdade de Tempo, me faz andar a passos largos.

Apesar de todo o esforço, não precisei abrir mão das coisas mais importantes da minha vida. O que fez diferença na minha vida foi ter aprendido a fazer escolhas inteligentes.

Para quem busca a Independência Financeira como eu, qual foi o seu ponto de virada?

~ Yuka ~

 

 

 

 

Dinheiro, IF e FIRE

O escravo moderno pagador de contas

escravo

Há pesquisas que comprovam que quando acordamos, temos o que denominamos de “tanque de decisões”. Conforme tomamos decisões, esse tanque vai se esvaziando. Que roupa usar hoje? O que comer no café da manhã? Que horas sair de casa para ir ao trabalho? Quais são as minhas prioridades do dia? Etc.

Depois de inúmeras decisões tomadas ao longo do dia, quando chegamos em casa à noite, já estamos com o tanque quase vazio. É quando a nossa energia vital fica baixa, estamos cansados física e mentalmente. Nesse momento, muitos de nós, com a intenção de descansar um pouco, assistimos televisão, o YouTube, o Instagram… E a sutil lavagem cerebral se inicia.

Vemos o mundo colorido das celebridades. Mesmo sabendo que aquela vida perfeita foi totalmente editada, começamos a achar a nossa vida monótona. Aliás, é tão monótona que começamos a consumir o que as celebridades consomem, quem sabe ficamos um pouco mais parecidas com elas?

Assistimos de camarote às diversas propagandas camufladas (ou explícitas…) incentivando o consumismo ao extremo. Assistimos também as tragédias do mundo inteiro, pois não basta mais mostrar apenas as tragédias de um único país.

Toda essa visão de mundo nos provoca ansiedade e medo. E trabalhamos cada vez mais com o intuito de amenizar a ansiedade e o medo que são gerados diariamente.

O trabalho nada mais é do que uma troca. Você vende seu tempo em troca de dinheiro. Se trabalhamos o mês inteiro em troca do tempo, e não conseguimos poupar nada, significa que gastamos todo o nosso tempo. Já quando o dinheiro sobra, temos a possibilidade de recomprar o nosso tempo.

O salário é a moeda de troca para desistimos dos nossos sonhos.

Acabamos nos tornando um escravo pagador de contas.

Pagamos um financiamento caríssimo achando que estamos fazendo um ótimo negócio, sem nem ao menos saber quanto de juros estamos pagando todo os meses. Ou até sabemos, mas ficamos ao lado dos bancos, típico comportamento de síndrome de Estocolmo.

Cada vez mais o salário vai sendo comprometido com algum boleto bancário. Parcelas do financiamento do apartamento, do carro, da escola, do convênio médico, assinatura da internet, do celular, TV a cabo… Ou seja, largar o emprego, nem pensar.

E assim, o uniforme do escravo moderno vai se tornando a camisa social com uma gravata que aperta cada vez mais o pescoço.

Mesmo em situações descritas acima, a maioria não sabe quanto recebe de salário, muito menos quanto gasta. Não tem interesse em estudar sobre investimentos. Prefere ficar na ignorância, pois assim, não precisa alterar a própria rotina.

Vive um mês após o outro, rezando para que nada de errado aconteça. E quando surge um imprevisto, parcela as dívidas, já que não possui reserva financeira.

Espera-se o mês inteiro para receber o salário, e no dia do pagamento, todo o dinheiro vai embora nos boletos bancários… Resta esperar por mais 1 mês inteiro para receber o próximo salário e continuar fazendo a mesma coisa, mês após mês, ano após ano.

Somos ou não somos um escravo moderno pagador de contas?

“A ditadura perfeita terá a aparência da democracia, uma prisão sem muros na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravatura onde, graças ao consumo e ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão.” Aldous Huxley

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Independência Financeira: o início

Não sei como foram para as pessoas que estão caminhando nesta jornada para a Independência Financeira, mas para mim, tudo começou graças ao minimalismo.

Quando eu estava cansada de tanto excessos, de acompanhar as redes de “mentiras” sociais, eu quis focar em mim, descobrir o que era realmente importante. Tinha passado por um divórcio, que apesar de ter sido de forma amigável, me marcou muito, já que o pedido de divórcio não havia partido de mim.

Queria cuidar melhor de mim, a escolher melhor o que eu queria para a minha vida. Mas afinal, o que eu realmente queria mesmo? Foi difícil partir do zero, descobrir que eu não me conhecia o suficiente.

Foi quando o minimalismo entrou na minha vida.

Passei a escolher melhor o que eu queria. Não sabia por onde começar, então comecei pelo guarda-roupa abarrotado que deu lugar a poucas roupas de qualidade. Uma sapateira abarrotada deu lugar a poucos sapatos, mas confortáveis.

O minimalismo não se resume a roupas, é verdade! Mas não posso negar que o guarda-roupa é um bom lugar para começar a se conhecer melhor.

O conceito máximo do minimalismo é: foque no que é essencial e elimine o resto. Eu realmente passei a fazer isso. Depois de eliminar roupas e sapatos, parti para os objetos de decoração, eletrônicos, cozinha, banheiro… Depois, comecei a me distanciar das pessoas que não me procuravam, das pessoas que me faziam sentir pra baixo, passei a jogar fora alguns sentimentos ruins.

O dinheiro começou a sobrar por 2 causas:

  • Quando parei de me importar com opinião de pessoas que não eram importantes
  • Quando parei de comprar coisas que não tinham valor para mim

Não foi por ter parado de fazer compras que o dinheiro começou a sobrar. Foi porque não sentia mais necessidade de preencher um vazio dentro de mim, fazendo compras sem sentido.

Mujica diz que quando compramos coisas desnecessárias, gasta-se tempo de vida. Pude compreender que o Tempo escorre pelos dedos das nossas mãos quando compramos coisas que não são importantes para nós, já que gastamos tempo de vida para conseguir dinheiro.

Passei a questionar o estilo de vida que nos é imposto: “trabalhe mais, compre mais, mostre para os outros, tome mais remédios, finja que está feliz”.

Eu não conseguia entender como os outros se conformavam de uma forma tão fácil.

Entendi que desde que nascemos, não aprendemos a questionar, então não sabemos como tomar iniciativa. Ao invés disso, aprendemos a reclamar e culpar os outros pelas coisas que não dão certo na nossa vida.

Nesse momento, entrei em uma crise solitária, me sentia sozinha no mundo, comecei a questionar o motivo de termos que trabalhar tanto tempo fora de casa, de termos tão pouco tempo para o lazer…

Por mais que as pessoas dissessem “eu também sinto isso”, não percebia esse desespero por parte dessas pessoas. Para elas, a vida estava ruim, mas estava tudo bem também.

O minimalismo me fez sentir leve como há tempos não sentia. Ao mesmo tempo que eu me sentia livre do consumismo, livre de pessoas negativas, livre para ser eu mesma, eu ainda me sentia presa. Algo me incomodava.

A ficha caiu na minha licença-maternidade. Esse “algo” que me incomodava, é que eu não era livre como acreditava ser. Eu não podia acompanhar minha mãe no médico, não podia faltar no trabalho para ficar com minhas filhas nas férias escolares, não podia ficar descansando em casa em dias que eu tinha crise de enxaqueca. Eu era uma escrava do sistema moderno:

escravo-moderno

Pronto, a peça do quebra-cabeça estava completa.

A peça que faltava para que a minha liberdade pudesse ser reconquistada (ou conquistada, já que não sei se um dia já fui livre), foi descobrir o termo Independência Financeira, tão difundido nos EUA (FIRE – Financial Independence Retire Early).

A figura abaixo mostra o que geralmente acontece na nossa vida. Quando jovem, temos tempo e energia, mas não temos dinheiro. Na fase adulta, temos dinheiro e energia, mas não temos tempo. E na terceira idade, temos tempo e dinheiro (alguns nem isso), mas não temos energia.

Tempo Dinheiro Energia

E como podemos ter essas 3 coisas simultaneamente?

Alcançando a independência financeira.

No mundo das finanças, dizemos que uma pessoa alcançou a independência financeira quando esta, tem dinheiro suficiente para viver de renda, ou seja, não possui mais necessidade de trabalhar por dinheiro.

A independência financeira era a peça que faltava para fechar o ciclo de liberdade da minha vida.

  • Minimalismo;
  • Independência Financeira e
  • Liberdade.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Investir 10% do salário? Não, obrigado!

 

Captura de Tela 2018-05-28 às 01.15.00

Quantas vezes já lemos nos jornais e nas principais revistas de finanças de que precisamos poupar 10% do nosso salário?

Sinto te informar, mas esses 10% mensais poupados, só trará uma única certeza: da necessidade de trabalhar a vida inteira para conseguir se aposentar por conta própria. Ou melhor, precisará trabalhar por 51 anos (ou até mais, se comprar uma casa ou um carro) para conseguir alcançar a independência financeira (quando os rendimentos recebidos dos investimentos forem suficientes para cobrir os gastos mensais).

Se um jovem, na melhor das hipóteses, começar a trabalhar aos 22 anos de idade, uma idade em que geralmente está se formando na faculdade, isso significa que só conseguirá alcançar a independência financeira aos 73 anos de idade.

Esse ‘número mágico’ dos 10% em que é insistentemente publicado em todas as mídias e repetida de forma vazia por toda a população, tem um grande preço: se tornar um escravo pagador de contas.

No site do AA40, há uma tabela que mostra os anos que precisamos trabalhar conforme a porcentagem que poupamos:

independencia financeira

Quando eu digo que vivo com cerca de 50% do nosso salário, significa que aposentaremos em pouco menos de 17 anos (como eu já iniciei essa jornada há alguns anos, agora falta bem menos tempo). Quando comento isso entre os amigos e colegas, a maioria das pessoas são céticas e alguns até acham que eu estou postergando meu prazer de viver.

O que eles não entendem é que eu vivo muito bem e não postergo nada. Só que ao invés de viver em um padrão de vida superior e de luxos (que sinceramente, não acho necessário), preferi escolher o minimalismo como base da minha vida.

Para quem não sabe o que é o minimalismo, em uma frase curta, significa dar prioridade ao que é importante e eliminar todo o resto. Ou seja, por que eu daria prioridade para o que não é importante na minha vida? Quando as pessoas falam que eu estou postergando a minha vida por ser econômica, eu só consigo compreender essa fala dessa forma: “por que você não gasta em coisas que não são importantes para você, só para rasgar dinheiro, assim como eu faço?”

Muitos preferem viver como vivem, gastando de forma irresponsável por décadas. Eu preferi seguir meu estilo de vida minimalista por 15 anos e me tornar livre financeiramente. Se eu viver até os 90 anos, significa que serei livre por 40 anos, além de permitir que minhas filhas também sejam livres e suas próximas gerações.

Esse estilo de vida não é por falta de opção, é por pura e simples opção de viver bem. Reconhecemos esse estilo como nosso estilo e não sentimos que estamos fazendo esforço ou passando vontade. Só gostamos das coisas simples.

Isso tudo só é possível porque descobrimos a nossa suficiência. Para quem tiver dúvidas em relação a suficiência, escrevi estes posts há algum tempo:

Suficiência = Gratidão

A linha tênue entre ostentação e satisfação

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Fique rico pagando aluguel

Captura de Tela 2018-05-27 às 21.17.55

Apesar de muitas pessoas falarem que pagar aluguel é jogar dinheiro fora, essa “verdade absoluta” não é tão verdadeira assim.

Ter um imóvel envolve várias questões. Além de ser o sonho de muitos brasileiros, ter um imóvel dá a sensação de segurança, de acolhimento, de poder, de status.

Só que para todo esse discurso de comprar um imóvel próprio, há 2 pontos invisíveis:

1.) Imóvel próprio não é investimento. É um bem de consumo

Quando compramos um imóvel para morar, ele não pode ser considerado como investimento, e sim, como bem de consumo. Muitas pessoas não concordam com esse pensamento, porque já foram induzidas pelas construtoras, pelos bancos, pelas financiadoras, pelas empresas, de que imóvel próprio é investimento, da mesma forma que acreditam que carro é investimento. Como diz Robert Kiyosaki, tudo o que tira dinheiro do nosso bolso, não é um ativo, e sim, um passivo. O mesmo imóvel pode se tornar um ativo, se ele estiver alugado. Um carro pode se tornar um ativo, se ele gerar renda, como por exemplo, para um motorista de Uber.

2.) Imóvel financiado não é seu, é do banco

Apesar do banco insistir que imóvel é um investimento muito bom que você faz para sua vida, na verdade, é uma dívida que você assume para a sua vida (e que gera renda para o banco). Enquanto a pessoa não quitar o apartamento, o imóvel ficará no nome do banco. Fique alguns meses sem pagar o financiamento para ter certeza de quem é o imóvel.

Só para esclarecer, não há certo ou errado, são apenas decisões.

Eu, por exemplo, decidi viver de aluguel e investir a diferença.

Não vou repetir aqui o conteúdo, mas é sabido que já existem vários posts de sites e blogs que provam (em números) que vale a pena viver de aluguel.

Eu já tive um apartamento e pasmem, como dava dor de cabeça. Era reunião do condomínio, infiltração no andar de baixo, infiltração do andar de cima, picuinha de condôminos.

A melhor coisa que eu fiz, foi vender o apartamento e ir morar de aluguel, feliz da vida, livre, leve e solta.

Ter investido o dinheiro do meu imóvel em aplicações rentáveis e morar de aluguel me possibilitou novas escolhas:

  • não estou amarrada em lugar algum, posso simplesmente entregar o apartamento e sair daqui se não gostar mais do bairro ou da cidade, ou até mesmo do país.
  • se eu mudar de emprego, posso facilmente mudar de apartamento, facilitando a minha locomoção. É esse estilo de vida que me permite viver de forma extremamente confortável mesmo não tendo carro, já que moro a 1 quadra do metrô.
  • hoje as minhas filhas moram comigo, então convém morar em um apartamento de 2 dormitórios. Quando elas saírem de casa, talvez a ideia seja morar em um apartamento menor.
  • Não ter um imóvel significa ter mobilidade (mudar de bairro, de cidade) e flexibilidade (morar em um apartamento de 2 dormitórios, depois 1 dormitório), e de quebra como não fico comprando-vendendo-comprando imóveis, economizo em taxas e impostos.
  • invisto o valor do imóvel em aplicações rentáveis, pago o meu aluguel e ainda sobra para reinvestir.

Muitos casais, quando casam, decidem que comprar um imóvel será a melhor decisão. Como pretendem aumentar a família, compram um apartamento grande para a sua necessidade atual, de 3 dormitórios. Só que:

  • é raro encontrar um casal no início de sua juventude ter dinheiro suficiente para comprar um imóvel à vista. Geralmente fazem uma dívida, ou seja, um financiamento de 20, 30 anos.
  • escolhem um local distante do trabalho, já que bairros bons possuem um preço inacessível.
  • a dívida diminui pouco mês a mês, mesmo pagando o boleto em dia. No final, percebe (ou nem percebe) que se somasse os valores de todas as parcelas, teria tido de 2 a 3 imóveis, só não teve porque não teve paciência para esperar.
  • com uma dívida enorme, o casal já virou um escravo pagador de contas.
  • terá medo de perder o emprego, de mudar de emprego por causa da dívida.

Tem gente que fala que só consegue ter um apartamento, se tiver um boleto para pagar. Para essas pessoas, infelizmente, o imóvel custará muito caro. Esse será o preço a pagar pelo descontrole financeiro.

É fato que morar de aluguel é barato (do ponto de vista financeiro). Um apartamento de R$200.000,00 por exemplo, o aluguel sai na média de R$1000,00, variando um pouco para cima ou um pouco para baixo. Eu por exemplo, moro em um apartamento todo reformado, piso laminado, 2 banheiros, vaga de garagem (que eu alugo para meu vizinho) e pago em torno de 0,35% do valor do imóvel.

Tenho um amigo que acabou de comprar um apartamento financiado. Foi uma decisão que ele tomou. Agora ele vai começar a juntar dinheiro do zero. Ou seja, nunca vai sentir a felicidade que sinto de ver o dinheiro multiplicar. Estamos em lados diferentes, ele paga juros, eu recebo juros.

Se um dia ele ficar desempregado, perceberá que o apartamento que ele diz todo orgulhoso que é dele, nunca foi seu. Era do banco.

Viver de aluguel só é vantajoso quando pagamos o aluguel e investimos a diferença.

Há 4 artigos que explicam a questão matemática. Se estiver pensando em comprar um imóvel, leia antes e tome a sua própria decisão:

Como decidir entre comprar ou alugar um imóvel com base em critérios lógicos (Mude.nu)

Alugar imóvel ou comprar financiado (Clube dos Poupadores)

Alugar ou comprar um imóvel (Viagem Lenta)

Comprar ou alugar, eis a questão (Quero Ficar Rico)

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

10 dicas para multiplicar o dinheiro mais rápido

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Desde 2010 eu e meu marido começamos a investir pesado, pensando na nossa independência financeira.

De todas as dicas possíveis, há 10 que eu acho extremamente importante para quem tem um objetivo de vida igual ao meu.

1. Não ter posses

Não ter posses me possibilita ser livre: posso ir para qualquer cidade, morar em qualquer bairro.

Não ter posses me possibilita economizar: não tenho apartamento (não preciso reformar, consertar infiltrações), nem carro (IPVA, seguro, gasolina, depreciação), nem moto, ou seja, não tenho gastos.

2. Ser minimalista

Tenho tudo o que preciso. Não preciso ter 20 bolsas, 20 sapatos, 20 calças. Ser minimalista é ter o essencial e eliminar tudo o que não é importante. Ser minimalista me possibilitou viver com o que é importante e não sentir falta do resto.

3. Ser frugal

Apesar de ser muito similar a ser minimalista, há diferenças sutis. Ser frugal é ter a qualidade de poupador, econômico, prudente no uso dos recursos de consumo como alimentos, tempo ou dinheiro, e evitando desperdício, esbanjamento ou extravagância (Wiki).

4. Não se comparar com o outro

Pouco me interessa se o salário de um amigo é maior que o meu, se moram em um bairro melhor, se moram em um apartamento próprio e eu não, se ganham joias no aniversário de casamento e eu chinelo. Prefiro me aposentar mais cedo do que ter 10 anéis de brilhante no meu dedo e ser uma escrava do sistema.

5. Não ter redes sociais

Instagram, Facebook, Snapchat e outros que nem conheço. Me pergunto por qual motivo eu perderia o tempo precioso da minha vida olhando a vida dos outros (muitas vezes que nem é uma vida de verdade)?

6. Aumentar o aporte a cada ano

Mesmo não ganhando aumento anual, mesmo tendo 2 filhas pequenas, mesmo meu marido não tendo emprego fixo, a cada ano, nosso aporte aumenta.

7. Reduzir custos

Esforçar para reduzir custos todos os meses. A todo momento avalio meus gastos para ver se há algum ralo aberto, algum gasto desnecessário. Não sou contra gastar, só gosto de gastar bem o meu dinheiro.

8. Aprender a investir

Estudar. Estudar. Estudar. E estudar mais um pouco.

9. Reinvestir

Reinvestir aluguéis, juros sobre capital, dividendos, rendimentos, restituição do imposto de renda, nota fiscal paulista, Méliuz, qualquer pingo que entrar na conta.

10. Baixe seu padrão de vida

Aprendi cedo a sempre viver abaixo do padrão. Isso significa que eu pinto as paredes do meu apartamento, monto os móveis que compro, faço minhas próprias unhas, instalo cortina, levo marmita para o trabalho, uso transporte público, etc.

Não pensem que eu passo necessidade. Longe disso. Eu não gasto para impressionar outras pessoas. Eu aprendi a reconhecer o que é importante para mim e o que não é.

~ Yuka ~