Dinheiro, IF e FIRE

O que vem depois da Independência Financeira?

Panorama, Alpes, Europa, Montanhas

Vou contar a minha experiência individual, então não considere isto como uma regra, são apenas devaneios pessoais.

Enquanto eu estava focada em FIRE (Financial Independence Retire Early), acumulando patrimônio, acreditava em uma linha de chegada, ou seja, conseguir alcançar um determinado valor de patrimônio.

Essa linha de chegada era como se fosse um grande divisor de águas, como se fosse o pico de uma montanha, o meu destino final, o fim de todos os problemas, o nirvana.

Eis que o patrimônio cresce e chego no valor que eu havia determinado, e aí descubro que depois da montanha… somente há mais montanhas.

A vida segue, as pessoas continuam ocupadas, cada um vivendo as alegrias e as dificuldades da vida.

Há os que confortavelmente vivem de renda. Há também os que decidem mudar de emprego. Alguns reduzem a jornada de trabalho, e outros, continuam trabalhando.

Se antes não via a hora de ser FIRE, hoje, a única coisa que desejo é que o tempo passe bem devagar, para que eu possa curtir a vida.

Passei a enxergar o trabalho de outra forma, vejo que trabalhar me faz bem.

Curtir a vida é aproveitar minhas filhas pequenas que amam estar comigo. Curtir meu casamento que é tão bom. Estar em companhia dos amigos. Curtir a vida sem sentir dores no corpo.

Isso só reafirma como o dinheiro não é e nem pode ser o centro da vida.

Ele deve ser a ferramenta que facilita, que traz conforto, segurança. Ele nos liberta de ambientes tóxicos, colegas tóxicos, de chefes assediadores (ou de subordinados assediadores), de sofrimento, de fazer algo que está contra os nossos princípios.

Acumular dinheiro faz com que alguns problemas desapareçam aos poucos… o medo de passar necessidade na aposentadoria, de não ter um atendimento decente no momento de alguma doença séria, o medo de ser demitido, de não ter comida na mesa, a situação política do país, o sobe e desce da economia, desemprego, inflação.

Ter dinheiro significa poder morar em um lugar mais seguro, ter tranquilidade para ter uma folga mental que faz querer viver mais tempo e com saúde. E viver mais tempo significa querer dormir melhor, melhorar a alimentação, pensar mais no bem estar, estreitar as amizades, fazer as pazes com o passado e ser saudável, já que a intenção é viver bem e por bastante tempo.

As dificuldades financeiras vão ficando para trás, e com isso alguns medos e ansiedade também vão sendo eliminados, o que faz com que consigamos focar em outras áreas da vida.

No meu caso, a independência financeira permitiu que eu parasse de ficar pensando no futuro e começasse a focar mais no presente.

O foco no presente veio também em momento oportuno, pois na pandemia, minha saúde mental deteriorou, afinal, ansiedade nada mais é do que ter excesso de futuro pelo que ainda não aconteceu, e excesso de pesadelos pelo que já aconteceu. É o medo de perder o controle.

Apesar de estar bem hoje, sei que preciso estar atenta para colocar a minha saúde em primeiro lugar.

Se antes eu justificava que precisava pensar no futuro devido a instabilidade financeira, hoje, não preciso mais ter essa preocupação, o que faz com que eu não tenha mais desculpas que eu dava para mim mesma.

Continuo gostando de economizar, afinal, não é porque não preciso pensar em dinheiro, que vou rasgar dinheiro, mas já não conto as moedas como gostava de contar antes, tanto em relação às quantias que sai (gastos) como não me importo mais com a quantia que entra (renda passiva).

Também comecei a gastar mais em lazer (livros, restaurantes, viagens etc), em conforto (carro, lava-louça, robô aspirador, etc), em saúde (plano de saúde melhor, natação, psicólogo, etc).

Parei de acompanhar o mercado financeiro, não sei mais as altas ou baixas da bolsa de valores, eu só junto tudo no início do mês (parte do meu salário e o que entra de renda passiva na conta da corretora) e invisto em algo de valor. É simples e monótono, assim como deve ser.

Só de parar de fazer esse acompanhamento mensal, já me deu uma boa desestressada, afinal, eu não preciso desse dinheiro investido hoje, não é o meu sustento ainda, então o que eu quero é que ele fique muito tempo adormecido para que os juros compostos faça o seu trabalho.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Contestando FIRE?

Só depois que a gente trilha um caminho, a gente consegue discernir melhor, olhar para trás e analisar o que faria de diferente, certo?

Agora que estou na fase mais tranquila financeiramente, eu tenho avaliado até que ponto a jornada FIRE (Financial Independence, Retire Early) é saudável e construtiva, em um contexto em que muitos brasileiros não recebem um salário razoável a ponto de permitir aportes gordos de 40 a 70% da renda familiar.

A ideia deste post não é contestar FIRE, mas mostrar outros caminhos possíveis, sem precisar abrir mão do que é mais importante: o HOJE.

Sabe aquela viagem que você quer fazer com sua esposa, para estreitar a relação do casamento? Acho que deve ser feita.

Sabe aquele passeio que você tem certeza que seu filho vai amar e você também? Também acho que deve ser incluído como prioridade.

Sabe aquela viagem que seu amigo te chama há um tempão? Já passou da hora de ir.

Ou aquela academia que fica do lado da sua casa, que você morre de vontade de se inscrever, mas vai naquela bem longe, que é mais barata e aí você fica com preguiça de frequentar?

E se o preço para todas essas escolhas, for a aposentadoria aos 60 anos, 65 anos, tudo bem, pelo menos você vai ter a certeza de que viveu a vida por completo, sem arrependimento.

Afinal, de que adianta ser FIRE, se o casamento acabar, se o filho não tiver conexão com você, se não tiver mais amigos, se não tiver saúde? Isso se tiver a sorte de estar vivo, porque existe a real probabilidade de morrer no meio do caminho, sem ter vivido.

Hoje, eu acho que ao invés de buscar FIRE, as pessoas deveriam buscar ter uma boa reserva financeira.

O que estou querendo dizer é que não precisa ter 30 vezes o salário anual para ter uma vida boa, porque isso, sinceramente falando, é muito dinheiro, e sendo bem realista, impossível e inalcançável para a maioria dos brasileiros.

Ao invés de almejar FIRE, abrindo mão do que é mais importante hoje (cuidar da saúde, ter uma vida confortável, ter bons relacionamentos, se divertir com os amigos, ter boas experiências, viajar, passear, comprar algo que está precisando), talvez o melhor seja poupar para buscar o Coast FIRE, já que tudo isso que você está abrindo mão hoje, pode fazer muita, muita falta no futuro.

Eu já escrevi um post sobre o Coast FIRE aqui.

Para quem pode abrir mão de mais da metade do salário, sem afetar a sobrevivência e a qualidade de vida, que ótimo, esse foi o meu caso.

Eu tive meu momento eureka na fase certa, casei com uma pessoa muito econômica e que acreditou na minha ideia maluca de se aposentar cedo. Coincidentemente, já vivia abaixo do padrão de vida desde solteira, eu morava de aluguel, não tinha carro, minha primeira filha tinha acabado de nascer, ou seja, os gastos ainda estavam baixos.

Eu era minimalista, investidora, e não gastava dinheiro. Meu marido era um misto de frugal com muquirana. Juntos, éramos imbatíveis: éramos o Pinky (ele) e o Cérebro (eu) kkkk.

Somando tudo isso, a bolsa brasileira estava subindo, a renda fixa também, os imóveis também, enfim, foram vários fatores que colaboraram para alcançar um patrimônio bacana em 7 anos. Foi uma janela de oportunidade que agarramos com todas as forças.

Maaaaas se para você, entrar na jornada FIRE significa afetar a sobrevivência, ou seja, PIORAR a qualidade de vida, PIORAR a qualidade dos seus relacionamentos, não pense em FIRE, pense em ter uma boa reserva financeira, ou seja, Coast Fire.

Essa reserva financeira já te dará a segurança que precisa, já será capaz de segurar crises de 2 a 5 anos, já será suficiente para dar coragem para mudar de emprego, para pagar um curso para melhorar a posição no trabalho, talvez até mesmo para mudar de cidade ou país.

Essa reserva financeira, se colocada em bons investimentos, poderá dar um bom montante financeiro em 10 a 20 anos, conquistando até mesmo uma aposentadoria tranquila, graças ao poder dos juros compostos.

Eu mesma, achei que sairia do trabalho quando alcançasse um determinado valor de patrimônio, mas no final, cá estou eu, trabalhando todos os dias; e outra, o marido ainda passou em um concurso público. Ou seja, não precisaria ter acumulado tanto dinheiro assim.

A mesma coisa acontece com muita gente que alcançou um determinado valor de patrimônio, tirando algumas exceções de pessoas que param por completo, outras continuam trabalhando fazendo exatamente a mesma coisa, ou saem do trabalho, mas começam a trabalhar em outra atividade. Ou seja, pode ser que você também não precise acumular tanto dinheiro assim.

Beijos.

Auto-Conhecimento · Dinheiro, IF e FIRE · Minimalismo

Pessoas que ganham o mesmo salário, mas possuem vidas diferentes

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Você já deve ter percebido que há pessoas que ganham o mesmo salário, têm a mesma composição familiar, mas possuem vidas completamente diferentes: uma vive endividada, reclama da falta de dinheiro, está em completo desequilíbrio financeiro; enquanto a outra tem controle financeiro.

Eu percebo essa discrepância onde trabalho: são pessoas que recebem salários parecidos, mas possuem vidas financeiras completamente diferentes.

Algumas vivem de salário em salário, pagam gordas parcelas do financiamento imobiliário, negociam suas dívidas fazendo novas dívidas. Não abrem mão do carro, nem da diarista, nem dos restaurantes, das viagens, da manicure semanal, nem da vida que tem. Não conseguem parar de comprar produtos aleatórios pela internet, não abrem mão do conforto, nem dos pequenos luxos, mesmo fazendo dívidas.

Reclamam do salário, das obrigações que têm, dos boletos, das dívidas…

Há 7 anos, mais precisamente em 2015, numa roda de conversa no trabalho, comentei sobre FIRE (Financial Independence Retire Early). Como era um tema recém descoberto, fiquei muito entusiasmada e compartilhei tudo o que eu sabia sobre FIRE, sobre investimentos e sobre o poder dos juros compostos. Falei que se a gente enxugasse os gastos por um período de pelo menos 10 anos e investisse direito todos os meses, que isso poderia nos tornar livre.

Todo mundo se empolgou com tudo o que eu falei, exceto quando falei da parte de enxugar os gastos. Eu não desanimei. Eu coloquei em prática tudo o que estava ao meu alcance, pois acreditava que seria possível sim.

Eu sabia que teria que ter foco, já que esse meu entusiasmo inicial poderia diminuir ao longo dos anos, afinal, ninguém quer economizar a vida inteira. Além disso, eu era mãe de 2 bebês. Eu teria que aproveitar os aportes gordos enquanto as minhas filhas eram pequenas.

Fiz revisão de todos os gastos e enxuguei onde era possível. Fazer esse downsizing não foi difícil, afinal, eu já sabia onde poderia economizar para reduzir o padrão de vida e em que coisas queria gastar para melhorar a qualidade de vida.

O tempo passou e estamos em 2022. Vejo que todas essas inúmeras pequenas decisões que tomei lá atrás, trouxeram benefícios imensuráveis passados apenas 7 anos.

Contar essa história me lembrou do Experimento do Marshmallow:

“O Experimento do Marshmallow se refere a uma série de estudos de recompensa postergada, realizados no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970 liderados pelo psicólogo Walter Mischel, então professor da Universidade de Stanford. Nos estudos era oferecido a crianças a escolha entre uma pequena recompensa (algumas vezes um marshmallow, mas também um cookie ou um pretzel, etc.) entregue imediatamente ou duas pequenas recompensas se ela esperasse até o retorno do pesquisador (depois de uma ausência de aproximadamente 15 minutos). Em estudos de seguimento, os pesquisadores descobriram que as crianças que foram capazes de esperar por mais tempo pela possível recompensa apresentaram tendência de ter melhor êxito na vida, desempenho escolar, índice de massa corporal (IMC) e outros parâmetros de medição. Contudo, recente trabalho levanta a questão se o autocontrole, em oposição ao raciocínio estratégico, determina o comportamento das crianças.” Wikipédia

Para a maioria de nós, que não nasceu em berço de ouro, é essencial não ter luxo e conforto ANTES DA HORA.

Hoje eu tenho a consciência de que ter deixado de fazer viagens internacionais apenas por alguns anos, ter deixado de comer em restaurantes caros apenas por alguns anos, ter deixado de ter um plano de saúde top por alguns anos, ter aprendido a fazer inúmeros serviços (como pintura de parede, montagem de móveis, conserto de roupas), ter deixado os serviços de streamings por um tempo, ter deixado de gastar em supérfluos por alguns anos, além de diversos outros exemplos que sempre comentei neste blog, permitiu alcançar a tranquilidade financeira que hoje me encontro.

Para mim, não foram sacrifícios… foram escolhas.

Ter postergado alguns sonhos materiais, permite que hoje eu não me preocupe mais com a rentabilidade da carteira, nem fique fazendo contas na hora de comprar alguma coisa, principalmente, porque os aportes mensais irão continuar, já que ainda não pretendo parar de trabalhar.

Em 2019, publiquei um post que pode ser interessante a leitura: “A sua falta de interesse em investimentos pode custar muito caro.”

Os 5 anos da qual menciono nesse post já se passaram…

Ainda dá tempo de arregaçar as mangas para não perder mais 5 anos…

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

A minha trajetória entre os tipos de FIRE

Quando eu ouvi pela primeira vez sobre FIRE (Financial Independence Retire Early), eu tinha uma bebê recém-nascida no meu colo. Foi um marco inesquecível na minha vida, já que a vontade de voltar ao trabalho era zero.

A gana para me libertar do sistema foi tão grande, que em pouco tempo eu devorei muitos conteúdos FIRE, li centenas de livros sobre investimentos e aprimorei meu controle financeiro. Aprendi a investir e também a economizar, já que no meu trabalho, tenho o agravante do meu salário não ter reajustes anuais por longos períodos, ou seja, apesar dos gastos terem a perspectiva de aumento, a receita diminui; uma péssima combinação.

Aprender a economizar nas coisas certas para gastar em coisas que eram importantes para mim, permitiu que eu continuasse com a mesma qualidade de vida, mas aumentasse os aportes. Eu já era bem controlada financeiramente, então não tive mudanças radicais no meu estilo de vida, mas a forma como eu passei a enxergar o dinheiro, e consequentemente, a investi-lo, mudou da água para o vinho.

Os bons resultados vieram relativamente rápido, por uma sucessão de acontecimentos. A renda fixa que estava dando taxas altas de retorno, o boom imobiliário, a renda variável que ainda não tinha começado a sua subida, aliado com muito estudo, consegui enxergar o poder dos juros compostos em alguns anos, e meu foco se consolidou em acumular patrimônio suficiente para ser FIRE.

Em 2020, eu alcancei o que podemos chamar de Lean FIRE.

Lean FIRE significa que você é independente financeiramente, pois consegue pagar todas suas despesas básicas.

Eu já consigo pagar todas as minhas despesas atuais, e não apenas as despesas básicas, o que me alçaria para o patamar de FIRE, mas como minhas filhas ainda são pequenas e os gastos estão aumentando, acho prudente me considerar no patamar de Lean FIRE. Além disso, nessa crise política e financeira que todos nós nos encontramos, meu patrimônio sobe e desaba numa velocidade impressionante, já que a maior parte dele é composto de renda variável.

Neste ano, comentei que li o livro Die With Zero onde o autor fala sobre a importância de não deixar alguns sonhos para depois, pois alguns eventos têm data de validade.

Depois da leitura do livro, eu percebi que eu seria uma ótima candidata a ser uma Coast FIRE.

Coast FIRE é quando você acredita que possui patrimônio suficiente para deixar rendendo durante alguns anos, enquanto você ainda tem o trabalho ativo.

Há alguns anos, eu escrevi um post falando sobre a minha estratégia FIRE, de que a partir do ano de 2021 (oh, esse ano!!!), eu poderia ficar 5 ou 6 anos sem aportes, e que mesmo assim, seria FIRE por conta do efeito bola de neve. Nessa época, eu ainda não conhecia o termo Coast FIRE, mas pensando agora, é exatamente isso que estou prestes a fazer.

Eu tinha escrito “a partir do ano de 2021”, porque em 2021, minha filha mais velha completaria 6 anos.

A partir dos 6 anos dela, eu tinha muitos planos. Sabia que viagens com crianças seriam mais tranquilas (só não contava que estaríamos no meio de uma pandemia). É uma idade em que a criança está aberta e começa a mostrar interesse para aprender coisas novas como esportes, instrumento musical, dança, ou qualquer outra coisa que ela tenha interesse.

A verdade é que após alcançar determinados marcos FIRE, eu me sinto livre.

Claro que ainda não chegou o momento de sair do trabalho pelos motivos citados acima (e sinceramente falando, após 1 ano e meio trabalhando de casa, trabalhar presencialmente está me fazendo um bem danado), mas eu me sinto livre por saber que não preciso me preocupar com a minha aposentadoria, de saber que se caso eu venha morrer, minha família não vai passar necessidade como minha mãe passou para criar 3 crianças pequenas.

Eu me sinto livre para proporcionar experiências para as minhas filhas, permitir “usar” meu salário sem precisar me preocupar se vai faltar amanhã. É como se o final do arco-íris estivesse agora entrelaçando os meus dedos…

Iniciei o projeto FIRE com 34 anos, e no meu planejamento inicial, eu iria alcançar a Independência Financeira bem mais tarde, mas com os bons ventos dos investimentos, esse prazo antecipou bastante.

Ter começado a estudar finanças, assim que descobri sobre FIRE e ter acreditado nessa “vida de utopia” como muitos dizem por aí, fez muita, mas muita diferença.

Aos 39 anos, cheguei no Lean FIRE.

Aos 40 anos, entendi que cheguei num ponto, que eu posso deixar meu patrimônio crescer por mais alguns anos e fazer o estilo Coast FIRE, talvez até completar 45.

Poderia também ser uma Barista FIRE.

Barista FIRE é quando você atinge a independência financeira, mas trabalha em um emprego tranquilo, muitas vezes de meio período, que oferece alguns benefícios como plano de saúde, ticket alimentação, seguro odontológico.

Ou até mesmo quem sabe, uma Fat FIRE daqui a alguns anos, apenas com o poder do tempo e juros compostos.

Fat FIRE é quando uma pessoa tem dinheiro suficiente para pagar suas despesas e ainda sobra para fazer o que deseja.

Acho que o importante nessa jornada FIRE é não se amarrar em uma única regra, pois é uma jornada longa, na maioria das vezes de 10, 15, 20 anos. É claro que conforme o tempo passa, começamos a ter uma percepção diferente do que tínhamos no início da jornada.

Muitos começam essa jornada solteiros, depois encontram um companheiro, casam, tem filhos, alguns se divorciam, porque viver é isso, temos sempre mudanças acontecendo na nossa vida.

Para mim, foi muito importante não ter me amarrado em um único conceito existente, nem de me colocar dentro de uma única caixa, e sim, ter adaptado os conceitos existentes para abraçar FIRE de acordo com a minha própria realidade e necessidade.

Eu tomei algumas decisões acertadas ao longo destes anos, vivi de uma forma um pouco mais modesta, mas nada absurdo aos olhos das pessoas, tanto que passo despercebida pelo meio em que vivo.

Eu nunca me senti privando de nada, pois eu sabia que estava fazendo algo muito importante, não só transformando a minha vida, mas a vida do meu marido e das minhas filhas.

FIRE sempre foi uma jornada para a liberdade, e é por isso que eu nunca enxerguei como uma jornada de sacrifícios, e sim, de escolhas inteligentes.

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

FIRE: a verdadeira riqueza é ter liberdade de escolha

Liberdade, Menina, Viagens, Aventura, Verão, Dança

Há algumas semanas, o AA40 e o Viver, Viajar e Investir publicaram posts falando sobre o que seria FIRE (Financial Independence Retire Early). AA40 escreveu o post FIRE e a síndrome do escravo satisfeito, e logo em seguida, Viver, Viajar e Investir escreveu o post O que é realmente FIRE? A sigla ficou maior que seu significado? Os dois posts abriram algumas discussões sobre FIREs que continuam trabalhando, mesmo não precisando.

Achei os dois posts bem interessantes e resolvi também fazer um post explicando o que acho a respeito.

Durante muito tempo, meu marido odiou o trabalho dele. Foi só quando o dinheiro não era mais a força motriz é que a relação dele com o trabalho mudou. Hoje ele ama o que faz, e segundo as palavras dele, “trabalharia até de graça, pois gosta muito do que faz”. Vejo-o trabalhando nos fins-de-semana, quebrando a cabeça para resolver alguns problemas do trabalho. Quando pergunto por que ele faz isso, ele fala que sente prazer em sentar na frente do computador e ver os gráficos da pesquisa que ele faz.

Mas quando o dinheiro era uma peça fundamental da sobrevivência, isso nunca havia acontecido. Ele se via obrigado a aceitar projetos que não concordava, a fazer viagens que não queria, tudo pelo medo de ser cortado do projeto, de ser rejeitado pelas pessoas. Era o medo e a insegurança que comandava.

Eu enxergo FIRE como “ter possibilidades”. A jornada costuma ser longa, e junto com as oscilações de humor, as fases da vida em que estamos, o chefe que temos, o tipo de pessoas que trabalham conosco, a maturidade, percepções da vida, tudo isso vai interferindo em que tipo de FIRE que queremos ser.

Para quem tem um trabalho insuportável, a vontade é ser FIRE para nunca mais voltar a pisar em um escritório, e obedecer um chefe carrasco. Para quem tem um emprego onde não dá para ter previsibilidade, ou seja, tem o seu tempo raptado, ter de volta o seu tempo é o maior dos prêmios.

Eu entendo que não importa se a pessoa quer parar de trabalhar pra sempre, se quer tirar um período sabático, se quer continuar trabalhando no mesmo trabalho, se quer continuar trabalhando em outra área de atuação, se quer continuar trabalhando por dinheiro, se quer trabalhar de forma voluntária, se quer abrir um próprio negócio, se quer trabalhar em uma jornada reduzida, se quer curtir o tempo livre, se será um FI (Financial Independence) ou se será um FIRE (Financial Independence Retire Early) raíz, sem nenhum tipo de renda entrando além da renda dos investimentos.

A verdadeira riqueza da jornada FIRE é ter LIBERDADE DE ESCOLHA para fazer o que quiser.

E a liberdade de escolha é justamente poder ocupar seu tempo da forma como quiser, seja trabalhando, viajando, cuidando de familiares, estudando… Qualquer uma das opções só será possível por causa da liberdade de escolha.

E digo que tudo bem qualquer uma das opções, porque só nós sabemos lá no íntimo o que é suportável e insuportável na vida.

Da mesma forma que há diferentes tipos de FIRE como o Lean FIRE, Coast FIRE, Barista FIRE, Fat FIRE e outras formas novas de FIRE que vão surgindo, é saudável e permitido ter outras formas de vida pós-FIRE.

Vide o Mr. Money Mustache e a família Our Rich Journay. Ambos trabalham, mas nem por isso, deixaram de ser FIRE.

Sempre digo que a jornada FIRE não é uma jornada curta, e por isso mesmo, acontecem muitos solavancos no meio do caminho. Pessoas nascem, pessoas morrem, o ambiente de trabalho vai mudando, novas pessoas entram, outras pessoas vão embora, a percepção sobre o trabalho pode melhorar, ou até mesmo piorar. O que era bom hoje pode mudar de um dia para o outro. E o que era ruim, pode melhorar também de um dia para o outro.

Cada um que está prestes a se tornar FIRE, ou já é FIRE e que continua no trabalho, sabe o motivo de continuar no trabalho. Alguns continuam, porque querem continuar recebendo dinheiro. Outros porque sentem uma certa insegurança de terem feito as contas erradas. Outros, porque apesar de tudo, gostam do ambiente de trabalho. Outros, preferem interagir com outras pessoas a ficar em casa sozinho. Também tem os que querem aproveitar os benefícios que a empresa oferece. E em alguns casos, é uma mistura de tudo isso e um pouquinho mais.

Dentre tantas opiniões diversas sobre FIRE, uma delas pra mim é certeira.

A verdadeira riqueza de ser FIRE é ter liberdade de escolha para fazer o que bem quiser. Ou seja, poder viver da maneira que achar melhor.

Como já disse o Antônio Abujamra:

“A vida é sua, estrague-a como quiser”

~ Yuka ~

Dinheiro, IF e FIRE

Gastar ou poupar? O Coast FIRE pode ser a sua solução

Mealheiro, Dinheiro, Vaca, Nota De Dólar, 500 Euros

A conversa sobre não postergar sonhos anda rendendo.

Nos posts anteriores, escrevi sobre a importância de reconhecer que não somos eternos e como alguns momentos são mais importantes do que outros (post Quantos anos você tem pela frente).

Depois escrevi um post sobre uma dúvida que muitos têm, Quanto comprometer da renda para realizar sonhos?, compartilhando como eu pretendo utilizar melhor meu tempo e dinheiro após este período pós-pandemia.

Gastar dinheiro parece ser algo contraditório para quem está na jornada FIRE (Financial Independence, Retire Early), já que a intenção de quem quer ser FIRE é poupar o máximo do salário para se aposentar cedo.

Bill Perkins, autor do livro Die With Zero fala que alguns sonhos têm data de validade e recomenda que criemos um “Bucket List” (algo como uma lista de tudo o que queremos fazer antes de morrer), só que em blocos de tempo, no caso, de 5 anos.

Foi a grande oportunidade para resgatar a minha lista chamada “Um dia, Talvez”. Nesta lista, eu coloco tudo o que quero fazer um dia, todos os sonhos possíveis (e os meio impossíveis também).

Achei interessante que ao distribuir os itens dessa minha lista em cada balde, saí da condição “eu farei um dia” e entrei na condição “farei quando tiver entre 40 a 44 anos”, ou “quando tiver entre 45 a 49 anos”, e assim, um sonho que até então era abstrato, começa a tomar forma.

Criei um balde para cada bloco de 5 anos até os meus 80 anos (é a expectativa da minha vida, segundo a tábua da vida do IBGE):

Só nesse exercício, eu já fiquei surpresa como tenho poucos baldes… se eu tiver a sorte de viver até os 80 anos e com saúde, eu tenho 8 baldes.

Como eu tenho marido e filhas, achei legal colocar a idade dos integrantes da minha família também:

Tendo “apenas” 8 baldes e agora sabendo a idade de todos os membros da família, fui colocando tudo o que constava na minha lista do “Um dia, Talvez”.

E ao fazer a distribuição de cada sonho nos baldes, tive a certeza de que alguns dos meus sonhos precisam ser realizados com uma certa rapidez.

Por exemplo, há resorts que tem muita coisa legal para as crianças pequenas brincarem. Estes resorts, foram colocados como prioridade no primeiro balde quando minhas filhas ainda terão entre 5 até 11 anos de idade.

Alguns parques temáticos e museus, também têm data de validade para elas alcançarem o que podemos chamar de “topo da alegria”, ou até mesmo “a melhor idade para ir”.

Há também algumas viagens específicas que precisamos fazer no momento certo. Meu marido quer subir algumas montanhas, não vamos conseguir fazer isso com 70 anos de idade.

Também pretendo fazer uma viagem para o Japão com minha mãe. Ela está esperando as netas crescerem um pouco mais para poder aproveitar a viagem, e o mais importante, para elas se lembrarem dessa viagem. Tenho que colocar esta viagem no balde certo, pois na mesma velocidade que minhas filhas crescem, minha mãe envelhece.

Já se eu quisesse fazer um Cruzeiro, poderia colocar em um dos últimos baldes, pois sei que é uma viagem tranquila para terceira idade.

Veja como é importante fazer certas coisas no momento certo.

Há coisas que eu fiz e que foi muito divertido, coisas que talvez eu não fizesse mais hoje, como participar de uma corrida fantasiada de Wally… sim, eu quis pagar esse mico e ainda arrastei o marido junto.

Link da foto

Por outro lado, tem um tipo de viagem que eu acho que já perdi o bonde. Eu sempre falei que queria viajar de trailer, mas conforme vou ficando velha, estou ficando medrosa. Eu tenho medo do trailer quebrar no meio da estrada, tenho medo de dormir em lugares abertos, sentiria falta de tomar um banho quente no meu chuveiro, coisas que se eu fosse 10 anos mais nova, eu não pensaria duas vezes em me aventurar. Hoje eu tenho medo até de insetos… Quando vou para parques e praças com as minhas filhas, fico olhando excessivamente a grama pra ver se não tem cocô de cachorro, se não tem aranhas, se não tem um formigueiro por perto…. quando eu era mais nova, eu não ligava pra essas coisas, eu até deitava no chão da calçada.

Claro que pra fazer a maioria das coisas, precisamos de dinheiro. Mas também dá pra fazer muitas coisas com pouco dinheiro, desde que a pessoa não se importe com luxos.

Quando falo em experiências, cada família possui uma condição financeira diferente. O que é muito para mim pode ser pouco para a outra família e vice-versa.

Aqui neste post Como curtir uma viagem e economizar ao mesmo tempo, eu dei um exemplo de uma viagem em família econômica. É um resort? Não. É um hotel 5 estrelas? Claro que não. Mas para quem estava com 2 crianças pequenas (na época 2 e 4 anos) e queria descansar um pouco, o hotel atendeu muitíssimo bem. Um hotel com todas as refeições inclusas, piscina, uma área para as crianças brincarem, e comida muito boa.

Na época (foi em 2019) eu paguei R$739 por 3 noites para toda família. Significa que a diária para o casal saiu R$246,33, ou seja, R$123,16 por pessoa (com café da manhã, almoço e jantar inclusos). Além de tudo, as crianças não pagaram, entraram como cortesia.

Só estou querendo dizer que há espaço para vários orçamentos. Há viagens mais econômicas, viagens de lazer que podem ser barateadas em troca de trabalho, há até pessoas que estão dispostas a hospedarem viajantes do mundo inteiro em troca de boas histórias.

Por isso cada pessoa deve avaliar o próprio orçamento, analisar em que fase da vida está, se é o momento certo para gastar, ver o que é possível fazer e de que forma.

O importante é não deixar passar alguns sonhos, pois muitos deles têm data de validade.

Não podemos nos iludir achando que a vida só vai começar depois que atingirmos FIRE. Quem tem mais idade já sabe, quanto mais a idade avança, mais difícil se torna a tarefa de encontrar bons amigos. Quanto mais tarde começarmos a fazer exercícios físicos, mais o nosso corpo sente. Quanto mais tarde resolvermos nos alimentar bem, lá na frente pode ser tarde demais, pode ser que já estejamos doentes.

Quem está percorrendo a jornada FIRE precisa tomar muito cuidado para não exagerar no Poupar (postergar sonhos, deixar para viver só depois que alcançar FIRE), nem exagerar no Gastar (pensar apenas no presente e esquecer do futuro).

Tá, então qual seria a solução?

O Coast FIRE pode ser a sua solução.

Por definição, Coast FIRE significa juntar dinheiro suficiente no início da jornada para não precisar mais se preocupar com a independência financeira na data da sua aposentadoria. Com o montante inicial, o patrimônio ficará adormecido durante décadas, e com a ajuda do tempo e juros compostos, poderá alcançar a curva íngreme dos juros compostos até o ponto de chegar na independência financeira.

Pode ser que não consiga ser FIRE (no caso, aposentar cedo), mas saber que terá uma aposentadoria digna é um grande alívio.

Apenas para mostrar a diferença entre um e outro:

  • Ser um FIRE significa que você não precisa ter um trabalho para viver, pois pode viver com o rendimento dos investimentos.
  • Ser um Coast FIRE, significa que você precisa cobrir suas despesas atuais, mas não precisa se preocupar com a sua aposentadoria.

Coast FIRE é o ponto de inflexão matemático em que o dinheiro que você investiu é suficiente para crescer a uma quantia suficiente para a aposentadoria sem exigir contribuições adicionais.Fire the Family

Ou seja, desde que você consiga acumular um valor razoável, poderá parar de poupar (ou poupar menos) e começar a usar boa parte do seu salário para diversões. Claro que é preciso ainda pensar em como pagar as contas do mês, mas não precisará se preocupar com a aposentadoria lá na frente.

Para quem não quer perder o timing de fazer as coisas que tem vontade de fazer, o Coast FIRE pode ser a solução.

~ Yuka ~