Auto-Conhecimento · Minimalismo

Desapego do mundo virtual

La lusinga dell'essere e il continuo ritorno - Sicilia Network

Escrevo este post no silêncio da noite, enquanto todos dormem. Este é momento que tento equilibrar minha mente, encontrar a paz, respirar o silêncio, avaliar minhas atitudes, colocar meus pensamentos no lugar.

Quando convivemos com crianças, ver uma simples foto de 1 ano atrás chega a ser algo impressionante.

As crianças crescem num piscar de olhos. Há um ano, um ser humano dependente de tudo, usando fraldas… e de repente, lá está a criança colocando a mãozinha na cintura expressando seus sentimentos.

É algo fascinante de observar, e só confirma como o tempo voa.

Quero compartilhar uma reflexão que tem me acompanhado quase que diariamente desde o início da pandemia.

Quanto tempo do seu dia você vive para você?

Nessa era da internet, é bem improvável que alguém consiga viver 100% desconectado.

Salvo raras exceções, isso deve ter agravado ainda mais na pandemia. Ou seja, consumir algo que outras pessoas produziram, se torna cada vez mais comum: notícias, sites, vídeos no YouTube, fotos no Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, Twitter, etc.

Olhar fotos de comida que os outros estão comendo em restaurantes. Contemplar as viagens paradisíacas que outras pessoas fizeram. Assistir os vídeos que outras pessoas produziram, o que as outras pessoas estudaram, o que as outras pessoas escreveram. Assistir os outros cozinhando, preparando refeições. Assistir pessoas dançando, fazendo esportes, jogando videogames.

Enquanto se permanece afundado no sofá de casa, o consumo excessivo das experiências de terceiros, que de nada acrescenta na vida, continua pela tela do celular.

Abdicar de viver a própria vida para ver a vida do outro através de uma tela. É para ‘isto’ que estamos trocando o tempo valioso da nossa vida? O tempo valioso que não podemos comprar de volta?

Gosto da seguinte pergunta: “Afinal, quanto tempo do meu dia eu vivo para mim?”

Enquanto o mundo se prepara para se tornar cada vez mais virtual, minha família se prepara para seguir mais uma vez, uma vida contrária à maioria.

Semana que vem, vou detalhar um pouco a minha trajetória invertida: do digital ao analógico.

~ Yuka ~

Minimalismo

Quem vive com menos, tem o luxo de ter tempo livre.

Cerveja, Elogios, Pôr Do Sol, Luz Solar, Garrafas

Eu já morei sozinha em um apartamento de 120m2, de 1 dormitório, que tinha quintal. Depois meu marido começou a morar comigo, e decidimos nos mudar para um apartamento de 2 quartos, quando a nossa filha tinha completado 1 ano de idade. Foi muito legal morar lá e fui muito feliz, mas quando decidi vender o apartamento, vendi com a certeza de que não queria mais morar em uma cobertura de um prédio.

Morar em uma casa com quintal ou na cobertura de um apartamento, implica em algumas tarefas que quem mora em um andar mediano de um prédio não tem. No meu caso, eu tinha que lavar o chão de dois quintais com frequência por causa da poluição de São Paulo, já que acumulava uma quantidade impressionante de fuligem. Eu limpava os ralos que sempre acumulavam fuligem e folhas secas da minha horta, além de lavar e pintar periodicamente o muro que ficava encardido. Fazer tudo isso era algo exaustivo.

Depois de algumas mudanças residenciais, hoje moro em um apartamento de 60m2, em um andar mediano.

Apesar da nossa família ter dobrado de tamanho (de 2 para 4 pessoas), nosso apartamento diminuiu pela metade (de 120m2 para 60m2), e mesmo assim, eu e meu marido temos a sensação de liberdade.

E como isso é possível?

Eu tinha muito mais móveis quando morava em um apartamento maior. Tinha um conjunto de sofás. Além de uma mesa de jantar, tinha uma mesa de apoio que se abria para quando recebíamos nossos amigos. Tinha uma outra mesa com várias cadeiras para os momentos do churrasco. Havia uma caixa enorme onde eu guardava a árvore de Natal que ocupava um espaço considerável, e que ficava adormecido nos 11 meses restantes do ano. Uma mesinha lateral no sofá, vasos decorativos, centenas de livros já lidos acumulando poeira, e que dificilmente não seriam folheados novamente. Dez travesseiros em cima da cama, vestidos e sapatos de festa, várias bolsas, diversos sapatos etc.

Tudo isso torrava meu dinheiro e consumia tempo da minha vida, já que dava muito trabalho manter as coisas em ordem.

Conforme fui mudando para apartamentos menores, obrigatoriamente passamos a ter menos coisas. Hoje tenho um guarda-roupa pequeno, com poucas roupas. Tenho uma bancada de escritório menor, que faz com que eu não coloque objetos em cima, pois quero ter superfícies livres.

Parece esquisito falar da satisfação que sinto em relação à varanda pequena, principalmente para quem já morou em um apartamento com quintal, com direito a horta e churrasqueira.

Mas a verdade é que por ser pequena, a varanda é muito fácil de mantê-la limpa, e posso dizer que ela está sendo usada praticamente todos os dias, ora para tomar sol, ora para minhas filhas brincarem, ora para cuidar das minhas plantas.

Ou seja, a pequena varanda me dá muito mais prazer (e menos obrigações) do que um quintal grande que dava muito trabalho. Na época, eu tinha muitas plantas que demandavam atenção. Eu conferia diariamente qual vaso estava precisando de água, qual estava tomando sol demais e transferia para a sombra. Para viajar, era um sofrimento à parte, porque sempre ficava preocupada se a minha horta sobreviveria sem água durante alguns dias.

Hoje tenho algumas plantas espalhadas pela casa, todas muito fáceis de serem cuidadas. E como tenho em menor quantidade, consigo tirar a poeira das folhas, tirar as folhas amarelas, adubar com mais frequência, ou seja, consigo monitorá-las de perto.

Ter menos coisas cria mais liberdade e menos preocupação. É uma decisão consciente que traz benefícios como ter tempo para prestar atenção nas coisas das quais gostamos, e dar valor nas coisas que são mais importantes para cada um de nós.

~ Yuka ~

Minimalismo

Cuidado com os custos associados no momento da compra

woman standing near store while looking at the mannequin

Vou contar um exemplo que aconteceu com uma pessoa que eu conheço, pois acredito que será muito didático sobre o que eu quero falar hoje.

Quando a esposa desse meu colega engravidou, eles decidiram comprar um carrinho de bebê. O carrinho era enorme, praticamente uma espaçonave. Me mostraram super orgulhosos e eu fiquei me perguntando como aquele carrinho de bebê tamanho GG entrava no porta-malas do carro deles. Aí que estava a problema: não entrava. Eles trocaram por um carro com um porta-malas maior. Imagino que o IPVA também tenha ficado mais caro. Se antes eles paravam na rua quando iam passear, começaram a pagar estacionamento, afinal, não podiam correr o risco de acontecer algo com o carro novo. Não sei se eles conseguiram associar que todos esses gastos posteriores, foram por causa de uma compra não muito pensada. Quanto mesmo custou o carrinho de bebê? Pelas minhas contas, foi muito caro, se pensar no custo associado.

O custo associado de uma compra geralmente é negligenciado. E esse custo, a meu ver, pode vir de duas formas: TEMPO e DINHEIRO.

Custo associado: DINHEIRO

Para os pagantes de aluguel de imóveis (como eu), aposto que já chegaram a pensar em sair de um imóvel quando o aluguel aumenta. Em algumas situações, o inquilino, por não querer pagar o reajuste do aluguel, resolve se mudar após o término da cláusula de 18 ou 30 meses do contrato de aluguel. Só que ele não percebe que sai muito mais barato ele pagar o novo reajuste e continuar quieto no seu canto, do que resolver fazer uma mudança residencial, mesmo para um aluguel um pouco mais barato. Alugar um caminhão de mudança não sai barato, e o trabalho não acaba por aí. É preciso pintar o imóvel que estava morando, provavelmente vai precisar pintar o imóvel que vai passar a morar, fazer ajustes no varal de teto, comprar cortinas do tamanho adequado, trocar tomadas velhas. Alguns móveis precisarão ser trocados para adaptar à nova metragem do imóvel, trocar lâmpadas, pagar conta dobrado no primeiro mês de mudança…. Uma simples mudança residencial (contratar um caminhão de mudança), vira uma coisa gigantesca.

O mesmo caso serve para o proprietário de um imóvel. Se tem um bom inquilino, compensa muito mais manter esse bom inquilino por muitos anos oferecendo um reajuste abaixo do mercado, do que vagar o imóvel e enfrentar uma vacância durante não sei quantos meses.

Mudar para um apartamento maior, também tem os custos associados. Precisamos comprar mais móveis para preencher a nova casa, pagar mais IPTU, mais condomínio, mais conta de luz, mais tudo.

Isso acontece também quando resolvemos inocentemente colocar os filhos numa escola mais cara do que nosso orçamento permite, achando que o gasto será só na mensalidade. Só que as despesas só aumentam, o uniforme, o lanche, a mesada, as viagens que as crianças da escola fazem, excursão, e quando vê, os gastos extrapolam o orçamento permitido. Os presentes dos amigos que antes não passavam de lembrancinhas, agora pesa no final do mês, afinal, não dá mais pra dar um presente de R$50 para a amiga da filha. Esse é um pequeno exemplo que o custo da escola não é só a mensalidade.

Tenho uma amiga que coloca a filha numa escola particular, e ela falou que a escola exige que a criança tenha um iPad. Sim, tem que ser da Apple, não pode ser de outra marca, a justificativa é por causa dos aplicativos. Os pais que não quiserem comprar, deverão pagar um aluguel de R$1.000 por ano.

Acho que o custo associado de um carro já é mais comum, afinal, não basta pagar só as parcelas do carro, é preciso pagar tudo o que vem junto com um carro: IPVA, seguro DPVAT, seguro opcional, gasolina, manutenção do carro, etc….

Custo associado: TEMPO

Quando minha mãe me contou que comprava móveis de linha reta para não juntar poeira, eu achei ela meio doida… até que eu comecei a ter a minha própria casa e comecei a tirar poeira… e aí o que ela falava começou a fazer todo o sentido, principalmente quando não temos alguém para tirar a poeira para você. Quando compro móveis, dou preferência para móveis de linhas retas, com puxador em cava de 45 graus, porque eu sei que cada ondulação, cada puxador, cada detalhe, é um local a mais para juntar sujeira. Se a pessoa gosta de móveis estilo provençal, retrô, com detalhes, precisa saber que tem um custo associado depois: de tirar poeira.

Se vou comprar uma roupa, eu avalio se compensa o trabalho que terei de passar roupa.

Quando comprei uma mesa de centro para a sala, resolvi comprar de um material lavável, um acrílico resistente (vidro eu não quis, por medo de quebrar). Imaginei as crianças comendo na mesinha, brincando de tinta, canetinha, com cola… e por isso mesmo descartei a opção de madeira e optei por uma mesa de acrílico. A mesa segue firme e forte, e nos dias de muita sujeira, consigo lavar até embaixo do chuveiro se quiser.

Então quando for comprar algo, lembre-se sempre do custo associado. E isso não é só sobre dinheiro, estamos falando principalmente de tempo.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Minimalismo

Quantos anos você tem pela frente?

Farol, Brilho, À Noite, Nuvens, Pôr Do Sol, Oceano, Mar

A gente tem o costume de dizer para os outros a própria idade. Tenho 20 anos. Tenho 35 anos. Tenho 50 anos.

Só que há uma conta reversa que sempre faço, e é daí que vem a minha sensação de como Tempo é algo muito, muito precioso.

Quer ver? Essa é a minha Tábua da Vida. A minha vida dos 0 aos 80 anos.

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Se eu considerar que viverei até os 80 anos de idade (achou pouco? Olhe a tábua completa de mortalidade do IBGE), significa que eu já “queimei” praticamente metade de tudo o que eu posso viver, já que tenho 39 anos.

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Legal, ainda parece que tenho bastante tempo de vida.

Só que a gente esquece que ALGUNS MOMENTOS, são MAIS PRECIOSOS que outros. Por exemplo, a convivência diária com as minhas filhas. Eu e meu marido, saímos de casa aos 17 anos para fazer faculdade em outra cidade. Eu sei que uma vez saindo de casa, dificilmente elas voltarão a morar comigo. Se eu considerar que elas irão alçar vôo com a mesma idade, vamos dar uma olhada quanto tempo tenho de convivência diária com elas:

tábua da vida 2

Bom, agora já não parece que tenho tanto tempo assim, não é mesmo? Tenho mais 11 anos para viver intensamente com elas (e já se passaram 5, ou seja, 1/3 de convivência diária) e dar uma criação e educação decente, pois se elas saírem de casa cedo, não terei arrependimentos de não ter dado a devida atenção.

Agora vou fazer o mesmo exercício em relação a minha mãe. Ela tem 71 anos. Pela tabela do IBGE, viveria mais 14 anos. Eu teria 53 anos. Veja como eu também tenho pouco tempo.

tábua da vida 3

Agora imagine eu, tentando empurrar todas coisas que gosto para a velhice, postergando minha vida para depois dos 65, 70 anos de idade, quando eu me aposentasse pelo tradicional INSS. tábua da vida 4

Repare que não temos tanto tempo como imaginamos.

Não quero chegar na terceira idade, e ver que minha juventude foi desperdiçada, que não fiz as coisas que queria ter feito.

Temos a péssima mania de empurrar sonhos, deixar tudo pra depois. Ah, vou viajar depois, vou andar de bicicleta depois, vou no show daquela banda na próxima oportunidade, depois eu faço, depois eu leio o livro, depois eu falo com a pessoa…

Uma coisa que eu e meu marido sempre conversamos é que não adianta dar atenção para os filhos, quando eles já tiverem perdido o interesse por nós. Não adianta se arrepender de não ter dado atenção para os pais, depois que eles morrerem.

Há coisas que o Tempo não espera.

Precisamos viver bem, cuidar da saúde, cuidar da família, dos filhos, estar sempre com os amigos, sair para se divertir, para quando olharmos para trás (e esse dia vai chegar mais rápido do que imaginamos), sejamos inundados com a sensação de missão cumprida.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Minimalismo

Você tem TEMPO para usufruir o que compra?

bird's eye view of house with pool near body of water
Crédito da foto: @derekthomson

Quase em frente ao meu prédio, tem um prédio de alto padrão.

Os apartamentos deste prédio possuem uma varanda enorme que vai de uma ponta até a outra ponta.

Praticamente todas as varandas dos andares, possuem mesas com cadeiras, plantas para decoração, quadros na parede etc.

Vejo também funcionárias uniformizadas, limpando de forma vigorosa os vidros das varandas.

Mas o que eu nunca vejo são pessoas sentadas aproveitando essa maravilhosa varanda.

Onde estão essas pessoas? Será que estão trabalhando para pagar o que comprou?

Eu, com a minha varanda modesta, abro todas as manhãs pra sentir o vento no rosto. Tomo um café com leite apreciando a vista. Coloco as minha filhas para brincar de água nos dias quentes. Cuido das minhas plantinhas. Às vezes levo a mesa de centro para as minhas filhas brincarem de tinta. Nas noites quentes, eu e meu marido colocamos umas almofadas no chão para conversarmos, enquanto beliscamos algo para comer.

No bicicletário do meu prédio, é muito fácil identificar as poucas bicicletas que não estão com aquela poeira grossa. Ou seja, de quase 30 bicicletas penduradas, apenas 2 não têm poeira. Todas as outras, estão encostadas há pelo menos 1 ano, sem uso.

Pensando nisso, fiquei avaliando quantas coisas compramos e não usamos.

Talvez aquela roupa de academia, o tênis para fazer trilha, roupas e acessórios de festa…

Material de escritório como clips, elástico, grampeador, furadeira, bloco de anotações, canetas, cadernos, calculadora, pastas…

O estojo completo de chaves de fenda, a furadeira, a parafusadeira, a caixa de parafusos e pregos…

Tantos conjuntos de pratos disponíveis em casa, quantos realmente são usados? Fora os copos, as taças, os talheres, potes plásticos, panelas, frigideiras…

Quantas calças encostadas sem uso (porque não cabe, porque precisa fazer ajustes), quantas camisas sem uso (porque não cai tão bem no corpo, porque precisa passar antes), quantas mochilas e bolsas guardadas (porque um dia pode ser útil)…

Pagou caro por uma televisão de última geração e um sofá grande…. mas não tem tempo para sentar no sofá e assistir um filme. Ou só assiste YouTube pela tela do smartphone.

Quantos canais de televisão, quantos programas, documentários e filmes na fila para assistir. Quantos livros comprados sem ler, quantos cursos comprados sem terminar, quantas promessas feitas, quantas obrigações que vão se acumulando ao longo do dia, do mês, do ano…

Pegue um tempo do seu dia para analisar tudo isso.

Você tem tempo para usufruir o que comprou?

Se a resposta for não, algo precisa ser ajustado: ou você tem MUITAS COISAS, ou precisa escolher melhor as PRIORIDADES.

Eu mesma, fiz essas duas coisas há muitos anos (e continuo fazendo, porque de tempos em tempos, a bagunça sempre reaparece): eliminei coisas e aprendi a ter prioridades.

O benefício é praticamente instantâneo: TEMPO LIVRE.

~ Yuka ~

Minimalismo

A vida é mais bela quando não temos pressa

Lindos filhos plaiyng em um dia chuvoso Foto gratuita

O início da semana passada foi de chuva intensa… Choveu praticamente todos os dias.

Finalmente eu aprendi a não lutar contra a chuva, nem enfrentá-la. Comprei uma sandália de plástico para deixar na minha bolsa. Nos dias de chuva, fui ao trabalho com essa sandália. Chegando no trabalho, enxuguei meus pés e calcei os sapatos secos. Tenho um aquecedor que deixo embaixo da mesa… se sentia frio nos pés, deixava o aquecedor ligado por alguns minutos até me sentir mais confortável.

Também entendi que nos dias de chuvas torrenciais, de que adianta se gabar que chegou no trabalho na hora certa, mas ensopado (e ficar o dia todo com a roupa molhada)? Ninguém vai morrer se chegar um pouco mais tarde.

Aliás, ligaram da creche pedindo para buscar minha filha mais cedo. Alguns professores não conseguiram chegar.

Na volta, já de mãos dadas com ela, vimos uma lagarta enorme. Ficamos paradas, hipnotizadas com os movimentos dela, olhando não sei por quanto tempo, tentando entender para onde ela estava indo com tanta pressa.

Depois, reparamos que os cogumelos que ficam nos troncos das árvores estavam gigantes, cresceram com a chuva, pareciam mini guarda-chuvas!!!

Não ter pressa significa ter oportunidade de prestar atenção nas coisas que acontecem ao nosso redor, é um aprendizado contínuo num mundo tão acelerado.

Tenho aberto mais a janela quando começa a chover… Pego uma cadeira, encosto na janela e as crianças começam a subir para olhar a chuva cair. As mãozinhas pequenas se esticam para tentar sentir o vento e as gotas da chuva.

– Olha as árvores, mamãe, parece que estão dançando.

E através dos olhos das minhas filhas, redescubro a todo momento que a vida é mais bela quando não temos pressa para viver.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento · Dinheiro, IF e FIRE

A cada 10 anos, um renascimento: seu futuro está nas mãos de quem?

Pele, Olho, Íris, Azul, Mais Velhos, Dobre

O brasileiro no geral, não tem o costume de pensar no futuro… talvez estejamos mais acostumados a pensar sobre o passado. Então vamos falar um pouco sobre o passado.

Há dez anos, quantos anos você tinha? Onde morava? Onde trabalhava? Como era a sua vida? Estava feliz? Quais eram os seus sonhos, as suas ambições?

Dez anos se passaram e temos o dia de hoje.

Ao fazermos as mesmas perguntas, percebemos como as respostas são diferentes. E com isso, entendemos que o tempo passou, que nosso comportamento mudou, algumas vezes para pior, outras vezes para melhor.

Há dez anos, eu tinha acabado de me divorciar, morava sozinha, presa na armadilha do consumo, com quase nada de dinheiro.

Dez anos se passaram e hoje estou casada, sou mãe de 2 crianças, chegando perto da minha Independência Financeira.

Em 2015, lembro também de uma conversa que tive com algumas colegas de trabalho, sobre a possibilidade de viver de renda, sem depender do INSS. Todas se encantaram, vibraram, aplaudiram… até descobrirem que precisariam fazer 4 coisas: economizar, estudar sobre investimentos, aportar todos os meses e deixar o dinheiro trabalhar por pelo menos 10 anos. Desde a conversa, já se passaram 5 anos, e até onde eu sei, ninguém fez absolutamente nenhum movimento.

Pare para pensar agora: se tivesse feito algo diferente há 10 anos, a vida hoje, já não estaria muito melhor?

Um exemplo? Um orçamento doméstico, com gastos revistos, 500 reais investidos a uma taxa hipotética de 0,80% a.m., faria com que depois de 10 anos tivesse mais de 100 mil reais, sendo que 40 mil reais seriam de juros compostos. Em 20 anos, teria mais de 360 mil reais, sendo que 243 mil reais seriam de juros compostos. Em 30 anos, teria mais de 1 milhão de reais, sendo que 866 mil reais seriam de juros compostos.

Ou seja, um simples ato de poupar 500 reais por mês, faz com que um cidadão comum, tenha mais de 1 milhão de reais na conta, sendo que “só” poupou 180 mil reais.

As pessoas torcem o nariz por pequenas mudanças de hábito, mas um pequeno hábito pode se tornar algo gigante, quando os anos se sobrepõe.

Se queremos controlar uma parte do futuro, devemos começar a fazer algo a partir de hoje. Não vamos deixar nas mãos de terceiros.

Se o trabalho está chato, por que não mudamos de comportamento? Se o custo de vida está caro, por que não nos esforçamos para aumentar a renda ou reduzir os gastos?

O fim-de-ano, é um ótimo período para repensar nas atitudes, avaliar o ano que passou e fazer diferente a partir do ano que vem.

~ Yuka ~

Organização

Se você quer ter mais tempo, não faça mais rápido. Faça mais devagar.

Animais, Aves, Pardal, Natureza, Plumagem, Caneta

Sei que o título deste post soa estranho… as pessoas costumam falar exatamente o contrário: “assista vídeos no YouTube na velocidade acelerada”, “faça cursos de leitura dinâmica”, “faça tarefas com mais rapidez”, e se puder, “faça duas coisas ao mesmo tempo”.

Eu já devo ter contado pra vocês, que no meu auge da ansiedade, andava de bicicleta ergométrica, assistia televisão, conversava no celular (com o pescoço torto) e com as mãos livres, simplesmente tricotava para fazer um cachecol para mim… tudo-ao-mesmo-tempo!

Eu era produtiva? Sim. Eu era estressada? Sim.

E com isso, eu aprendi que de nada adianta sermos uma pessoa produtiva, mas estressada e mau-humorada.

Se queremos ter mais tempo de qualidade, devemos focar em 5 coisas:

1.) Desacelerar

Copa, Bebidas, Mãos Segurando, Bebida, Exploração

Se quer desacelerar, devemos pensar devagar, digitar devagar, ler um livro devagar, andar devagar, cozinhar devagar, conversar devagar. Acredite, o mundo desacelera quando nós desaceleramos primeiro. O tempo anda mais rápido ou mais devagar conforme o nosso ritmo.

2.) Fazer uma única coisa por vez

Discussão, Restaurante, Negócios, Loja De Café

Quer ouvir uma música? Ouça só a música. Mas feche os olhos e curta muito.

Vai almoçar? Então almoce prestando atenção no sabor e nas mordidas que está dando.

Vai conversar com o amigo? Preste atenção nele e esqueça o celular.

Fazer uma única coisa por vez é algo extremamente difícil nos dias de hoje. Nós temos o costume de tomar banho pensando na comida que iremos comer. Comemos pensando no filme que queremos assistir. Assistimos o filme pensando no horário que temos que dormir. E assim, vivemos dia após dia, sem estarmos presentes.

3.) Definir prioridades

Porta, Design De Interiores, Entrada, Escolha, Home

E aí surge a grande dúvida:

– Se fizer as coisas mais devagar, teremos menos tempo ainda.

Isso mesmo. Teremos que escolher quais atividades serão as mais importantes para a nossa vida.

A verdade é que não dá para fazer tudo o que a gente quer, não dá para assistir todos os filmes, ler todos os livros, conversar com todos os amigos, ter uma casa impecável todo os dias. É impossível.

Você vai ter que escolher qual filme vai assistir esta semana, qual livro quer ler este mês, decidir com quais amigos irá se encontrar desta vez, qual cômoda irá limpar hoje.

É assim que funciona o poder da escolha.

E escolhendo o que é mais importante na sua vida, você vai entender como desacelerar o tempo, como ser mais produtivo, como fazer tudo (entenda o “tudo” como “apenas” o que é importante) e dar a sensação de que hoje, valeu a pena viver.

Escrevi o post de hoje, porque no A riqueza da vida simples, muitas pessoas perguntaram como eu consigo fazer tantas coisas ao mesmo tempo, sendo que trabalho fora, faço comida todos os dias, sou mãe de 2 crianças pequenas, não tenho diarista, não tenho carro, etc.

Com a correria do dia-a-dia, nos falta tempo. Nos falta disposição, ânimo, energia… comigo também não é diferente.

Praticamente o nosso dia vai embora depois que voltamos do trabalho, também pudera, passamos de 10 a 12 horas fora de casa se contarmos o trajeto de ida e volta ao trabalho.

Prioridade.

Esta palavra é o que dita a regra em casa.

Para fazermos uma determinada atividade, precisamos deixar de executar as outras, porque simplesmente não temos tempo, nem condições físicas, nem mentais para fazer tudo com perfeição.

Se decido que levar as crianças para brincar na rua aos fins-de-semana é uma prioridade para mim, eu não vou poder gastar o dia inteiro fazendo faxina em casa. Isso significa que eu tenho que me virar para parcelar a faxina ao longo da semana. Na segunda-feira talvez eu limpe a sala, na terça-feira o banheiro, e assim por diante.

Se eu quero facilitar a minha faxina, para justamente não precisar contratar alguém para me auxiliar na limpeza, preciso escolher entre ter a sensação gostosa nos pés de ter um tapete em casa ou eliminar o tapete para facilitar a limpeza. Aqueles bibelôs que eu trazia de viagens que pegam mais poeira do que qualquer outra coisa, são itens que não existe mais em casa. Desisti de ter uma cama arrumada ao estilo MMartam por ser simplesmente impossível pra mim. A casa vai se tornando minimalista, e por ter menos coisas, a faxina e a organização se torna mais fácil.

Se eu decido que eu quero tomar o meu café da noite com o meu marido, porque pra mim é importante ter esse nosso tempo de conexão, significa que eu preciso deixar de fazer algo. No caso, eu quase não passo mais roupas. Não passo toalhas, lençol, calças, e a maioria das minhas blusas. E com isso, eu aprendi a escolher roupas que tenham tecidos que não amassam.

Todo dia é dia de escolher o que será prioridade e o que será renunciado.

4.) Mantenha sua rotina simples

Outono, Chá, Queda, Piquenique, Bebida, Orange, Cookies

Nós não precisamos ir a um super parque de diversões para divertir as crianças. Já percebeu que as crianças brincam em qualquer lugar? Leve as crianças para a praça mais perto da sua casa e uma bola. Só isso já será suficiente para elas se entreterem por algumas horas.

A mesma coisa vale para os adultos. Não precisamos ir até a cafeteria badalada, pegar o carro, dirigir até o local, procurar um estacionamento, enfrentar fila… Procure uma boa cafeteria perto da sua casa e aproveite para incentivar o comércio do seu bairro.

5.) Use o seu tempo de forma inteligente

Argila, Plano De Fundo, Bebida, Cozido, Pequeno Almoço

Outra coisa que costumo fazer é criar um “Banco do Tempo” pra mim. Quando faço massa dos cookies, duplico, ou até mesmo triplico a receita e congelo em porções pequenas. O tempo de preparação é o mesmo, só que aí eu passo meses sem precisar fazer a massa, lavar a louça e tudo mais. O único trabalho é o de colocar alguns cookies congelados na assadeira e depois de 15 minutos tenho cookies quentinhos saindo do forno. Talvez muitos de vocês achavam que eu realmente fazia os cookies do zero, mas não. Esse é o segredo para ter cookies sempre fresquinhos para a minha família e para oferecer às visitas. Faço a mesma coisa quando faço feijoada, lasanha, quibe recheado, molho de tomate caseiro. Essas porções de comida me ajudam a alimentar a família, quando por algum motivo algo sai do controle (no meu caso particular, é a preguiça).

Todos os dias, eu tenho o costume de antes de dormir, decidir fazer 1, ou 2 coisas que serão prioridades pra mim no dia seguinte. Pode ser uma comida gostosa, passear, levar o liquidificador para consertar, arrumar o guarda-roupa, enfim, eu decido o que será a prioridade do dia. Desta forma, não me sinto sobrecarregada e ainda fico com sensação de dever cumprido ao terminar a tarefa. Parece pouco, mas termino a semana tendo feito de 10 a 20 coisas importantes. Imagina isso ao longo de um ano? Tem funcionado muito bem. A lista é bem variada e não tem regra nenhuma:

  • agendar dentista + preparar bruschetta com brie e geléia de morango
  • pegar o resultado do exame laboratorial + levar as crianças pra brincar
  • assistir um filme com marido + limpar os azulejos da cozinha
  • chamar a vizinha pra tomar café em casa + separar roupas para doação
  • fazer backup do meu celular + pensar na viagem das férias

Também respeito muito a minha disposição física e mental do dia. O blog Viver Sem Pressa é um grande exemplo disso. Vocês sabiam que há muitos e muitos posts escritos que já estão agendados até maio de 2020? Ou seja, tenho posts que serão publicados semanalmente sem eu fazer nada até maio de 2020. Me permito fazer isso, porque simplesmente tem meses (sim! MESES) que eu não tenho inspiração, ou disposição ou simplesmente tempo para escrever. Então quando estou inspirada, escrevo 10, 20 posts de uma única vez. É isso que permite que o blog tenha posts novos toda semana, sem falta. Não importa se estou com indisposição, se estou sem tempo, se estou viajando, pois o post já está pronto.

Já nos momentos de ócio ou alguma atividade operacional, eu aproveito para fazer duas coisas ao mesmo tempo. Por exemplo, aproveito para ler um bom livro, ler notícias e blogs que gosto no caminho de ida e volta ao trabalho (no metrô). Também ouço (ao invés de assistir) vídeos do YouTube sobre temas de meu interesse enquanto estou cozinhando e lavando louça. E assim, eu consigo fazer com que o meu dia renda um pouco mais.

Dito tudo isso, há uma palavra de peso: consistência. Só faça! Faça o que for possível. Se só é possível arrumar a gaveta no meio do caos da casa inteira, tudo bem. Se na correria toda, você conseguiu preparar uma macarronada simples para a sua família, tudo bem. Se não conseguiu dizer eu te amo para o seu marido, porque simplesmente esqueceu, tudo bem, amanhã você tenta não esquecer. A consistência, a médio-longo prazo, torna-se um hábito, e aí que a magia começa.

Para desacelerar, mantenha sua rotina simples, defina prioridades e busque consistência. Não crie tantas expectativas e permita-se falhar.

~ Yuka ~