Quanto menos coisas, melhor

Existe uma ilustração do artista de rua NemO’s que representa muito bem a sensação de quando eu tinha muitos objetos, alguns bens e muita responsabilidade.

Consumismo.jpg

Imagem daqui

Nessa ilustração acima, cada objeto fica amarrado no homem por um fio. Conforme ele vai adquirindo mais objetos, mais responsabilidades ele tem, e consequentemente, mais pesado ele se torna, chegando a uma situação de quase afogamento. Se prestarmos atenção ao nosso redor, podemos perceber várias pessoas que estão nesta mesma situação.

Ao adquirir um imóvel, geralmente financiado por um banco por décadas, vem também a vontade de decorar o apartamento… começa com uma televisão nova e um sofá confortável para acompanhar, a instalação de uma cozinha equipada com armários planejados, sem esquecer o guarda-roupa planejado do quarto, um banheiro com uma bancada de mármore… Depois vem as responsabilidades de um proprietário de um imóvel… Descobre-se uma infiltração na parede do banheiro, uma torneira com goteiras, fora os boletos do IPTU, condomínio, gás, luz, e com todos esses gastos, aquelas parcelas mensais do financiamento, que antes parecia estar sob controle, começa a pesar. Com todas as infinitas parcelas do financiamento, passamos a ter uma única certeza: de que não podemos perder o emprego. O medo de perder o emprego e a certeza das parcelas do financiamento que chega todos os meses nos paralisa, impede inclusive de enxergar as boas oportunidades.

Ao comprar diversos equipamentos como uma panificadora, omeleteira, sorveteira, máquina para fazer macarrão, uma torradeira, pipoqueira, sanduicheira etc, precisamos de espaço maior na cozinha para armazenamento. Cozinha maior implica morar em uma casa maior. Casa maior implica em comprar móveis maiores para preencher espaços vazios. Preencher espaços vazios significa precisar trabalhar por mais tempo para conseguir dinheiro e gastar mais tempo com limpeza. Gasta-se mais tempo com limpeza, gasta-se dinheiro com mais produtos de limpeza. Não podemos esquecer do condomínio e IPTU, já que eles são cobrados por metro quadrado.

Ao comprar ou ganhar joias, queremos mostrar aos outros para ostentar, mas ao mesmo tempo surge o medo de sofrer um assalto.

Se moramos em uma casa linda, queremos estar arrumados, aquelas roupas do guarda-roupa já não servem mais. Compra-se mais roupas, mais sapatos, mais acessórios, precisamos comprar um guarda-roupa maior.

Para sair desse tipo de looping infinito, comecei me desvencilhando de objetos… foram inúmeras blusas pretas que tirei do guarda-roupa, calças jeans que já não serviam há anos, blusas desbotadas e acessórios que não me representavam mais.

Depois veio a vontade de tirar pessoas que me puxavam para baixo. Pessoas que se diziam amigas, pessoas que precisávamos engolir por ser da família.

Passei a descobrir o real significado da qualidade. Muitas vezes, ter menos coisas é melhor. Ter menos coisas dá mais satisfação e menos trabalho para manter.

Inclusive, deixei de usar diversos itens da casa que me fez ganhar inclusive tempo, por não precisar me preocupar com coisas (por exemplo: tapetes, saia para cama box etc).

E a cada objeto, coisas, pessoas que eu me desfaço, uma ‘linha’ é cortada e eu vou ficando cada vez mais leve.

Hoje, tenho poucas linhas que estão amarradas em mim.

Isso tornou a minha vida mais leve. Quanto menos, melhor.

~ Yuka ~

21 Comments on “Quanto menos coisas, melhor”

  1. Yuka,

    Gostei muito do seu post, tem tudo a ver com o que penso.
    A imagem diz tudo. Quanto tempo perdemos organizando tudo o que temos e correndo atrás de sonhos que não são realmente nossos, mas sim das necessidades desnecessárias da atualidade)? E quanto tudo isso nos atrapalha, sendo que muitas vezes sequer percebemos?

    “Hoje, tenho poucas linhas que estão amarradas em mim.
    Isso tornou a minha vida mais leve. Quanto menos, melhor.”
    Que bom estar conseguindo, fechou o texto com chave de ouro!

    Bom domingo!

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    • Oi Rosana, eu atribuo isso ao auto-conhecimento. Enquanto nós estivermos preocupados com o que os outros irão pensar da gente, o nosso comportamento se resume a agradar os outros, e não a nós mesmos. Quando a gente passa a prestar atenção ao que realmente é importante para nós, as linhas que não nos interessam podem ser finalmente cortadas. Um bom domingo pra você também. Beijos.

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  2. Adorei a imagem, o texto. Me desvinculei de mtas coisas quando me mudei do Brasil(3 pessoas com apenas duas malas) Mas infelizmente aqui acabei acumulando coisas novamente ,algumas compradas e outras ganhadas :/ quando retornar ao Brasil pretendo levar apenas o essencial …. 😉

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    • Oi Vanessa, realmente, a gente tende a acumular mesmo. Eu mesma às vezes me pego olhando para a minha casa e perceber que há coisas que não uso mais e com coisas em excesso. É um exercício diário mesmo. Beijos.

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  3. Sempre gostei de espaços vazios, de poucas coisas… E como era difícil para os outros entenderem. Eu tinha sempre que explicar que era opção… Quando casei, meu marido era do tipo de ter vários objetos para decorar a casa…era muitos quadros, plantas, jarros, bibelôs, etc… Nossa, como eu me sentia sufocada… Mas com o tempo ele foi aprendendo como essas coisas nos faz perder tempo (ufa, que bom). Hoje minha casa e minha vida é bem mais leve… E meu marido, só compra agora o que ele acha extremamente necessário para cozinha (já que ele ama cozinhar).

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    • Oi Lu, que beleza, você conseguiu fazer seu marido compreender sobre os excessos da vida. Acho muito legal essa troca mútua entre casais, entre amigos, entre familiares, onde há a oportunidade de aprendizagem. Quando isto acontece, o resultado é óbvio: só há coisas a somar. Um beijo pra você!

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  4. Oi, Yuka! Eu não conhecia esta imagem, muito obrigada por compartilhá-la! Concordo com tudo o que você escreveu. Desde o dia em que entrei em contato com o conceito de minimalismo pela primeira vez, foi como se os meus olhos finalmente pudessem enxergar o peso que as coisas acrescentavam na minha vida. Hoje em dia, simplesmente não consigo entender como eu não percebi isso antes!

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    • Oi Caroline, eu entendo bem o que você comentou, também sinto exatamente isso que você descreveu, é como se tivesse alguma coisa nos olhos, uma névoa, algo que atrapalhasse a visão e que finalmente isso havia sido tirado. É bem o nome do seu blog, Parece Óbvio, mas não enxergávamos. Beijos.

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  5. Oi, Yuka!
    Gosto muito de espaços pequenos a arrumados, sem bagunça! Quanto menos objetos, menos coisas para limpar e organizar! Hehehe! E como o tempo é precioso, perdê-lo com essas preocupações não vale a pena!
    Beijos e boa semana!

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    • Oi Fernanda, é bem isso mesmo que você escreveu. Eu ainda acho que tenho bastante coisa, principalmente por ter 2 crianças pequenas.. então é banheira, carrinho de bebê, canguru, 2 mochilas para levar as coisas na creche, berço, brinquedos… são coisas grandes (e muito coloridas) que acabam ocupando boa parte da casa rsrs. Beijos.

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    • Oi Cíntia, muito legal a capa.. as pessoas com coisas abarrotadas em casa e mesmo assim continuam comprando sem ao menos perguntar o motivo… tudo a ver com o que acontece com as pessoas.

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  6. Pingback: Links da semana #1

  7. AMEI ESSE POST. ESTOU TENTANDO MUDAR E ME TORNAR TOTALMENTE UMA MINIMALISTA, JÁ CONSEGUIR UMA MUDANÇA SIGNIFICATIVA, MAIS AINDA FALTA MUITO, MAS VOU CHEGAR LÁ COM FÉ EM DEUS.

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    • Oi Mirian, e o legal do minimalismo é que não há regras. Uma pessoa pode se considerar minimalista com 10 bolsas, ou com 1 bolsa. Tudo é uma questão do essencial para aquela pessoa. Para uma pessoa que adora livros, talvez ter varias livros seja o prazer dela, e está tudo bem. Não haveria a necessidade de se desfazer, desde que ela entenda que aquilo é muito importante para ela. Um beijo!

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