Auto-Conhecimento

Você compartilha a sua felicidade?

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Conforme eu fui ficando mais velha, compreendi que são poucas as pessoas que ficam felizes de verdade com a nossa felicidade.

É como se pudéssemos ser felizes sim, mas só se for menos feliz do que a outra pessoa.

Percebi que principalmente as pessoas mais próximas se incomodam com a nossa felicidade, muitas vezes até de forma inconsciente.

Afinal, quando estamos insatisfeitos com a própria vida, o sorriso do outro incomoda, a risada incomoda, a alegria do outro incomoda, e com isso, preferem invejar, julgar ou zombar a felicidade alheia.

Quando descobri isso, a princípio, fiquei horrorizada, mas depois passei a compartilhar cada vez menos sobre os sentimentos de felicidade que eu carrego em mim.

Quando iniciam uma conversa de como a vida está difícil, de como as pessoas são superficiais, eu só ouço.

Quando comentam a dificuldade em encontrar um amor verdadeiro, que viver um grande amor é uma utopia, eu só ouço.

Quando as pessoas que recebem o mesmo salário que o meu (ou até mais), ficam reclamando que das contas que precisam pagar, eu só ouço.

Eu não tenho do que reclamar.

Mas hoje, guardo estes sentimentos de alegria e gratidão dentro da minha casa. Em casa falamos quase todos os dias sobre felicidade e a importância do sentimento de gratidão, e ensinamos nossas filhas a reconhecerem e validarem esses bons sentimentos.

Há alguns anos compartilhei esta imagem e uma frase aqui no blog, e vejo como ele continua atual.

O segredo da felicidade é ser feliz em silêncio.

felicidade em segredo

A felicidade não é um produto, apesar de hoje ter se tornado um.

O que me deixa feliz, pode não deixar você feliz, e vice-versa. Ou seja, não pode ser comparada, nem copiada.

Falar menos é sabedoria. E você? Consegue ser feliz em silêncio?

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Por que pensar em morrer é tão importante?

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Há alguns dias, recebemos a notícia de que Gugu sofreu um acidente dentro de sua casa e faleceu. Assim, de repente.

Ainda nesses dias, estava conversando com o André, do Viagem Lenta, sobre o post que ele escreveu “Como usar sabiamente o tempo? Com a mala ou com a estrada?”, e acabei comentando que eu penso muito na morte.

O motivo de eu pensar tanto na morte não é algo proposital, macabro ou até mesmo pessimista. Eu sempre fui assim. Talvez, porque lidei com a morte do meu pai precocemente, aos 3 anos de idade…

Eu sempre penso na morte, não porque quero morrer, e sim, porque eu quero viver. 

Muitas pessoas não pensam na morte, não falam sobre a morte, porque é difícil a sensação de não estarmos mais aqui. Mas quando evitamos esse assunto, não nos preparamos também para morrer, e com isso, podem surgir arrependimentos.

Eu não deixo nada pra depois, porque eu não sei se eu vou ter o depois.

A vida é um cronômetro, e após meu pai ter morrido com 35 anos, tenho muita consciência de que estou tendo mais oportunidades de viver do que meu pai teve, já que tenho 38 anos. Tento aproveitar ao máximo (e isso não significa gastar dinheiro à toa), porque da mesma forma que aconteceu com o Gugu, posso não estar mais aqui daqui a 1 segundo.

E por reconhecer a finitude da vida, tenho algumas atitudes preventivas:

Fotos armazenadas na nuvem

De forma automática, todas as fotos que eu tiro do meu celular vão para o Google Fotos. Meu marido tem a senha, porque SE eu morrer, não quero levar para o túmulo as fotos da família que tanto nos emocionam, e meu marido nunca mais conseguir acessar as nossas fotos.

E passei a fazer isso, porque antes, eu armazenava as fotos no HD externo e um dia pensei que SE minha casa pegasse fogo, talvez eu voltasse para pegar o HD que estão todas as fotos da minha família. E eu não queria isso. Eu queria que a minha única preocupação fosse salvar a minha família (há diversos casos de pessoas que saíram ilesas de uma casa pegando fogo, mas acabam morrendo, porque voltam para pegar algo de valor).

Receitas culinárias armazenadas na nuvem

Apesar de achar mais fofo e prático ter um caderno de receitas, eu armazeno todas as minhas receitas aprovadas e testadas no Evernote (software que serve para organizar informações através de arquivos, notas) e compartilho a senha com o meu marido, porque SE eu morrer, não quero que minhas filhas não consigam reproduzir as receitas preferidas delas. Quando minhas filhas tiverem uns 12 anos, elas também terão a senha.

Despedidas virtuais

Meu marido tem a senha do meu blog Viver Sem Pressa, porque SE eu morrer, quero que ele venha avisar vocês o motivo de eu ter parado de escrever.

Armazenamento das senhas

Eu e meu marido temos instalado no nosso celular, o aplicativo 1Password (aplicativo que gerencia senhas em um cofre virtual criptografado e bloqueado). Todo final de ano, checamos se as nossas senhas mais importantes estão corretas. Compartilhamos senhas de e-mails, bancos, corretoras etc.

Planejamento financeiro

Eu cuido da vida financeira da minha família, porque SE eu morrer, minha família vai sentir a minha falta, mas não vai passar necessidades financeiras, como a minha mãe passou, quando ficou viúva aos 35 anos, com 3 filhas pequenas. Também sempre explico para o marido as decisões que eu tenho tomado em relação aos investimentos (o porquê de ter aumentado posição na renda variável, o porquê de não investir mais em CDBs de bancos pequenos etc), pois desta forma, acredito que SE eu morrer, ele vai continuar aplicando a mesma estratégia que eu tenho usado.

Alimentação saudável

Eu cuido da minha alimentação e da minha família, porque eu sei que SE nós continuarmos comendo muitos carboidratos e açúcares, a chance de termos doenças como diabetes, câncer e obesidade tendem a aumentar. Isso inclui aumento da ingestão de alimentos orgânicos, redução de produtos industrializados e redução de açúcar e carboidratos.

O último abraço

Trato meu marido com muito carinho, porque não quero me arrepender SE um dia ele sair de casa para trabalhar e não voltar nunca mais.

Quando minhas filhas me pedem para colocá-las para dormir, coloco para dormir (apesar de ainda ter que cozinhar a marmita do dia seguinte, limpar a casa, estudar), porque não quero me arrepender SE a última palavra que eu disser para elas forem um “não” (há algumas semanas, uma colega me falou que o melhor amigo do filho dela foi dormir no dia anterior e não acordou mais. Ele tinha 13 anos…).

O último desejo: doação de órgãos

Este item eu acrescentei depois que publiquei o post, pois apesar de ter vontade de doar os meus órgãos após a minha morte, fiquei me perguntando se meu marido sabia com clareza dessa minha vontade.

Se você for doador de órgãos, é muito importante deixar claro para a sua família, para que o seu último desejo seja respeitado.

E por fim…

Eu penso na morte a todo momento para lembrar como a vida é frágil, e que eu preciso viver de uma forma completa, feliz, sem arrependimentos.

O tempo passa rápido demais e eu preciso aproveitar a jornada da minha vida da melhor forma possível.

E sinceramente? Isso não é sobre comprar coisas, ter coisas para ostentar, viajar para lugares caros, ir em shoppings e torrar o dinheiro.

Quando digo aproveitar a vida é estar presente enquanto estou com as minhas filhas e com o meu marido. Registro mentalmente as brincadeiras que fazemos, os sorrisos, o abraço, o cheirinho, a vozinha infantil me dizendo espontaneamente “ti amu, mamã”, a sensação de ter as mãos pequenininhas em volta do meu pescoço, porque sei que essas mãos um dia vão crescer.

Outro dia, li em algum lugar a seguinte frase “o que você faria se soubesse que o mundo acabaria em 24 horas?”. A minha resposta é simples. Eu só não iria trabalhar. De resto, faria exatamente as mesmas coisas. Estaria com a minha família, preparando uma comida gostosa, abraçados no sofá até o mundo acabar.

São essas ações diárias que faço para não me arrepender. E são justamente essas pequenas ações que acabam me proporcionando uma vida com mais qualidade e toda vez que eu penso nisso, sinto que estou no caminho certo. Daí a percepção de que “coisas” são insignificantes; “pessoas” são importantes.

O post de hoje para alguns, pode soar sobre tristeza, mas não é. É sobre viver e aproveitar o tempo. É um ode à vida.

~  Yuka ~

Auto-Conhecimento

Enxergar o lado bom das coisas é uma escolha

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Foto: Sebastião Salgado

Há alguns anos, participei de um congresso no Belém do Pará. Fui de ônibus partindo de São Paulo, o que significa que a viagem durou 2 a 3 dias. Tomei banho nos postos de gasolina das estradas. Chegando em Belém, uma pessoa que fiz amizade no ônibus, me ofereceu a casa de seus familiares para passar a semana do congresso, ao invés de dormir na escola com todos.

Após aceitar, descobri que ficaria em um dos bairros mais perigosos da cidade. O asfalto não havia chegado no bairro, alagava todos os dias, além disso não tinha saneamento básico.

Eu podia voltar atrás, inventar uma desculpa.

Mas eu realmente quis aproveitar a oportunidade para viver o que essas pessoas vivem no seu dia-a-dia. Eu, que sempre falei que tive uma infância pobre, descobri que não era pobre. Aliás, descobri os vários níveis de pobreza, e a minha pobreza, com certeza não era a das mais baixas.

Vivi e convivi com a comunidade local, aprendi inclusive, a moer açaí. E percebi como pessoas que têm tão pouco, podem ter um coração tão grande.

Essas pessoas generosas me ensinaram que saber enxergar o lado bom das coisas é uma escolha. São pessoas que apesar de todas as dificuldades do dia-a-dia, acreditam na honestidade do ser humano, abrindo as portas de suas casas para uma pessoa que nunca viram antes. Dividem a comida, oferecem cobertores, compartilham os sonhos…

E é isso que quero ensinar para as minhas filhas: que bondade independe de raça, de religião, do dinheiro, da opinião política, da orientação sexual.

Enxergar o lado bom das coisas é uma escolha que fazemos todos os dias quando levantamos da cama, requer esforço, e que precisa ser confirmada várias vezes por dia.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Otimismo e gratidão 

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Uma coisa não posso negar. O minimalismo me ensinou o significado da gratidão.

Hoje sou um misto de uma pessoa otimista com expectativa baixa. Hã? Deixe-me explicar porque essa combinação é fenomenal. Ela faz com que a gente fique feliz com praticamente qualquer coisa que acontece na nossa vida. Quer ver?

  • Tropecei e ralei o joelho… ainda bem que não ralei meu rosto.
  • Roubaram meu celular… pelo menos o celular era bem velhinho.
  • Peguei uma doença da minha filha e tive que ficar 2 dias de repouso do trabalho… que bom, vou aproveitar pra descansar.
  • Perdi R$10,00 na rua… Dos males o menor, podia ter sido R$50,00.
  • Se não recebo o dissídio anual, pelo menos não perdi o emprego.
  • Se meu marido fica sem emprego, pelo menos foi num período bom, assim ele acompanha de perto minha licença-maternidade.

Enxergar tudo pelo lado bom, facilita a vida e deixa tudo mais leve. É tentar, apesar das dificuldades do dia-a-dia, se colocar no lugar do outro e saber que a situação poderia ser muito pior.

Às vezes, a nossa vida continua sendo a mesma, o que muda é a interpretação daquela história.

O que muda é como passamos a enxergar a vida.

~ Yuka ~

Auto-Conhecimento

Suficiência = Gratidão

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Já parou para pensar o quanto é suficiente para você viver com qualidade?

Nós, seres humanos, temos a tendência de sempre estarmos insatisfeitos com o que a vida nos oferece. Se antes recebia R$1.000 de salário e hoje ganha R$5.000, continuamos querendo mais. E se passar a ganhar R$10.000, será que continuaremos querendo ganhar mais? Provavelmente sim.

Nós temos necessidades básicas (um teto para morar, comida para nos alimentar, roupa para nos aquecer), mas também não podemos ignorar que temos desejos.

Como equilibrar de forma saudável a necessidade e o desejo, sem pecar pelo consumismo?

Pra mim, foi muito importante conhecer a minha própria suficiência (porque a minha é diferente da sua necessidade). A partir do momento que alcancei o equilíbrio entre necessidade e desejo, surgiu o sentimento de gratidão. E frases como “Já tenho o suficiente, obrigada” começaram a ser frequentes.

– Já tenho o suficiente, não preciso mais comprar nada por enquanto.

– Já tenho um celular bom o suficiente, não preciso competir com o vizinho.

– Já tenho um salário suficiente, não preciso gastar mais tempo de vida para ganhar mais.

Não sei se é cultural do nosso país, mas tenho a impressão de que as pessoas confundem esse sentimento de suficiência com comodismo, de que nunca podemos estar satisfeitos: precisamos estudar mais, ter um salário mais alto, ter um emprego melhor, um cargo mais alto, um carro mais caro, uma casa maior etc.

O segredo de viver bem com menos é apreciar o que já possui e sentir-se satisfeito, grato, e nunca se comparar com o outro.

~ Yuka ~