FIREs: ajustem as velas dos barcos!

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Assim como quem navega sabe disso, nós não temos como controlar o vento, mas podemos ajustar as velas de acordo com a posição do vento.

Esse coronavírus + crise política + recessão econômica prejudicou também os FIREs (Financial Independence Retire Early) que estão caminhando a jornada para a aposentadoria precoce.

Sabemos que crises acontecem de tempos em tempos, e de fato, não podemos evita-los, principalmente uma crise mundial desta magnitude que estamos presenciando. Mas, podemos desenvolver a capacidade de se adaptar às novas situações, às novas realidades, compreender que as coisas mudaram e buscar novas soluções.

A verdade é que o vento mudou a direção.

Ele não está mais nos levando diretamente para onde queríamos chegar. E está tudo bem. Não significa desistir, significa que uma nova rota está sendo traçada a partir de uma nova realidade.

Desde o início da pandemia tenho questionado o quanto ser FIRE é realmente seguro. Eu, que tenho crianças pequenas, e sei dos gastos que só aumentam conforme elas crescem, fico me perguntando qual o valor ideal para ser FIRE: 3 milhões, 6 milhões, 10 milhões? Sinceramente, eu não tenho mais essa resposta.

E por não ter essa resposta, tenho seguido o mesmo caminho que o Quero Virar Vagabundo explica nesse post

No meu caso, tenho a regra dos 4% como uma direção a seguir, mas não é mais a única bússola que uso. Eu tenho considerado um mix de teorias:

  • a TSR (taxa segura de retirada) de 4%;
  • a TNRP (taxa necessária para remuneração do portfólio) do André, do Viagem Lenta;
  • aumentar o portfólio em investimentos que gerem renda passiva, como dividendos, aluguéis das ações, aluguéis de FIIs e aluguéis de imóveis físicos;
  • rebalanceamento da carteira em 75% renda variável e 25% renda fixa, sendo renda variável: 25% ações, 25% FIIs, 25% investimentos no exterior.

Esses foram alguns dos ajustes que eu fiz na vela do meu barco, tendo a plena consciência de que pode ser que leve um pouco mais de tempo, mas eu sei que chegarei lá.

Outro dia, li que uma empresa que produz lençóis, adaptou a sua manufatura para começar a lavar os lençóis dos hospitais, já que ao produzir lençóis, eles já utilizavam caldeirões de altíssima temperatura. Que sacada!

Outras indústrias também não ficaram para trás… Indústrias de cosméticos começaram a produzir toneladas de álcool gel. Fábricas de engenharia e indústrias automobilísticas começaram a produzir respiradores artificiais. De marcas de luxo que começaram a produzir uniformes médicos e máscaras de proteção, até a marca de brinquedos da Galinha Pintadinha que passou a produzir máscaras para profissionais da saúde.

Nós também devemos ajustar as nossas velas. Claro que não será como era antes, mas devemos nos adaptar e fazer os ajustes, se não quisermos ficar para trás.

~ Yuka ~

25 Comments on “FIREs: ajustem as velas dos barcos!”

  1. Olá Yuka,

    Penso sempre que, dada a escolha entre ser veloz ou ágil, a agilidade deve sempre ser a prioridade. E agilidade casa bem com esse conceito de ajustar as velas.

    Uma coisa que deve ser considerada quanto à regra dos 4% é que ela foi desenvolvida pensando nos mercados do primeiro mundo, onde a economia é mais estável e existe a possibilidade de investimentos passivos com repasse dos dividendos aos cotistas. Num cenário com muito mais incerteza como no Brasil, é preciso adicionar muuuitas outras camadas de segurança para o plano dar certo.

    Sem contar que muitos dos FIRErs norte-americanos reduzem seus custos de vida pós-aposentadoria se mudando para outros países com custos mais baixos e moeda mais fraca. Se um brasileiro tentasse o mesmo, no máximo poderia ir ao Uruguai ou Argentina, e olhe lá.

    Prefiro “contar” a renda passiva acumulada mês a mês e tentar bater isso contra a figura das minhas despesas esperadas. Talvez não seja o método menos arriscado, mas me traz um pouco mais confiança do que simplesmente a regra dos 4%.

    Enquanto isso, seguimos ajustando nossas velas e navegando!

    Abraços e seguimos em frente!

    Pinguim Investidor
    https://pinguiminvestidor.com

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    • Oi Pinguim, sim, tem total razão. A regra dos 4% foi ótima para me dar um norte no início, um valor que julguei ser necessário para FIRE. Mas o sobe e desce do mercado, com possibilidade inclusive da bolsa ter uma queda abrupta e considerável, além de “andar de lado” durante anos. Se isso acontecer no início da vida FIRE, vai comprometer a aposentadoria antecipada. Renda passiva é uma boa mesmo, tenho pensado com mais carinho sobre a possibilidade, apesar de não investir em empresas pensando nos dividendos. Eu só quero dividendos se a empresa for boa, sólida e com bons lucros. Enquanto isso, vamos navegando!!! Um grande beijo.

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    • Perfeito o seu comentário. Como você e o SRIF365, vou focar em aumentar renda passiva que ultrapasse os meus gastos mensais com alguma folga. Acredito ser uma estratégia mais segura do que definir percentual de retirada do montante principal, até porque se a rentabilidade dos ativos do mercado caírem nos próximos anos (o novo normal podem ser juros negativos ou perto disso), será cada vez mais ganhar dinheiro no mercado financeiro.

      Alguns criticam empresas de dividendos, mas admito que dá uma sensação muito boa vendo o dinheiro cair na conta!

      Sucesso!

      Abraço.

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        • Verdade, acho que foi no YouTube que vi o Bastter (que já nem assino mais) dizendo que o ideal é ter uma renda passiva que cubra 2x o valor das despesas. Mas como tenho filha penso em deixar a (sonhada) Fire após a graduação dela..

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          • Verdade Cinthia, ter renda passiva que cubra 2x o valor das despesas seria o ideal. A gente que tem filhos, acabamos atrasando um pouco a vida FIRE, mas é por um bom motivo, né? rs Um beijo!!!

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  2. Olá!
    Tabalhei por 10 anos como professora da educação básica e percebendo o quanto o mundo esta sendo digitalizado e que minha profissão tem a cada dia piorado nos aspectos condições de trabalho/remuneração resolvi mudar.Estou neste ano de 2020 tirando um sábatico.Construindo uma nova carreira como Analista de Sistemas, sendo estudante do primeiro semestre de uma faculdade ead.Conversava com meus colegas sobre o futuro da nossa profissão e todos desprezavam os prenúncios.Temos que viver atentos aos sinais do que nos espera no futuro e despegar.Não esta sendo fácil colocar de lado tudo que aprendi e construir por anos, mas uma hora esse dia iria chegar então é melhor “ajustar as velas” agora no meu ritmo do que forçadamente e de forma desesperada.O mesmo aplico em relação a aposentadoria, tenho 33 anos, tirar “um folga ” é fruto das minhas economias para a aposentadoria.

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    • Oi Marcela, tiro o chapéu para você. Não é fácil mudar de carreira, ainda mais uma carreira tão diferente da que você estava acostumada. De professora de educação básica para analista de sistemas!!! Mas você está corretíssima, tenho acompanhado algumas profissões que podem sumir ao longo destes 10 anos, e é um cenário preocupante, visto que há muitas pessoas cursando faculdade de algo que pode se tornar obsoleto quando se formarem. Quando você mudar de profissão, muitos dirão que foi sorte, mas você saberá que não foi sorte. Foi fruto de muita dedicação, muita disciplina e coragem. Um beijão.

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  3. Olá Yuka,
    descobri seu blog recentemente e me identifiquei com seu post. Eu também estou reajustando minhas velas e rebalanceando minha carteira. Estou ainda no início da caminhada FIRE, mas eu realmente senti falta nesse ano de uma boa reserva para aproveitar as oportunidades do mercado em março. Assim como a regra dos 4%, há diversos estudos falando que no longo prazo não vale a pena ter caixa para comprar ações no momento oportuno, o que eu sentindo na pele o fato de não um capital considerável para aportar , creio que consegui aproveitar somente parte das oportunidades. Um grande abraço!

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    • Oi Carol, verdade. Eu mesma, tinha pensado em abolir a renda fixa da minha carteira (a não ser que a renda fixa volte a pagar quase 1% ao mês), mas acabou se mostrando uma grande oportunidade de comprar ações que estavam claramente abaixo do valor do mercado. Tanto que agora mudei de opinião e resolvi manter 25% da carteira em renda fixa, além da reservas de emergência. O importante é ir ajustando os planos de forma contínua, assim, teremos sempre a certeza de que estamos seguindo pelo caminho certo. Beijo!

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  4. Flexibilidade é tudo! Esse mix de teorias irá demonstrar, no futuro Fire, qual vento soprará na direção desejada. O importante é não se agarrar a um único plano e não largar nem se o navio estiver naufragando.

    Bja

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    • Oi AC, não vamos deixar esse navio naufragar rsrs. Flexibilidade tem sido muito importante, não só nessa crise, mas em qualquer situação de vida. Reconhecer erros e fazer ajustes é algo que devemos fazer sempre!!! Beijão.

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  5. Olá Yuka, muito bom acompanhar seu blog todo domingo.
    Sabe, a vida parece esse eterno ajustar de velas, e para ser FIRE não seria diferente. Esse momento veio e mostrou isso de forma bem clara.
    Eu estou tentando ajustar minhas velas aqui também, e confesso que gosto bastante dos FIIs pois com o que eles me rendem (pouco ainda) eu já reinvisto e sinto que o bolo vai aumentando sabe?
    Ainda quero diversificar um pouco mais, me posicionar em setores que não tenho nenhum ativo, mas acho que esse ajuste de velas é super válido.

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    • Justamente Ariane, a vida é um eterno ajustes. Muita gente acha que os planos não dão certo e ficam frustrados, porque fazem um mega-planejamento, e depois guarda na gaveta e nunca mais faz os pequenos ajustes. Aí quando lembra do tal do planejamento, diz que não faz porque nunca dá certo rsrs. Os FIIs são muito bom geradores de renda mesmo, há 1 ano, eu tive um siricutico e resolvi vender todos os meus FIIs para comprar ações, já que achei (e continuo achando) que ações são ativos de crescimento. Mas depois me arrependi, porque comecei a rever meu pensamento, de que era bom sim, ter renda passiva também. E desde então, comecei a compor novamente minha carteira com FIIs rsrsrs. Só eu mesmo. Beijos.

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  6. Eu tenho intenção de parar de trabalhar somente quando minha renda passiva for maior ou igual ao meu salário líquido.

    Por renda passiva eu entendo somente proventos/dividendos, excluindo juros de RF.

    Acredito que assim teria mais segurança pois, se consigo fazer sobrar e investir hoje com meu salário líquido atual, conseguirei fazer sobrar e continuar reinvestindo somente quando os proventos/dividendos forem equivalente ao meu salário líquido.

    Para o caso de já ser FIRE e vir uma crise feia, que faria com que os dividendos e proventos secassem, eu teria a renda fixa para me socorrer durante esse período.

    Dividi minha carteira nas seguintes proporções:

    – 20% Renda Fixa (Tesouro Selic e IPCA);
    – 30% Ações;
    – 30% FIIs;
    – 15% Stocks;
    – 5% REITs

    Fora dessa proporção ainda tem 6 meses de salário em poupança de bancão.

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    • Oi Alforria, bem interessante a sua estratégia! Essa crise tem nos mostrado a importância de fazer ajustes para tornar a nossa vida FIRE um pouco mais segura e estável. A nossa carteira está bem similar, para o investimento no exterior, o meu está: 20% Stocks e 5% REITS. Beijos.

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  7. É difícil mesmo Yuka, são muitas dúvidas.
    Investindo em ações e fiis no Brasil, dando um yield de mais de 4% aa com certeza já estaríamos na regra dos 4% sem precisar vender nada. Uma coisa interessante seria distribuir esses 4% recebidos em várias fontes, seja fiis, ações, cupons do TD e aluguel de imóveis.

    Na verdade o que eu estou achando mesmo é que vc tem que estabelecer uma quantia mensal passiva fixa, algo como R$10k por exemplo, e isso vai dar 120k anual. O segundo passo é ver como receber esses 120k seja de onde for.

    Eu por exemplo, minha meta é receber R$ 240k passivos/ano. Então tenho que distribuir meus ativos de forma segura para receber isso, e sem vender nada de preferência.

    Um abraço!

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    • Oi Frugal, tenho pensado nessa estratégia mesmo. Como tenho crianças pequenas, tenho medo de viver somente com o que preciso atualmente, então a ideia é dobrar a meta, receber em renda passiva o dobro do que preciso. Assim, metade seria para ser usado imediatamente, e a outra metade, seria para repor a inflação e usar como fermento para aumentar o patrimônio, podendo ser usado quando precisar, numa viagem ou coisas assim. Acredito que fazendo isso por mais alguns anos depois que atingir a FIRE (uns 5 anos), não precisarei mais me preocupar tanto com a rentabilidade, já que a renda passiva será maior do que a minha necessidade. Um beijão.

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  8. Olá Yuka!

    Essa é uma das “máximas” que mais gosto: não brigue com o vento, ajuste as velas de seu barco! Ele encerra umas das mais importantes lições de vida que podemos aprender. Tem muito a ver com aquela frase atribuída a S.Francisco de Assis, que diz algo como “avalie o que pode ser mudado, o que não pode e tenha a sabedoria de distinguir entre uma coisa e outra”. Não adianta ficar brigando com a tendência sem sucesso. Precisamos nos adaptar.

    Hoje, nas área de finanças, a grande adaptação é viver com juros zero para negativos. Será uma grande mudança de paradigma!

    Ah, legal que está testando a TNRP. Mas o “R” é de remuneração rsrs: taxa necessária para a remuneração do portfólio. Pretendo fazer uma publicação ainda esse mês em como essa metodologia pode ser facilmente adaptada. Afinal, com um novo filho a caminho, todas as despesas mudam, né rsrs? Daí exemplifico como que variou essa taxa.

    Parabéns pelo artigo!

    Abraço!

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    • Oi André, ooops, já corrigi o “retirada” por “remuneração”. Sim, tenho usado a sua planilha, semana passada eu até zerei a planilha para começar a preencher de novo, como já tinha fuçado tanto, fiquei com medo de ter alterado algo importante. Aliás, deixa eu aproveitar e tirar uma dúvida sobre a planilha, a coluna B, é o ano corrente, certo? E no ano que vem, você oculta a coluna? Beijos!!!

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  9. Pingback: Aposentadoria móvel e flexibilidade – ainda podemos confiar na regra dos 4%? – Pinguim Investidor

  10. Oi Yuka!
    Achei muito pertinente seu texto.
    Ajustar as velas faz parte. O cenário econômico irá mudar ainda muitas vezes.
    Pensa bem, há pouco mais de três anos estamos vivendo uma taxa selic de 14%.
    Não era difícil encontrar investimentos de renda fixa com IPCA + 15% por exemplo (eu mesmo comprei alguns com esta taxa).
    O mar ainda vai mudar muito, estará em constante mudança.
    Por isso acho muito importante que estejamos sempre olhando o barco (nossos ativos), as velas (nossa estratégia), e o mar (o mercado).
    Não adianta querer chegar no longo prazo, sem mexer nas velas.
    Eu também vou fazendo pequenos ajustes na minha estratégia ao longo do tempo. Faz parte.
    Hoje mesmo escrevi sobre a montagem da minha carteira, depois dá uma olhada lá.
    https://acumuladorcompulsivo.com/2020/06/20/como-montei-minha-carteira-de-acoes-americanas-stocks/
    Abraços, Stark.
    http://www.acumuladorcompulsivo.com

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    • Oi Stark, como você escreveu, o mar ainda vai mudar muito. Por isso é importante saber o que estamos fazendo, não ir atrás das dicas quentes, pois quando a bolsa despencar 80%, saberemos o que fazer (assim espero rsrsrs), vender ou comprar mais. Beijos.

      Curtido por 1 pessoa

  11. Muito bacana essa visão de necessidade de adequação. Parabéns. Eu aqui preciso me adequar no sentido de vencer a insegurança. Desde que o AA40 fez um estudo de caso da minha situação, avancei no percentual da minha carteira em RV. Era de 10% em 06/2019 e chegou a 38% na recuperação da bolsa depois do Covid-19, pois dobrei o capital em RV nas quedas sucessivas de março. E ainda tinha bastante recurso disponível para comprar. O problema é que com a instabilidade política atual vejo muita vulnerabilidade no mercado, mesmo que para longo prazo. Hj estou com 30% em RV e uma sensação muito ruim de manter tanta grana “parada”.

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