Já faz um tempo que as pessoas têm me pedido para falar sobre o uso de redes sociais.
Eu nem sei se eu sou a pessoa ideal para falar sobre esse assunto, por justamente não ser adepta às redes sociais.
Uso o WhatsApp para conversar com a família e meus amigos, e assisto alguns vídeos do YouTube quando tenho tempo. Mas não tenho Instagram, uma das redes sociais que mais afeta a saúde mental. Também não tenho Facebook, Twitter, Linkedin, Snapchat, TikTok, e mais algumas outras que eu nem devo saber da existência.
Então vou falar do ponto de vista de quem não usa tanto, de quem não está imerso nessa vida de redes sociais.
Eu já tive Orkut (quem lembra?) e Facebook durante poucos anos e logo de início percebi que não iria me fazer bem.
Eu percebi que o que era dito para mim, era diferente do que estava sendo mostrado nas redes sociais. Talvez as pessoas faziam de forma inconsciente, mas enquanto algumas pessoas falavam para mim que o casamento ou o namoro estavam desmoronando, nas redes sociais elas postavam as fotos do casal apaixonado, com toda aquela declaração de amor. E isso era constante. Também teve um caso que descobri por acaso que por trás daquela viagem maravilhosa que uma conhecida havia feito, ela havia contraído uma dívida praticamente impagável. Ou de um casal que fazia questão de mostrar toda sexualidade aflorada, e descobrir que os dois não tinham relações por meses. Eu ainda tenho diversos exemplos que poderia dar, mas acho que estes são o suficiente para entender que tudo isso me deu um bug na cabeça.
Em pouco tempo, comecei a me questionar… eu gasto meu tempo para ficar vendo…. mentiras? A famosa “redes de mentiras sociais”. Eu perdia meu precioso tempo vendo a mentira dos outros, mas o que me incomodava mesmo era ver a vaidade, o narcisismo excessivo.
Outra coisa que eu entendi rapidinho é que as redes sociais gera uma comparação e uma competição doentia.
Durante o pouco tempo que tive Orkut e Facebook, comecei a sentir que não tinha amigos o suficiente, não era rica o suficiente, não era legal o suficiente, não era bonita o suficiente, não tinha uma família unida o suficiente, não viajava para lugares instagramáveis quanto eles, enfim, um saco sem fundo de comparação sem sentido. Justo eu, que sempre fui uma pessoa grata.
Ao decidir sair das redes sociais, compreendi que não fazer parte disso tudo era algo bizarro, como se não fizesse parte deste mundo.
E de fato, no início, foi exatamente essa sensação que eu tive. Comecei a perder alguns eventos, alguns encontros, porque as pessoas simplesmente esqueciam de me avisar. Eu ficava chateada, porque é isso né, se você não está nas redes sociais, você não existe. É como se de repente você sumisse do mapa e ninguém sentisse sua falta, é como se você tivesse sido esquecida pelo mundo.
Mas esse vazio inicial, durou apenas algumas semanas. Aos poucos, eu comecei a enxergar os benefícios. Eu sentia que estava tendo controle da minha vida, e o melhor, sem precisar me comparar com a vida dos outros. A minha vida começou a parecer de novo colorida, mais interessante, mais intensa, porque não havia mais uma praia do Havaí com água cristalina para comparar uma viagem que eu fazia para Santos para visitar a minha mãe. Ou comparar um fim-de-semana em um resort caro enquanto minhas filhas brincavam no barranco perto de casa, escorregando em uma caixa de papelão.
O que eu posso dizer de antemão é que mesmo se você não fizer parte de uma rede social, a vida continua. E não uma vida qualquer, mas uma vida com controle, com mais presença. Quantas vezes você foi no restaurante e perdeu minutos da sua vida para tirar a foto perfeita para o Instagram?
Quantas vezes você estava festejando o ano novo tentando tirar a foto perfeita tendo os fogos de artifício no fundo, e não aproveitou o show da virada?
Quantas vezes você viu seu filho fazendo alguma coisa divertida e espontânea apenas pela tela do seu celular, mesmo estando na frente dele?
Se prestar atenção, verá que nos restaurantes, os casais não se olham, pois estão cada um no seu celular. Amigos não conversam, porque estão cada um entretidos no seu próprio mundo. Filhos não existem, pois estão em tablets entretidos para não atrapalhar os adultos.
Semana passada foi meu aniversário. Não ter que postar nada nas redes sociais é maravilhoso. Todas as pessoas que são importantes para mim, meus melhores amigos, minha família e alguns colegas, lembraram do meu aniversário. E fico genuinamente feliz, porque meu aniversário não está anotado em lugar nenhum.
Eu também sei o aniversário de todas as pessoas que são importantes na minha vida…
Para quem já está viciado nas redes sociais, como qualquer vício, tem que ter a consciência de que será muito difícil de se livrar. As empresas sabem disso, e fazem de tudo para nos prender cada vez mais, afinal, quanto mais tempo passamos olhando para as telas, mais as empresas pagam para essas plataformas para vender seus produtos.
Posso garantir que o esforço para eliminar as redes sociais vale a pena. Depois que passa o período de abstinência, vai perceber que não deixou para trás grande coisa. Vai ficar surpreso de como perdia tempo assistindo coisas sem sentido, que ficava consumindo conteúdo que não agrega absolutamente nada na vida, tendo FOMO (Fear of Missing Out – medo de ficar de fora) por coisas sem nenhum valor.
Vai perceber também que as pessoas importantes, continuarão do seu lado, com ou sem rede social.
É ilusão achar que temos tempo para tudo e para todos. Nós não temos. Se estamos passando muito tempo nas redes sociais ou em qualquer outra coisa sem sentido, temos que ter a consciência de que algo está sendo deixado de lado.
~ Yuka ~

Começo o post de hoje com um texto que li na internet, postado por Samer Agi, Juíz do TJDFT:
“Marco Aurelio Lobo é psicanalista em Anápolis. Tornou-se, com o tempo, meu amigo pessoal. E, certa feita, Marco me disse: “super valorizamos nossas necessidades. Desrespeitamos nossos desejos”. Joana tem 30 anos. Namora Mário há 5. E ela não gosta mais dele. Só que Joana tem 30 anos. E ela precisa se casar.
Joana tem um emprego. Ganha razoavelmente bem, é verdade. Não é o emprego que ela sempre quis, outra verdade. Mas ela precisa trabalhar.
Joana tem amigas. Às sextas, reúnem-se para um happy hour. Não são as amizades que ela gostaria de ter. Mas ela precisa de companhias.
Um dia, Joana descobre-se infeliz. As pessoas, ao redor dela, não entendem sua perene tristeza. Alguém dirá: “ela tem tudo o que precisa!” É verdade. Ela tem tudo o que precisa, mas não tem nada do que quer. Joana supervalorizou suas necessidades. E desrespeitou seus desejos.
O texto de hoje é um convite à reflexão. Uma reflexão voltada a você que, apesar de ter tudo o que precisa, não tem o sorriso que quer. Você já se perguntou sobre os seus desejos? Você já se questionou sobre o que almeja?
Não ter tudo o que se deseja é ensinamento que criança aprende em tenra idade. Há dois brinquedos na loja, mas ela só pode ganhar um. Geralmente, o mais barato.
Mas não ter nada do que se deseja é doença de gente adulta. É fraqueza pessoal daquele que precisa da chancela da sociedade para tudo o que faz. Joana precisava se casar, ter emprego e amigas. Não importava quais. Se ela cumprisse os requisitos, seria aprovada socialmente. Pobre Joana, que se desaprovou para ser aprovada. Infeliz Joana, que se matou querendo viver.
Seus desejos merecem um pouco mais de respeito. Respeite-os.”
* * *
Esse texto que você acabou de ler, vai de encontro com o comentário de uma leitora chamada Daniela, que sempre compartilha de seus conhecimentos. Há um tempo, ela escreveu a seguinte frase:
“Talvez as pessoas que se pautam muito pelo que os outros pensam, não se conheçam o suficiente para saber do que realmente gostam e o que traz felicidade para elas. Daí tem que se pautar pelo que os outros acham, o tempo todo. E tem sempre a coisa de fazer parte do grupo, de precisar da aprovação desse grupo para se sentir amado (não vão gostar de mim se eu fizer diferente). O Contardo Calligaris escreve muito sobre essa questão da validação do grupo, as colocações que ele faz a respeito são muito interessantes e ajudam a gente a entender como funciona a cabeça da gente.”
A felicidade genuína é algo raro nos dias de hoje.
A insatisfação, não. Esse é um sentimento muito comum nos tempos atuais, assim como o medo, a ansiedade, a insegurança, a inveja, a angústia…
Também temos em abundância, a felicidade fabricada, chamada de falsa felicidade que é sistematicamente e insistentemente publicada nas redes sociais.
O que as pessoas não entendem, é que a felicidade nunca está fora. A felicidade está sempre dentro. É um trabalho interno, de autoconhecimento.
Daí começamos a entender, porque tanta gente está infeliz. É porque olham para fora. Tentam reproduzir a felicidade alheia. Tentam copiar a felicidade do vizinho. Aquela viagem que deixou a outra pessoa super feliz, não vai te deixar tão feliz assim. Sabe por que? Por que você não sabe ainda, mas talvez a sua felicidade seja outra coisa.
Uma das coisas que eu adorava fazer antes da pandemia, era passear na 25 de março. Aquele vuco-vuco de gente, era tão lotado que eu andava a passos curtos, parecendo um pinguim. Quando ia lá, acordava cedo, colocava meu tênis e dizia para o marido com um sorriso largo no rosto: “não me espere para almoçar, vou demorar bastante”.
Para o meu marido, a 25 de março é a visão do inferno. Para mim, a 25 de março é um mundo encantado. O que traz felicidade para mim, traz desespero para ele.
Da mesma forma que para o meu marido andar 50km de bicicleta em um domingo de manhã é libertação, para mim é castigo.
Por esses dois exemplos, conseguimos compreender que felicidade não se procura fora, busca-se dentro de nós.
As redes sociais amplia essa sensação de infelicidade, porque a vida do outro parece ser sempre melhor que a nossa. E surge a necessidade de querer provar para os outros que estamos feliz. Esquecemos de olhar para dentro, e passamos a olhar excessivamente para o outro.
Tem um vídeo que assisti há um tempo, que ilustra bem essa felicidade fabricada, talvez seja um momento de refletir o que estamos fazendo com a nossa vida.