Há uma frase oriental em que diz que “em noites de tempestade, as árvores rígidas são as primeiras a quebrar, enquanto as árvores flexíveis se curvam e deixam o vento passar”.
O QUE PODE ACONTECER DE PIOR?
Alguns dos meus amigos dizem preferir viver um dia de cada vez. Já eu, acho que viver um dia de cada vez, significa levar susto a cada curva do caminho. “Reduziram meu salário!”, “Fui demitido!”, “Fiquei doente, para onde eu vou?”, “Não consigo pagar mensalidade da escola, onde meus filhos irão estudar?” e por aí vai.
Eu e meu marido já conversamos e compreendemos que o pior que pode acontecer nesta crise, é morrer. Claro que não pretendemos morrer, mas deixamos algumas coisas ajeitadas como:
- uma reserva de emergência em ambas contas bancárias;
- um pouco de dinheiro guardado em casa, em caso de urgência extrema;
- se ficarmos com falta de ar, qual hospital devemos ir (que o convênio cubra);
- se ficarmos com uma doença aleatória, qual hospital devemos ir (que o convênio cubra);
- se o hospital do convênio estiver sem leito de UTI, quais hospitais particulares/públicos iremos?
Também temos tomado sol (na medida do possível), nos alimentando bem, e principalmente, cuidando da nossa saúde mental.
MEU SALÁRIO
Há uma possibilidade real do meu salário ser reduzido.
Apesar disso, não me preocupo muito com isso, porque além de ter uma boa reserva financeira, tenho algumas cartas na manga para enxugar ainda mais o orçamento, se assim eu desejar. Uma das vantagens de morar de aluguel é isso, a flexibilidade para aumentar ou reduzir o padrão de vida de acordo com a minha necessidade atual. Posso me mudar para um apartamento menor, para um bairro mais barato e pagar um aluguel mais em conta.
SALÁRIO DO MARIDO
Se o contrato de trabalho do meu marido for renovado por mais 1 ano, continuarei poupando 70% da nossa renda familiar.
Se o contrato dele não for renovado… bom, ainda bem que nunca paguei nenhum boleto com o salário dele. Eu nunca me iludi, quando meu salário aumentou, ou quando meu marido passou a ganhar um salário mais alto. O nosso padrão de vida sempre foi mantido apenas com o meu salário, e ainda consigo poupar uma parte dele.
QUANDO SEREI FIRE
A minha intenção era ser FIRE (Financial Independence Retire Early) aos 45 anos, ou seja, daqui a 6 anos. Agora com essa crise e recessão que estamos enfrentando, fico pensando quando será. Como eu não sou sozinha, tenho uma família junto comigo, e ainda mais 2 crianças em idades pré-escolares, todo cuidado é pouco para não me antecipar e ser FIRE antes da hora.
De qualquer forma, tenho saúde e disposição. Então, penso que na pior hipótese, continuo trabalhando e atraso alguns anos para ser FIRE. Ainda assim, continuará sendo uma aposentadoria antecipada.
MINIMALISMO
O fato de levar um estilo de vida minimalista (de viver com o que julgo ser importante para mim, e eliminar tudo aquilo que não acho importante), me fez perceber que eu não tinha gastos relevantes a serem cortados.
Eu já tinha ajustado o valor da internet há pouco tempo, eu já tinha ajustado o plano de saúde no ano passado, já economizava na luz de casa, já controlava as idas aos restaurantes, as compras por impulso, os gastos supérfluos.
Todos os gastos que eu possuo hoje, são gastos que eu acho importante para a minha família:
- consumir alimentos orgânicos: frutas, legumes, verduras, carnes e produtos de mercearia;
- ter plano de saúde;
- morar em um bairro agradável e próximo de metrô;
- ter internet de qualidade;
- atividades ligadas à qualidade de vida como natação, lazer, viagens (interrompidas temporariamente).
Então, não houve algum gasto que eu tenha passado a economizar por conta da crise, pelo menos, enquanto não houver de fato a redução salarial.
A LIÇÃO DE CASA
- Eu já tinha controle do meu orçamento mensal;
- Já fazia revisão dos gastos do mês anterior há pelo menos 5 anos;
- Já tinha reduzido gastos supérfluos;
- Já poupava;
- Já tinha estudado sobre investimentos;
- Já tinha reserva de emergência;
- Já vivia uns 4 degraus abaixo do padrão de vida que me era possível;
- Já vivia de forma minimalista;
- Já vivia sem desperdiçar dinheiro, alimentos e tempo;
- Já tinha um planejamento, sempre esperando pelo melhor, mas me preparando pelo pior cenário;
- E o mais importante, nunca coloquei o dinheiro na frente da minha família.
E assim, quando menos esperar, espero que a tempestade tenha passado, e que tenhamos sido flexível o bastante para deixar o vento passar por nós, e sagaz o suficiente para aprendermos lições valiosas desse período turbulento que estamos passando.
~ Yuka ~
