Minimalismo

Por que o diferente ofende tanto?

Imagem retirada do Pinterest

A frase acima por si só é auto explicativa, mas hoje quero apresentar algumas das coisas que são diferentes na minha família do que é considerado “padrão”.

Até os meus 40 anos não tive um carro, só comprei depois da pandemia. Eu já tinha carta de motorista, mas o meu marido não, ele só tirou aos 42 anos de idade.

Já morei em uma casa própria, mas vendi. Há muitos anos moro de aluguel e não tenho planos de comprar um imóvel.

Em casa, tudo é ao contrário do que é dito padrão homem-mulher. Meu salário é maior que a do marido, quem pinta parede em casa sou eu, além de montar móveis e fazer pequenas reformas residenciais. Já o meu marido, é muito bom nas tarefas domésticas.

Tenho poucas roupas no guarda-roupa. Sapato então, nem se fala.

Nos alimentamos de forma saudável (o que é um absurdo para muitas pessoas), e consumimos alimentos orgânicos (quase uma blasfêmia rsrs). Também pratico jejuns longos, o último que fiz foi de 50 horas.

Sei que geralmente são os homens que cuidam das finanças, mas em casa quem administra sou eu. Além disso, estávamos firme na jornada FIRE (Financial Independence Retire Early) e teve uma fase da vida em que poupávamos 75% da nossa renda familiar. Como já alcançamos um patrimônio ok, não nos preocupamos mais tanto em poupar.

Minhas filhas não possuem celular (outro dia fizemos uma viagem de carro que durou 10 horas, e ninguém acessou celular ou tablet) e agora estamos também sem televisão.

Isso aqui são só alguns dos exemplos que eu lembrei. Se pensar mais, surge muito mais.

Em todas as situações acima, de uma forma ou de outra, algumas pessoas tentam medir força comigo.

Eu acho curioso, porque eu realmente não me importo se a pessoa tem ou não tem um imóvel próprio, se a pessoa tem ou não tem religião, qual orientação sexual, se come carne ou se é vegano, se o filho estuda na melhor escola da cidade, ou numa escola pública do bairro… eu entendo que é uma escolha, uma decisão da pessoa, um gosto pessoal.

O que é importante para mim é o caráter da pessoa, o que a pessoa faz quando ninguém está olhando.

Mas o que eu percebo é que a recíproca, na maioria das vezes, não é verdadeira.

As pessoas se importam demais com o que os outros fazem de diferente, sendo que essas coisas nem afetam a vida delas diretamente.

Achei importante falar sobre isso, pois cada vez mais, vivemos em um mundo polarizado e dá a impressão que só há uma única forma certa de viver: a da pessoa que julga.

~ Yuka ~

43 comentários em “Por que o diferente ofende tanto?

  1. Infelizmente a lente de muitos estão voltados para a vida do outro e não para a sua própria, como você disse as escolhas são individuais e se referem a própria vida e não deveria incomodar ou ser um parâmetro para julgamento, mas quando saímos da rota do padrão somos alvos de críticas.

    Márcia

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    1. Oi Márcia, tudo bem? Acho que quando saímos do padrão, as pessoas se ofendem como se a escolha deles fosse ruim, e isso não é verdade. É apenas uma escolha individual. A parte ruim de tudo isso é que a gente deixa de contar as coisas para as pessoas, porque cansa desse julgamento e com isso, passamos a não conhecer tão bem as pessoas que nos rodeiam.

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  2. Olá. Adorei e concordo completamente com o escrito. Passa – se o mesmo comigo sou visto como um ET🤣 . A diferenca tem um preço a pagar Nesta sociedade tao padronizada.

    Um bom fim de semana 😉🤍🙏

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  3. É assim mesmo, infelizmente!! Antigamente não existia redes sociais e cada um cuidava da própria vida. No trabalho comecei a implementar a seguinte coisa ( que dá muito certo): não converso com ninguém sobre assuntos que não sejam sobre o trabalho, pode ser o que for…até sobre o clima..se a pessoa fala só escuto e no max um ahamm…ai a pessoa fala, fala e eu só escuto e foco no meu trabalho…e se me pergunta algo pessoal, desconverso. As pessoas estão muito maldosas e invejosas. Não se pode falar nada que consideram um ataque pessoal, uma indireta ou algo do tipo. Tenho deixado pra conversar e rir em minha casa ou com parentes próximos.

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    1. Por aqui a mesma coisa. Não gosto falar da minha vida pessoal, do que fiz ou não fiz no final de semana. Não tenho face, Instagram e nem TikTok. Somente what’s e LinkedIn. Esse último acesso somente do computador da empresa.

      Ainda tenho minhas dúvidas se as redes sociais vieram pra ajudar ou para atrapalhar mesmo. Não consegui ter ainda um diagnóstico correto sobre isso.

      Abraços e bom final de semana a todos

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      1. Olha, também não sei, mas acho que a rede social acaba dando aquela impressão de que está tendo contato com as pessoas, mas na realidade não está, porque é um contato extremamente superficial. E as pessoas julgam e criticam olhando essa vida recortada, e por ser virtual, se acham no direito de falar coisas que nunca falariam se estivesse na frente da pessoa.

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  4. Desde antes da popularização das redes sociais as coisas eram assim. Só ficaram mais flagrantes.

    A história nos mostra como o diferente sempre incomodou. No Brasil ser diferente e/ser bem sucedido em algo é praticamente um insulto, quem é tem que literalmente se “esconder” pra evitar problemas.

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    1. Sim, ser diferente e ser bem sucedido então…. é uma blasfêmia… olha, a quantidade de pessoas que se incomodou só pelo fato de eu ter falado que estava consumindo alimentos orgânicos… francamente…. agora não falo mais nada rsrs.

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  5. oi Yuka, boa tarde

    Eu faria um adendo ao texto. Temos uma questão séria, que extrapola as relações sociais, quando ser diferente pode causar perseguições políticas. No caso, por exemplo, ser gay em um país, em que governantes religiosos não entendem o conceito de estado laico. Ser ateu em país religioso, onde a pessoa pode ser perseguida por ser “diferente” da maioria. Não é um caso só do Brasil. longe disso. E muito menos tem a ver com rede social. A rede social pode ajudar a amplificar alguns tipos de comentários, mas que, antigamente, viriam da mesma forma de um vizinho, parente, etc. Eu penso que, ao contrário, a rede social às vezes ajuda pessoas diferentes a encontrarem sua turma e a não se sentirem tão isoladas.

    Em termos psicológicos, as pessoas buscam aceitação, por isso se incomodam tanto com pessoas de escolhas diferentes. Acham que se a pessoa não pensa exatamente igual a ela não vai ser aceita como é. E se, pobre coitada, ela precisar da aceitação de qualquer um, até de um desconhecido, daí é um caso sério. Terapia, muita terapia para resolver isso, tanto para os adoradores de morango quanto os de maçã – muito boa a figurinha.

    Beijo, boa semana, Daniela

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    1. Oi Dani, muito bom seu comentário, como sempre. Concordo com você que essas perseguições não acontecem apenas no campo das redes sociais, e muitas vezes começa na infância, onde crianças aprendem com os pais a serem intolerantes com pessoas que possuem cores, pesos corporais, deficiências, religiões…. é tanta barbaridade que eu escuto na classe das minhas filhas que é de qualquer pai e mãe ficar de cabelo em pé.

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  6. Realmente fora dos padrões, mas penso que fez boas escolhas.

    No mundo vejo que a maior ofensa atualmente é nas orientações políticas, as “discussões” são fortes e muita gente corta relacionamentos… até eu que costumo me manter afastado deste tipo de “discussão” por vezes acabo julgando algumas pessoas com base nas suas escolhas políticas, fico pensando, se fulano vota em corrupto, será ele corrupto?

    O único detalhe que percebi, lendo este post, é que na realidade as escolhas políticas dos amigos, no final do dia, realmente afetam as nossas vidas, talvez por isso que essas discussões estão ficando cada vez mais acaloradas.

    Abraços!

    https://bilionariodozero.blogspot.com

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  7. Yuka, bom dia. Tudo bem?

    Ótimo texto.

    Eu sou sou do time que pactua com o “De.boismo” hahahaha Cada um cuida da sua vida e vamos seguindo “De boa”. Se a pessoa falar comigo eu falo, se não falar eu sigo, e vamos vivendo.

    Não sei o que acontece, acredito que seja influência das redes sociais, mas as pessoas querem saber o que se passa na vida alheia e sem nenhuma cerimônia. Acho tão feio quem fica perguntando as coisas (hahahaha).

    Eu concordo com o comentário acima, acerca de não comentar a vida no ambiente de trabalho, as pessoas tendem a interpretar de forma equivocada as falas, principalmente, quando você não segue um padrão de vida de ostentação.

    Abraços, Ivy.

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  8. Diferentões uni-vos. Kkkkkk

    Eu, e acho q todo mundo do movimento FIRE faz parte dos diferentoes, seja não tendo carro, levando marmita, fazendo economias de qq forma que as pessoas consideram absurda.

    Mas confesso(e até brinco com isso) que meu Hobbie é julgar como as pessoas gastam o dinheiro delas. Kkkkkk

    Então puxão de orelha anotado e cada um cuida da sua vida e sigamos todos felizes 🙂

    abraços e obrigado pela reflexão

    well

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    1. Oi Well, tudo bem? Adorei seu comentário kkkkk “meu Hobbie é julgar como as pessoas gastam o dinheiro delas”, também faço isso hehehe, na verdade, eu e meu marido gostamos de analisar os comportamentos de outras famílias que possuem mais ou menos a mesma renda e a mesma composição familiar, e ficamos impressionados de como uma decisão tomada lá atrás pode mudar tanto o estilo de vida das pessoas, e de como pessoas que falaram que estávamos tomando a decisão errada no passado, estão ferradas financeiramente hoje.

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      1. Tudo ótimo e com você?

        Seríamos ótimos parceiros de papo em bares, porque é exatamente isso que eu faço com meu marido e amigos.

        E me choca muito algumas decisões financeiras das pessoas que as vezes ganhando bem menos que eu fazem uma extravagância que eu não consideraria, msm tendo condições para tanto.

        Gosto muito também da sua análise anual de gastos que não faria mais e gastos q fez e que foram o dinheiro mais bem gasto e preciso aplicar meu hobbie pra mim msm. Kkkkk

        abraços

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        1. Seríamos mesmo rsrs. Também percebo exatamente isso, conheço pessoas que estão com dívidas reais (não consegue pagar mais a fatura do cartão de crédito) e mesmo assim, continua comendo em restaurantes caros, produtos de beleza importados… enfim…. não sei qual mágica a pessoa faz pra conseguir lidar com as contas não pagas.

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  9. também procuro ficar abaixo do radar sempre que possivel.

    nas ultimas declarações de IR eu passei a anotar numa tabela quanto “ganhei” proveniente do trabalho no ano que se passou, quanto de dividendos e jcp de açoes, qual foi o rendimento em lci/lca/cdb, etc.

    a cada DIRPF o percentual de renda passiva é mais relevante. confesso que me agrada muito ver o efeito bola de neve tão desejado se tornando realidade.

    Obs.: lendo alguns posts antigos seus, alguns realmente muito bons, com ótimos insights, te dou a sugestão de colocar os principais num livro e publicar..

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    1. Oi Débora, tudo bem? Eu também tenho uma planilha com a renda passiva que recebo anualmente e o sorriso que surge é inevitável rsrs. Sobre a publicação de livro, sabe que tinha uma época que estava mais empolgada sobre isso, mas ultimamente dei uma desencanada rsrs.

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  10. Vi um comentário falando que antes das redes sociais era assim também e tendo a concordar que é da natureza tentar criar seu território e mostrar superioridade.

    Hoje as redes sociais se tornaram o local onde as pessoas criam suas disputas.

    Acho que pra quem não tem redes sociais e gosta de privacidade, de viver tranquilamente sem se importar muito com o que os outros vão achar é o melhor momento! kkkk

    Deixa o pessoal lá no Coliseu moderno enquanto que a gente fica por aqui tranquilo.

    Melhor guerra em um local determinado do que generalizada.

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    1. “Melhor guerra em um local determinado do que generalizada.” kkkkkkkkkk
      Acho que a rede social tornou mais fácil e acessível, afinal, uma pessoa desconhecida tem a chance de se mostrar ao mundo através das redes sociais.

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  11. É verdade . Aqui em casa somos católicos , seguimos essa moral e somos muito criticados por isso . Ter filhos , as pessoas acham um absurdo , dizem q estamos procurando gasto. Confissão frequente , nos chamam de bitolado . Não importa qual o tipo de diferente , qualquer coisa q não seja o que quem julga acha certo , irá incomodar . Já desisti até tentar explicar . A impressão que tenho é que hoje , vc pode fazer muitas coisas , desde q essas coisas agradem aos outros .

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    1. É então, tipo, qual o problema de ir na igreja, fazer confissão, isso não prejudica a vida de ninguém. O fato de ter filhos, não são os outros que irão dividir o mesmo teto, nem pagar as contas da casa. Mesmo assim as pessoas gostam de criticar a vida dos outros. Vai entender.

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  12. Eu nao falo com minha mãe e a família inteira por parte dela ha quase 20 anos. Ou seja mais da metade da minha vida. Evito partilhar isso pra nao me enxerem o saco questionando e julgando.

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    1. Melhor não comentar mesmo, eu mesma já ouvi muito de que eu deveria voltar a falar com minha irmã, mas como voltar a falar com alguém que me fez mal a vida inteira, e que ao encontrar, irá continuar me tratando mal? Tem hora que a gente tem que se afastar pra sobreviver, pra conseguir seguir adiante, apesar de tudo o que aconteceu. Não é porque a pessoa é da família que temos que aguentar tudo calada.

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  13. Olá, gostei do seu texto. Eu acho que quando nos deparamos com o diferente, com o tempo ele se torna familiar. Hoje quando vejo dois homens de mãos dadas acho normal ! Admiro seus filhos sem celular. Parabéns!

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  14. A falta de respeito está se tornando o procedimento padrão dos momentos de encontro de duas pessoas ou mais.

    “Não gosto de você, mas você tem que me aceitar na sua casa”. Que maluquice é essa? O que alguém assim quer fazer dentro da casa de alguém que não gosta? Xeretar? Palpitar sobre a vida dela? Pedir dinheiro? Comer de graça?

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  15. Que reflexão maravilhosa, Yuka! Me sinto uma estranha no mundo corporativo e fora dele tbm. Sou introspectiva, detesto happy hour e festas de final de ano, amigo secreto então…o almoço virou uma obrigação ir em bando em lugares que odeio e caros. Até o lugar onde vc escolhe sentar dão palpite. Não suporto mais essas interações. A pandemia foi um divisor de águas.

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  16. Que reflexão maravilhosa, Yuka! Me sinto uma estranha no mundo corporativo. Sou introspectiva e detesto hapy hour e festas de final de ano, amigo secreto então…o almoço virou uma obrigação ir em bando em lugares que odeio e caros. Até o lugar onde vc escolhe sentar dão palpite. Não suporto mais essas interações. A pandemia foi um divisor de águas.

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