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Acessando a criança interior

15 de outubro de 202314 de outubro de 2023 Yuka12 comentários
Pixabay: Pexels

Desde que comecei a fazer terapia, inevitavelmente, chega o momento em que por mais que eu não queira, tenha que encarar os traumas sofridos na infância, e posso dizer que isso não é uma tarefa das mais fáceis.

Trazer o passado à tona, é reviver o que passei, é ter que explicar para alguém todo o sofrimento que escondi durante muitos, muitos anos.

A verdade é que a minha ferida interna nunca foi tratada. Eu sempre “deixei pra lá”, fui viver a minha vida, fingia que nada tinha acontecido, porque achava que um dia, eu iria esquecer ou até mesmo dar menos valor ao meu passado.

E apesar da minha infância ter sido roubada, considero que levei muito bem a vida, sendo bem sucedida na vida profissional e na vida pessoal.

Mas a pandemia apareceu para mostrar que tinha chegado a hora de enfrentar meus próprios monstros.

Foi fazendo terapia que eu percebi que esconder um problema embaixo do tapete, não funcionou tão bem como esperava. Eu precisei trazer meus traumas para a superfície, validar as experiências traumatizantes que eu tive com a minha irmã, para somente depois iniciar a cura, para depois finalmente, cicatrizar.

Eu tenho muita dificuldade até hoje de lembrar as coisas da minha infância. A impressão que eu tenho é que foi uma autodefesa do cérebro, para não ter que lembrar as memórias da infância e adolescência. Só que ao fazer isso, eu acabei esquecendo também as memórias boas.

Eu ficava bastante constrangida toda vez que minhas filhas me pediam para contar algo da minha infância, pois eu não conseguia lembrar, era como se eu tivesse passado uma borracha em todos os acontecimentos da infância. Meu marido, que sempre soube dos meus traumas, dava um jeito de entrar com as suas histórias divertidas para desviar a atenção delas.

Sei que ainda vai demorar uns bons anos para cicatrizar, mas ao validar meus sentimentos, as boas lembranças da infância que eu tinha esquecido completamente, também estão começando a voltar aos poucos, e pra mim, isso sim, é uma grande conquista.

Foi assim que eu lembrei do quanto gostava de ter um livro físico. Eu amava me enfiar em sebos e passar horas folheando as páginas dos mais diversos temas. E é uma pena eu ter percebido há pouco tempo, porque há alguns anos, me desfiz da maioria dos livros que eu tinha. Mas tudo bem, agora eu sei que livro em papel é algo que sempre fará parte da minha vida e estou recomprando alguns dos livros que eu mais gostei, principalmente os primeiros livros que li. Foi aos 13 anos que um senhor que trabalhava no sebo me ensinou a saborear a leitura, apresentando autores renomados como Jose Saramago, Gabriel Garcia Marquez, Virginia Woolf, George Orwell, Franz Kafka, Edgar Allan Poe, Marcel Proust, Ernest Hemingway, Daniel Defoe, Guimarães Rosa, Patrick Suskind, entre muitos outros.

Outra coisa são as músicas tranquilas. Gosto de música clássica, mas mais do que música clássica, gosto de sons tranquilos de piano e violino.

Também lembrei o quanto gostava de itens de papelaria, desde papel de carta, caderno, caneta, lápis, post-it, coisas fofinhas, cores pastéis. A vantagem é que hoje sou adulta e tenho dinheiro para comprar essas coisas, e muitas lojas do exterior já fazem entregas no Brasil. Só alegria! Minha escrivaninha em casa, mais parece uma mesa de adolescente, minhas gavetas estão cheias de cadernos novos, é como se eu tivesse em casa uma mini-papelaria. Aqui, definitivamente não reina o minimalismo.

Também sempre gostei de ficar descalça, andar pela grama, andar pela areia, sentir a sola do pé encostada no chão. Não é à toa que em casa, meu pé tem apelido de pé cascudo, ou pé de dragão, afinal, consigo aguentar altas temperaturas da areia quando estou na praia, assim como ando pelo pedregulho sem sentir grandes dores.

Sempre gostei de barulho de chuva, e também dos sons das ondas do mar.

Gosto de caixas e latas para guardar os “meus pequenos tesouros”. Desde pedrinhas de um local que eu tenha gostado muito, uma folha bonita que encontrava na rua, o convite de casamento de uma amiga querida, a fita de um presente especial que eu ganhei.

Desde pequena, eu sempre precisei de momentos de silêncio para me equilibrar. E essa necessidade permanece até hoje, o que chamamos atualmente de solitude.

“Solitude é um isolamento voluntário. Essa expressão foi muito usada pelo pensador Paul Tillich, que associou tal palavra à glória e felicidade de estar sozinho. Ele defendia que é apenas quando estamos sós que conseguimos entrar em contato com nosso mundo interno, colocar os pensamentos em ordem e observar o significado das nossas emoções.” Fonte

Não são só essas lembranças, mas há inúmeras que aos poucos têm voltado, como um cogumelo que nasceu entre os tacos úmidos do meu quarto, quando ainda morava na casa da minha mãe, e eu, secretamente, dava água todos os dias molhando ainda mais aqueles tacos úmidos, até minha mãe descobrir, claro, e acabar com a minha alegria.

Todas as lembranças só estão sendo possíveis ser resgatadas graças a ajuda de uma boa terapeuta. Vê que uma dificuldade (no meu caso, depressão e crise de ansiedade) pode ser benéfica se soubermos tirar o melhor daquela experiência, seja boa ou ruim.

Mais do que nunca, tenho mimado a mim mesma. Tenho olhado para mim com outros olhos, com respeito, com cuidado, com compaixão, com amor.

Para quem tiver interesse sobre o tema, há três livros interessantes sobre a cura de feridas emocionais:

  • As cinco feridas emocionais – Lise Borbeau
  • Acolhendo sua criança interior – Stefanie Stahl
  • O livro do perdão – Desmond Tutu

~ Yuka ~

Quem escreve:

Foi através do minimalismo que pude finalmente me conhecer. Quando se aprende a viver com o essencial e eliminar o que não é importante, as escolhas e renúncias começam a fazer sentido. Compartilho neste blog a minha jornada pela independência financeira e FIRE (Financial Independence Retire Early), além da busca por uma vida mais simples.

viversempressa@yahoo.com

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