Minimalismo

Gratidão pelas pequenas coisas da vida

Enxergar os pequenos prazeres da vida é um exercício que deveríamos praticar com mais frequência.

Aliás, talvez esse seja o motivo pelo qual eu nunca me acostumei com certas coisas que muita gente considera “normais”.

Eu e meu marido tivemos infâncias parecidas, e acredito que muitos dos leitores deste blog também tiveram infâncias parecidas, afinal, essa era a realidade de muita gente: uma infância simples, às vezes apertada financeiramente, mas cheia de aprendizados.

Hoje, quero compartilhar algumas das minhas gratidões que sinto. Algumas são tão simples que até parecem banais, mas, como diz a música: “você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui.”:

JANELAS BEM VEDADAS:

Pode parecer estranho, mas janelas bem vedadas são motivo de celebração pra mim. Já contei pra vocês que em um dos apartamentos que morei (e que não faz tanto tempo assim) as janelas e as portas não eram bem vedadas, o que ocasionava um fluxo de vento inacreditável. Não foram poucas as vezes que eu saía de casa e me surpreendia como a temperatura da rua estava mais quente do que dentro de casa. Ter janelas bem vedadas e poder morar em um ambiente bem isolado do frio é um triunfo para mim.

MÁQUINA DE LAVAR ROUPA:

Na época da faculdade, eu lavava roupa na mão. Não por escolha, mas porque não tinha dinheiro para comprar uma máquina. Como eu morava em uma casa, a lavanderia ficava do lado de fora. No inverno, a água era muito gelada, parecia cortar a pele. Meus dedos doíam, eu mal tinha forças para torcer as roupas. Hoje, cada vez que coloco a roupa na máquina e aperto um botão, lembro do quanto isso representa conforto, e sim, também representa conquista.

ROUPAS DE FRIO:

Durante muitos anos, eu achava que era normal sentir frio no inverno. Que era normal ter as mãos trêmulas de frio e os pés sempre gelados. Que era necessário colocar camadas e mais camadas de roupa para tentar aquecer um pouco mais. Eu só descobri que minhas roupas de frio eram ruins quando fui fazer um intercâmbio no Canadá, em pleno inverno. Lá, usei um casaco emprestado do meu então namorado, hoje meu marido. Naquele ano, Vancouver nevou. E pasmem, eu passei menos frio no Canadá nevando, do que no inverno brasileiro. Foi só aí que entendi que eu passava frio no Brasil, porque minhas roupas não eram boas. Então todo ano quando o inverno vem, e eu não passo mais aquele frio que eu costumava sentir, eu dou um pequeno sorriso e agradeço em silêncio.

COMIDA: toda vez que eu e meu marido falamos sobre gratidão, eu sempre menciono a comida. Para mim, poder colocar na mesa alguns itens alimentícios, é um verdadeiro símbolo da abundância. E não estou falando de pratos caros ou sofisticados, mas de ter itens como azeite, leite fresco, um bom arroz, uma fruta madura. Coisas simples, mas que nem sempre estiveram garantidas.

PELAS MINHAS FILHAS SE DAREM BEM: as minhas meninas são inseparáveis desde que a mais nova nasceu. Mas esse vínculo se solidificou na pandemia. Sem a presença de outras crianças, elas passaram a ser o mundo uma da outra. Desde então, dividem segredos, roupas, brinquedos e afeto. E mesmo quando ouço sussurros no quarto tarde da noite, quando já deveriam estar dormindo, não consigo deixar de sorrir por dentro. Que privilégio é ver esse amor entre irmãs florescer.

POR ESTAR VIVA: meu pai faleceu aos 35 anos. Hoje, tenho 43 anos. Já vivi 8 anos além do que ele pôde viver – e penso nisso com frequência. A vida é breve. Um sopro. Saber disso me faz valorizar ainda mais a saúde que tenho, o amor que recebo, e cada pequeno momento que compartilho com quem amo.

Essas são algumas das coisas pelas quais sou grata todos os dias. Simples, cotidianas, mas profundamente significativas para mim.

E você? Quais são as pequenas coisas que fazem seu coração se encher de alegria?

~ Yuka ~