Minimalismo

Ter tempo para o que realmente importa

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A primeira vez que vi essa foto, dei risada.

Depois parei para pensar e percebi que, apesar de ser engraçada, a imagem traz uma reflexão importante.

Você já parou para pensar no que tem feito com a sua vida? Como tem passado seus dias, meses e anos?

Há algum tempo, minha filha estava andando comigo pela rua e perguntou: “Mamãe, o que tem de tão interessante nesse celular que todos os adultos ficam olhando para ele o dia inteiro?”. E ela tem razão. Eu vejo pessoas subindo a escada do metrô assistindo a filmes no celular, outros atravessando a rua digitando sem parar. Às vezes, dou uma espiada nas telas e, na maioria das vezes, não parece ser nada muito importante… Instagram, WhatsApp, doramas coreanos ou joguinhos.

E aí vem a pergunta que não quer calar:

Você está tendo tempo de qualidade com as pessoas que ama?

Sabe, eu também tenho minhas falhas e dificuldades. Estou longe de ser a pessoa que gostaria de ser. Mas tentar, é algo que eu sempre faço. Durmo e acordo todos os dias tentando fazer algo de diferente, algo melhor, me conhecer mais, ser uma pessoa melhor, ser uma  mãe melhor, uma esposa melhor.

Uma das coisas que ajudou muito a estarmos mais presentes foi a decisão de não ter mais televisão em casa (já fiz um post sobre isso: A farsa da televisão quebrada).

Estamos sem televisão desde fevereiro de 2024, ou seja, há mais de um ano. E desde então, elas perceberam que o tempo parece passar mais devagar. O dia não voa como antes, e os fins de semana parecem durar mais. Elas têm tempo para brincar, ler, estar com a família, se interessam pelos assuntos que eu e meu marido estamos conversando, querem ouvir, participar da conversa, dar palpite…

Até que um dia, minha filha me disse:

“Mamãe, se comprarmos uma televisão nova, podemos fingir que ela continua quebrada e que funciona só 2 horas por semana?”

“Sim, filha, podemos fingir que a televisão continua quebrada.”

Essas duas horas de que ela comentou, são as únicas em que ligamos a televisão, para assistirmos um filme em família. É a nossa sessão cinema semanal, um momento que elas aguardam com muita expectativa.

Esses dias, mostrei para elas o vídeo “Look Up”, do Gary Turk. Acho que já compartilhei esse vídeo aqui no blog algumas vezes. Elas ficaram impressionadas, especialmente com a parte em que o personagem principal percebe que viveu uma vida vazia, porque estava sempre olhando para o celular.

Também mostrei uma animação do Steve Cutts, “Are you lost in the world like me?“, onde retrata de forma bastante realista a nossa vida hiperconectada.

Quando terminei de ler o livro Geração Ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais, de Jonathan Haidt, expliquei para as minhas filhas o motivo delas não terem celular. Expliquei que terão celular na idade que eu julgar preparadas.

Elas compreendem muito bem. E, quando os amigos dizem que elas moram em Nárnia, porque não assistem televisão, nem têm celular, elas falam que estão aproveitando a infância: lendo livros, fazendo artesanato, indo para o parque, bordando, cozinhando, e, acima de tudo, tendo tempo com os pais e viajando.

Eu tento explicar para elas que, mesmo sendo diferentes de muitas crianças, isso não é algo ruim. Ao contrário, elas precisam compreender e ter orgulho de ter o privilégio de aproveitar ao máximo essa fase maravilhosa e única da vida.

O que mais desejo, é conseguir prolongar a infância delas o máximo possível. Que elas aproveitem cada momento, para que, quando crescerem, sintam saudade de uma fase tão breve e especial.

~ Yuka ~

2 comentários em “Ter tempo para o que realmente importa

  1. Obrigado pela reflexão. Eu hoje, na vida adulta, estou voluntariamente adotando medidas como essas, justamente por lembrar que eu tive uma infância assim. E que foi justamente com o advento deste mundo hiperconectado que as coisas passaram a ser diferentes e mudar a percepção das minhas experiências.

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  2. Ah, Yuka! Longe também de ser perfeita mas eu fico tão orgulhosa quando meus gêmeos me falam “mamá, estavam todos no celular, ninguém sabe brincar mais?”. Eles jogam joguinhos, eles assistem TV mas temos controlado cada vez mais o tempo. Este mês tiramos Youtube pois percebemos que se bem estavam assistindo coisas de crianças, focavam tudo em shorts, video hiper curtinhos que na minha opinião, só trazem ansiedade e nada de conteúdo. Eu como professora, já faz tempo que sou contra o uso de celulares nas escolas e que as crianças tenham seu próprio celular aos, sei lá, 6. Odeio as capinhas de tablet para crianças para faze-los mais “divertidos”. Me desespera ver as famílias sentadas na mesa e cada uma com um aparelho. Haidt só colocou em papel o que todos os que trabalhamos com crianças advertimos faz tempo. Te deixo como recomendação a newsletter “The Analog family”. Tem coisas legais, outras não tanto, mas em geral, gosto da leitura. Um abraço! Bhuvana.

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