Minimalismo

Quando um filho vai curando as suas feridas da infância

Pixabay: foto

Engraçado que eu nunca imaginei que minhas filhas poderiam ter a força de curar feridas tão antigas da minha infância.

Foi há algum tempo que eu descobri o termo “automaternar”, que basicamente significa dar a si mesma o que não recebeu durante a infância.

Com o tempo, essa palavra foi ganhando um significado profundo na minha vida.

Seguindo as orientações do livro As 5 linguagens do amor, do Gary Chapman, eu sempre me esforcei para oferecer todas as 5 linguagens do amor às minhas filhas: elogios (palavras de afirmação), abraços e beijos todos os dias, dizendo o quanto as amo (toque físico), presentes e mimos com equilíbrio, e por aí vai. E o mais bonito é que, conforme elas crescem, começam a retribuir tudo isso para mim.

Elas me elogiam todos os dias, me dizem como são sortudas por me ter como mãe, me abraçam, sentam no meu colo até hoje, me beijam, fazem carinho, gostam de pentear meu cabelo, passar creme nos meus pés… Elogiam quando estou me arrumando pra sair, dizem o quanto sou bonita e como tenho um papel fundamental na nossa família.

E não é só delas que vem esse amor. O meu marido, é outro que elogia e faz declarações de amor todos os dias.

E, aos poucos, comecei a perceber que, de alguma forma, hoje eu tenho o que não recebi na minha infância. Sou elogiada, amada, admirada, tenho voz e sou importante para as pessoas.

Quando abraço minhas filhas e sinto o cheirinho do cabelo delas, uma calma profunda me invade, como se fosse um abraço de mãe, algo que nunca experimentei. E quando estou ansiosa ou cansada, adoro abraçá-las. Esse abraço me leva a um lugar seguro, cheio de amor, e aos poucos, essa onda de calma vai tomando conta de mim.

Brincando com elas, vou aos poucos desfazendo os nós da minha infância, especialmente em relação a brincadeiras que foram traumáticas para mim, como Barbie, e até músicas infantis como Balão Mágico. Quando elas eram pequenas, eu não conseguia brincar de Barbie com elas, e Balão Mágico me deixava aterrorizada. Hoje, coloco o volume bem alto, canto com elas e brinco não só de Barbie, mas também de quebra-cabeça, Lego, e tantas outras coisas.

Estou ressignificando os traumas da infância, graças às minhas filhas.

Outro dia, fiz Reiki pela primeira vez. Durante a sessão, senti que tinha um quarto branco bem sujo próximo ao meu coração. A porta desse quarto se abriu, e muito lodo, muita água suja e barrenta começou a sair de lá. Quando a água finalmente escorreu toda, minhas duas filhas apareceram. Elas arrancaram aquele quarto sujo de dentro de mim e, no lugar, colocaram uma barraca pink bem vibrante, estilo barraca do Gugu. Elas me chamaram, me abraçaram, disseram que me amavam, que não era minha culpa, e começaram a me ensinar a brincar.

Após a sessão, chorei durante uma semana, em vários momentos.

E entendi que eu, de alguma forma, consegui romper um trauma que vem de gerações, e ao conseguir fazer isso, minhas filhas começaram a desempenhar um papel essencial na minha cura.

~ Yuka ~

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Ter tempo para o que realmente importa

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A primeira vez que vi essa foto, dei risada.

Depois parei para pensar e percebi que, apesar de ser engraçada, a imagem traz uma reflexão importante.

Você já parou para pensar no que tem feito com a sua vida? Como tem passado seus dias, meses e anos?

Há algum tempo, minha filha estava andando comigo pela rua e perguntou: “Mamãe, o que tem de tão interessante nesse celular que todos os adultos ficam olhando para ele o dia inteiro?”. E ela tem razão. Eu vejo pessoas subindo a escada do metrô assistindo a filmes no celular, outros atravessando a rua digitando sem parar. Às vezes, dou uma espiada nas telas e, na maioria das vezes, não parece ser nada muito importante… Instagram, WhatsApp, doramas coreanos ou joguinhos.

E aí vem a pergunta que não quer calar:

Você está tendo tempo de qualidade com as pessoas que ama?

Sabe, eu também tenho minhas falhas e dificuldades. Estou longe de ser a pessoa que gostaria de ser. Mas tentar, é algo que eu sempre faço. Durmo e acordo todos os dias tentando fazer algo de diferente, algo melhor, me conhecer mais, ser uma pessoa melhor, ser uma  mãe melhor, uma esposa melhor.

Uma das coisas que ajudou muito a estarmos mais presentes foi a decisão de não ter mais televisão em casa (já fiz um post sobre isso: A farsa da televisão quebrada).

Estamos sem televisão desde fevereiro de 2024, ou seja, há mais de um ano. E desde então, elas perceberam que o tempo parece passar mais devagar. O dia não voa como antes, e os fins de semana parecem durar mais. Elas têm tempo para brincar, ler, estar com a família, se interessam pelos assuntos que eu e meu marido estamos conversando, querem ouvir, participar da conversa, dar palpite…

Até que um dia, minha filha me disse:

“Mamãe, se comprarmos uma televisão nova, podemos fingir que ela continua quebrada e que funciona só 2 horas por semana?”

“Sim, filha, podemos fingir que a televisão continua quebrada.”

Essas duas horas de que ela comentou, são as únicas em que ligamos a televisão, para assistirmos um filme em família. É a nossa sessão cinema semanal, um momento que elas aguardam com muita expectativa.

Esses dias, mostrei para elas o vídeo “Look Up”, do Gary Turk. Acho que já compartilhei esse vídeo aqui no blog algumas vezes. Elas ficaram impressionadas, especialmente com a parte em que o personagem principal percebe que viveu uma vida vazia, porque estava sempre olhando para o celular.

Também mostrei uma animação do Steve Cutts, “Are you lost in the world like me?“, onde retrata de forma bastante realista a nossa vida hiperconectada.

Quando terminei de ler o livro Geração Ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais, de Jonathan Haidt, expliquei para as minhas filhas o motivo delas não terem celular. Expliquei que terão celular na idade que eu julgar preparadas.

Elas compreendem muito bem. E, quando os amigos dizem que elas moram em Nárnia, porque não assistem televisão, nem têm celular, elas falam que estão aproveitando a infância: lendo livros, fazendo artesanato, indo para o parque, bordando, cozinhando, e, acima de tudo, tendo tempo com os pais e viajando.

Eu tento explicar para elas que, mesmo sendo diferentes de muitas crianças, isso não é algo ruim. Ao contrário, elas precisam compreender e ter orgulho de ter o privilégio de aproveitar ao máximo essa fase maravilhosa e única da vida.

O que mais desejo, é conseguir prolongar a infância delas o máximo possível. Que elas aproveitem cada momento, para que, quando crescerem, sintam saudade de uma fase tão breve e especial.

~ Yuka ~

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Ter um estilo de vida confortável para sempre

Fonte: Unsplash

Quem é antigo aqui no blog, sabe que eu subo meu estilo de vida de forma muito, muuuuuito lenta.

Eu só comprei um carro depois da pandemia, quando minhas filhas já eram maiores.

Continuo morando em um imóvel alugado.

Não fico esbanjando dinheiro, nem fazendo compras de forma desmedida.

Eu invisto todos os meses, e quando subo de estilo de vida, eu subo devagar, porque tenho um objetivo: manter um estilo de vida confortável PARA SEMPRE.

Ou seja, quando eu aumento os gastos, é porque consigo manter aquele estilo de vida para o resto da vida, mesmo se um dia sair do trabalho, mesmo se um dia eu não quiser mais fazer o que faço, eu continuarei conseguindo manter a mesma vida.

Eu sempre digo para o marido que a minha pretensão nunca foi ficar rica. Eu buscava segurança, e mais do que tudo, queria ter liberdade para decidir o que quero fazer, uma vida confortável para não precisar ficar fazendo contas todos os meses, ter a geladeira cheia, poder comer bem, viver em um bairro seguro, em uma casa confortável, ter um plano de saúde com boa cobertura… ou seja, o que eu sempre quis, foi conseguir ficar na classe média para sempre, e quando digo para sempre, é para sempre mesmo, em qualquer situação, se marido sair do emprego, se o Brasil entrar em crise, etc.

Apesar de ser um desejo nada especial, aqui no nosso país, ser e permanecer na classe média é um baita de um desafio, principalmente para mim e para o marido, que viemos de uma classe mais baixa. Ser da classe média para quem já nasceu em uma classe boa, pode parecer a coisa mais medíocre, mas para nós que viemos de uma classe baixa, permanecer na classe média, para sempre, é uma baita de uma conquista!

~ Yuka ~