Minimalismo

Cuidado com os custos associados no momento da compra

woman standing near store while looking at the mannequin

Vou contar um exemplo que aconteceu com uma pessoa que eu conheço, pois acredito que será muito didático sobre o que eu quero falar hoje.

Quando a esposa desse meu colega engravidou, eles decidiram comprar um carrinho de bebê. O carrinho era enorme, praticamente uma espaçonave. Me mostraram super orgulhosos e eu fiquei me perguntando como aquele carrinho de bebê tamanho GG entrava no porta-malas do carro deles. Aí que estava a problema: não entrava. Eles trocaram por um carro com um porta-malas maior. Imagino que o IPVA também tenha ficado mais caro. Se antes eles paravam na rua quando iam passear, começaram a pagar estacionamento, afinal, não podiam correr o risco de acontecer algo com o carro novo. Não sei se eles conseguiram associar que todos esses gastos posteriores, foram por causa de uma compra não muito pensada. Quanto mesmo custou o carrinho de bebê? Pelas minhas contas, foi muito caro, se pensar no custo associado.

O custo associado de uma compra geralmente é negligenciado. E esse custo, a meu ver, pode vir de duas formas: TEMPO e DINHEIRO.

Custo associado: DINHEIRO

Para os pagantes de aluguel de imóveis (como eu), aposto que já chegaram a pensar em sair de um imóvel quando o aluguel aumenta. Em algumas situações, o inquilino, por não querer pagar o reajuste do aluguel, resolve se mudar após o término da cláusula de 18 ou 30 meses do contrato de aluguel. Só que ele não percebe que sai muito mais barato ele pagar o novo reajuste e continuar quieto no seu canto, do que resolver fazer uma mudança residencial, mesmo para um aluguel um pouco mais barato. Alugar um caminhão de mudança não sai barato, e o trabalho não acaba por aí. É preciso pintar o imóvel que estava morando, provavelmente vai precisar pintar o imóvel que vai passar a morar, fazer ajustes no varal de teto, comprar cortinas do tamanho adequado, trocar tomadas velhas. Alguns móveis precisarão ser trocados para adaptar à nova metragem do imóvel, trocar lâmpadas, pagar conta dobrado no primeiro mês de mudança…. Uma simples mudança residencial (contratar um caminhão de mudança), vira uma coisa gigantesca.

O mesmo caso serve para o proprietário de um imóvel. Se tem um bom inquilino, compensa muito mais manter esse bom inquilino por muitos anos oferecendo um reajuste abaixo do mercado, do que vagar o imóvel e enfrentar uma vacância durante não sei quantos meses.

Mudar para um apartamento maior, também tem os custos associados. Precisamos comprar mais móveis para preencher a nova casa, pagar mais IPTU, mais condomínio, mais conta de luz, mais tudo.

Isso acontece também quando resolvemos inocentemente colocar os filhos numa escola mais cara do que nosso orçamento permite, achando que o gasto será só na mensalidade. Só que as despesas só aumentam, o uniforme, o lanche, a mesada, as viagens que as crianças da escola fazem, excursão, e quando vê, os gastos extrapolam o orçamento permitido. Os presentes dos amigos que antes não passavam de lembrancinhas, agora pesa no final do mês, afinal, não dá mais pra dar um presente de R$50 para a amiga da filha. Esse é um pequeno exemplo que o custo da escola não é só a mensalidade.

Tenho uma amiga que coloca a filha numa escola particular, e ela falou que a escola exige que a criança tenha um iPad. Sim, tem que ser da Apple, não pode ser de outra marca, a justificativa é por causa dos aplicativos. Os pais que não quiserem comprar, deverão pagar um aluguel de R$1.000 por ano.

Acho que o custo associado de um carro já é mais comum, afinal, não basta pagar só as parcelas do carro, é preciso pagar tudo o que vem junto com um carro: IPVA, seguro DPVAT, seguro opcional, gasolina, manutenção do carro, etc….

Custo associado: TEMPO

Quando minha mãe me contou que comprava móveis de linha reta para não juntar poeira, eu achei ela meio doida… até que eu comecei a ter a minha própria casa e comecei a tirar poeira… e aí o que ela falava começou a fazer todo o sentido, principalmente quando não temos alguém para tirar a poeira para você. Quando compro móveis, dou preferência para móveis de linhas retas, com puxador em cava de 45 graus, porque eu sei que cada ondulação, cada puxador, cada detalhe, é um local a mais para juntar sujeira. Se a pessoa gosta de móveis estilo provençal, retrô, com detalhes, precisa saber que tem um custo associado depois: de tirar poeira.

Se vou comprar uma roupa, eu avalio se compensa o trabalho que terei de passar roupa.

Quando comprei uma mesa de centro para a sala, resolvi comprar de um material lavável, um acrílico resistente (vidro eu não quis, por medo de quebrar). Imaginei as crianças comendo na mesinha, brincando de tinta, canetinha, com cola… e por isso mesmo descartei a opção de madeira e optei por uma mesa de acrílico. A mesa segue firme e forte, e nos dias de muita sujeira, consigo lavar até embaixo do chuveiro se quiser.

Então quando for comprar algo, lembre-se sempre do custo associado. E isso não é só sobre dinheiro, estamos falando principalmente de tempo.

~ Yuka ~

34 comentários em “Cuidado com os custos associados no momento da compra

  1. Mesa de centro: Tenho dois irmãos, quando pequena tínhamos uma mesa de madeira com vidro no meio, todos as laterais eram de madeira (teoricamente mais seguro), fui brincar com meu irmão, quebrei o vidro com a cabeça , eu tinha uns 6 anos, levei muitos pontos tenho vários redemoinhos de cabelo , meus pais não estavam em casa o mais velho tinha 13 , deve ter sido um terror (eu só acordei horas depois já com os pontos). Sua preocupação super procede.

    Um beijão, adoro suas postagens.

    Curtir

    1. Oi Beatriz, sobre o acidente, nossa, ainda bem que o acidente não foi pior… eu já tive uma mesa de centro como a sua, de madeira com vidro no meio. Então sei que entre adultos, é uma mesa bonita e funcional, mas com crianças em casa… tudo pode acontecer. Essa mesa de acrílico, já cansei de falar pra minha filha mais nova não subir em cima (ela tem 4 anos), eu só vejo ela envergando no meio…. imagina se fosse vidro já teria espatifado há muito tempo. Beijos.

      Curtir

  2. Você tem razão. Eu comprei esses dias uma escova secadora dessas que está na moda, acabei comprando o suporte e o protetor térmico para o cabelo (necessário, porém percebi que uma coisa levou a outra). Percebi que nos últimos anos fiz gastos dessa forma, uma coisa puxando a outra. Essa do aluguel você tem razão, para evitar perder o inquilino por alguns meses, não reajustei este ano (mesmo com tudo que você falou, a pandemia está sendo desculpa para tudo. Mesmo que a pessoa claramente não esteja com dificuldade financeira e a gente consiga perceber). Enfim, estou tentando questionar essas coisas. Sua mãe tem razão. Agora estou procurando móveis retos e roupas que não precisem ser passadas.

    Curtir

    1. Oi Carol, é, muitas compras acabam puxando outra compra. Quando é consciente, acho ok, o problema é quando não é consciente. Eu comprei finalmente uma bicicleta, que há anos estava querendo. Mas sei que os gastos não vão parar só na bicicleta. Vou ter que comprar um capacete, um bagageiro, e talvez uma calça com um tecido um pouco mais confortável para andar de bike. Então é isso, uma compra vai puxando a outra, o importante é saber todos os gastos envolvidos. Beijos.

      Curtir

  3. Precisa como sempre! Ontem mesmo eu comentava com uma amiga dos custos associados a morar em um lugar “melhor”: móveis melhores, condomínio e IPTU maiores, etc. Quando melhoramos o padrão de vida, muita coisa é somada que não colocamos na conta imediata. E depois ficamos presos ao investimento feito até aquele momento (acho que se chama viés do custo irrecuperável, algo assim).

    Curtir

    1. Oi Diana, sobre morar em um lugar melhor, tem outro custo envolvido também…. os restaurantes costumam ser mais caros do que restaurantes de periferia, os itens de supermercados claramente tem os preços aumentados também, as escolas são mais caras, tudo costuma ser um pouco mais caro, e com isso, invariavelmente, o padrão de vida aumenta. A gente acaba negligenciando todo o resto que vem junto, mas quando somado, dá um gasto considerável. Beijos.

      Curtir

  4. Mais uma semana, vc nos fazendo refletir. Amo suas postagens pq vc nos mostra que não é sobre quantidade. Mas, sobre comprar consciente. Desisti da compra de um apartamento por esses motivos: parcela, bairro com pouco comércio próximo, bairro mais caro e condomínio

    Curtir

    1. Oi Rose, é exatamente isso, não estamos falando sobre qualidade, nem quantidade, nem de não gastar, ou de gastar. E sim, de gastar de forma consciente, para não arrependermos, para não jogarmos nosso dinheiro recebido após o trabalho suado. Beijos.

      Curtido por 1 pessoa

  5. Boa tarde, Yuka! Você se supera a cada postagem. O exemplo do carro é mais comum, mas eu não tinha associado à outras situações. Eu consumo com parcimônia, mas ainda estou desenvolvendo essa inteligência que você mostrou nesse post. Vivendo e querendo aprender! Obrigada e boa semana!

    Curtir

    1. Oi Márcia, o que costuma dar bastante certo para mim, é anotar (no celular mesmo) todas as coisas que eu preciso comprar, que estou de olho. A pandemia ajuda nesse ponto, porque tenho evitado sair de casa, e com isso, demoro mais do que o normal para comprar algo. Quando faço essa lista, e me imponho a não ter pressa para comprar, algo mágico acontece. Metade do que anoto nessa lista depois de algumas semanas eu apago, porque simplesmente perde a importância, ou seja, seria uma compra por impulso, que provavelmente depois me arrependeria. Fazer isso acabou trazendo muitas vantagens. Então um exemplo, quando fui na casa da minha mãe, usei o secador de cabelo dela, e achei muito bom, bem potente. Bem diferente do meu secador de cabelo que eu tinha, comprado usando cupons de pontos de um banco. Gostei tanto que eu anotei no meu celular a marca e a potência, e disse para mim mesma que quando o secador de cabelo quebrasse, eu iria comprar igual o da minha mãe. Olha, essa história faz uns 6 anos eu acho… e essa secadora de cabelo não quebrava de jeito nenhum rsrs. O fio deu má conexão, meu marido consertou, depois parou de funcionar de novo, eu e meu marido demos um sorriso, e para a nossa surpresa no dia seguinte ele não tinha voltado a funcionar? Enfim, ficou nisso durante muitos anos. Aí no mês passado, ele quebrou mesmo. E eis que eu resgatei aquela minha anotação de meia década atrás, e comprei um novo rsrs. Beijos.

      Curtir

  6. Oi Yuka,

    Exemplos perfeitos! Outros, morar em lugares longe de tudo, com transporte público ruim, que exigem carro para tudo e uber e táxis são muito caros. Conheço uma pessoa que comprou uma casa grande em um bairro afastado e não foi lá no horário que ia e voltava do trabalho – era um engarrafamento medonho. Na época as casas nesse local custavam o mesmo preço do meu apto que tinha a metade do tamanho mas ficava a dez minutos do trabalho. Eletrodomésticos com funções que você nunca vai usar, eletrônicos com configurações acima do necessário. Roupa que precisa lavar à mão ou em lavanderia. Uma vez eu comprei um aspirador de pó que tinha um saco descartável que não dava para esvaziar, custava caríssimo e não se encontrava em lugar nenhum. Acho que paguei umas 3x o preço do aspirador só comprando saquinhos para ele. Eu quase comprei uma cafeteira dessas com cápsulas, mas depois vi que para tomar os mesmos cafezinhos que eu tomo em um ano ia gastar o preço de 2 cafeteiras (sem nem contar o lixo produzido). E era só por modismo, porque eu estou bem satisfeita com a minha cafeteira que faz café passado.
    Essa questão do colégio é bem verdade, porque mesmo que você pague a mensalidade com folga, se o nível econômico ou de consumo é muito diferente do seu acaba que isso vai se refletir na tua vida, direta ou indiretamente. Mas mesmo eu que costumo pensar nisso, às vezes dou um fora. Comprei um aspirador no final do ano passado que saiu super caro, achando que ia durar uma vida. Estragou com 4 meses de uso e não tem peça para consertar porque é importado. Isso que está em garantia, imagina quando não estiver mais. Ou seja, péssima compra.

    Beijo e boa semana,
    Daniela

    Curtir

    1. Olá, Yuka!
      Isso se chama BOM SENSO e sempre fez parte de minha vida. Recordo-me até hoje de dizer ao meu irmão qdo estávamos para vir residir em São Paulo: só vou se for nos Jardins ou Morumbi, pergunte se o proprietário possui outros imóveis, fique atento a parte hidráulica, elétrica, aos ruídos – vá ao imóvel em horários diferentes para saber como são os vizinhos – e pergunte se não costuma faltar água, et, etc para algum morador, não confie em corretores – isso foi só o início, depois teve mais. Eu AMO móveis de linha reta desde que conheci os da Objeto, que tinha uma gde vitrine no Shopping Iguatemi, qdo eu era criança, desde o dia em que os vi jamais quis móveis diferentes, embora tenha uma queda pelos de estilo retrô – acho lindos, sobretudo os de sala. Sabe aquele ditado que diz: “Uma mulher prevenida vale por duas!”, pois eu levo isso mto a sério desde que o ouvi pela primeira vez. Parabéns por ser uma!

      Curtir

      1. Eu também acho lindo móveis estilo retrô, provençal, fico vendo nas fotos e acho tudo muito fofo e lindo, mas me vejo morando em uma casa mais prática, de móveis de linha reta. Aliás, tapete é outra coisa que acho lindo, mas não tenho porque não daria conta de mantê-lo limpo rsrs. Beijos.

        Curtir

    2. Oi Daniela, é, eu também dou bola fora de vez em quando… não tem jeito, não são todas as vezes que a gente acerta. Quando a gente erra, a gente usa pra aprender rsrs. Isso que você falou de morar longe do trabalho, é bem isso mesmo. No meu trabalho, quando eu morava em São Paulo, muita gente falava que eu morava num lugar nobre, muito caro. E se parar para pensar, era um lugar caro mesmo, os aluguéis eram bem salgados. Mas o que as pessoas não consideravam é que morar lá, fazia com que eu tivesse total mobilidade por São Paulo, e foi por isso que mesmo nos períodos mais difíceis, de ter 2 bebês de colo (quando eu tinha uma bebê recém-nascida e outra que nem tinha 2 anos), eu pude circular livremente sem ter um carro. Se a pessoa somasse todos os gastos anuais que tinha com o carro, mais o aluguel, sairia mais caro do que o preço que eu pagava anualmente no meu aluguel do bairro supostamente chique. É o tal do custo associado. No final das contas, eu pagava mais barato do que eles rsrs. Beijos.

      Curtido por 1 pessoa

  7. Yuka,

    Excelente post! 🙂

    Gostei muito dos exemplos.

    Em relação aos móveis, eu também acho que aqueles detalhes servem mais para ajuntar poeira do que qualquer outra coisa. Pode ser até bonitinho, mas é funcional?

    Será que o tempo gasto da limpeza não pode ser utilizado de forma mais proveitosa?

    Fiquei pensando também no carrinho de bebê que mais parecia uma espaçonave. Quantas adequações, custos financeiros e tempo gasta para que o carrinho pudesse efetivamente ser usado!

    Será que vale a pena?

    Para algumas pessoas, isso faz sentido. Mas para nós, que buscamos um estilo de vida mais simples, é algo até fora de questão.

    Boa semana!
    Simplicidade e Harmonia

    Curtir

    1. Oi Rosana, eu estava sentada num sofá quando esse carrinho de bebê entrou pela porta do apartamento. Como eu já tinha tido a minha primeira filha, e eu estava inclusive com o carrinho de bebê dela, do lado do carrinho deles, o meu parecia até de brinquedo, afinal, o meu era aqueles bem práticos, dobrável rsrs. Beijos.

      Curtir

  8. Adorei à sua mãe, hahaha! Hoje só consigo enxergar novas compras de móveis pensando assim: é fácil de limpar? Ocupa muito espaço neste mini apartamento? Para que será usado específicamente? E novamente: QUANTA SUJEIRA JUNTARÁ? Hehehe. Mas desde que vieram os gêmeos e o dinheiro para gastos extras sumiu, foi natural pensar nos gastos associados (que bom nome!), A história do carrinho me lembrou à nossa: compramos um carrinho de gêmeos, um do lado do outro levando em conta que passasse pela porta do apartamento onde morávamos e todas as portas em geral e tinha que ser fácil de levar (ou barato para deixar para atrás) quando voltássemos para meu país nos seguintes meses. Foi barato para deixar para atrás (foi doado). No meu país, compramos um outro que tinha que ser pequeno para entrar pela porta da casa, todo terreno (ruas de areia…ganhei muito músculo até os 11 meses que começaram a andar) e barato. Quando fizeram ano e meio, o vendemos pela metade do valor mas ô como tinha sido usado! Além do dinheiro como vc bem fala, TEMPO tem que ser considerado. Hoje ter tempo é imperativo para mim e simplificar é necessário. Abraços!

    Curtir

    1. Oi Bhuvana, verdade, você com gêmeos, precisava de um carrinho para dois!!! Como as minhas meninas tinham uma diferença de 2 anos, consegui colocar as duas simultaneamente no mesmo carrinho, já que a parte do assento deitava completamente. Eu não quis trocar o carrinho por aqueles que adaptam 2 crianças em idades diferentes. Dei o meu jeito. A bebezinha ficava deitada no carrinho enquanto a minha filha que tinha 2 anos ficava sentada bem na frente do carrinho. Era bem engraçado de ver, depois de um tempo, quando a bebezinha começou a ficar bem firme, ela começou a sentar na frente, enquanto a mais velha sentava atrás kkkkk. Esse tipo de compra que você fez, de comprar barato para poder se desfazer, é uma boa estratégia, quando sabemos que ficaremos pouco tempo, também faço isso e tem dado bastante certo. É aquilo, saber diferenciar entre preço e valor é muito importante. Tô imaginando aqui você andando com carrinho de bebê, com dois bebês, numa rua de areia kkkk. É, ser mãe definitivamente não é uma tarefa fácil. Também passo meus sufocos por aqui rsrs. Beijos.

      Curtir

  9. Yuka eu fico pensando em relação a bolsa de estudos em escolas de elite. Eu não vejo vantagem porque você não vai pagar mensalidade mas seu filho irá conviver com crianças de padrão financeiro muito maior . Então você vai ter que arcar com uma lista de material imensa e cara,livros caros, uniforme, fora muito mais coisas embutidas.

    Curtir

    1. Olha, tenho uma opinião a esse respeito, que eu sei que não é tão comum… tem que ver muito a cabeça da criança ao colocar numa escola acima do padrão familiar. Se a criança é muito insegura, sente inveja dos colegas, e ainda tem um comportamento de enxergar sempre o copo meio vazio, acho perigoso colocar numa escola acima do padrão. Imagina essa criança lá no meio de outras crianças, todo mundo com um iPhone de última geração, tênis de marca, vai comer um almoço, não será no McDonalds, nem no Habib’s, os pais virão buscar os filhos com um carro importado, retornarão das férias bronzeados na praia do Caribe, Miami, Hawai, comprarão roupas em outlets dos EUA, pode ser que a criança acabe se tornando vítima de bullying, de chacota… Aí tudo o que os pais fazem com esforço para seus filhos, será visto como pouco, como insuficiente, será ingrato, é capaz do filho estar sempre descontente, sentindo vergonha dos pais. Agora, se a família é muito pobre, nunca terá condições de melhorar de vida, colocar o filho numa escola de elite com bolsa, pode ser sim uma boa ideia, desde que a criança saiba a sua real condição sócio-econômica e entender que pode ser sim hostilizado, ser excluído, se sentir inferior, mas entender que pode ser sua única chance de mudar de vida para melhor. Ou seja, o diálogo sempre é o melhor caminho.

      Curtir

      1. Oi, Yuka, tudo bem?
        Sobre essa questão de escolas, não tinha pensado nesse custo associado de materiais, presentes etc… Eu tenho uma filha de 1 ano e meio e, por não ter carro (assim como vc), também moro em um bairro bem localizado em São Paulo. É o que você diz: o custo de aluguel é mais alto, mas tenho uma boa estrutura de transporte ao redor. Além disso, meu marido é autônomo e trabalha na região. No entanto, como ela está crescendo, estou assustada com o preço das escolas próximas. Infelizmente as públicas, por aqui, não têm boas avaliações conforme pesquisei. Daí, fico em uma dúvida absurda pois sei da importância de investir na primeira infância para um bom desenvolvimento infantil, mas ao mesmo tempo, a escola particular mais perto de casa e prática para a avó me ajudar a levar e buscar vai ultrapassar meu orçamento mensal. Com a pandemia, os rendimentos do meu marido foram bem afetados. Eu trabalho em uma empresa a 30min de casa, mas tenho procurado outras vagas para tentar ganhar mais…
        Já cheguei a pensar em fazer como você e mudar de bairro pra ter acesso a escolas mais baratas, mas penso se não ficaria um “elas por elas”, já que para ter ajuda, minha mãe teria que se deslocar e ela não tem carro e é idosa, além do fato de que eu e meu marido acabaríamos gastando mais com transporte para trabalhar… Então, fico perdida em pensar no custo associado e tempo associado, sabe?
        O que tenho pensado é seguir onde estou, com um aluguel abaixo da média para um apto conservado e um local estruturado e torcer pra conseguir um desconto na escola, mais freelas pro marido e um novo emprego para mim. rs

        Curtir

        1. Oi Tati, isso que você escreveu é uma realidade para muitas famílias. Compreendo muitíssimo bem essa sua dúvida, porque eu também tive essas mesmas dúvidas que você. O que eu sempre digo é que não há escolhas erradas, é preciso avaliar com seu marido o que vocês preferem fazer. Essa sua decisão de mudar para um aluguel mais barato, pode ajudar durante um tempo, mas não será uma solução permanente, pois as escolas fazem reajustes anuais e constantes na mensalidade escolar. Pelo que eu percebo dos meus amigos, o desconto costuma ser bastante generoso quando a criança entra na escola, para a escola fazer a captação de alunos. E nos próximos anos, os descontos minguam, já que a escola sabe que para os pais mudarem seus filhos de escola, será considerado o fator amizade, a adaptação, etc. É uma decisão difícil mesmo. Eu decidi pela escola pública, e com o dinheiro “economizado”, pretendo colocá-las em escolas de idioma, escolas de música, praticar esportes, fazer viagens para ganhar experiências, além de criar memórias afetivas com elas. Ter escolhido uma escola pública, também permitiu que a minha filha mais nova, que tinha gagueira severa (severa mesmo) pudesse ir em uma das melhores clínicas de fonoaudiologia de São Paulo. Pago muito caro, mais caro do que muita mensalidade de escola particular, mas pra mim, vale cada centavo, nestes 8 meses que ela iniciou o tratamento, a melhora é visível e impressionante. Foi uma escolha, que alguns podem até questionar, mas o importante é que eu e meu marido estamos alinhados com todas essas nossas escolhas. Pensem com calma, pensem em todas as possibilidades, sempre lembrando que não são renúncias, são escolhas que vocês estão fazendo. Um grande beijo.

          Curtir

          1. oi Yuka e Tati,

            Vou contar a minha experiência como aluna e depois como mãe, ok? Eu estudei até a 6a série em escola privada, que era acima do padrão da minha família. Não era gente “rica” mas meus pais estavam passando por dificuldades na época e ficou pesado para pagar. Mas o padrão da escola era bem acima do meu, mesmo antes disso. Quando eu tinha uns 9,10 anos comecei a me dar conta disso, tinha vergonha do lugar onde a gente morava que era longe e uma zona bem pobre. Enfim, quando eu tinha 12 anos pedi para trocar de escola e fui para uma escola pública. Lá me sentia bem mais a vontade, era tudo mais parecido, era uma escola publica em um bairro bom, todo mundo mais ou menos igual em termos de padrão de vida. No ensino médio também estudei em escola pública, essa já era diferente, vinha gente de tudo quanto é lugar e o pessoal era bem pobre mesmo e o nível escolar refletia muito as condições. Eu sempre fui muito autodidata, capaz de aprender sozinha e tinha um nível de leitura bem diferente do resto. Tive uma base muito boa em português e matemática no primeiro grau, tanto na escola privada quanto na pública. Agora, no ensino médio, foi um horror, tive 2 meses de greve no 1o ano e 3 meses no 3o. Ainda tive sorte de ter professores de matemática, física e química bons, mesmo com essas greves todas tivemos boa parte da matéria. Eu consegui passar no vestibular na federal no curso que eu queria, que na época era o mais procurado, direto. Mas na minha turma fui a única. Outras colegas, estudiosas também, mas com menos base, não conseguiram. Algumas fizeram um ano de cursinho e daí passaram na federal, um ou outro passou na privada e conseguiu emprego para ajudar a pagar. Isso já faz muito tempo, não tinha cota para aluno do ensino público. Mas nem toda escola privada é boa, isso é uma grande falácia também, algumas exigem pouquíssimo e os pais acham que os filhos estão tendo uma “boa educação” só porque pagam a mensalidade.
            Hoje eu não colocaria a minha filha em uma escola acima do nosso padrão de vida, mas eu posso pagar uma boa escola para ela, então isso não é um questionamento para nós. Onde ela estuda tem gente com mais grana, e gente com menos, que paga a mensalidade com sacrifício. Eu gosto dos valores da escola, e acho que no geral, o ensino é bom. Antes disso, ela ficou em uma escolinha dos 6 meses aos 6 anos, em turno integral. Não era a mais cara, mas também não era barata. Mas teve uma época que eram 2 aniversários por semana, um pesadelo. O padrão dos pais era parecido com o nosso, com um ou outro destoando. O que eu acho mais difícil de lidar, e me dei conta disso muito cedo, quando a minha filha tinha 2 anos, foi que a gente controla tantas coisas, e na escola ela acabava sendo exposta a realidades familiares muito diversas (com essa idade tinha um menino que falava palavrão e passava a mão na bunda das profes, porque via o pai fazer isso – não nas profes, claro). Então caiu a minha ficha que a escola serve exatamente para isso, para expor a criança a outras realidades, que isso faz parte do processo de socialização, e que cabe a nós ajudarmos eles a lidar com essas diferenças entre a casa e o resto. Então quando a gente escolhe a escola está escolhendo não só o conteúdo que o filho vai aprender ou não, mas também com qual realidade ele vai lidar.

            Beijo, Daniela

            Curtir

            1. Oi Daniela, um dos motivos que eu e meu marido escolhemos uma escola pública (não uma qualquer, mas escolhemos uma que achamos bacana, e para isso, nos dispomos até a mudar de casa, o que de fato fizemos) é isso que você escreveu. É um dos motivos, ainda há outras questões envolvidas, mas eu e meu marido achamos que é importante as nossas filhas não viverem numa bolha. Claro que quem sempre viveu no conforto de uma classe abastada (quando comparado à grande parte da população brasileira), não irá entender os meus argumentos. Mas eu e meu marido, que viemos lá de baixo, e fomos subindo aos poucos na classe social, achamos importante elas poderem transitar entre essas classes socioeconômicas, entender que a realidade não é uma só, que há pessoas com muito dinheiro, mas há pessoas com pouquíssimo dinheiro, e que elas não podem nunca menosprezar alguém por isso. Como vou falar sobre inclusão, se só há brancos nas escolas particulares? Quero que elas tenham professores negros, amigos de todas as raças. Muitos pais também acabam achando que escola pública é castigo e que a escola privada só acontece coisa boa, e não é bem assim…. má influências têm em todos os lugares, então elas também precisam entender sobre escolhas das companhias que terão. Eu e meu marido estamos sempre de olho, nós nos comunicamos com os professores, com a coordenação e com a direção. Na creche municipal, a minha filha aprendeu sobre inclusão racial, a diretora fazia este trabalho com as crianças, as crianças eram de todas as cores possíveis, e era lindo de se ver. Minha filha ganhou uma boneca negra de uma professora negra, que disse que havia comprado uma boneca com o próprio dinheiro dela, porque minha filha era uma das poucas crianças que brincava com as bonecas de todas as cores, enquanto a maioria só escolhia bonecas brancas de cabelos loiros. Já na creche que ela estuda atualmente, todas as crianças de 0 a 6 anos estão sempre juntas, não há distinção por idade, nem separação de classes. Quando minha filha estava com 4 anos, foi uma criança de 6 anos que foi responsável em apresentar toda a escola para ela. Aliás, a mesma que ensinou a minha filha a subir em uma árvore. Minha filha também teve sua vez de fazer isso, quando chegou uma criança nova na escola. Da mesma forma que fizeram com ela, ela também apresentou a escola e ficou junto com a criança para que ela não se sentisse deslocada. Não são poucas as vezes que observamos uma criança cuidando da outra, a ajudar a colocar roupa numa criança menor que estava com a blusa enroscada no pescoço. Isso se chama responsabilidade, empatia, estender as mãos para o lado. Estudar matemática, português, física, ser a melhor aluna da classe, pode ser importante para muitos pais, mas para mim, não é o essencial. Reconheço a importância do estudo, de não ser uma analfabeta funcional, mas não está acima de outras coisas que quero ensinar para minhas filhas. É um tema complexo e delicado, de ordem bastante pessoal, bastante polêmico rsrs. Beijos.

              Curtir

              1. oi Yuka, eu entendo perfeitamente o teu ponto de vista, inclusive compartilho muitas das tuas preocupações. É bem difícil ensinar sobre inclusão para quem esteve sempre incluído – que não é também o meu caso e o do meu marido, nós dois viemos de famílias bem pobres.
                Apesar de entender que a escola é um espaço de socialização, e daí entram todas as tuas considerações, eu tenho também preocupação com os conteúdos. Eu quero que a minha filha tenha escolhas, e que ela não precise restringir essas escolhas por deficiências escolares. Ela não gosta de matemática, mas vive dizendo que quer ser arquiteta. Então eu digo isso para ela, para ser arquiteta tem que saber matemática, não é só a visão artística da coisa. Eu já vi muita gente que queria ser médica, arquiteta, psicóloga, mas não tinha dinheiro para pagar faculdade privada e não conseguiu passar na universidade pública, por deficiências que vinham lá do início. Ou que poderiam ter tido opções de trabalho melhores se falassem bem outras línguas. Claro, sempre tem o esforço pessoal e tal, mas a diferença do esforço requerido é monumental, para quem aquilo é normal e para quem teve que chegar no mesmo lugar a duras penas. O ideal seria que todos tivessem o básico garantido e que corressem atrás do resto, mas na prática não é desse jeito que funciona. O que me preocupa na escola pública é a questão das greves e da falta de professores. Às vezes um professor entra em licença e os alunos ficam meses sem professor naquela disciplina. Talvez não seja assim em todos os lugares, mas aqui no meu estado – tirando as escolas militares, que estão fora de questão, isso é mais a regra que exceção. Mas concordo plenamente com você, escolher a escola do filho – para quem tem essa opção – é uma coisa muito pessoal e complexa.

                Curtir

                1. Oi Daniela, suas considerações são bem importantes, sobre a importância de não ter deficiência escolar para não restringir as futuras escolhas. Esta preocupação eu ainda não tenho (tanto), mas é porque minhas filhas ainda estão na creche. Conforme elas forem crescendo, será uma preocupação real, e precisarei ponderar as minhas próximas ações, caso a escola pública que minha filha estiver frequentando for mais fraca do que imaginei. Eu acho que a escola (ensino fundamental) que ela irá frequentar a partir do próximo ano, será boa, mas é aquilo, vou avaliando a cada ano, meu marido é muito bom nessas matérias de escola, ele entende bem de matemática, física, química, história e geografia, então nestes primeiros anos, ele poderá até auxiliá-la no conteúdo… Já eu…. nem educação física era boa… só era boa mesmo em educação artística kkkkk. Beijos.

                  Curtir

  10. Oi amiguinha !!! Tudo bem por ai?
    Aqui tudo caminhando!
    Seus posts, vem sempre acrescentar, e fazer a gente refletir no que ainda não tínhamos refletido antes…
    Eu também vou nessa onda do antes de comprar enxergar a utilidade e outros fins.
    Hoje as comprar são mais conscientes, nunca compro sem pensar. E tente ajudar minha mãe a refletir também nesse lado.
    Já estou ansiosa para o post de amanhã rs

    Um lindo finde!!!
    bjs

    Dri 🙂

    https://atelieradrianaavila.blogspot.com/

    Curtir

    1. Oi Dri, comprar de forma consciente é muito legal mesmo. Eu percebo que a cada ano, minhas compras estão se tornando cada vez mais conscientes, ou seja, estou errando menos na hora de comprar, tendo menos arrependimentos, menos compras sem propósito, e com isso, acaba sobrando mais para usar com a família. Um beijo.

      Curtir

    1. Melhor coisa IFP. Como eu não me sinto confortável de ter terceiros limpando a minha casa, preciso de uma casa que eu consiga tomar conta sozinha. Eu já morei em cobertura de um prédio e nossa senhora, era um inferno limpar tudo aquilo kkk, agora estou super satisfeita morando em um apartamento comum, com uma varanda pequena rsrs. Beijos.

      Curtir

Deixe um comentário