Dinheiro, IF e FIRE

Viver frugal para ser FIRE ou ser FIRE por ser frugal?

Bicicleta, Moto, Urbanas, Grunge, Vintage, Ciclo, Lazer

Diferentemente do que muitas pessoas podem imaginar, a minha vida não é frugal por buscar FIRE (Financial Independence Retire Early – Independência Financeira, Aposentadoria Antecipada).

FIRE é uma a estratégia financeira para reduzir gastos de forma eficiente, economizar e investir boa parte do salário para que o dinheiro trabalhe para você com a ajuda dos juros compostos. O intuito é viver de renda ainda jovem, e assim, sem a obrigação financeira, possa trabalhar em algo que alimente a sua alma.

Eu descobri que no meu caso, FIRE será consequência por causa do estilo de vida que eu e meu marido levamos.

Temos prazer de viver uma espécie de frugalidade opcional, conseguimos enxergar (e viver) a beleza nas coisas simples da vida.

Meu marido, por exemplo, vai para o trabalho de bike (anda 40km ida e volta), não pra economizar dinheiro, mas porque ele AMA pedalar. Não importa se está fazendo sol, ou se está tendo chuvas torrenciais, ele vai de bicicleta.

Eu por exemplo, não sinto que estou deixando de viver hoje, para desfrutar o amanhã, ou que estou aproveitando menos a vida.

Há um documentário sobre o movimento FIRE que foi lançado no ano passado, o Playing with Fire. No documentário, é possível perceber o sofrimento de um casal ao reduzir o padrão de vida que já estavam acostumados. A frustração, a dor, o desapontamento, a dificuldade e a dúvida pairam durante boa parte do documentário.

Eu não passei por essa fase. Eu não senti esse sofrimento que o casal do documentário passou para adequar a vida para iniciar a jornada FIRE.

Eu e meu marido, já poupávamos em torno de 50 a 70% do nosso salário desde 2010.

Quando descobri sobre a existência de um movimento chamado FIRE, nós já éramos minimalistas e frugais, não havia muito o que mudar. Fizemos pequenos ajustes no orçamento, estudei sobre investimentos, mas o comportamento do dia-a-dia e o padrão de consumo não mudou muita coisa. Mesmo com 2 crianças pequenas, nosso aporte beira 60 a 70%, dependendo do mês.

Claro que ao longo desses 10 anos, melhoramos nosso padrão de vida, mudamos para um bairro mais residencial, estamos comendo alimentos mais saudáveis, praticando exercícios físicos. Mas quando comparamos o estilo de vida que os nossos colegas possuem, nós ainda vivemos abaixo não só de 1, mas de alguns degraus.

Compreenda que eu não odeio trabalhar. Eu só não gosto de não ter tempo para as coisas que eu tenho vontade de fazer. Eu não gosto de fazer tudo o que eu considero importante à noite, quando já estou cansada e com sono. Não acho normal trabalhar cada vez mais, para pagar boletos cada vez mais altos, ter cada vez menos tempo e se acostumar a ficar o dia todo dentro de um escritório, perdendo os melhores anos da minha vida.

Eu só queria ter mais tempo para fazer as coisas que eu tenho vontade de fazer (já expliquei nesse post aqui Independência Financeira: o início), e por isso, a solução que encontrei – veja bem, não é o caminho mais rápido –  foi ser FIRE.

~ Yuka ~

17 comentários em “Viver frugal para ser FIRE ou ser FIRE por ser frugal?

  1. Yuka, bom dia! Como é bom acordar no domingo e ler seu blog!
    Muito interessante esse seu entendimento de que no seu caso, FIRE será uma consequência do estilo de vida que já adotavam. Em oposição tem o casal do documentário que você citou, vou até procurar pra ver se acho esse documentário, gostaria de assistir.
    Já eu… eu ainda estou fazendo ajustes e as vezes me sinto infeliz com algumas coisas (não por poupar e investir, mas pelo quanto ganho) e essa sua frase aqui “ficar o dia todo dentro de um escritório, perdendo os melhores anos da minha vida” é algo que digo e penso com frequência.
    Mas como de lamentações não se vai longe, resolvi montar um plano, estudar para mudar de carreira e ver se consigo além de ganhar mais encontrar um pouco de alegria no trabalho, me sentir útil e ainda ajudar pessoas. Ainda sim, estou mantendo o plano de ser FIRE em 15 anos.
    Muita coisa né? As vezes eu duvido dar conta mas… A esperança tem me alimentado a alma e diminuído as frustrações.
    Espero conseguir e você é uma inspiração. Domingo que vem tô aqui de novo.
    Um bom feriado, abraços.

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    1. Oi Ariane, tudo bem? Sobre o documentário, ele infelizmente não tem legenda em português, nem em inglês (pelo menos quando eu assisti). É só o inglês falado mesmo. Tem que ter uma compreensão básica para entender o documentário. Como meu inglês é mao-meno, tinha horas que eu não entendia e tinha que ficar voltando para tentar entender rs. Sobre seu plano de alcançar FIRE em 15 anos, acho super viável. Na verdade, dependendo da idade que começa e do salário que possui, o importante não é aposentar cedo, mas sim, garantir uma aposentadoria digna quando for se aposentar. Agora, se conseguir mudar de área e aumentar o salário seria o ideal mesmo. Há algumas áreas em crescimento, se eu fosse recomeçar a minha carreira, talvez tentasse algo na área de Big Data, Data Science, acho interessante e com mercado de trabalho em forte expansão. Um grande beijo, e bom feriado pra você também.

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  2. Yuka,

    “Mas quando comparamos o estilo de vida que os nossos colegas possuem, nós ainda vivemos abaixo não só de 1, mas de alguns degraus.”
    Será que estão alguns degraus abaixo? Com tudo o que disse, penso que é exatamente o oposto, pois vocês não fazem parte da roda do consumo como a maior parte das pessoas.

    E pensando um pouco mais: o que a maior parte desse consumo realmente proporciona além de satisfação passageira e interesse em mais consumo?

    Boa semana!

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    1. Oi Rosana, nós consumimos as coisas das quais gostamos, mas sempre avaliando o custo e benefício. Gosto muito do exemplo do aquário que eu já comentei, aqui em SP, se eu quisesse levar as crianças, mais meu marido e minha mãe para o aquário, eu gastaria no total só em ingressos R$390. Eu acho um absurdo… Em Santos, onde minha mãe mora, eu gasto para as mesmas 5 pessoas, apenas R$10. É uma questão de saber quando gastar, e de que forma gastar. Acho que eu gasto bem o meu dinheiro, por isso acabo conseguindo fazer coisas, sem sair do orçamento ❤

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  3. Domingo chega, e com ele um novo post maravilhoso para ler!
    Eu adoro quando vejo que chegou atualizações, hoje resolvi vir responder antes que me esqueça.
    Sabe que não me lembro se já citei, quando meu marido tinha dois empregos, um dos a gente não mexia no salário, vivíamos muito bem com um só eu que administro as contas da casa, e foi uma época que consegui só juntar um graninha boa, mas ai como o emprego que ele tinha era o que tínhamos convênio resolvi começar a complementar quando faltava para pagar, mas ai chegamos no limite de não só complementar e sim ir todo para o convênio consegui pagar por 2 anos e depois não mais …e ficamos sem convênio e já estou a 3 anos sem, só no SUS, tive que fazer uns exames pois, tenho enxaqueca e estou tratando….e ai tive que acabar pagando um ressonância de crânio e com a guia do SUS tive um desconto, pois eu tinha um pouco de pressa para ver.
    E se estivesse até hoje querendo pagar particular, com certeza já estaria pagando um absurdo para nós 4 e outra conforme a idade a tabela virava afffffffffff.
    Sem fim isso kkkk.
    Eu ainda estou em casa a par dos cuidados das crianças …não sei se vou conseguir voltar a mercado de trabalho, ontem completei 4.7 kkkkkkkkk . Eu trabalhei 12 anos seguidos, ai parei para ficar com os filhos. Pois não ia conseguir alguém para ficar com eles….e queria estar a par da educação deles.
    O mundo anda tão difícil Yuka, a idade do Bruno 13 anos, e Maria 10 anos, já são idades de mudanças, e vejo os adolescentes e pré.
    Parecem que foram jogados no mundo, sem valores, educação, sem referência nenhuma.
    Até meu filho percebe a diferença e comenta que não dá para ter amizade com todo mundo …
    Comecei um assunto e fui para outro, essa sou eu rs…
    Mas, voltando eu pretendo ainda tentar fazer umas reservas, não entendo esses lances de juros e sou tão desligada em relação as coisas burocráticas…

    Minha nossa falei muitooo…

    Um ótimo domingo e feriado.
    Super bjssssssssss

    Dri 😀

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    1. Oi Dri, eu também faço isso com meu marido, o salário dele sempre é o extra. Vivemos apenas com o meu salário, principalmente porque de tempos em tempos ele fica sem salário rs. Então foi a forma que encontramos de não ficarmos estressados com isso. Sobre criação de filhos, é uma coisa delicada, né? Eu já sinto isso, crio minhas filhas com cuidado, com muito amor e carinho, dou atenção, ensino as coisas pra elas, outro dia ela voltou da creche dizendo umas coisas que ela tinha aprendido com as amigas. Fiquei meio frustrada na hora, mas o importante é ensinar os valores para ela compreender o certo e o errado e para que aprendam a pensar com a própria cabeça, assim como seu filho fez, quando disse para você que não dá para ter amizade com todo mundo. Um grande beijo pra você, e um bom feriado. Adorei que comentou 😀

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  4. Oi!
    Achei estranho esse seu comentário: “Não acho normal trabalhar cada vez mais, para pagar boletos cada vez mais altos,” se vc quer viver de rendimentos como vc acha estranho pagar por serviços/produtos cada vez mais caros? Não é a partir disto que vem os lucros, proventos, juros, etc?

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    1. Há duas formas de gastar dinheiro: gastar dinheiro em coisas que não são importantes e gastar dinheiro em coisas importantes. Não é sobre o preço dos produtos e sim sobre achar normal pagar boletos cada vez mais caros para se desestressar em coisas que muitas vezes nem são importantes para a pessoa.

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    2. O que entendi dessa frase, e concordo com a Yuka, é que não faz sentido termos uma pressão enorme pra trabalhar mais e ganhar mais, e ir aumentando o padrão de vida desnecessariamente. Pois o brasileiro tem esse hábito. Recebeu um aumento, em vez de poupar, troca o financiamento do carro por um mais caro, perde dinheiro e aumenta o gasto com juros!

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      1. É isso mesmo Débora. Muita gente acaba usando a frase “vou comprar porque eu mereço”, “porque eu trabalhei muito para conquistar”, “vou gastar para me desestressar”, “vou trocar meu carro por um modelo melhor” e com isso vai pagando boletos cada vez mais altos… Beijos.

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  5. Yuka, parabens por encontrar esse ponto de equilibrio no seu estilo de vida. Essa opçao FIRE é de longo prazo e acho bem válido melhorar o padrao de vida sem excessos. É uma grande conquista ter essa sensaçao de satisfação!

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    1. Oi ABM, e o legal é que mesmo encontrando o ponto de equilíbrio, eu e meu marido sempre fazemos uma avaliação contínua dos gastos: ver onde estamos gastando muito, ver onde estamos gastando de menos (academia, livros, cursos, viagem para casa da mãe/sogra e viagens a lazer são gastos que não queremos diminuir) e fazer um rebalanceamento dos gastos. Beijos e obrigada.

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  6. Perfeito, Yuka! Concordo plenamente!

    Mesmo antes de eu descobrir essa ideia de ser “livre”, eu nunca fui gastão ou tentei viver acima de minhas posses. Ter “status” nunca me interessou. É verdade, não conseguia economizar nada, mas isso era porque já tinha uma família para cuidar e também fazia algumas bobagens financeiras.

    Quando me deparei com a ideia FIRE, as coisas foram muito tranquilas porque eu já tinha esse consumismo ausente da minha vida. Não sofri como muitas pessoas sofrem na necessidade de manter um estilo de vida que elas não podem manter naturalmente.

    Essa forma de ver o “consumo” realmente ajuda muito.

    Abraço!

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    1. Oi André, quando temos família, crianças pequenas, os gastos tendem a aumentar de forma linear até o final da faculdade (acho eu). A minha sorte é que eu era organizada financeiramente antes do nascimento das meninas, e com isso, conseguimos fazer aportes altos. Se tudo sair como planejamos, em 2 anos, poderemos parar de fazer os aportes (os aportes não serão mais obrigatórios), e aguardar somente o efeito da bola de neve por mais 5 anos, completando 7 anos no total para a tão aguardada FIRE. 😀 Beijos.

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  7. Oi Yuka, amo ler suas postagens. Por aqui tenho buscado um estilo de vida mais simples para mim e meus filhos investindo naquilo que realmente nos faz feliz e diminuindo gastos que não são essenciais. Contudo, estou na fase de sanar as dívidas com os cartões de crédito que tem consumido mais da metade da minha renda mensal. Vc poderia fazer um post voltado para quem ganha pouco e não tem como investir, de como conseguir ter um valor para emergência, ou como se organizar financeiramente? Abraços.

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