Minimalismo

Minimalismo na visão de um leitor que tem 64 anos de idade

Esta semana, recebi um e-mail muito interessante de um leitor (que pediu para não ter seu nome divulgado) que tem 64 anos de idade, compartilhando sua experiência de vida sobre o minimalismo, acúmulos e desapegos.

“Olá Yuka, olá a todos que interagem neste Blog.

Venho há muito acompanhando as transições do modo de vida, assim posso relatar um pouco do cotidiano. Um amigo me disse certa vez: “Passamos a vida toda acumulando coisas, para na velhice passar a se desfazer delas… Então, parece óbvio, por que acumular?”.

Realmente é uma certeza: compramos terrenos em praias, chácaras, compramos carros, motos. Sempre pensando: vou construir, vou passar minhas férias ou até me aposentar. Aí, quando se aposenta, os conceitos mudam, queremos paz de espírito, tranquilidade, nenhuma preocupação de coisas que teremos que pagar pelo resto da vida como IPTU, IPVA, impostos e seguros em geral, quase não dormir à noite por isso.

Hoje, com 64 anos, posso dizer que realmente é difícil vender tudo que se acumulou, difícil de se desfazer do que se tem, isto até pelo fato de que, por sermos uma família grande, sempre moramos em casas grandes, atulhadas de coisas. Com o passar do tempo, sempre adquirindo muito, muito mais, construindo ou morando em casas maiores. Aí para se vender, além de demorar demais, não se encontra quem os compre ou pague o preço que se investiu. Basta passar pelos centros de muitas cidades e ver o número de imóveis abandonados, muitos em decadência a serem vendidos.

Quando envelhecemos, os filhos partem para suas carreiras “solo”, aí fica o vazio, aquela imensidão de casa, tantas coisas acumuladas e o que fazer.

Assim, eu e minha esposa, tomamos a decisão: saímos de uma grande casa, aportamos num pequeno apartamento, nos desfazemos de tudo que fosse possível e mantemos o mínimo para viver com tranquilidade. Quando se faz isso, tira-se um fardo dos ombros, não temos que nos preocupar mais com que não temos, isto porque não nos fará mais falta.

Para quê se ter uma casa na praia, chácara ou carro bom, se tudo que precisamos é ter uma condição que nos permita utilizar aplicativos de viagens, tantos para locomoção como para hospedagem, tudo está online, só precisamos de um celular que nos conecte.

Hoje precisamos sim de bom senso, saber buscar oportunidades, ofertas vantajosas e disponibilidade para utilizar tudo que nos rodeia, o consumismo desenfreado da humanidade (haja 1,99 nesta vida) os torna escravos deste consumo. Ser um passarinho seria a solução, isto é, viver o presente, acordar cantando e viver na alegria, cantar muito quando chove e valorizar tudo que a natureza nos oferece.

Quando envelhecemos, damos mais valor à saúde, ao presente, não temos pressa nem ansiedade pelo futuro, isto nos faz pensar e aproveitar mais a vida.

Assim, com toda vivência, mas ainda muito a aprender, posso dizer aos leitores: busquem, vivam uma vida mais simples, invistam em conhecimentos, economizem muito, poupem muito, consumam menos. Sua saúde, a natureza, o planeta e as pessoas à sua volta estarão melhores.”

A penúltima frase que o leitor escreveu, de que “quando envelhecemos, damos mais valor à saúde, ao presente, não temos pressa nem ansiedade pelo futuro, isto nos faz pensar e aproveitar mais a vida.” faz todo o sentido, principalmente para nós, minimalistas.

Quando passamos a focar no essencial e eliminamos o resto, estamos buscando justamente isso, dar mais valor ao presente.

Sem saúde física e mental, sem família, sem amigos, sem tranquilidade, a velhice não terá o seu brilho. Aproveitar a vida, é viver o presente, estar com pessoas, compartilhar histórias… E para isso, é preciso desacelerar.

Gostaria de agradecer o leitor por compartilhar a sua experiência.

~ Yuka ~

37 comentários em “Minimalismo na visão de um leitor que tem 64 anos de idade

  1. Excelente post, Yuka. 🙂
    Um grande exemplo para ser seguido por todos nós que procuramos uma vida mais simples e significativa.
    Boa semana,

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  2. Meu velho está em seus 60 anos. Após 5 ou 6 anos com o mesmo carro (que está com alguns problemas), teve um impulso e resolveu comprar um novo. A família (eu, minha mãe e meus irmãos), demos apoio a ele, para que tivesse a satisfação de fazer algo por aí mesmo.

    Papai sempre foi frugal, tudo ele fez pensando na família. Nossa escola e o bem-estar de mamãe (a trata como princesa), sempre vieram em primeiro lugar. Mas tinha um outro lado que eu não achava nada bonito.

    Por ser de uma família pobre, começou a trabalhar com 10 anos de idade. E desde essa época passou a ser extorquido pela própria mãe e os irmãos. Não aguento mais, moro com ele e as ligações por dinheiro são quase diárias, e ele não consegue negar (principalmente para a mãe).

    Entendo uma pessoa querer ajudar a família, mas é o tipo de gente que não quer estudar nem trabalhar (“A Cigarra e a Formiga”). Por isso, encorajei sim que ele compre o carro (embora saiba que isso causará inveja em certos parentes) e o encorajo a usar o dinheiro com ele (falo para ele viajar com os amigos aposentados e lembro a ele que tem que cuidar da minha mãe na velhice – ela é a vida dele).

    Sobre acumular, concordo com o que esse senhor disse. Não leva a nada. Na minha última mudança, percebi que tinha mais coisas do que imaginava. Hoje moro com meus pais, e tenho um emprego onde estou sujeita a mudanças de cidade a qualquer momento. Tenho que frear minha mãe, porque ela gosta de comprar miudezas para ela e me presentear (sempre ressalto que prefiro roupas, pois uso para trabalhar). Meu fraco são utensílios de cozinha (se eu pudesse, compraria a Polishop, mas sei que não tenho espaço).

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    1. Oi Carol, sim, eu lembro quando você comentou em um post passado sobre a situação do seu pai (e seus familiares). Eu faria a mesma coisa, daria o mesmo conselho que você deu para o seu pai. Ele deve sim usar o dinheiro para ele, principalmente se não consegue falar não para a família dele. Pelo menos assim, ele terá um pouco de prazer e diversão com o dinheiro que com muito custo e trabalho conquistou. Sobre a Polishop hahaha, eu tambééeeem, mas olha, depois que parei de assistir televisão e parei de assistir as propagandas sedutoras da Polishop e do Shoptime, cessou completamente a vontade de comprar. Um beijo!!!!

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  3. Bom dia Yuka. 😊 Estou tomando meu cafezinho e lendo seu post ( ja faz parte de minha programação aos domingos).
    Admirei muito o entendimento desse senhor acerca do viver com o que realmente necessita, dando valor ao que realmente importa.
    Gostaria de compartilhar minha experiência “mal sucedida” Com minha mãe ( uma senhora de 60 anos)…. possessiva ao extremo e acumuladora nata….. vira e mexe eu me ponho a fazer o favor de limpar a casa onde ela mora sozinha ( casa enorme de 5 quartos…3 banheiros etc). Lugar onde mais parece um depósito gigante de entulhos…. Eu limpo, organizo, deixo a casa arejada, com espaço pra se locomover direito… e ao fim de 2 ou 3 dias de faxina…. pra o meu desespero…. ela pega tudo que joguei e guarda novamente…. Eu já até desisti. Nós ( filhos e netos) mal frequentados a casa por conta disso. É tão sério que agente teme pela segurança dos nossos filhos ao frequentar uma casa assim…. tememos por ela também. Mas, não há o que se fazer quando a dona do lar não tem consciência né.

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    1. Oi Mari, bom café pra você… eu acabei de tomar o meu café com leite com espuminha em cima hehehe. Que delícia. Nossa, você contando da sua mãe, lembrou um pouco aqueles programas americanos chamado “Acumuladores”. Lá eles falam que muitos problemas vem de algum gatilho, alguma doença, uma depressão, uma perda de uma pessoa querida. O que vocês podem fazer (aconselhá-la, limpar a casa, etc), estão fazendo. Mas infelizmente, como você disse, a própria pessoa tem que querer mudar. Se não, é lutar contra a maré. Para algumas pessoas, acumular é um vício. Entender o motivo da compulsão seria o início para frear esses impulsos consumistas. Um beijo pra você.

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  4. Bom dia,
    Muito bacana o depoimento do senhor e os comentários aqui.Pego me pensando como sou feliz por ter percebido o que o senhor escreveu quando passei a ganhar um bom salario.Observo as pessoas ao meu redor desesperadas por dividas em um padrão de vida de ostentação e acumulação.Quando vejo esses escritos acredito que estou no caminho certo.

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    1. Oi Marcela. Eu também penso que nem você, ainda bem que percebi isso cedo. As pessoas ao meu redor também estão com dívidas, e com o padrão de vida alto. Já não querem abrir mão das coisas que conquistaram, pois acham que é retrocesso. Estamos no caminho certo. Como disse no comentário anterior, melhor estarmos erradas (na visão das pessoas, porque na minha visão já estamos certas) no curto prazo, mas certas no longo prazo. Um beijo.

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  5. Quanto mais eu aprendo sobre minimalismo mais eu gosto dessa ideia. Gosto muito de ouvir pessoas idosas, sempre tem algo para ensinar aos mais jovens.

    Senti falta de uma imagem para ilustrar esse post, sou uma pessoa muito visual e gosto de salvar textos bons assim no meu Pinterest, é uma forma de compartilhar e ao mesmo tempo salvar o texto para reler depois 😉 Bjs

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  6. Olá, Yuka!

    Que mensagem poderosa que este leitor compartilhou! Lembrou alguns posts do reddit que li sobre sêniors comentando como as suas visões da vida mudaram ao longo dos anos.

    Eu nunca tinha pensado nesta parte do “vazio” pós-saída dos filhos. Faz todo sentido mesmo, mas acho que só um pai ou avô pra perceber mesmo o impacto desta mudança. Uma vida inteira escopando para 3 ou 4 pessoas e de repente tudo volta a ser pra 2 pessoas. Quando voltei pra casa depois de um ano morando fora da cidade, me surpreendi ao ver que o espaço previamente conhecido como meu quarto já havia sido reestruturado, convertido em mini-escritório da minha mãe. Acho que o efeito aqui foi o oposto ao minimalismo haha!

    Que lição eu posso tirar disso? Que bom que aprendi os conceitos do FIRE e minimalismo (mesmo que não 100% adepto ainda) cedo na vida. As coisas que valem na vida são realmente diferentes das materiais.

    Abraços e seguimos em frente!

    Pinguim Investidor

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    1. Oi Pinguim. Tudo bem? Acho que é bem importante a gente pensar nessa fase pós-filho. Eu e meu marido sempre comentamos que nós começamos como 2 pessoas, estamos em 4 no momento, mas que depois seremos só nós 2 de novo. Vejo muitos casais se distanciando depois do nascimento dos filhos, dando uma suprema importância apenas para os filhos, mas na minha concepção, isso é um grande erro. Os filhos ficam com a gente por um período curto. Talvez eles saiam de casa com 18 anos, talvez com 23 anos…. e depois? Depois o casamento acaba. Por isso apesar dos filhos serem muito importantes e tomarem bastante tempo da nossa vida, eu e meu marido sempre valorizamos o nosso relacionamento. Outra coisa é em relação ao tamanho do imóvel. Lembro que fui numa palestra do Gustavo Cerbasi há alguns anos e ele falava que a maioria dos casais recém-casados compravam um apartamento de 3 dormitórios, muito maior do que a necessidade. Durante muitos anos 2 quartos ficam inutilizados (pagando condomínio mais caro etc), e depois da saída dos filhos, novamente, o imóvel fica enorme. Eu e meu marido moramos de aluguel por esse motivo. Sempre moramos em um imóvel de 1 dormitório, mesmo a primeira filha nascendo (já que colocávamos o berço no nosso quarto, não sentimos necessidade de ter 2 quartos). Hoje moramos em um apartamento de 2 dormitórios, mas já fazemos planos de voltarmos a morar em 1 quarto quando as crianças saírem de casa (o que vai acontecer daqui a 2 décadas), ou até morarmos em uma kitnet, nos moldes da série Tiny House Nation da Netflix (já assistiu?). O segredo é não se apegar. Um grande abraço!!!!

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      1. Olá, Yuka.

        Interessante este ponto de vista. Um dos pontos mais “difíceis” de entender do FIRE pra mim foi este de morar de aluguel. Por que pagar aluguel a vida inteira quando você pode comprar a casa? Mas ao comparar a flexibilidade e o investimento perdido como custo de oportunidade ao comprar imóveis, vejo que é a coisa lógica a se fazer. O segredo é mesmo não se apegar. A nada, mesmo, segundo o estoicismo.

        Nunca assisti essa série (não pago Netflix por motivos éticos do Software Livre), mas já vi esse conceito de tiny houses antes num documentário minimalista. Muito interessante mesmo. Penso se é aplicável no Brasil onde a infraestrutura muitas vezes é precária. Mas vale a pena pensar.

        Abraços e seguimos em frente!

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        1. Verdade Pinguim. Eu mesma pago um aluguel relativamente alto, e às vezes passa pela cabeça a ideia de comprar um imóvel… mas aí eu lembro que se eu comprar um apartamento na rua e no bairro onde moro, vou me descapitalizar total. Então teria que morar em um lugar mais distante, o que afetaria na qualidade da minha vida. Fora que comprar um imóvel é literalmente sentar em cima do patrimônio que não vai render juros compostos… O que eu acho legal de morar de aluguel é justamente a mobilidade. Meu marido tem prestado concursos para ser pesquisador, e com isso, não compensa comprar, pois nem sabemos onde iremos morar daqui a alguns anos. Outro exemplo legal é que o terreno na frente de onde moramos foi vendido para uma construtora. E adivinha? Vão construir um prédio enorme e nem sabemos se o sol vai bater nas janelas da sala e do quarto. O primeiro pensamento que veio na minha cabeça foi: “ainda bem que eu moro de aluguel. Qualquer coisa eu me mudo daqui.” rsrs. Abraço.

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  7. Olá Yuka,
    Tendo 55 anos e sou funcionária pública aposentada (executivo federal). Nunca tive um grande salário, mas já foi bem melhor do que hoje. Meu marido ganha bem menos que eu (aposentado pelo INSS), mas como nunca fomos de gastar horrores sempre tínhamos umas economias. Meus filhos nunca tiveram roupas de marca, brinquedos caríssimos e tal, mas estudaram em escola particular no ensino médio e se formaram em universidade federal. Sempre que comprávamos um carro (sim, em Brasília carro é praticamente item essencial) era usado e à vista. Quando meus filhos foram comprar o deles fizeram da mesma forma, seguindo nosso ensinamento. Hoje em dia está um pouco mais difícil guardar uma boa parcela do salário porque, além de tudo estar muito caro, plano de saúde em nossa idade é caríssimo. Mas mesmo assim a gente continua guardando um pouco e temos uma boa quantia para emergências. Outro dia meu marido perguntou se não seria bom trocarmos de carro (o nosso é ano 2008) porque ele já estava começando a apresentar vários problemas. Fui contra porque não precisamos de um carro mais novo do que esse para andar somente na cidade e não acho que vale a pena tirar 20, 30 mil da poupança, na atual conjuntura, para ter um carro mais novo. Ainda mais que estamos aposentados agora e andando bem menos. O que fizemos? Mandamos para um boa revisão. Gastamos um bocado, mas com isso ele durará mais uns dez anos, pelo menos kkkkkk. E assim vamos vivendo nesses 36 anos de casamento. A sorte é que nós dois somos controlados. Vejo muitas pessoas, família e amigos, que ganham muito, mas muito mais do que a gente e que não tem um centavo economizado. Só sinto que hoje em dia está muito mais difícil porque tudo está muito caro. Os itens de alimentação/higiene, então, nem se fala. Além do plano de saúde, é o que está mais pesando no nosso orçamento.
    Um Abraço,
    Cláudia

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    1. Oi Cláudia, tudo bem? A sua forma sensata e pé no chão de lidar com as finanças deu frutos rsr. Seus filhos aprenderam com você. Deve dar um orgulho danado. Minhas filhas ainda são pequenas, mas não vejo a hora de poder ensinar essas coisas para as duas. Concordo com você quando fala que atualmente está mais difícil guardar dinheiro… eu mesma acho que tive muita “sorte” em ter poupado no momento certo (desde 2010). Vejo que a cada ano que passa, o cerco vai se fechando cada vez mais, as coisas vão ficando cada vez mais caras, e por mais que a inflação (IPCA) dê um valor, a minha inflação pessoal é sempre muito mais cara. Junta isso que os planos de saúde não respeitam o consumidor e fazem aumentos abusivos… é de assustar, né? Um beijo!

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    1. Oi Luana, a nossa vida corrida faz com que a gente não tenha muito tempo para pensar, nem para questionar, então sim, como é bom descobrir o real sentido da vida. Um grande beijo.

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  8. Yuka, esse texto me fez refletir bastante.
    Parece que fomos treinados pra ser pobres e pra sempre estar consumindo, adquirindo coisas, sem precisar…
    Parece que se você não tem bens materiais, você fracassou na vida. Mas depois que você adquire, parece que fica preso a essas coisas!

    Quando eu li a palavra “chácara” lembrei que esse é o sonho de muita gente ao meu redor. Não minto que também gostaria de morar numa chácara, mas lembrei de uma história…

    Minha madrinha, foi caseira por 10 anos numa chácara super luxuosa no interior de São Paulo. O lugar parecia um sonho! Tinha uma casa enorme, piscinas, jardins e até cachorros: 2 dálmatas! Tinha também uma casa menor, onde minha madrinha morava. Ela não precisava pagar aluguel e nenhuma outra conta referente a casa. Além disso recebia um bom salário e podia usufruir de todas as instalações da chácara e receber amigos desde que não calhasse com os dias que a dona estaria lá. O trabalho dela era apenas “cuidar” da chácara, já que havia jardineiros e faxineiras algumas vezes por semana.

    Sempre que dava eu ia visitá-la. Passava dias lá. A minha madrinha até brincava falando que eu ia mais lá do que a própria dona. E isso me chocou! Como alguém é dono de um paraíso desse e usufrui tão pouco? Minha madrinha explicou que a maioria das chácaras daquele condomínio de luxo funcionavam assim: Os donos eram muito ocupados em seus trabalhos. Usavam poucas vezes no ano, geralmente em data comemorativa… e quem passava a maior parte do tempo curtindo tudo aquilo, eram os funcionários contratados! Eu fiquei indignada! Minha batchan diria que é o ápice do mottainai! Rs… Quando eu questionei pq a dona não alugava pra terceiros e lucrava uma graninha, minha madrinha disse que aquele condomínio tinha regras rígidas e limites de visitantes. Fora que ela não precisava desse dinheiro. Outro fato que me chocou, é que ela disse que só usavam a piscina, no máximo 2 vezes no ano! Estava mais pra artigo decorativo.

    Conversando com algumas amigas que possuem chácara ou piscina em casa, a maioria me disse que usufruem bem pouco. Resumindo: possuem algo incrível, que exige gastos altos de manutenção e limpeza, pra usar raramente. Isso me faz lembrar claramente do seu texto sobre usufruir sem possuir. Monja Coen também já falou sobre isso. Achei legal quando ela disse que vitrine de lojas é um tipo de arte. Pagam horrores pra designers montar as vitrines da Oscar Freire, por exemplo. E que arte foi feita pra admirar! Achei genial, nunca tinha pensado dessa forma! Admirar, sem adquirir.

    Enfim, compartilhei tudo isso com vc, pq seus posts me fazem refletir muito e como sempre: me inspira!

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    1. Oi Tiemi. Essa história que você contou deve ser a realidade para maioria das pessoas. Conheço algumas pessoas que possuem casa de praia, casa de campo. Só que passa a semana toda aqui trabalhando e só vai curtir a casa alguns dias por mês. Fico sempre imaginando, será que vale a pena? Será que não valeria mais a pena economizar todo o dinheiro (da compra, da reforma, dos móveis, dos eletrodomésticos, da manutenção, dos impostos…) e viajar para algum lugar novo? É que hoje virou chique falar que tem uma casa de campo, uma chácara, um sítio, etc. Mas é um chique que custa muito caro. As pessoas se acham mais importantes tendo um carro do que andar de Uber, tendo um imóvel próprio do que morar de aluguel, tendo várias roupas de festa do que alugar quando precisar… Como o senhor de 64 anos compartilhou no texto, isso só vai trazendo cada vez mais responsabilidades e gastos. Um beijão.

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  9. Olá Yuca
    Texto maravilhoso, esse senhor e muito sensato. Vejo o meu pai com 82 anos morando em uma casa grande, a mamãe faleceu ano passado, eu e a minha irmã moramos em nossos apartamentos,e temos a guarda compartilhada dele rsrs a cada dia uma dorme com ele é dividimos as outras responsabilidades como médico, pagar contas, mercado, fisioterapia dentre outros. Tanto eu como ela queríamos q ele viesse morar conosco. Mas ele não aceita. Fica uma casa c todos os tipos de conta
    , cheios de moveis e p que.? Quando vi aquele armario de mamãe cheio de roupas e calçados e q muitos eu ajudei a comprar …. E fui doando e vejo que não precisamos de muito p viver, olho ao redor e não me conformo. Mas respeito a sua vontade, estamos iniciando essa conversa esse ano. Eu estou c outros pensamentos para a minha vida. Já iniciei vários projetos, diminui meu ritmo de trabalho, cuido da minha saúde que ficou muito tempo em segundo plano, desapeguei de um armário de roupas, pois trabalhava igual a ima doida p comprar, hoje só compro o que realmente preciso e estou me sentido muito m leve. quando viajo fico muito bem c uma mala e um quarto de hotel rsrs , Amo viajar, …qGuardo dinheiro e economia o para isso E uma reserva p emergências.
    E já estou pensando em morar em uma kitnet, pois moro em um pequeno apartamento q já está grande rsrs. Não quero chegar a idade do meu pai c esse apego. O interessante q ele me dá maior força rsrs. Mas ele mesmo não muda.

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    1. Oi Angel. É, acho que para o seu pai que está com 82 anos, ele terá mais dificuldades em compreender o que estamos tentando dizer. A época que ele viveu, foi um período de muita escassez para a maioria das pessoas. Então até acho natural esse apego nas coisas, de não faltar nunca. Já pra gente, que vive uma outra época, a do consumo, precisamos aprender a lidar com o excesso. Para quem ainda não vivencia o que você escreveu (“hoje só compro o que realmente preciso e estou me sentido muito mais leve. quando viajo fico muito bem c uma mala e um quarto de hotel”), é difícil entender que o minimalismo liberta. Ele nos liberta para nos preocuparmos com o que é importante. 😀 Um beijo pra você.

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  10. Oi Yuka,
    So pra dizer que adorei tudo: o texto e os comentarios. Seu blog eh extremamente rico e voce criou uma comunidade amiga e carinhosa. Vou lendo os textos e parece que conheco varias pessoas que ecrevem aqui. Obrigada por criar e dividir. Grande beijo

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    1. Oi Marília, que isso, eu que agradeço pelos comentários sempre. Sabe que eu adoro ler e comentar, né? Dá pra perceber pelo tamanho dos comentários dos leitores e os meus hehehehe. Praticamente uma conversa à parte. Um grande beijo pra você também.

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  11. Nossa, eu dou graças a Deus por já pensar como esse senhor do texto, mesmo tendo menos da metade da idade dele!!!
    Minha avó morreu há cerca de 5 anos. Deixou um apartamento para minha mãe e meu tio. Foram cerca de 3 anos para conseguir vender. Nesse período praticamente não recebeu proposta nenhuma, estava muito difícil, mesmo eles estando dispostos a vender por menos. Graças a Deus, nenhum precisava com grande urgência do dinheiro e puderam esperar. Imagina se precisassem, se estivessem com algum problema de saúde, algo que não pudesse ser adiado e ver o dinheiro ali imobilizado? Eu aprendi. Brinco que não vou deixar imóveis de herança. Quero a flexibilidade de morar de aluguel e a liberdade de ir para onde quiser.
    Ainda, vi os comentários sobre os imóveis de veraneio ou de final de semana. Moro em cidade de praia e vejo muito isso. As casas passam quase o ano todo fechadas, os donos chegam, passam um dia trabalhando para limpar tudo e aproveitam de fato por um dia ou dois (isso quando o tempo não está ruim, ainda por cima). Vão embora e quando voltam, o processo é o mesmo. Muito melhor seria investir e passar uma semana com mordomias, cada ano em um lugar. É o tipo de imobilizado que só vale a pena se a família for muito grande, se fizerem um rodízio de uso da casa que compense os gastos ou que recebam muitas pessoas e/ou aluguem parte do tempo. Fora que algumas residências sofrem com roubos, então ou tem que pagar um serviço de vigilância ou tem que ter poucos bens dentro do imóvel para não ter um prejuízo muito grande.
    Enfim, por um mundo em que mais pessoas pensem assim. E principalmente, por um mundo em que mais pessoas percebam que não é preciso fazer o que a sociedade prega como “vida de sucesso” para ser feliz, que é importante se questionar sobre o que realmente importa.

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    1. Oi Adriana, lendo seu comentário sobre a venda do imóvel da sua avó, lembrei de um imóvel que eu andei comprando como investimento. Estava em inventário e eram 12 herdeiros. Sim, 12! Era mais, mas as pessoas foram falecendo, e travando cada vez mais o inventário. Quando venderam para mim, estava a preço de banana, e o mais incrível foi ver as 12 pessoas no cartório para assinar os documentos. Eles estavam tão cansados, só queriam se livrar do imóvel antes que alguém mais falecesse e travasse novamente o inventário. Você falou de passar a semana com mordomias ao invés de ter imóveis de veraneio. Sou do mesmo time que você. Nesse mundo tão vasto, tantas cidades interessantes para conhecer, não vejo sentido de viajar sempre para o mesmo lugar, limpar a casa, cozinhar, pagar as contas… Mês passado fui para Águas de Lindóia com a minha família e fiquei em um hotel all-inclusive. Que comida deliciosa! O hotel era lindo, a piscina aquecida, o paisagismo, tudo perfeito. Prefiro assim. 😀 Beijão.

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      1. Yuka, me conta qual é esse hotel em Águas de Lindóia? Estarei de férias no próximo mês e ainda não programei nenhum passeio com o meu filho. Quem sabe, sua sugestão já não vira uma idéia?
        Beijos!

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        1. Silvana, o hotel que eu fiquei se chama Hotel Mantovani. Eu consegui um desconto pelo Groupon, paguei R$730 pelas 3 diárias, o que deu R$243 por noite para 4 pessoas (eu, meu marido e 2 crianças), com toda comida inclusa. A comida…. era divina. Me matei de tanto comer. Com certeza voltarei nesse hotel em breve. A cidade é bem pequena, mas valeu a pena por causa da hotel. Se for só vc e seu filho, o preço vai ficar bem mais em conta. Beijos.

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  12. Olá, Yuka!

    Muito legal você ter compartilhado conosco esse texto!
    Ele vai bem na linha daquilo que os meus pais têm vivido há alguns anos, o que representou uma mudança muito positiva para eles.
    Mas é bem interessante como muitas pessoas são incompreensivas em relação às vantagens dessas escolhas. Veja o que aconteceu com minha família: há alguns anos, meus pais decidiram deixar de morar em uma casa grande num bairro movimentado e se mudaram para uma casa pequena num bairro tranquilo e mais afastado do centro da cidade. Foi uma escolha deles, plenamente consciente. Acontece que, ao contar para os amigos, eles precisaram explicar bem enfaticamente isso, porque as pessoas simplesmente achavam que eles estavam passando por uma fase difícil do ponto de vista financeiro e que a mudança era um “sacrifício” que eles necessitavam fazer.
    A ideia de que a adesão a um estilo de vida mais econômico ocorre apenas por necessidade ainda é bem difundida em nosso mundo… E é muito bom que haja exemplos de uma nova visão apresentando uma alternativa para quem sente desejo de mudança!

    Um abraço!

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    1. Oi Rafaela, interessante a experiência dos seus pais e principalmente o fato das pessoas ao redor deles acharem que estavam passando necessidade. Nos EUA é até comum fazer o “downsizing” tanto nas empresas como na vida pessoa. O termo é bastante usado em empresas e “é uma técnica conhecida em todo o mundo e que visa a eliminação de processos desnecessários que engessam a empresa e atrapalham a tomada de decisão, com o objetivo de criar uma organização mais eficiente e enxuta possível”. Ou seja, a ação é espontânea com o intuito de tornar a vida mais eficiente. Infelizmente a visão que as pessoas têm é justamente essa que você detalhou… de escassez, de necessidade, de sacrifício. Quando as pessoas aprenderem que não precisamos nos afogar em excessos, a vida se tornará muito mais fácil e prática. Um beijo.

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