Auto-Conhecimento

Trabalho: como escolher o seu

ikigai-o

A leitora Cláudia me pediu um post sobre como escolher um trabalho legal, que se encaixe com os nossos valores.

Apesar da pergunta ser difícil de responder, vou compartilhar com vocês a minha opinião sobre esse assunto.

Eu sempre quis ser veterinária desde criança. Eu era a criança enlouquecida que corria atrás dos gatos, pombas, cachorros, peixes etc. Tenho uma coleção de fotos que tirei ao longo de toda a minha vida, durante as viagens que fiz. Tenho fotos com jacaré, nadando com boto cor-de-rosa, tirando uma selfie com um caranguejo azul, penteando o “cabelo” do pônei, dando frutas para um macaco, guaxinim, e por aí vai. E por causa dessa paixão, quando era mais nova, fui trabalhar em uma clínica veterinária que tinha um pet shop acoplado. Pois bem, como era de se esperar, a realidade era bem mais dura do que eu imaginava. A clínica onde trabalhei (e adotei a minha falecida cachorrinha que viveu por 19 anos), tinha uma postura exemplar: uma médica veterinária carinhosa, humana e que por isso mesmo adotava (ou sacrificava em último caso) todos os animais que eram abandonados na frente da clínica.

Eu chegava na clínica e começava a tremer quando via uma caixa de papelão bem na porta de entrada. Eu sabia que tinha algo vivo ou morto lá dentro. Em uma das dezenas de casos de abandono, a médica havia adotado uma cachorra da raça doberman (para quem não conhece, é enorme) que havia levado um tiro na coxa e tinha virado paraplégica, ou seja, não movia mais as pernas. Era o meu papel limpar o curativo (que nunca cicatrizou), levantar a cachorra pesadíssima pela barriga e dar uma volta pelo quintal para que ela pudesse passear, interagir com os outros cachorros, fazer as necessidades etc. E a duras penas eu percebi que a profissão, como tantas outras, era muito mais difícil na prática do que na teoria.

A própria cachorra que eu adotei, a Gutinha, tinha nascido com um problema nas pernas, nasceu sem mover as pernas, e por esforço da médica que fazia hidroginástica e massagem diariamente, passou a andar tortinha. Ela havia sido adotada 5 vezes (por ser de raça), e foi devolvida as 5 vezes para o pet shop. Dava para ver a dor da rejeição nos olhos dela. Até que eu fui a sexta e última dona.

Foi nessa época que eu desisti de ser veterinária, e escolhi ser bibliotecária. Não por amor. Mas por achar que conseguiria um emprego fácil na era da informação e do conhecimento. Apesar da profissão ter as suas vantagens, não é o que aquece o meu coração, afinal, escolhi este curso aos meus 17 anos. Nesses 20 anos, eu amadureci e hoje, me conheço melhor.

O meu emprego me paga bem, sinto gratidão por tudo o que ele me proporciona. E por ele me pagar bem, aproveito para injetar boa parte do meu salário em investimentos, para que um dia eu possa me libertar do trabalho, e descobrir o que amo fazer, mesmo se ele não der retorno financeiro, já que dinheiro não será mais problema.

Escrevi tudo isso para dizer que na verdade, não há certo ou errado. Há escolhas que deverão ser feitas. Lembro que a minha irmã mais velha me recriminou quando eu era mais nova por ter feito uma faculdade que eu achava que me daria emprego, no caso a biblioteconomia. Ela falou que eu estava escolhendo uma profissão pelo dinheiro, enquanto ela estava escolhendo uma profissão por amor. Eu nunca tive dificuldades em encontrar emprego, muito pelo contrário, sempre tive oportunidades, trabalhei em empresas boas. Minha irmã, ao contrário de mim, escolheu ser arquiteta, e não conseguiu emprego depois de formada, foi estudar e trabalhar no Japão e mudou de área de trabalho. Então são escolhas que temos que fazer.

Hoje, se eu pudesse dar um conselho para as minhas filhas, eu daria 3:

1.) faça o que ama, mas aprenda a se sustentar sozinha. Muitas vezes, fazer o que ama, pode não dar dinheiro, mas se essa for a sua escolha, tudo bem.

2.) faça o que o mercado de trabalho precisa e que pague bem. Se trabalhar bem e souber investir, em 10 anos, será livre para fazer o que ama pelo resto de sua vida.

3.) se souber o que ama, mas não tiver condições financeiras, “pause” a sua paixão e faça o que o mercado de trabalho precisa. Trabalhe bastante e poupe bastante para somente depois fazer o que ama.

Para as pessoas que já nascem sabendo que querem ser médicos, engenheiros, artesãos, atores, empreendedores, acredito que a primeira opção é a melhor escolha. Para os que não sabem o que querem, ou que não encontraram a paixão (que era o meu caso), a segunda opção pode ser a melhor escolha. Eu, sem querer, acabei fazendo a escolha certa: eu escolhi a segunda opção. Aos 17 anos, eu não sabia o que gostava, quais eram as minhas paixões. Na verdade, tenho diversas paixões, o que complicava ainda mais a tomada de decisão.

A escolha será sempre unicamente da pessoa. Como disse anteriormente, não há uma receita mágica, nem certo ou errado. Basta somente compreender que para cada escolha feita, diversas renúncias deverão ser feitas.

Faça a escolha que fizer mais sentido para você.

~ Yuka ~

42 comentários em “Trabalho: como escolher o seu

  1. Muito bacana o seu texto.Como vim de uma família muito pobre e tive um educação formal ruim, acabei fazendo licenciatura em geografia.Escolhi por ser um curso que me empregaria e não seria caro cursa-lo.Estou a 8 anos trabalhando infeliz.Comecei ganhando muito pouco e passando por todos os desafios da profissão: trabalhar em escolas publicas emprovisadas em casa,alunos que andam armados etc.Não mudei de profissão pois não conseguia nada fora e preciso da grana para viver e por pagar pouco sempre tive que trabalhar 3 turnos.Desde o ano passado estou me virando e trabalhando menos e fazendo um faculdade EAD para sair.

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    1. Oi Marcela, como eu entendo sua opção de ter escolhido geografia. Eu também escolhi o meu curso dessa forma. Eu escolhi por ser fácil de passar, a nota de corte era baixa e ainda tinha poucos concorrentes. Isso que você está fazendo, de cursar uma EAD é uma grande carta na manga. A gente escolhe o curso e a profissão sem saber direito como é o mercado de trabalho. Não precisamos ficar nela para sempre. Enxergo que a profissão atual serve para pagar as contas. Mas a gente pode estudar (à noite, na hora do almoço, no trânsito, etc) para tentar mudar algo na nossa vida. Se é fácil? Com certeza absoluta não é. Mas a alternativa que está nas nossas mãos é analisar opções para sair de onde estamos atualmente. Parabéns! Beijos.

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  2. Yuka! Esse texto é maravilhoso. Como sempre, você expõe suas ideias de forma clara, objetiva e muito sensata. Interessante ver como você encara de maneira positiva algo que pode ser uma frustração eterna para outros (a escolha de uma profissão que não se ama). Muito me identifiquei com seu texto e você sabe o porquê. Olhar as coisas a partir de outros pontos de vista é a essência para ter uma vida “mais leve e sem pressa”. Você tem esse dom; eu aprendo com você. Muito orgulho de ser sua amiga. Um grande beijo.

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    1. Oi Thaís, pois é, hoje, você tem paz e tranquilidade para correr atrás dos seus sonhos, mesmo tendo um emprego que não ama. Também tenho orgulho de ser sua amiga! Não esqueci de marcar nosso encontro para ir para sua casa heim. Beijos pra você.

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    1. Oi Estevam, que honra!!! Ah, se quiser colocar, tem mais uma opção… lembrei com o comentário da Marcela. São as pessoas que precisam trabalhar com urgência, ou porque precisa sair de casa por diversos motivos, ou porque vêm de uma família muito humilde e precisa ajudar em casa, ou porque vêm de uma família humilde e por isso mesmo não tem condições de fazer o que ama (muitas vezes o curso que a gente quer ou é muito caro – caso da Marcela, ou a nota de corte para prestar uma faculdade pública é muito alta – como no meu caso). Para essas pessoas, eu aconselharia fazer algo fácil de passar só para ter um ensino superior (mesmo sabendo a profissão que ama), e deixar “pausado” a paixão somente para entrar no mercado de trabalho. E depois que juntar dinheiro suficiente, correr atrás dos sonhos. Acredito que para a maioria de nós, essa é a realidade. Beijos.

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  3. Não é fácil aos 17 anos ter que escolher uma profissão para seguir o resto da vida. Desde pré adolescente queria ser dentista e fiz vestibular para odontologia e, para minha surpresa, passei de primeira em universidade federal! Então nem pensei mt, a felicidade e satisfação era tanta que fui em frente e comecei odonto com 17 anos. Logo no 1 período foi um choque! Os cursos da área da saúde são muito pesados (Com razão) e exigia dedicação exclusiva, tinha que estudar de madrugada para dar conta de tudo! Ao longo do curso comecei a me questionar se eu realmente queria ter aquela profissão pelo resto da vida, não pq o curso era puxado mas pq eu não me identificava com a maioria das matérias. Foi então que no 3 período tranquei o curso para voltar a estudar pra vestibular, ainda nem sabia o que queria mas meus pais me deram o maior apoio enquanto dezenas de pessoas me chamaram de louca! Ao mesmo tempo que estudava pro vestibular eu pesquisava sobre profissões e vi que meu perfil se adequava melhor à área de humanas. Fiquei em dúvida entre Direito e Comunicação social mas acabei escolhendo Direito por ter mais oportunidades de trabalho. Depois de menos de um ano estudando, novamente passei no vest para Direito na mesma universidade federal. Hoje vi que foi uma das melhores decisões que tomei na vida pois adorei o curso e, apesar das dificuldades do começo da carreira, hj não me imagino fazendo outra faculdade. Meu trabalho é MT desgastante mas me sinto muito útil à sociedade e sou bem remunerada. Eu espero ter com a minha filha a mesma compreensão e dar o mesmo apoio que os meus pais me deram na difícil fase de decidir a profissão!

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    1. Oi Maria, é muito complicado mesmo escolher uma profissão que determinará o nosso futuro pelo resto de nossas vidas. Eu percebo isso em mim, hoje, mãe de 2 filhas, sinto que é muito mais difícil mudar de profissão. Mas infelizmente, naquela época, é o que eu podia fazer, era o que estava ao meu alcance. Eu acho muito mais produtivo um adolescente ter experiências (viajar, trabalhar, fazer bicos) para descobrir o mundo com os próprios olhos e a partir disso escolher algo que gosta. Um adolescente de 17 anos, dificilmente tem experiência suficiente para tomar uma decisão tão importante na vida que é a profissão. E por experiência própria digo como é difícil mudar de profissão. Não é impossível, mas é muito difícil, dá medo de dar errado, e ainda tem o peso das responsabilidades (alimentar os filhos, pagar as contas de aluguel, luz, etc). Seus pais foram muito gentis e compreensivos, e por isso mesmo você está reescrevendo a sua história, se encontrou na profissão, e fico muito feliz por isso. O dia que minhas filhas tiverem idade suficiente, espero que eu tenha discernimento e empatia para fazer o mesmo que seus pais fizeram com você 🙂 . Beijos.

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  4. Marcela, gostei de conhecer sua história, ela é exatamente como a minha. Eu escolhi uma profissão por ser fácil de entrar em faculdade pública, me daria retorno financeiro mais rápido e, na época,eu não tinha condições de ficar pagando cursinho para poder escolher outra coisa. Apesar de já trabalhar desde os 16 anos, desejava fazer e ter minhas coisas, porque a situação financeira em casa não era nada boa. Só que eu não tinha essa clareza de visão da Yuka e passei muitos anos frustrada. Embora eu tenha conquistado muitos frutos ao longo desses anos, demorei para enxergar as coisas a partir de outra perspectiva. Hoje eu tenho um cargo público muito bom, com uma jornada de trabalho sossegada e tenho condições financeiras que me permitem fazer outra coisas. Hoje estou fazendo cursinho e vou fazer outra faculdade. Quero ter a sensação de voltar ao passado e poder fazer a escolha que eu quero e não mais a que preciso. A trajetória não é fácil, mas a madureza me deu a tranquilidade para seguir esse caminho. Tenho certeza de que conseguirei. Um beijo

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  5. Yuka, acompanho o seu blog há alguns anos e quero te parabenizar por esse belíssimo texto! Me identifiquei muito com o comentário da Marcela. Vim de uma família de classe baixa e totalmente disfuncional. Escolhi o curso de Letras por ser na minha cidade, perto da minha casa, não via outra opção na época. Amei o curso, mas o mercado de trabalho é muito ingrato. Hoje não trabalho na área, cuido integralmente dos meus filhos, e quando eles começarem a ir à escola, não sei como vou fazer, já que não quero ir para essa área. Yuka, os conselhos que vc dará às suas filhas são os que quero das aos meus. Acho, na verdade, que nunca vou saber o que realmente gosto de fazer, minha paixão. Agora quero pensar em algo que me paguem bem, pois sinto que mereço isso. Ser professor no Brasil, infelizmente, é, na maioria das vezes, ser miserável e estar trabalhando 24 horas todos os dias. Um grande abraços para vcs!

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    1. Oi Jane. Sim, o curso de letras, como o curso de geografia, matemática, biblioteconomia, são cursos que são relativamente baratos e fáceis de entrar. Eu PRECISAVA sair de casa, para manter a minha integridade física e mental. Biblioteconomia foi a saída. A minha sorte é que passei em um concurso público que me paga relativamente bem. Uma coisa que eu não pensava, e hoje passei a pensar, Jane, é que dependendo do trabalho, não precisamos fazer uma nova faculdade. Por exemplo, uma das coisas que eu tenho vontade de fazer é trabalhar na área de decoração/reforma de apartamentos extremamente pequenos, kitnets, no caso. Eu não preciso fazer fazer faculdade de arquitetura, decoração de interiores se eu não quiser. Posso fazer um curso tecnólogo, ou até mesmo se eu tiver talento (isso eu já não sei se tenho rsrsrs) posso botar a mão na massa sem ter curso algum. Talvez um curso tecnólogo já atenda a suas necessidades. Um grande beijo para você.

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  6. Oi Yuka. Assunto muito bom e atual. Depois de terminar o ensino medio ganhei uma bolsa de 50% para o curso dos meus sonhos mas meus pais não tinham condições de pagar e eu tinha 17 anos e não conseguia pagar. Fiz então outra faculdade mais barata mas não sou realizada profissionalmente. Depois de 7 anos entrei na tão sonhada faculdade mas tive que trancar por condições financeiras. Mas ainda tenho esperança de voltar a minha faculdade pra poder me sentir realizada e poder ajudar os outros que é o grande motivo de ter escolhido essa faculdade.

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    1. Oi Raika, a sua realidade é a realidade de muitos. O sonho precisou ser apenas adiado, mas não desistido. Quando chegar o momento certo, você irá terminar sua faculdade dos sonhos e se sentir muito feliz pessoalmente e profissionalmente. Minha mãe também não tinha condições de pagar uma faculdade particular, fora da minha cidade. Mas eu precisava sair de casa, então a opção era fazer faculdade pública. Como eu sempre estudei em escola estadual, tinha plena consciência de que não ia conseguir passar nos cursos mais concorridos como engenharia, jornalismo etc. Foi aí que veio o curso de biblioteconomia. Apesar de você não se sentir feliz profissionalmente, não desista de guardar dinheiro todos os meses. Esse será o seu passaporte para conseguir fazer a faculdades dos seus sonhos. Beijos.

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  7. Nossa, me identifiquei com o comentário da Marcela e com seu texto!! Eu me formei em letras pq era o que dava pra passar na época, escolhi uma universidade pública, longe de casa pois era necessário, minha família é paupérrima e não tinha condições de pagar nem meu aluguel se não fosse o bolsa família que minha mãe recebia do governo, comida eu me alimentava com 20,00 por semana, ia a pé pra faculdade, foi muito complicado, depois fui morar numa residência universitária e consegui terminar meu curso. Só que quando terminei o curso passei pela mesma desilusão da Jane e não consegui suportar o mercado de trabalho. Comecei a estudar pra concurso e passei em um pra auxiliar de biblioteca numa IFES e conheci a biblioteconomia e simplesmente me apaixonei, AMO biblioteconomia, tô fazendo o curso a distância e tô muito feliz!! Eu pago meu curso com muita felicidade, pretendo fazer concurso de nível superior como bibliotecária. No meu caso eu nem penso em me aposentar, quero ficar bem velhinha dentro da biblioteca, ou quem sabe dando aulas de biblioteconomia… Eu fico dizendo não sei como é que uma área do conhecimento pode ser tão linda.

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    1. Oi, rsrs pra você ver que cada um tem que ouvir o próprio coração. Enquanto uns querem largar a profissão, outros estão correndo atrás da mesma profissão. Você está certíssima em correr atrás, preste sim um concurso (é onde se paga os melhores salários) e tenho certeza que você será muito dedicada e feliz. Beijos pra você.

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    1. Oi Karol, quem faz o curso de biblioteconomia está apta para trabalhar em qualquer lugar que tenha informações, desde área jurídica, aviação, universidade, etc. A gente faz a gestão da informação, catalogando desde livros, revistas, até bases de dados e normas técnicas. É uma especialidade que apesar de parecer restrita à gestão de bibliotecas, é bem ampla, podendo exercer cargos como gerente de informação, biblioterapeuta, organizar arquivos de imagens da Globo, Record entre outros. Beijos.

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  8. Oi Yuka, tudo bem?
    Obrigada pelo texto, parece que veio na hora certa para mim! Estou pensando em fazer coaching para repensar meus caminhos profissionais.
    Queria ter tido a clareza que você, Marcela e Thais tiveram ao escolher o curso para prestar vestibular. Hoje eu vejo como fiz uma escolha superficial, sem ter pensado em pesquisar o mercado de trabalho e analisar meu perfil tão introspectivo. Eu tinha 17 anos, prestei vestibular para Publicidade e Propaganda e saí de casa cedo. Por um lado, foi muito bom para meu crescimento e amadurecimento. Comecei a trabalhar cedo e assumi várias responsabilidades morando sozinha. Hoje, tenho 35 anos e estou querendo fazer coaching, porque estou meio perdida sobre o que quero fazer realmente. Os caminhos foram me levando para uma área profissional que envolve gestão de projetos, que até gosto, mas estou em um ambiente de trabalho com pessoas muito diferentes de meu perfil. Sou introspectiva e até hoje me pergunto porque é que fui escolher um curso de comunicação! rsrs Acho que esse processo vai me ajudar no autoconhecimento e a pensar nas mudanças que devo ou não fazer.
    Ao mesmo tempo, estou em uma fase da vida em que quero engravidar, por isso, uma mudança muito brusca pode ser arriscado demais…
    beijos

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    1. Oi Tati, que fique claro, eu não tinha clareza não rsrsrs. Não aos 17 anos. Você tinha que ver como escolhi a minha faculdade através do Guia do Estudante. Primeiro fui descartando todos os cursos que tinham Exatas e Biológicas na prova do vestibular. Sobraram as Humanas. Dentre as Humanas, descartei todas que tinham nota de corte alta e as concorridas. Sobraram poucas… Lembro de Letras (que descartei porque tinha muitas dificuldades na escrita), Ufologia (sério!!!), mais alguns cursos e finalmente a Biblioteconomia. Aos 17 anos, a gente não se conhece, a gente quer ser incluída nos grupos dos amigos, temos medo da rejeição, mudança do corpo, enfim, são muitas novidades. A gente escolhe achando o que é legal, sem nem ao menos saber como é o trabalho na real. E vou te falar que escolhi Biblioteconomia, sem nem ao menos saber no que podia trabalhar. Talvez por falta de orientação, talvez por ingenuidade. Tem um livro que eu li, Dinheiro e Vida da Vicky Robin, que fala um trecho muito interessante. Ele fala que não podemos pensar que “somos” algo, mas que “estamos” algo, porque assim, tendemos a querer melhorar, mudar o status. Foi aí que eu entendi que eu não era bibliotecária. Eu estava como bibliotecária para alcançar os meus sonhos. Podemos dizer a mesma coisa para você. Você está. Você não é. Sabendo isso, o nosso coração se acalma, pois você terá todo o tempo do mundo para descobrir a sua verdadeira missão. E não vai ter problema nenhum se isso for feito de uma forma devagar e contínua, depois que você engravidar. Beijossss

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  9. Sou de uma família muito humilde e precisei desde cedo ajudar com as despesas da casa, quando conclui o ensino médio a primeira coisa a fazer foi encontrar um emprego em horário integral, (trabalhava meio período durante os estudos, pois não queria estudar a noite pelo baixa qualidade de ensino, ainda mais publico.), então a noite ingressei num curso técnico em ADM, de dia trabalhava como vendedora, através do curso técnico, consegui um estagio numa empresa, após o estagio fui efetivada e passei a ganhar melhor, verifiquei que a empresa era carente na área de contabilidade, consegui organizar melhor as contas e fui fazer a faculdade de Ciências Contábeis. Era meu sonho? Não! Me sinto verdadeiramente realizada? Não!, mas aprendi a gostar do que faço, e não acho um fardo, agradeço pela possibilidade de viver melhor, hoje sou bem reconhecida pelo meu trabalho e elogiada pela qualidade dele… Penso sim em ainda fazer algo que seja de verdade me realize (Pedagogia)… mas sinceramente, como hobbie num primeiro momento, a segurança que meu trabalho me proporciona hoje é muito importante pra mim e pra poder dar a minha filha o privilegio de poder escolher sua profissão, não é luxo, apenas a possibilidade de escolha que eu não tive!

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    1. Oi Adriane, adorei seu comentário. A sua realidade é a realidade de muitos brasileiros (inclusive a minha), a maioria de nós trabalhamos pela necessidade, para ajudar em casa, é uma vida de várias batalhas. Meu marido andou lendo os comentários deste post e ele disse que entendeu pela primeira vez porque nesse blog não tem haters: porque são pessoas como você e eu, de origem humilde, que estão construindo ou construíram sua vida de baixo, tijolo por tijolo. São pessoas que possuem empatia, o amor ao próximo, estendem a mão para o outro que está do lado. Eu te entendo muito quando você fala que “a segurança que meu trabalho me proporciona hoje é muito importante pra mim e pra poder dar a minha filha o privilégio de poder escolher sua profissão”. Sinto exatamente isso também. Não é a profissão que amo, mas faço bem feito, tenho orgulho de ter chegado onde cheguei. Um dia, quando estiver pronta, sairei daqui para ter tempo para descobrir o que amo fazer. Beijos.

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  10. Oi Yuka!

    Muito obrigada pela atenção! Fico feliz em ler sobre esse assunto por aqui.

    Gostei muito da sua forma de pensar e exemplificar – acho que fica muito mais fácil de entendermos – Tenho certeza que seu texto ajudou muita gente (dá pra ver pelos comentários) e eu sou mais uma dessas pessoas. Vou guardar suas palavras com carinho e tentar colocá-las em prática.

    Obrigada novamente pela ajuda e por atender seus leitores hehe ♥

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  11. Leio seu blog há anos, e fiquei surpresa em saber que é bibliotecária (também sou) e ver um pouco da sua relação com a área (como a minha) 🙂 Ótimo post – não vou me adentrar em cada conceito e ideia senão passaria hoooras falando, rs!
    Abraços grandes, é um prazer te ler!

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  12. Oi Yuka.
    Justamente quero fazer biblioteconomia. Apenas aguardando o curso ead pela Uab. Porém, não tenho certeza se vou gostar na prática. Sou formada em TI. Mas não gosto da área. Tb adoro psicologia. Mas não me vejo trabalhando na área. Então o que me restou foram os concursos. E estou nessa até finfluente me encontrar. Até pretendo fazer terapia. Acho que ajuda. Mas no fim. Nenhuma certeza de nada, nos meus quase 30 anos. :/
    Bjos

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    1. Oi Pam, acho válido a sua tentativa de fazer o curso. Depende muito de cada pessoa, há pessoas que gostam da área, pessoas que odeiam, pessoas que tanto faz. Eu não odeio a área, só acho que poderia aprender mais coisas novas se eu tivesse mais tempo. Na teoria, toda profissão é muito linda, mas na prática, a gente passa a enxergar a sujeira escondida por baixo do tapete. Por isso o jeito é procurar algo que gosta, aos poucos, ou pelo menos ter a oportunidade de descartar o que não gostou. Beijos.

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  13. Oi, ótimo texto 😊 Vou resumir como foi comigo. Coloquei na minha cabeça que queria jornalismo com uns 11 anos. Nunca cogitei outra coisa pq quando eu colocava algo na cabeça não tirava por nada (o que muitas vezes não é bom). Consegui bolsa 100%, trabalhei na área e até gostava, mas não tanto assim. A maioria dos jornalistas não trabalha na Folha, Veja ou Globo. Pega trabalhos em jornais da cidade e cobre eventos de igreja. Não me sentia realizada. Comecei a fazer trabalhos de publicidade e gostei bem mais… Mas descobri meu propósito pouco tempo atrás. Quero trabalhar com organização /consumo consciente / minimalismo… É isso que me realiza, sei fazer, da dinheiro e o mundo precisa. Justo o que eu já fazia desde criança, mas nunca tinha levado isso a sério. Nem sabia que poderia ser profissão. Beijos e obrigada pelo texto!

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    1. Oi Rosana, nossa, você é uma exceção em saber o que queria aos seus 11 anos rsrs. Mas é como eu disse no texto, a gente vai amadurecendo, e passamos a descobrir outras paixões. No seu caso, jornalismo, depois publicidade, e depois personal organizer. O auto-conhecimento e amadurecimento faz a gente se conhecer melhor e muitas vezes com isso, a profissão amada também vai mudando. Descobrir a profissão que ama deve ser muito bom, imagina poder trabalhar, sem sentir que está trabalhando? Espero um dia encontrar a minha também. Beijos.

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  14. Gosto da visão de Carl Newport:

    não siga sua paixão, mas descubra quais habilidades pode desenvolver a um nível superior;
    seja muito bom no que faz, pois a paixão se segue à maestria, e não o contrário;
    não espere promoções, já que se aprimorar leva tempo; e
    pense pequeno, mas aja grande, pois o que realmente importa não é achar o emprego certo, e sim descobrir como você pode ser bom em qualquer emprego.

    Em resumo, o que você faz para viver é menos importante do que como você o faz.

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  15. Eu comecei a faculdade com 31 anos, coisa que sempre sonhei em fazer, mas nunca tive oportunidade. Minha vida foi complicada, por muitos anos sofrida. Meus interesses foram mudando com o tempo e hj gosto muito do curso que faço que é Nutrição, estou no terceiro ano, mas penso que nenhuma profissão nos realiza 100%, penso que é ilusão. Já vejo muitos desafios da profissão antes mesmo de me formar, mas temos que tentar fazer o melhor que pudermos…

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    1. Oi Silvia, você explicou bem “nenhuma profissão nos realiza 100%”. Concordo com você. Toda profissão tem o ônus e o bônus. Sobre sua faculdade de nutrição, parabéns, é sempre muito bom realizar sonhos. Beijão.

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  16. Oi Ylka. Não entendi uma coisa: afinal, vc trabalha na área do seu curso superior ou fez concurso pra outra área?
    Eu fui criada em Curitiba, como toda capital, há muitas possibilidades. Mas moro em cidades pequenas de interior há nais de 12 anos. Percebo que aqui as coisas mudam de figura. As pessoas lutam e trabalham muito mais que na capital ganhando muito menos. As vagas de emprego são excassas.
    Então, se eu tivesse um filho pra orientar, diria o seguinte:
    Se sua intenção é morar fora daqui, faça o curso que quiser.
    Mas se sua intenção é continuar por aqui, procure algum curso que te possibilite trabalhar tanto como empregado, quanto como autonomo. Assim, nunca estaria totalmente desempregado.
    Ex: tecnico de enfermagem, cuidador, padeiro, confeiteiro, cabeleireiro, vendedor, tecnico em.eletronica, etc…
    São só exemplos de profissões que não
    dependem de um emprego formal. Podem ou não ser registradas/concursadas.
    Quem mora em cidades pequenas entende bem essa situação.

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    1. Oi Cíntia, sou concursada na área da minha formação acadêmica. Sabe que essa história da nova previdência tem me assustado um pouco. Imagina a cena: nós, velhinhas tendo que trabalhar, tirando vaga dos jovens. Sim, porque a nossa expectativa de vida está aumentando e com a constante automatização dos processos, cada vez mais terá menos vagas, mas a busca será cada vez maior. Um empregador não terá dúvidas no momento de escolher… um jovem com salário inicial baixo ou uma pessoa mais velha com salário 3 vezes mais alto. A consequência é que seremos demitidos pois não teremos empregos para todo mundo e no final, não conseguiremos nos aposentar. Talvez eu fale para a minha filha escolher o que o mercado de trabalho está precisando… Que sinuca de bico. Beijos.

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