Minimalismo

Sobre os excessos comportamentais da vida

excessos

Um dos excessos que tem me incomodado, além do consumismo, são os excessos comportamentais.

Na política, vejo muitos colegas que se tornaram “grandes jornalistas e críticos”, com opiniões fortes, muitas vezes intolerantes. Não me importo se é de direita, centro ou esquerda, eu não vejo diferença entre eles em relação ao comportamento extremista. A pergunta que sempre me vem na cabeça é: além do discurso bonito, o que tem feito para mudar este país?

No veganismo, quem come carne, usa sapato e bolsa de couro tornam-se “assassinos”. Se a pessoa ama ou odeia carne, acho importante saber respeitar a opinião do próximo.

No minimalismo vs consumismo, têm pessoas que amam fazer compras, da mesma forma que há as que preferem não comprar nada (mesmo precisando). Cada um sabe as dores do bolso e da alma, já que muitas vezes, o consumismo nada mais é do que a necessidade de preencher um vazio.

Há ainda as altamente fitness. Não comem bolo, não tomam suco com açúcar, trocam a farinha branca pela integral, biomassa de banana, mas não queira que eu mude a minha alimentação.

Tem os religiosos fervorosos. Opinam sobre qual religião devemos ter e se não estivermos alinhados, ouve-se indiretas para tentar nos convencer. Mal sabem que isso só afasta as pessoas.

Há também os workaholics que trabalham 12 horas por dia, e acham que as pessoas que não fazem hora extra, valem menos. Temos vida fora do trabalho.

Tem gente que é viciado em exibir a “vida perfeita” nas redes sociais. Já não importa se é verdade ou mentira. O que importa é parecer feliz.

E tem aquelas pessoas que gostam de palpitar a vida dos outros, de como devemos educar os nossos filhos, como devemos nos comportar como pais. Será que não sabem que cada filho é de um jeito?

Se você faz algo deste tipo, cuidado. A sua verdade pode não ser a verdade para a realidade da outra pessoa. Cada um carrega uma história de vida, e as experiências individuais contam muito.

Tem uma frase que eu carrego comigo:

“Não use a minha verdade como sua verdade, pois viemos de realidades diferentes.”

Isso inclusive, serve para as coisas que escrevo aqui no blog. Aqui, eu compartilho a minha visão e a minha experiência. Tenho certeza que muitas das coisas que faço, não funcionaria na realidade de muita gente. E tá tudo bem.

A compreensão sobre o conceito de ser diferente, deveria ser abordada com mais frequência. Eu mesma mudo de opinião a todo momento, o que era bom hoje, amanhã pode não ser o suficiente. Às vezes, leio um livro, e me pego pensativa, de como eu pensava diferente sobre um determinado assunto.

Ser diferente é uma característica natural do ser humano, e não invadir a realidade e experiência do outro, é um exercício diário que devemos e podemos praticar e aprimorar.

Que tenhamos sabedoria e gentileza em não colocar a nossa verdade como uma verdade universal.

~ Yuka ~

27 comentários em “Sobre os excessos comportamentais da vida

  1. Muito bom texto. A liberdade que o ser humano adquiriu com o tempo acabou se tornando uma prisão. Hoje somos livres para escolher, comer, pensar, viver. Mas cada vez mais nos fechamos em caixas mágicas que prometem a felicidade permanente. Eu gosta muito na analogia com as caixas de bombom: atualmente se vc gosta de alguns bombons da caixa amarela vc é obrigado e rotulado a comer toda a caixa. E se vc gosta de alguns bombons da caixa azul acontece a mesma coisa. Será que vc não pode construir a sua própria caixa de bombom e colocar e nela apenas os que vc gosta?
    Falta-nos o respeito com a opinião e a escolha alheia.
    E como vc, acho tão importante mudar de opinião depois que vc tem novas evidências, isso faz parte do desenvolvimento intelectual de cada um de nós.
    Excelente domingo e dia dos pais.
    Grande abraço.

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    1. Oi Gabriel, é bem isso que você falou. Quando as pessoas percebem uma tendência, logo elas querem rotular: fulano de tal é feminista, o outro é anarquista, e assim vai. Usando esse seu exemplo da caixa de bombom, é como se a gente não pudesse gostar de alguns bombons de uma caixa, e alguns outros da outra caixa, porque só podemos escolher uma das caixas. As pessoas estão com os ouvidos fechados e com a cabeça fechada…

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  2. Não há virtude nos extremos. Outra coisa que me chateia muito é o feminismo vs machismo. Há um centro pra tudo. Tambem acredito que a melhor forma de defender uma causa é “viver aquilo que se prega”, seja no veganismo, minimalismo, religião, etc, sem tentar impor aos outros o seu ponto de vista, de fato as pessoas estão cada dia mais intolerantes, falta empatia.

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    1. Oi Sun, verdade, bem lembrado! Essa questão de feminismo e machismo também está com bastante evidência nos últimos anos. Tem gente que por eu não ter carro, tenta vender o carro também. Mas a realidade das pessoas são diferentes. Pode ser que a pessoa more em um bairro perigoso e ainda volta tarde da noite, pode ser que tenha um pai idoso que precisa de cuidados, enfim, as realidades são diferentes. Falou tudo: falta empatia nos dias atuais.

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  3. Relatou muito bem mesmo, hoje em dia todos querem opinar sobre tudo, tem muita informação na internet e as pessoas já acham que são especialistas no assunto, mesmo tendo lido no Facebook. E comentam em todo lugar deixando claro suas opiniões extremistas. Você citou tudo que costumamos ter contato diariamente. Eu tento mesmo não ser esse tipo de pessoa, na alimentação principalmente, estudo nutrição e sou quase vegetariana estrita, mas não quero sair por aí ditando regras que não se aplicam a todos. Cada vez mais penso em individualidade e equilíbrio em relação a tudo. E seu blog ajuda muito nisso, te acompanho a bastante tempo, um dos poucos que ainda entro toda semana. Parabéns pelo conteúdo!

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    1. Oi Silvia, pois é, eu acredito muito que cada pessoa tem o seu tempo. Lembro que há uns 10 anos, estudei pós-graduação com uma menina que dizia não ter televisão em casa. E achei isso bem estranho. Hoje, depois de 10 anos, eu também não assisto mais televisão. Também já ouvi uma palestra de uma pessoa que ensinava como alcançar a independência financeira. Não prestei atenção. Hoje, já seria bem diferente. Então cada pessoa tem o seu tempo para questionar o consumo, a alimentação, as finanças e por aí vai. Beijos pra você.

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  4. Bom dia Yu! Assisti ao filme “o sol é para todos” e li o livro de mesmo nome, cuja autoria é da Harper Lee. Segundo ela, uma das coisas que seu pai a ensinou é que a gente nunca vai realmente entender uma pessoa até considerar as coisas do ponto de vista dela, até a gente estar na pele dela. A gente perdeu muito o senso de respeito pela opinião alheia e pela empatia, que é se sentir na pele do outro. Cada um tem uma opinião e até a evolução é diferente (às vezes uma pessoa tem essa compreensão mais cedo do que as outras). Acredito que o respeito tem que estar acima de todas as formas de relacionamento, inclusive o respeito sobre o amor. Assim a gente pode evoluir enquanto pessoa e enquanto sociedade também. Beijo grande!

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    1. Oi Mariana, sim, infelizmente as pessoas só começam a ter empatia quando passaram por problemas semelhantes. Uma coisa que ficou na minha memória em 2000, quando participei de um trote solidário, era que as pessoas que moravam em bairro de periferia doavam alimentos, alimentos esses que mal dava para alimentar os filhos, enquanto as pessoas que moravam em bairro caro, nem quiseram abrir as portas pra mim. Os pobres doam para os mais pobres porque sentiram e sentem na pele o que é fome. Beijos pra você.

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  5. Nossa Yuka gosto tanto das coisas que você escreve, são tô coerentes pra mim!

    Realmente esses dias estava vendo umas fotos não muito antigas , coisa de 5 anos atrás … E vejo como eu mudei meus pensamentos , prioridades , até mesmo pessoas com quem eu tenho contato (seja por escolha ou necessidade). Espero que essa reflexão me faça ser um pouco menos crítica e mais gentil com os outros. Beijos !

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    1. Oi Beatriz, é muito bom quando a gente consegue perceber que podemos mudar de opinião. Pessoas que possuem os ouvidos e a mente fechados, perdem muita oportunidade de conhecer novas verdades. Beijos.

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  6. E bem que se diz que o mal do século é a falta de empatia… De fato, as pessoas estão cada vez mais intolerantes com a opinião dos outros, lamentável. Ótima reflexão, como sempre =)

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  7. Bom dia Yuka! Tenho visto muito nos noticiários ultimamente, mulheres morrendo ou quase morrendo devido aos excessos de preenchimentos no corpo. Na maioria das vezes produtos proibidos ou prejudiciais a saude. Vale tudo pela beleza, ainda que internamente esteja se sentindo um lixo, por fora precisa ter o “corpo da moda”. Quando abrimos as páginas de internet, quase todas as blogueiras, famosas, artistas se parecem, a mesma boca preenchida, a maçã do rosto retirada, a sobrancelha definitiva, o peito com silicone… Não quero dizer com isso que não acho que não devemos nos melhorar esteticamente caso achemos necessário, porém vejo hoje um comportamento excessivo nessa busca pela beleza. Uma necessidade de aceitação, validação dos outros e talvez até de si mesmo. Muitas vezes meninas muito jovens que não tem a menor necessidade de “corrigir” o corpo. Hoje percebo que ter rugas, cabelos brancos, uma gordurinha sobrando é considerado pela sociedade como desleixo. Eu mesma sempre usei luzes no cabelo e me achava maravilhosa, até ficar desempregada e ter que parar por não poder mais bancar esse custo. As pessoas começaram a falar que eu era muito mais bonita loira, etc, etc, comecei a me sentir muito feia, estranha, sem identidade. Meu marido queria se sacrificar e me dar dinheiro pra eu pintar o cabelo, até que pensei putz eu nasci de cabelo liso e castanho, eu não nasci loira. Comecei a responder pra as pessoas EU NASCI ASSIM!!! E aquilo se internalizou tanto que hoje to me achando maravilhosa kkkkk e mesmo trabalhando não quero mais pintar! Que bom que somos seres mutáveis e podemos mudar de opinião sempre que acharmos necessário! Viva a liberdade e diversidade!
    Beijo grande!

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    1. Oi Camila, muito bem lembrado! Vaidade em excesso! Se a gente começa a prestar atenção, todas parecem estranhamente iguais… e esse corpo perfeito (no Photoshop), a pele lisa e sem manchas (por causa das maquiagens pesadas) faz com que milhares de mulheres se sintam feias… Muito bonito a sua história, Camila. A vida é assim mesmo, a gente vai se conhecendo melhor e nos achando cada dia mais bonita. Mas vou te falar, é porque a gente começa a ter uma cabeça melhor. Não importa se está morena ou loira. 😍

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  8. Aii já entrei em alguns rótulos nessa caminhada. Os que realmente me prenderam foram as soluções para o problema do momento. Exemplo Low Carb. Que claramente não era p mim. Porém eu quis que o mundo seguisse minha alimentação naquele momento. Também houveram documentários sobre a origem animal que me deixaram muito confusa com relação a comida. Até que cheguei em um ponto de equilíbrio.
    Hoje tenho receio de rótulos. Nao me rotulo, nem mesmo de minimalista.

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    1. É, eu entendo você, também fiz coisas parecidas. Não com o minimalismo, mas com educação financeira. Eu até hoje acho que foi o maior truque da vida kkk. Eu queria mostrar pra todos que era possível não depender do INSS, que não precisaríamos aposentar aos 70 anos. Mas algumas pessoas entenderam tudo errado. Acharam que eu não gosto de trabalhar, ou que penso só em dinheiro etc. e na verdade é totalmente ao contrário. Hoje eu nem falo mais nada, só sigo meu caminho em silêncio rs. Vivendo e aprendendo né?

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  9. Acho que esse é o primeiro post que eu não concordo totalmente. Com certeza rotulações e extremismos são errados, e opiniões devem ser respeitadas.
    Mas sobre o veganismo, você escreveu;
    “No veganismo, quem come carne, usa sapato e bolsa de couro tornam-se “assassinos”.
    Isso não é uma opinião, é uma realidade. É duro dizer isso dessa forma mas é a mais pura verdade. Só existe algo porque alguém compra. Então você é responsável por tudo que compra sim.
    Se está comprando de empresas que utilizam do trabalho infantil em países miseráveis, você está concordando com isso. Se está comprando carne proveniente de exploração e tortura animal, é porque concorda com isso. Assassino não é, mas conivente com certeza.
    *Eu não sou o tipo de pessoa que fica implicando com o que os outros comem na vida e na internet. Só converso com quem está aberto ao diálogo.

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    1. Oi Hana, às vezes eu tenho a impressão de que não iremos conseguir escapar de tudo o que gostaríamos. Falo isso porque os componentes do meu computador foram feitos na China, quem garante que não foram feitos usando trabalho escravo? Outro dia estava olhando as etiquetas das minhas roupas, eram made in Malásia, India, Bangladesh etc. Também me alimento de frutas e verduras com agrotóxicos. Sei que faz mal para o meu corpo e para o corpo da minha família, mas ainda não tenho a minha alimentação 100% orgânica. A lista é bem longa rs. Eu desisti de ser extremista em relação a tudo, pra eu não ficar paranóica, porque se começo a pensar em tudo o que pode me fazer mal, eu não ia conseguir viver. Quando posso, o que eu aconselho é: “faça o que você consegue”. E aí cada um vai fazendo o que consegue, o que está ao seu alcance.

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      1. Eu também tenho essa dificuldade em não ficar paranóica com todas as coisas que vou comprar. Porque com certeza tem várias empresas imorais que não foram descobertas, e nós consumimos dela. Mas pelo menos das empresas que já foi divulgado que fazem coisas erradas (e não mudam isso) eu não compro.
        Parar de comer carne foi bem difícil. Sou do nordeste e lá a carne é bem cultural.
        Parar de consumir leite e derivados não é tão difícil assim, já que existe leite de várias outras origens. Uma pizza vegana de quatro queijos é gêmea de outra pizza comum.
        Couro? Existe couro sintético.
        Pequenas (grandes) atitudes assim fazem a diferença.
        Eu apenas gostaria que todos se interessassem por esses assuntos, sem que esse fosse o “assunto chato”. Tipo reciclagem, economizar água, não poluir, não cortar árvores…

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  10. Eu tento ter empatia e respeitar a opinião alheia, mas existem coisas difícieis de aceitar como por exemplo a questão do consumo dos derivados do sangue: carne/derivados; leite/derivados; ovos. Qdo alguém vem com àquela conversa de “a escolha é minha” – este é apenas um dos exemplos -, fico pensando como podem continuar fechando os olhos para o sofrimento daqueles seres que não têm como se defender, pois não é uma questão de escolher um tom, um modelo, um objeto, mas entre a prisão e a liberdade; o bem estar e a tortura; a vida e a morte. Então, eu pergunto: se fosse uma pessoa, ainda assim essa questão da “escolha é minha” seria levada em consideração? E agora posso afirmar com toda a certeza: NÃO! Meus irmãos não são veganos, tenho amigos não veganos, mas confesso que às vezes me pergunto se eles realmente merecem que eu os respeite e goste deles, já que não se importam com os pobres animais que sofrem de forma inimaginável enqto eles continuam a viver suas vidas como se nada de mal fizessem.

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    1. Oi Márcia, a vida é assim mesmo, há diversas pessoas que possuem opiniões que divergem da nossa. E isso não vai mudar, porque a gente não tem o poder de mudar os outros, mas temos o poder de mudar a nós mesmos. Tolerar o diferente é um dos exercícios que podemos praticar. Percebo isso principalmente nesse período político que estamos enfrentando, há muitas pessoas que possuem opiniões diferentes da minha, mas tento ouvir e respeitar, o que não significa que eu concorde, mas respeito. Há ainda outros aspectos, como religião, ou outros assuntos polêmicos que as pessoas evitam discutir como aborto, eutanásia, pena de morte, orientação sexual, etc. O que nos resta é respeitar a opinião alheia, conversar para trocar ideias que muitas vezes não concordamos para mostrar o nosso ponto de vista. Um beijo pra você.

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  11. Yuuka! Excelente post, as pessoas deveriam saber mais sobre o que é invadir a realidade dos outros. Isso deveria ser mais divulgado, eu sofri e ainda sofro muito com isso. Eu costumo falar muito NÃO na minha vida pessoal e profissional, e as pessoas não entendem isso e ficam tentando me persuadir e qdo não conseguem, ficam ou com ressentimento ou com uma ponta de “inveja”.
    Mas uma coisa extremista que eu adotei e que deu certo foi abolir açúcar no chá, café e suco, e vc acredita que hoje em dia eu não consigo mais tomar essas bebidas com açúcar, pq fica enjoativo o sabor…que coisa não!

    Bjos!

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    1. Oi Suh, dizer não, apesar de parecer fácil, é muito difícil. Eu acho super importante a gente saber falar não. É uma forma de mostrar respeito com a gente, de impor limite. Sobre o açúcar, acho que nunca vou conseguir abolir da minha vida rsrs. Nem açúcar, nem farinha branca. Até já tentei, mas preferi só reduzir 😉 Beijos.

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