Auto-Conhecimento

Os filhos do consumismo vs pais consumistas = culpa de quem?

Girl with colorful bags and credit card

A pergunta que a gente sempre houve é que filho custa caro, muito caro.

Sim, filhos custam.

Mas também não custa horrores como vejo informar muitas capas de revistas (e algumas pessoas que conheço).

Antigamente era muito comum filhos estudarem em escola pública, morar numa casa simples, dividir quarto com irmãos, usar roupa surrada do primo, andar de chinelo na rua ao invés de tênis (ou até mesmo descalço), festa de aniversário com doces e salgados feitos pela mãe e vó, beber água da torneira, ganhar presente só no Natal, ir para a escola a pé, andar de ônibus, andar a pé, viajar para casa de parente, brincar ao ar livre, descer a ladeira da rua com carrinho de rolimã ou skate.

Já hoje…

É muito mais comum ver crianças em escolas particulares, morar numa casa decorada, cada criança com seu próprio quarto, plano de saúde particular, usar somente roupas novas, beber água de garrafa, almoçar no shopping, brincar no shopping, ganhar presentes todos os meses, ter playstation, TV a cabo com 1000 canais, festa de aniversário em buffet com palhaços e animadores, ir para a escola de carro, viajar para resorts, hotel fazenda, Disney…

Realmente, neste caso, filho custa muito.

Depende de como criamos e onde levamos os filhos para passear e como lidamos com o consumismo.

Se levarmos para passear no shopping, almoçarmos por lá e comprarmos alguma bobeirinha, é claro que a criança já vai crescer achando normal que em todo passeio os pais precisam abrir a carteira e gastar dinheiro.

Acredito muito que a criança aprende pelo exemplo.

Toda semana eu e meu marido saímos com as nossas filhas para colocar os pés descalços na grama, na areia ou na terra. Se está chovendo, saímos de casa mesmo assim, vamos para a biblioteca infantil que tem livros e brinquedos. Ou seja, isso significa que nossos passeios de fim de semana geralmente incluem parques, piqueniques, passear pela rua, bibliotecas públicas, centros culturais e parquinhos infantis.

Levamos suco natural, sanduíche, frutas e alguma bobeirinha pra beliscar.

Também pedimos para as avós não comprarem presentes de forma exagerada, pois tanto eu como meu marido acreditamos que a criança tem que aprender a esperar, já que a vida não dá tudo o que a gente quer na hora que a gente quer.

Veja bem, a criança não precisa usar a fralda mais cara. Não precisa de um quarto decorado. Não precisa de brinquedos novos toda semana, nem de brinquedos caros. Não precisa de roupas lindas e coordenadas. Não precisa de uma casa grande.

O que a criança precisa é do nosso amor, do nosso tempo e da nossa atenção.

E tudo isso, vejam só… é de graça.

– Yuka –

16 comentários em “Os filhos do consumismo vs pais consumistas = culpa de quem?

  1. Bom dia Yuka!

    Concordo plenamente com você, infelizmente estamos substituindo o afeto e amor nas relações por bens materiais e uso inconsciente da tecnologia. As crianças (que não podem ser culpadas!) crescem sem a devida proporção do que a vida de fato é, além disso precificamos absolutamente tudo, o amor tem preço e em alguns casos até data de validade!

    Quanto ao tema de seu post vejo que ainda precisamos amadurecer muito como seres humanos, como você disse o “custo” para se educar e criar um filho varia de acordo com os padrões que nós mesmos estabelecemos, mas, ainda que possamos oferecer tudo o que o dinheiro possa comprar isso não garante a construção de pessoas felizes e de bom caráter. Tenho um sobrinho de dois anos e percebo que os “adultos” sempre tentam se desvencilhar dele oferecendo brinquedos ou entretenimento (tv, internet) ao invés de dar a atenção que ele requer, nos esquecemos que para os pequenos o que conta é o amor que dedicamos a eles e que nosso tempo vale mais do que qualquer outra coisa que o dinheiro possa lhes dar.

    A benção de ser pai/mãe deve ser honrada pela consciência de que os pequenos serão o nosso futuro e que inclusive nosso bem estar depende deles visto que no fim de nossos dias caberá a eles a tarefa de zelar por nós e dar continuidade ao nosso legado, que o dinheiro seja apenas uma parte necessária (não a mais importante) em nossas vidas e que o amor seja nosso guia. Parabéns pelo seu blog, tenho extraído muitas coisas boas do que você compartilha!

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    1. Oi Marcelo, você tocou num ponto muito interessante: “os adultos sempre tentam se desvencilhar dele oferecendo brinquedos ou entretenimento…”. É exatamente isso que eu sinto. Muitas pessoas me olham como um E.T. quando digo que evito ao máximo mostrar TV para a minha filha, ou ir ao shopping. É claro que pra mim seria muito mais fácil deixa-la na frente da TV enquanto vou fazer as minhas coisas (porque é impressionante como a criança fica quietinha). Eu teria muito mais tempo para mim, muito menos estresse, seria muito conveniente para mim. Às vezes tenho a impressão de que muitos pais e mães esquecem o motivo real de ter tido um filho, querem um filho que não faça birra, que não chore, não resmungue, não atrapalhe. Esquecem que os filhos não nascem prontos e que nós é que ensinamos a amadurecer. Se deixarmos na frente da TV, tablet, internet, como eles irão aprender a se socializar e enfrentar os desafios do cotidiano? Achei suas palavras muito sábias 🙂

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  2. Que post perfeito!! Expressa exatamente o que sinto e o que pretendo fazer com meus filhos. Quando pego minha sobrinha, sempre faço passeios ao ar livre em parquinhos, andamos de bicicleta, enfim, coisas que não envolvam gastança de dinheiro. Não passo nem perto de shopping com ela (aliás, detesto ir ao shopping, não vou nem sozinha), mas infelizmente meus pais fazem o contrário. Enfim, a filha não é minha, mas quando tiver os meus vou conversar com meus pais e sogros assim como você fez! Não tenho a menor intenção de emperequetar, fazer festas milionárias, encher meus filhos de aparelhos eletrônicos….quero passar os valores da simplicidade e da gratidão, pois, por mais que achamos que temos apenas o suficiente, sempre temos mais do que realmente precisamos!! Beijos!!

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    1. Oi Camila, essa conversa com os pais e sogros é super bem-vinda e percebo que tem que ser uma conversa constante rs. É um ajuste eterno. Ainda bem que tanto a minha família como a do meu marido nos respeitam. Como você disse, infelizmente não dá para palpitar muito na criação alheia, mas dá sim para fazer muita diferença quando você tiver seus próprios filhos. E tenho certeza que quando tornarem adultos, irão agradecer por ter tido uma criação mais consciente. Um beijo.

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  3. Oi,
    Quantas verdades por aqui!!!
    Amei o seu blog e cada dia aprendo um pouco mais.
    Hoje percebo como as “sutilezas do consumismo” nos atraem desde criança e raramente enxergamos os fatos.
    Obrigada por compartilhar suas experiências. Bjs!

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  4. Eu também sinto essa relação de afeto-dinheiro em relacionamentos amorosos. Uma colega minha, solteira, disse que não tem condições de namorar hoje porque está sem grana, e eu fiquei sem entender. Ela explicou que relacionamentos custam caro, é mc donalt, é churrasco, é motel, é presentes em dias especiais. Ela associou (como muitos hoje em dia) o afeto ao dinheiro, quando na verdade o afeto é apenas afeto mesmo.
    Para mim, sair com outra pessoa é passear no parque, ir na biblioteca, assistir um filme em casa. É sobre o tempo que você dedica a outra pessoa, e não o quanto de dinheiro. “Datas especiais” não necessitam de presentes apenas para movimentar a economia. Muito mais vale um dia inteiro junto com a pessoa do que jantar num restaurante caro.
    Infelizmente minha colega, por mais que eu explicasse, não pareceu entender isso.

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    1. Oi Aline, que pena a sua amiga pensar assim. Lembrou um amigo do meu marido que dizia que para namorar tinha que ter um carro bom. Se fosse assim, meu marido seria solteiro até hoje rsrs. A maioria dos casais demonstram o afeto utilizando o dinheiro, e muitas vezes quando se tira o dinheiro deles, não sobra nada, porque sem dinheiro eles não conseguem se divertir, ficar bonitos, nem demonstrar amor. Quando alguém consegue se divertir com outra pessoa sem precisar abrir a carteira, tem que cuidar muito bem dessa relação (tanto amizade como namoro), pois hoje em dia isso virou raridade. Beijos.

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  5. Fazia tempo que não passava por aqui, mas já li tudo e coloquei todos os posts em dia rsrs
    Seu blog continua maravilhoso! Adoro sua visão sobre o mundo. Parabéns!
    Eu ainda não tenho filhos, mas tenho uma curiosidade… Sempre penso que se um dia eu tiver um filho, gostaria de usar fraldas de pano nele, pois não gosto muito da ideia do plástico, da poluição e dinheiro investido em fraldas descartáveis. Queria saber sua opinião a respeito disso, pois sei que você usou fraldas descartáveis na sua primeira filha. Você cogitou usar fraldas de pano?
    Não quero ser intrometida, é apenas curiosidade mesmo. Sinta-se a vontade pra responder ou não. 🙂 Abraço!

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    1. Oi Janaina, que bom que você colocou a leitura em dia hehehe. Sobre a fralda de pano, eu acho a ideia maravilhosa, admiro muito pessoas que usam a fralda de pano, pois sei que polui muito menos o meio ambiente, além de ser mais barato, se pensar a longo prazo. Eu cogitei inclusive em usar nas minhas filhas, pesquisei preço, como se usa e tudo. Só que uma única coisa me impediu: eu tenho muita dificuldade em limpar cocô… mesmo sendo o cocôzinho da minha filha (até hoje, e olha que ela já tem mais de 2 anos). Meu nariz sempre foi muito sensível e fico com muita ânsia de vômito, então imaginei que teria muitas dificuldades em lavar a fralda do cocô. Foi por esse motivo que uso a fralda descartável. Se você não tiver essa dificuldade que eu tenho, acho bem legal usar a fralda de pano. Um beijo pra você.

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  6. Oi, Yuka!
    Concordo com você!
    Hoje em dia (a pouco tempo) não faço mais tanta questão de ir ao shopping. E como nós usamos o carrinho de passeio, chegar até o shopping com as calçadas terríveis do RJ é complicado. E também tem a questão que é um pouco diferente quando o dinheiro está nas nossas mãos, quando nós somos os responsáveis. Temos trocado as idas frequentes ao shopping por dias de filme em casa e passeios pelo bairro. E adivinhe? Tem sobrado mais dinheiro! rsrs
    Estou fazendo meus roteiros para começarmos a visitar lugares gratuitos que nunca fomos. Ou até mesmo um museu que tem uma entrada baratinha!
    Já escutei tanta gente dizendo sobre uma criança “fulano é mimado” “fulana só usa roupas de marca”. E esquecem que as crianças são nossos reflexos. A criança, coitada, não tem culpa de ganhar um ipad com apenas 3 anos. São os próprios pais que incentivam desde cedo esse consumo excessivo. E infelizmente, é esse tipo de criança que perde as melhores partes da infância: como brincar de pique esconde com os amigos do condomínio, ou fazer um piquenique no parque.
    E fico horrorizada só de pensar no meu filho um pouco maior passeando no shopping, achando que temos que comprar tudo que ele quiser. “mamãe quero isso” e se jogando no chão se eu não comprar kkk. E então TEMOS que comprar.
    Realmente não é isso que quero para minha família.

    Um beijo.

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    1. Oi Mallu, não é tarefa fácil ser mãe e pai. A gente passa a questionar algumas escolhas da nossa vida, principalmente com o intuito dos filhos não cometerem o nossos mesmos erros ou os mesmos excessos. Eu ia bastante em shopping, mas conforme fui deixando de ir nesses “templos do consumo”, a vontade de consumir tem diminuído a cada dia. É impressionante o poder que um shopping e as propagandas tem sobre nossa mente. Não sei ao certo até quantos anos vou conseguir evitar essas influências, porque sei o quanto o fator externo influencia as nossas crianças. Mas não posso deixar de tentar, né? Um beijo pra você!

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