Minimalismo

Viver d.e.v.a.g.a.r

tomando-cha

Viver devagar… Parece fácil, mas não é. Parece descomplicado, mas não é. Só parece. Porque na atual conjuntura, viver devagar é para poucos.

Eu moro numa das capitais mais movimentadas do mundo. São Paulo é rodeada de pessoas dia e noite. Não há horário ou fim-de-semana em que a rua fique com poucos carros, as pessoas têm muita pressa, se esbarram umas nas outras a fim de chegar 1 minuto mais rápido para qualquer lugar, não importa onde.

Pego o metrô e a maioria está imersa no seu próprio mundo – o smartphone. Ninguém percebe que estou grávida, obviamente, ninguém cede o assento para mim. É assim todos os dias. Foi assim na outra gestação.

Olho pra todo mundo e agradeço por ter tido a possibilidade de acordar desse pesadelo que é seguir a manada. Para o meu alívio, sinto que não estou na mesma sintonia que todos.

Eu não preciso do que a maioria das pessoas precisam. Não tenho carro, me desfiz do apartamento, tenho poucas roupas, poucos sapatos, poucas maquiagens. Eu não preciso andar rápido só porque todo mundo anda. Eu não preciso provar nada a ninguém, principalmente de que sou capaz de viver e ser feliz com muito pouco.

A minha meta atual é viver com menos informação e menos pressa. Fazer um detox digital. Sinto às vezes que o excesso de informação tem prejudicado a minha concentração e paciência. Para quem trabalha com informação, ficar sem informação é terrível, mas para quem já conseguiu se libertar da televisão, quem sabe? Será necessário aprender a selecionar as informações mais relevantes.

Quero aprender a fazer meu chá e me concentrar somente no chá.

Quero conseguir esperar pelos meus amigos sem ter vontade de espiar meu celular.

Quero lavar a louça e pensar na vida, não assistir vídeos como faço hoje.

Há muitos anos, eu tinha o costume de fazer tudo ao mesmo tempo. Lembro de uma cena exagerada (mas real) e inacreditável: eu, andando em uma bicicleta ergométrica, assistindo novela, falando no celular com uma amiga (o celular encaixado no pescoço torto) e fazendo tricô. Sim. Tricô. Tudo bem que a linha enroscava com frequência no pedal. Eu fazia 4 coisas ao mesmo tempo e não me orgulho desse passado.

Acredito que o fundamental para desacelerar e viver devagar é aprender a fazer uma coisa de cada vez e apreciar cada atividade, seja ela qual for.

Não adianta fugir para as montanhas se a inquietação continuará conosco. Por isso acredito que é possível viver devagar mesmo morando em uma das capitais mais movimentadas do mundo.

~ Yuka  ~

26 comentários em “Viver d.e.v.a.g.a.r

  1. “Não adianta fugir para as montanhas se a inquietação continuará conosco.” Perfeito, penso da mesma forma. A melhor forma de sabermos que realmente temos paz e não sofremos com inquietações é quando as circunstâncias difíceis se apresentam, e não se isolando do mundo.

    Amo seu blog. #aprendendomuito

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    1. Oi Ettiane. Ultimamente tenho dado muita importância para o auto-conhecimento, ou seja, a importância de mergulhar em você mesma para se descobrir. Não basta seguir a receita de felicidade que teoricamente serve para todos (ser bem sucedido no trabalho, comprar um carro e uma casa, casar e ter filhos). Temos que buscar a nossa própria felicidade. Obrigada por me acompanhar!!!! Beijos!

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  2. Oi Yuka! Assim como você, também acho que a vida digital é o que me toma mais tempo ultimamente… Sempre tento cortar alguns hábitos, verificar menos o smartphone e as redes sociais, mas sempre volto. Quase nunca como sem estar vendo netflix/lendo/olhando o twitter ou o facebook. Acho que é uma maneira de evitar o tédio ou a solidão, mas sei que isso acaba fazendo mais mal que bem.

    Abraços!

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    1. Pois é, Bárbara. Também tenho percebido isso da vida digital. A gente perde muito tempo com a internet, acompanhando muitas vezes notícias que não agregam em nada a nossa vida. Eu tenho muita esperança de testar se consigo fazer um detox digital no meu período de licença maternidade. Vamos ver, né? Um abraço pra você também!!!!

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  3. Oi Yuka, adorei o texto, como sempre eu me identifico 🙂 Ótima leitura para começar 2017, o legal é que percebi que eu e meu marido partilhamos do mesmo pensamento, temos poucas coisas e ainda queremos diminuir, nosso objetivo é somente o essencial, viver mais com pouco, desapegar e desacelerar, feliz 2017!

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    1. Fernanda, você tem muita sorte de ter um marido que pensa da mesma forma. Isso facilita demais tanto na boa convivência como em pensar em projetos futuros. Imagina só se você pensasse assim, mas seu marido não? Aqui em casa as coisas funcionam de forma tranquila justamente porque eu e meu marido pensamos muito parecidos e temos o mesmo objetivo de vida. Feliz 2017 pra você também. Um beijo!!!

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      1. Comecei a querer ter uma vida mais simples no ano passado, mas meu marido ainda não tem o mesmo pensamento…Ele está querendo trocar de agora e eu não estou querendo deixar…Kkkk… O que faço para que ele se interesse por uma vida mais simples tb???

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        1. Oi Yasmin, é assim mesmo, mas muita calma nessa hora. A transformação e percepção dos benefícios em ter uma vida simples é de dentro para fora, então ele terá que ter o tempo dele. A alternativa é ter muita conversa (sem forçar nem proibir), mostrar aos poucos como a sua decisão de ter uma vida mais simples está simplificando sua vida. Aos poucos ele pode começar a se interessar pela sua forma de pensar. Eu sempre faço isso com o meu marido, mostrando como as decisões que temos tomado está simplificando a nossa vida. Desta forma, ele vai compreendendo os benefícios da vida simples, ao invés de olhar a grama do vizinho. Um beijo!!

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  4. Nossa! Projeto ambicioso, Yuka! 😬 Sinceramente, admiro sua coragem e esforço, porque eu não consigo e olha que moro no interior, hein! Mas é bem verdade que precisamos desacelerar, porque reclamarmos do trânsito, da falta de educação e respeito das pessoas, mas alguém tem que dar um primeiro passo para nos conscientizarmos de que estamos prejudicando a nós mesmos!

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    1. Oi Silvia. Também acho que não vai ser nada fácil. Eu adoro deitar no sofá e navegar na internet. Mas vejo que perco não apenas alguns minutos da minha vida, eu perco horas e essas horas vão fazer falta, aliás acho que já está fazendo falta rsrs. Vamos ver se aos poucos consigo diminuir o acesso à internet. Beijos!!

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  5. Também estou me sentindo saturada de informação, principalmente vinda das redes sociais. Estou me sentindo muito ansiosa, e sei que a raiz disso é em grande parte não estar vivendo o agora também, tenho pensado muito nisso nos últimos dias e querendo tornar esse ano mais leve nesse sentido.

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    1. Pois é, no meu caso eu gosto muito de acompanhar blogs e sites de notícias, gosto muito de ler, de estudar, mas penso que poderia enxugar para somente algumas, aquelas que realmente agregam na minha vida. Vamos ver se consigo. Um beijo.

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  6. Que texto lindo ❤
    Eu ainda faço muita coisa assistindo vídeos, ou com a TV ligada num programa que gosto. Não acho a TV a vilã, como todos falam, é só saber selecionar os programas e o tempo assistido. Tem programas que já me ensinaram tanto, quero assistir mais TV, mas me focar em programas de qualidade 😉
    Mas sempre é bom se desconectar 😊 Beijos 😚

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    1. Oi Rosana. No meu caso, eu percebi que acabei migrando da TV para a internet, o que eu acho pior rsrs. Internet a gente leva para todos os cômodos da casa… A televisão fica geralmente na sala, né? Ai ai, vamos ver se consigo fazer esse detox!!! Beijos.

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  7. Olá Yuka!
    Gosto muito de ler seus textos e refletir..Tenho esse tipo de pensamento também sobre a vida: viver de forma simples, dar valor as coisas que realmente são importantes!
    Continue escrevendo…me faz um bem tão grande…Que Deus abençoe você e sua família! Bijos

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    1. Oi Jucélia, muito obrigada, o bom de viver simples é que precisamos de pouco para ter satisfação. Fico muito feliz em perceber que mesmo num mundo tão maluco e consumista, mais é mais pessoas estão repensando no estilo de vida mais simples. Um grande beijo!

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  8. Yuka, também me identifico muito com seus posts. Passei recentemente por uma crise de labirintite devido ao stress, foi horrível, tive que desacelerar e acabei percebendo que não adianta tentar abraçar o mundo, não dá. Estou com o seguinte lema: devagar e sempre! Não esta sendo nada fácil, mas é o que me resta fazer. Sou adepta do detox digital, me impressiono como as pessoas se distanciam das “pessoas reais” enquanto ficam presas na telinha do celular.
    Sinto falta das “conversas verdadeiras”.

    Um 2017 desacelerado e Abraços!

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    1. Oi Rebeca, sempre penso que um episódio pode desencadear o “clique” para mudarmos nosso estilo de vida. No seu caso, a labirintite. No meu caso, o divórcio. Eu ainda não consegui chegar no devagar e sempre, pois sou uma pessoa naturalmente acelerada. Mas tenho muita vontade de fazer uma única coisa por vez. Voltar a ler muitos livros, ao invés de ficar navegando sem rumo pela internet. Enfim, vou postando aqui como vai ser o detox digital. Um grande beijo pra você.

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  9. Hoje digitei no google uma necessidade na minha vida. Viver sem pressa.
    E caí no seu blog. Adorei o texto!
    Percebi o quanto corro e não faço “nada”. Minha vida está uma muvuca e
    olha que nem moro em cidade grande. Chega! Mudando agora.

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    1. Oi Cláudia. Eu também tinha muito essa sensação de que o tempo estava passando por entre os meus dedos. Tinha pressa, mas a sensação de não fazer nada permanecia. Até que meu casamento acabou. Hoje, estou casada com outra pessoa, mãe de 2 filhas e tentando desacelerar diariamente. Bem-vinda ao blog.

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  10. Que texto maravilhoso. Me identifiquei bastante. Meu projeto para 2017 é desacelerar, a pedido do meu esposo. Pois ele diz que é melhor fazer uma coisa bem feita de cada vez, ao invés de 4 ao mesmo tempo mal feitas. Que alívio saber que outros pensam assim também.

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    1. Oi Karen, nesse mundo tão agitado, é bem difícil a gente tentar desacelerar. Mas acho que já é um passo a frente saber que precisamos desacelerar, aquietar nossos corações. Vamos tentar fazer de 2017, um ano diferente. Um beijo.

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